n/a: Oi gente, é a Bella aqui!
Essa é uma fanfic que eu traduzi do inglês para o português, a autora - Opulence (informações sobre ela e o link original da fanfic no nosso perfil) - fez um trabalho tão lindo e perfeito que eu lia sofrendo e querendo mais e mais. Atualmente está no capítulo 22, quase no final.

Um ponto importantíssimo disso tudo é: eu não tive resposta quando pedi autorização para fazer a tradução. Não foi um não e nem um sim... Eu sei que é errado, mas eu queria tanto tanto tanto tanto compartilhar com todo mundo, que é uma pena não poderem ler só porque é em outra língua!
Em todo caso se a autora pedir para que eu tire do ar, eu tiro...

Disclaimer: Fanfic criada e escrita por Opulence, personagens de Isayama Hajime (Shingeki no Kyojin).

É classificada NC-17 devido acontecimentos a partir do capítulo 9.


Capítulo 1
Como Tudo Começou

Todo mundo conhece aquela doentia sensação de aperto na boca do estômago de quando a gente sabe que algo está para acontecer. O único problema está no fato de que não tem como sabermos mais nada sobre isso; nós só sabemos que alguma coisa está para acontecer.

Eu acordei com essa sensação se contraindo em meu peito. Não dei muita atenção a isso, noites de terror e pesadelos estavam sendo normais durante os últimos meses e acordar dessa forma acontecia mais do que eu gostaria de admitir. No entanto, eu tinha que levar em consideração que: primeiro, era segunda-feira; segundo, eu tinha que ir à escola; e terceiro, eu nunca durmo bem. Era uma combinação terrível. Suspirei, coloquei minhas pernas para fora da cama, e me estiquei em preparação para o próximo passo da minha rotina matinal:

- Mikasa! Levante-se agora caso você queira ter tempo o suficiente para se arrumar!

Eu tossi, pigarreei e entrei no banheiro para lavar meu rosto e tomar banho. Apenas no segundo antes de fechar a porta pude ouvir um resmungo em resposta e então sorri. As manhãs eram a única oportunidade que eu tinha de cuidar dela ao invés de ser ao contrário. Ela era apenas um pouco mais velha do que eu, não era nem uma distância suficiente para nos colocar em anos diferentes no colégio, mas a julgar pelo modo como ela me olhava, você pensaria que era minha mãe. Sem sombra de dúvidas, ela se sentia em dívida com a minha família por ter sido adotada quando seus pais faleceram. Seu método de pagamento consistia em ter certeza de que o meu temperamento curto não atraísse brigas e me fazia companhia quando minha mãe e meu pai viajavam a negócios. As manhãs eram os únicos momentos que eu tinha vantagem, e isso me dava uma ótima sensação de satisfação.

Quando entrei na cozinha depois de me aprontar, Mikasa já estava encostada na bancada com uma xícara de café e uma banana.

- Isso... Isso é nojento, Mikasa – Zombei enquanto inconscientemente franzia meu nariz tentando imaginar o conflito de sabores.

Ela levantou uma sobrancelha, observou seu café da manhã, deu de ombros e olhou para mim.

– Eu gosto. Quem é você para julgar? Você não consegue nem colocar a camiseta do lado certo.

Eu olhei para baixo e senti meu rosto esquentar quando notei que não só vestia a camiseta do lado errado, mas também com as costas na frente. Hoje seria um dia fantástico.

Eu saí do carro, esperei Mikasa pegar suas coisas e então nós andamos para a escola juntos.

- Eren, você se lembrou de fazer a tarefa de física? Eu esqueci de mencionar ontem a noite, mas o Sr. Bossard disse que se você esquecesse outra tarefa ele lhe daria uma detenção.

Me encolhi. Era claro que eu não me lembrara. Eu detestava a aula e, como resultado, eu não entendia uma só palavra do que ele ensinava. Para ser honesto, eu era um aluno na média. Eu conseguia ter notas decentes quando eu realmente tentava persistir e me esforçar nisso, claro. Porém, o Sr. Bossard nunca me incentivou para isso. Por motivos além da minha compreensão, ele constantemente zombava de mim. Ele era condescendente e aproveitava todas as chances para ser cretino. A pior parte era que ele ficava genuinamente excitado para fazê-lo, tanto que tinha mordido a própria língua em várias ocasiões. Aquele imbecil mordeu a própria língua porque estava animado demais em ser um merda. A cereja no topo do bolo (embora "cereja" neste ponto fosse desnecessário) era que, além de todo o resto, ele era a pessoa mais arrogante e cheia de si que eu – ou qualquer um dos meus colegas, no caso – havia conhecido. Ele era bom no que fazia, mas se ocupava tanto em ser tão cheio de si mesmo que você mal podia notar. E agora eu tinha dado a ele outra razão para me desgraçar.

- Não, eu não me lembrei. Ótimo. Vá para casa sem mim hoje, tudo bem? Você se importaria em voltar para me pegar quando eu ligar?

Ela suspirou e assentiu, então olhou para os meus olhos com uma expressão que parecia dizer "eu não sei por que eu ainda tento".

Haha, eu também não sei.

Sua aula era a primeira da manhã e durou o que pareceu dias. Como o esperado, ele fez zombarias de mim em frente da turma e me deu detenção de uma hora e meia depois da escola. Com um pequeno e inesperado "vai se foder" vindo de mim, ele mandou que eu viesse até sua sala todos os dias durante a próxima semana para detenção com ele. A percepção de que ainda era apenas segunda-feira me atingiu como um tijolo. Como um maldito e certeiro tijolo. Assim que o sinal tocou, eu saí antes que a maior parte da turma pudesse pensar em se levantar de seus lugares.

Eu gostaria que as minhas aulas tivessem melhorado depois daquilo, mas tudo até o horário do almoço consistiu em fracassar (ou algo do tipo, o que era quase pior porque eu não podia ao menos ir razoavelmente mal em uma prova. O quão meia boca eu podia ser?) nas provas ou ser afogado vivo com trabalhos e lições. Minha mente zumbia com tantos pensamentos diferentes que acabou virando um monte de nada afogado em estresse, e então, dor de cabeça. Me joguei em uma cadeira na frente de Mikasa e suspirei pesadamente enquanto ela tirava seu almoço da bolsa.

- Posso te fazer uma pergunta?

Mikasa olhou para mim com a boca cheia de sanduíche e assentiu.

- Ah, o voo qu?

- Ew – Disse eu fazendo um olhar exagerado de repulsa antes de continuar – Você já se sentiu... Cansada? Não exausta ou com sono, mas...

Eu não tinha certeza de como dar nome ao sentimento. Olhei em volta, observando o rosto de todo mundo em nossa mesa e ouvi o mar de conversa.

- Você já se sentiu como se suas emoções estivessem cansadas? Como se alguma coisa no seu coração quisesse criar uma muralha e parar de sentir porque está cansado de sentir tanto?

Ela franziu o cenho e mordeu o lábio, então olhou para o nada enquanto pensava.

- Eu não tenho certeza, Eren. Quero dizer, você sabe que eu geralmente mantenho minhas emoções sob controle, mas eu ainda as tenho. É assim que você está se sentindo? Não me parece saudável.

- Não! Nós começamos a matéria sobre emoções em psicologia e alguém mencionou algo do tipo, eu nunca me senti desse jeito, então estava imaginando se você sabia como era. – Menti, forçando um sorriso. – Parece horrível, não? Eu não posso nem imaginar!

Meu peito parecia pesado quando eu a vi assentir e começar a falar algo sobre como estava indo em Educação Física ao mesmo tempo em que comia. Resolvi relacionar tudo com o fato de estar cansado por causa dos meus pesadelos e de ter tido uma manhã estressante.

Segunda-feira era sempre uma merda.

- E então eu a joguei contra a parede sem querer e... Eren? Terra para Eren? – Eu pisquei com força e olhei para ela com uma expressão que provavelmente fez parecer que era a primeira vez que eu a notava – Você tava olhando para o nada? O que tá acontecendo? Você parece distraído. Você sabe que pode contar comigo, não? Eu sou oficialmente da família. Alguém fez algo pra você? Porque eu juro, Eren…

Eu assenti e sorri.

- Eu sei! Eu estou bem. Só cansado, para ser sincero… O dia foi longo. O Sr. Bossard me deu detenção junto com uma semana de inferno. Só pensando sobre isso me faz querer dormir por dias só para evitar a cara dele.

Eu sabia que poda contar com ela; nós sempre fomos próximos e ela sabia tudo sobre mim. Meu problema era que eu não sabia o que estava sentindo e não sabia como falar sobre isso. Contar a ela algo assim a teria deixado preocupada e não valia a pena.

- De qualquer forma, como foi que você prendeu a garota? Você sempre foi muito forte quando lhe convém.

Três horas se passaram até eu ter de sentar com o Sr. Bossard depois das aulas. Ele mandou que eu pegasse o lugar em frente à sua mesa, então nos sentamos e fitamos um ao outro. Houve então um longo e constrangedor silêncio antes que ele falasse comigo.

- Você realmente se acha muito bom para isso? Suas notas certamente não concordam com essa suposição.

Senti a raiva crescer e minha pele formigar até que eu retorqui:

- Minhas notas refletem o seu ensino, senhor.

Ele estreitou os olhos e seus lábios se comprimiram em um rosnado.

- Seu pirralho. Você sabe quantas pessoas na sua turma estão reprovando? – Ele ao menos deu tempo para que eu pudesse dar uma resposta a altura e me enterrar mais um pouco na sepultura que tinha cavado – Duas. A outra pessoa só precisa fazer uma prova que perdeu. Você parece ser o único com tal problema sobre meu ensino. Eu nunca ouvi ninguém reclamar dos meus métodos.

- Você está muito ocupado ostentando a si mesmo para notar que alguém quer reclamar. Eu não sei para quem você tá tentando se mostrar, mas eu imagino que não está funcionando.

Senti meu rosto queimar. Cerrei meus punhos enquanto a raiva corria em minhas veias. Ele abriu a boca para responder e então parou, notei os músculos de seu rosto relaxarem e ele sorrir de canto, fazendo com que minha pele formigasse. Eu senti o pavor tomar conta de mim antes mesmo de ele pronunciar sua próxima sentença:

- Você acaba de ganhar outra semana de detenção, Jaeger.

A próxima hora foi humilhante. Ele sentou na minha frente, em silêncio, usando um sorriso triunfante nos lábios, o que apenas me fez querer socá-lo outra vez. O pensamento de outra semana além do que eu já deveria cumprir era o suficiente para me segurar, mas a fúria não deixou de crescer até que me deixou tonto. Ele nem mesmo pediu licença; o maldito olhou para o relógio, me deu um sorriso zombeteiro e silencioso e então saiu da sala. Incrédulo, observei a porta por onde ele havia saído por alguns instantes antes de finalmente ligar para Mikasa.

- Venha me buscar, por favor – Pedi com um suspiro – Se eu tiver que ficar aqui mais um pouco, não vou responder pelos meus atos.

Não mais que dez minutos depois, ela parou o carro em frente à escola e eu escorreguei para o banco do passageiro. Mikasa abriu a boca para perguntar como havia sido e, antes que pudesse dizer alguma coisa, suspirei.

- Não. Não me pergunte. Foi tão ruim quanto você provavelmente imaginou.

Ela assentiu solidária, apertou minha mão, e ficamos em um confortável silêncio durante o resto do caminho até em casa. A paisagem se mantinha desfocada enquanto ela dirigia. Normalmente eu ficava fascinado com isso, mas hoje estava diferente. Um bocejo escapou dos meus lábios e me deu razão para culpar a exaustão.

- Eu vou dormir um pouco, tudo bem? Se você quiser ouvir música, assistir TV ou algo do tipo tente não fazer muito barulho.

Mikasa estudou meu rosto por alguns segundos antes de destrancar o carro. Arqueei uma sobrancelha.

- Algum problema...?

- Não, tudo bem... Tem certeza que você está bem?

- Eu estou bem, só cansado. Só muito, muito cansado. – Me esforcei para sorrir novamente e ela suspirou, mas deixou que eu saísse.

Eu estava na cama antes que pudesse notar e o sono veio como uma bênção.

- Eren...

- Nn.

- E-Eren?

- Ugh...

- Ere-

- Mas que diabos você quer, Mikasa? Eu estou dormindo! – Eu rosnei e me enrolei em mim mesmo em uma tentativa de preservar a confortável temperatura que meu corpo havia produzido entre os lençóis.

Havia sido uma ótima soneca depois de um dia que não podia ser nominado nada menos que uma merda. Quando ela não respondeu, fechei meus olhos de novo, ligeiramente surpreso por ela ter desistido tão facilmente.

É claro que foram apenas alguns momentos depois de eu fechar os olhos que ela falou outra vez. Haviam passado quatro segundos de uma felicidade inconsciente e confortável com os meus olhos fechados antes que ela falasse a sentença que me quebraria.

- Nossos pais sofreram um acidente, Eren. – Sua voz era preocupantemente suave e eu até podia dizer, por causa de seu tom, que ela estava tremendo – Eu acabei de receber a ligação.

Meu peito se apertou e eu senti aquele familiar incomodo de dor na boca do estômago apenas em ouvir suas palavras, mas quando levantei os olhos para encará-la, eu senti fogo no meu coração sendo enviado pelas minhas veias, o que me deixou tonto.

- Eles bateram de frente. – Sua voz vacilou, ela sussurrava naquele momento, tão suave que eu quase me convenci que não havia escutado direito – Eles foram declarados mortos no local.

Eu acho... Não... Eu sei. Eu sei que foi nesse momento em que alguma coisa na minha mente estalou.


n/A[tô começando a achar melhor colocar n/T ao invés de autora]: o que acharam do primeiro capítulo? O que acharam do Eren? Espero que tenham gostado. O próximo capítulo vem semana que vem!