Presente de Niver para Carol Coldibeli.

Rosas

Hoje meu amor veio me visitar

E trouxe rosas para me alegrar

E com lágrimas pede pra eu voltar

Hoje o perfume eu não sinto mais

Meu amor já não me bate mais

Infelizmente eu descanso em paz!

A jovem de cabelos negros e lisos, presos num rabo de cavalo, observava da porta da casa simples o rapaz que jogava futebol na rua mal feita e irregular da cidade da periferia com alguns outros da mesma idade. Tinha cabelos curtos e espetados azul-marinho e olhos cor de anil, pele morena e corpo malhado.

Era um pedaço de mal caminho, pelo qual a garota de no máximo quinze anos e olhos verdes era louca.

Até que chegou um dia, ela chegando do colégio, ele chamou-a pra sair.

- E então, Isabella, aceita ir no cinema comigo? – perguntou, sorrindo para a jovem.

A garota sentiu seu coração disparar no peito.

- A... Aceito, Máscara. – o apelido do rapaz – por um motivo que ela desconhecia – era Máscara da Morte.

- Guilherme. – disse, começando a andar com jovem para o ponto de ônibus, onde iam pegar o ônibus para o SP Market.

- Hã? – Isabella disse, bobamente.

- Meu nome é Guilherme. – sorriu-lhe, deixando-a encantada.

Tudo era lindo no começo, lembra?

Das coisas que me falou que era bom, sedução

Uma história de amor

Vários planos, desejo, ilusão

E daí?

Não tinha nada a perder

Queria sair dali

No lugar onde eu morava me sentia tão só

Aquele cheiro de maconha e o barulho de dominó

A molecada brincava na rua

E eu cheia de esperança

De encontrar no futuro a paz

Sem tiroteio vingança

E ele veio como quem não quisesse nada

Me deu um beijo e me deixou na porta de casa

Os meus olhos brilhavam estava apaixonada!

Deixa de ser criança! - a minha mãe falava

Que no começo tudo é festa e eu ignorava

Deixa eu viver meu futuro se pá

Não dar nada menina boba iludida

Sabe de nada da vida

Uma proposta ambição de ter uma família

Me entreguei até a alma e ele não merecia

O meu pai embriagado nem lembrava da filha

O meu príncipe encantado meu ator principal

Me chamava de filé e eu achava legal

No começo tudo é festa

Sempre é bom lembrar!

Hoje estou feliz o meu amor veio me visitar

Chegaram tarde na casa. A mãe de Isabella esperava a filha na sala da pequena casa, preocupada.

- Foi divertido, Guilherme. – disse, sorrindo, relutante em entrar em casa.

- Que bom que gostou. – ele disse. Os olhos brilhavam de um jeito que a garota desconhecia.

Isabella sentiu-se nas nuvens quando Guilherme aproximou-se, as respirações meio descompassadas, e beijou-lhe, de um jeito apaixonado que fez-la ficar ainda mais louca pelo rapaz.

Ele afastou-se, acenando para a jovem. Isabella entrou em casa, saltitando, encontrando o olhar preocupado da mãe.

- Isabella, onde você estava, menina?! Quer me matar de preocupação?! – perguntou, levantando-se do precário sofá, segurando o rosto da filha entre as mãos. Um dos olhos estava roxo, e havia um corte pequeno no canto da boca.

- O Guilherme me chamou pra sair. Fomos ao cinema. – os olhos brilhavam, um brilho apaixonado. A mãe de Isabella suspirou.

- Divertiu-se, pelo menos? – perguntou, um aperto no coração de medo pela filha.

- Sim. – disse, sorrindo. – Um dia vou casar com ele. – os olhos brilhavam sonhadores. Sua mãe suspirou novamente.

- Não sonhe muito alto, Isabella. Pode levar um grande tombo – falou. A garota olhou-a, brava.

- Eu o amo, mãe.

- Deixa de ser criança, filha. – afastou-se para o quarto.

Isabella olhou o nada por um tempo. Porque sua mãe falava daquele jeito?

Hoje meu amor veio me visitar

E trouxe rosas para me alegrar

E com lágrimas pede pra eu voltar

Hoje o perfume eu não sinto mais

Meu amor já não me bate mais

Infelizmente eu descanso em paz!

Chegou cedo do colégio. O professor tinha faltado. Seu pai estava sentado na mesa da cozinha, cervejas espalhadas pelo chão, outros três amigos com ele. Jogavam dominó. Havia um cheiro que ela conhecia bem no ar, maconha. Seu pai não lhe reparou, estava bêbado demais, nem conseguia jogar direito. Torceu o nariz, pegando rapidamente um copo de água e indo pro quarto, fazer suas lições. Logo Guilherme ia chegar pra eles saírem.

Chegou tarde novamente. E novamente sua mãe estava na sala, esperando-a. E novamente os olhos de Isabella brilhavam apaixonados.

- Por favor, filha chegue mais cedo. É perigoso andar pela rua à essa hora. – disse, cansada, levantando-se. O olho roxo já estava mais claro, mas o outro agora estava roxo, e a bochecha estava meio amarelada.

- Mas, mãe, eu estou com o meu namorado, o Guilherme! Ninguém tentaria algo. – disse, sonhadora.

- Deixa de ser criança, filha. – repetiu, indo para o quarto. – Boa Noite, Isabella.

Numa atitude pensada sai de casa

Pra ser feliz

Não dever satisfação ser dona do meu nariz

Não agüentava mais ver a minha mãe sofredora

Levar porrada do meu pai embriagado e a toa

Meu irmão se envolvendo com as paradas erradas:

cocaína, maconha, 157

Ah, mas eu estava feliz no meu lar doce-lar

Sua roupa, olha só!

Tinha prazer de lavar

Mas alegria de pobre dura pouco, diz o ditado

Ele ficou diferente agressivo, irritado

Chegava tarde da rua aquele bafo de pinga

Batom na camisa e cheiro de rapariga

Nem um ano de casado, ajuntado sei lá

Não sei pra que cerimônia o importante é amar

Amor de tolo amor de louco, que foi que aconteceu?

Me mandou calar a boca e não me respondeu

Insistir foi mal, ele me bateu

No outro dia me falou que se arrependeu

Quem era eu pra julgar?

Queria perdoar

Hoje estou feliz o meu amor veio me visitar

- Chega, mãe, chega! Você vive dizendo pra eu deixar de ser criança, mas você fica aí, apanhando do papai! E o Juninho, virando traficante! Cansei, mãe. Já combinei com o Guilherme, tô indo morar com ele. – Isabella deu seu ultimato. Sua mãe suspirou, os dois olhos roxos, diversos hematomas nos braços, a bochecha amarelada, um corte no canto do lábio.

- Se é o que você decidiu, filha, que você seja feliz. – abraçou a filha amorosamente, suspirando e apertando a filha entre seus braços. – Se precisar, estou aqui, você sabe. – disse, secando algumas lágrimas que insistiam em cair.

- Não vou precisar, mãe. O Gui vai cuidar de mim. – deu um beijo na bochecha boa da mãe, pegando sua mochila onde estavam suas poucas roupas e saindo da casa, encontrando o namorado lhe esperando do lado de fora.

O tempo passou.

Isabella estava nas nuvens vivendo com Guilherme. Mas as coisas mudaram. Guilherme mudara.

Numa noite, chegou tarde, com bafo pinga. Havia marca de batom na camisa, e tinha cheiro de prostituta impregnado no rapaz. Fazia apenas um ano que estavam juntos. Estava irritado.

- Que que é isso, Guilherme? Que cheiro é esse?! – disse Isabella, irritada com a possibilidade de outra na vida de Guilherme.

- Cala a boca! – disse, irritado, acertando um tapa na face levemente morena da jovem. Isabella foi chão, olhando-o assustada.

Guilherme não parou no tapa. Deu-lhe alguns socos, deixando-a com o rosto e os braços marcados.

Hoje o perfume eu não sinto mais

Meu amor já não me bate mais

Infelizmente eu descanso em paz

No dia seguinte, enquanto colocava gelo no olho roxo, Guilherme apareceu, os olhos vermelhos e marejados, olhando para Isabella sentada na cadeira da cozinha, com um olhar assustado. Ele aproximou-se, e ela se encolheu. Guilherme engoliu em seco.

- Me desculpa, Isabella. – disse, aproximando-se da jovem, se agachando da frente da garota. Isabella olhou-o, receosa, mas então beijou-lhe levemente os lábios.

- Perdôo. – não sabia se era o certo perdoá-lo, mas, quem era ela pra julgá-lo?

Quase 2 anos e a rotina parecia um inferno

Que saudade da minha mãe

Desisti do colégio

A noite chega madrugada e meu amor não vinha

Quanto mais demorava, preocupada mais eu temia

Não estava agüentando aquela situação

Mais hoje tudo vai mudar ele querendo ou não

Deus havia me escutado há uns dois meses atrás

Aquele filho na barriga era esperança de paz

Tantos conselhos me deram de nada adiantou

Era a mulher mais feliz, o meu amor chegou

Que pena!

Novamente embriagado.

Aquele cheiro de maconha

Inconfundível, é claro

Tentei acalma-lo ele ficou irritado

Começou a quebrar tudo loucamente lombrado

Eu falei que estava grávida ele não me escutou

Me bateu novamente mais dessa vez não parou

Vários socos na barriga, lá se vai a esperança

O sangue escorre no chão, perdi a minha criança

Aquele monstro que um dia prometeu me amar

Parecia incontrolável eu não pude evitar

Dois anos depois... Isabella estava deprimida. Percebia-se nos cabelos opacos e curtos e nos olhos verdes sem brilho. O corpo estava marcado de surras antigas.

Esperava na sala da casa pequena, Guilherme voltar. Já era madrugada e nada.

Alisou a barriga por cima do vestido, sorrindo. Estava grávida. Como estava feliz por isso. Talvez agora ele voltasse a ser o que era quando se conheceram... Provavelmente não conseguiria voltar para o colégio, mas talvez pelo menos paz ela teria. Os vizinhos lhe disseram que era inútil alimentar esperanças, mas, ela não ouviu, assim como não ouviu sua mãe.

Ele chegou, novamente embriagado e com cheiro de maconha. Respirou fundo, tomando coragem. Tentou acalmá-lo.

- Calma, Guilherme. Vou fazer algo pra você comer. – disse, paciente e carinhosa. Afastou-se rapidamente quando a mão em punho acertou a parede.

- Não quero nada, Isabella! – disse, os olhos injetados e vermelhos. Começou a quebrar tudo na sala, enquanto Isabella olhava-o, estática.

- Calma, Guilherme. – tentou, sua voz tremia de medo. Guilherme virou-se para ela, avançando, abrindo e fechando as mãos. Ergueu o punho. – Guilherme, por favor, eu estou grávida! – ele não ouviu sua declaração, começando a socar Isabella.

Diversos socos na barriga.

Isabella olhou o sangue que começou a escorrer pelo chão, o seu sangue, lágrimas correndo pelo rosto. Tinha perdido seu filho. E o monstro responsável por isso era seu amor, o pai de seu filho. Fechou os olhos, sentindo a consciência lhe abandonar.

Talvez se eu tivesse o denunciado

Talvez se eu tivesse o deixado de lado

Agora é tarde

Na cama do hospital

Hemorragia interna o meu estado era mal

O sonho havia acabado e os batimentos também

A esperança se foi pra todo sempre, amém!

Devia tê-lo denunciado, voltado pra casa, ver sua mãe. Que saudade dela... E o seu irmão Juninho, será que ele tinha abandonado a vida de traficante?

Sentia a presença das pessoas que estavam ao seu redor. Ouvia os sons dos aparelhos do hospital. O que marcava seu coração batendo ficava mais lento, cada vez mais lento. Sabia que seu estado era mal e ouvia o médico falando com as pessoas sobre ela estar com hemorragia interna.

Nunca mais veria Guilherme, seu amor. Nunca teria um filho.

Não ouviu nenhum outro som quando as vozes pararam. O som do aparelho marcando seus batimentos parou. Fechou os olhos. Não havia mais esperança.

Hoje meu amor implora pra eu voltar

Ajoelhado, chorando

Infelizmente não da

Agora estou feliz ele veio me visitar

É dia de finados, muito tarde pra chorar.

Guilherme estava ajoelhado na grama, as lágrimas correndo pelo rosto moreno. Fora idiota demais. Ele mesmo tirara o que lhe era mais importante.

- Isabella, volta, por favor. Eu te amo demais. Não vivo sem você. – a voz embargada, os olhos embaçados. Infelizmente, era impossível que Isabella voltasse.

Hoje meu amor veio me visitar

E trouxe rosas para me alegrar

E com lágrimas pede pra eu voltar

Hoje o perfume eu não sinto mais

Meu amor já não me bate mais

Infelizmente eu descanso em paz!

Créditos

Foi difícil escrever essa fic... Mas eu gostei.

Parabéns, Carol! Embora seja um parabéns atrasado dois dias... Muita saúde pra você! E muito Tokyo Hotel também xD

Espero que tenha gostado dessa fic com o Máscara da Morte, apesar de trágica e dramática! xD

Nenhuma nota especial à fazer, há não ser que a música tem mais três estrofes que eu tirei, porque senão a fic ia perder o sentido. Qualquer coisa, é só pedir que eu passo a letra original pra vocês!

E aguardem atualizações de FireDoorway (pulando Aniversário de Hilda porque está sem idéias pro capítulo...)

Beijos

Tenshi Aburame

Música: Rosas – Atitude Feminina