Karma
Para Kiky, um singelo agradecimento pelo maravilhoso presente.
Era você. Apenas você, Anna.
Ah, o amor! Há quem diga que este é um belo sentimento, o mais puro dentre todos os que existem, mas eu digo que não. O amor pode ser puro, mas também destrói, causa magoas e aflige.
O amor gera ódio.
E que amor... que amor era esse que me destruía? Não, não era amor. Isso era obsessão, desespero, vontade de tê-la por perto e não poder. Vontade de possui-la justamente por não poder.
E eu a queria para mim. Como esposa, mãe dos meus filhos. Os filhos que eu verdadeiramente amaria justamente por serem seus.
As pessoas diziam que eu era o carma, o caos. Mas estavam todas enganadas. O carma era você, que manipulava o meu humor através das suas palavras. Eu, Anna, era uma bomba-relógio, e você possuía o controle para me destruir levando o mundo comigo. E você desejou isso, ah, como desejou.
Desejou a cada momento, mesmo quando estava em meus braços. Mesmo quando eu ouvia seus gemidos, mesmo quando seus olhos diziam que me amava você desejou isso. E eu sorria, fingia que estava tudo bem quando na verdade sabia que não estava. Sorria fingindo que não estava traindo a única pessoa que algum dia acreditou na minha salvação. E ele sabia, Anna, e você sabia disso. Que Yoh, meu caro e querido irmão, sabia de nós. E talvez por isso, mais do que todas as coisas, você decidiu que era melhor assim.
Nunca me disse nada e eu também sabia, por toda a minha experiência de vida, que você não teria coragem para isso. Que não seria capaz de abandonar a única coisa que lhe dava a ilusão de ser feliz.
Mas eu sentia, no âmago de todas as coisas, que se eu não fizesse isso, acabaria te destruindo junto comigo. E bastava que você vivesse, Anna. Apenas você. Então eu o fiz. Me despedi de você através de beijos, quando o luar brilhava tão forte e assustador quanto o sorriso de um gato Cheshire. Entre Luares e Sombras, fiz com que a nossa última noite fosse a melhor de sua vida. E fosse o que fosse aquilo, amor ou obsessão, ou apenas desejo de ter por perto, eu elevei esse sentimento ao seu ápice. Fiz com que fosse o maior de todos os tempos. E ao fim de tudo, quando eu sabia que não podia adiar mais aquele momento, sorri como a lua, daquele jeito que você tanto odiava.
- Vai ficar tudo bem, Anna. – dei-lhe as costas e você sabia que aquela era a última vez que me veria.
Eu não poderia mais viver no mesmo mundo que você sem nos destruir. Você era o carma, Anna, a destruição. A minha destruição, o meu desejo, o amor, todos os sentimentos que até então eu tinha voltado para o ódio da humanidade, para a minha ambição.
O que me matou não foi minha ambição, não. Foi você com seu amor destrutivo. Não o fim do mundo, mas você. Apenas você, Anna.
N/A:
Então, depois de receber aquela fic maravilhosa de aniversário eu fiquei matutando na cabeça e decidi fazer uma breve explicação sobre o que estaria se passando na mente do Hao. Não completamente fiel, e sem explicar o que de fato aconteceu. Somente demonstrando a despedida dele para com a Anna no ponto de vista dele. É singela, mas eu espero que você goste, Kiky.
Obrigada pelo presente maravilhoso que você me deu. Sei que nem de longe isso pode retribuir e que estou muitos dias atrasada, mas queria que você soubesse como aqueles e-mails pelos quais a gente se fala são importantes. Você é uma amiga especial. Feliz aniversário atrasado, querida.
