Enjoy~ [A gente fica mordido, não fica? / Dente, lábio, teu jeito de olhar...]


Arrependimento.

Sivir é uma guerreira de fibra forjada pelas areias quentes do deserto de Shurima. É independente, poderosa, influente e temida por aqueles que viveram o suficiente para conhecer seu título de Senhora das Batalhas. Sivir moldou cada um de seus traços somente com esforço próprio. Sivir aprendeu a abraçar os desafios do Deserto de Shurima, a apreciar cada grão dourado de areia, a respeitar o passado de cada ruína, a recontar as fábulas dos monumentos por pouco esquecidos, a compreender o que cada miragem criada sob o calor intenso indicava e até mesmo a amar esse vasto espaço areado como seu único e verdadeiro lar antes mesmo de descobrir sua real linhagem. De fato, ter o antigo sangue imperial de Azir correndo em suas veias não fez de Sivir uma patriota extremamente fanática para com sua terra natal, ao menos não da mesma forma que alguns de seus igualmente ricos conhecidos.

Ah, e Sivir não tem vergonha alguma de sua profissão. Não tem pudor algum ao dizer quem é, para que veio e qual é o seu preço. A mercenária ė cegamente orgulhosa de seus feitos... A maioria ao menos. Como ser humana, Sivir também cometeu erros e também se arrepende amargamente de cada um deles.

E o mais marcante dos seus erros a assombra os sono toda noite...

Se ela pudesse prever sua má sorte, nunca teria aceitado a expensiva oferta de servir Noxus. Se não tivesse aceitado, ela nunca teria cruzado o caminho dos Du Couteau. Nunca teria contato algum com tal influente família, e nunca teria conhecido Cassiopéia pessoalmente.

Cassiopéia…

Ouvir esse nome causava arrepios em sua espinha.

Sempre causou, na verdade. A diferença agora é o sentimento que motiva o arrepio... Não, decerto que medo não é. Sivir não teme nada além de seu deserto. Tampouco é apreensão. Sivir é conhecida por sua incrível confiança e concentração então nada a abala com tanta facilidade. Não é nem mesmo respeito. Sivir respeita apenas seu próprio ouro e o que ainda está para receber; via negócios ou, em situações abrasivas, por meio da força.

Realmente, hoje, ouvir o nome de Cassiopéia a causa asco e remorso apenas. Mas antes, há muitos anos passados, Cassiopéia significava aventura, vertigem e desafio. Isso era tudo o que a noxiana era e bastava para Sivir...

Isto é, antes de descobrir suas verdadeiras intenções.

Se Sivir tivesse ouvido seu bom senso, nunca teria deixado Cassiopéia seduzí-la com palavras tão traiçoeiras para convencê-la a desonrar seu deserto, desafiando a única tumba proibida de ser desvendada tamanha era suas maldições e periculosidades. Sivir não teria sequer dado ouvidos a sua própria e tão grande ambição, mas a recompensa era simplesmente irresistível... Principalmente quando recitadas pelos tentadores sussurros da filha mais nova da casa Du Couteau bem ao pé do seu ouvido... Ainda mais que Cassiopéia sempre soube como puxar seus botões como ninguém.

E pudera... Cassiopéia era a rainha da bajulação, da barganha e da manipulação. Sivir sabia tão bem da reputação de Cassiopéia entre os quatro cantos de Valoran e mesmo assim permitiu-se ser conduzida pelos desejos vis da Noxiana..

Sivir simplesmente não conseguia deixar de jogar esse excitante jogo de poderes..

E então as duas desordeiras enfrentaram os perigos do deserto de Shurima decididas a virar do avesso a Tumba Proibida do Imperador Azir. Ah, como esse era um de seus maiores arrependimentos... Se Sivir sequer imaginasse a possibilidade de ser apunhalada por Cassiopéia e sangrar até a inevitável morte, não teria se deixado quebrar a única regra inquebrável de seu código pessoal de conduta.

Sivir nunca teria se apaixonado pela víbora que Cassiopéia representa.

A incessante dor da ferida aberta quase não a afetou. O que realmente ardia em sua alma era a traição daquela que há tempos havia ganhado um espaço não requisitado em seu coração mercenário. Contudo, para sua tristeza ou alegria, existem leis que regem o mundo. Sivir se manteve lúcida o suficiente para presenciar as consequências dos atos de Cassiopéia: ela assistiu Renekton saltar como louco de sua prisão; Xerath surgir como um trovão inesperado no meio a tempestade totalmente envolto em runas mágicas e, mais ainda, a ruína de Cassiopéia.

Com olhos arregalados a Senhora das Batalhas presenciou cada cobra mágica tomar conta da Noxiana e lhe queimar a carne como se estivesse a consumindo viva. Se tivesse tempo para pensar, Sivir sentiria alivio por não ser ela a se desgraçar de tal jeito. Até lembraria a sua traiçoeira companhia o cuidados que se deve tomar com as leis mundanas de Causa e Efeito-

Mas do que isso importa agora? Sivir estava prestes a sucumbir junto a sua ex-amante.

Mas há males que vêm para o bem.

E um dos maiores orgulhos da legítima Filha de Shurima era sua descomunal força de vontade, rivalizada apenas com sua exagerada ambição. Sem sequer imaginar, Sivir deu seu sangue em oferenda para a tumba amaldiçoada de Azir quando rastejou sem rumo pelas frestas da ruína perdida. Sivir apenas desejava ficar o mais longe possível da aterrorizante cena.

Ela, apesar de tudo, cobiçava a sobrevivência.

Mas tudo tem seu preço.

Ali decerto que não seria diferente.

E o preço pela vida de Sivir era trazer o antigo Imperador de Shurima de volta a vida, ser salva pelo próprio quando a carregou de forma nupcial até o Oasis da Alvorada e ao seu despertar descobrir sua linhagem real. Se não fosse por Azir ter retribuído seu ato imprevisto de revivê-lo, Sivir teria se arrependido de nem ao menos ter o direito de sucumbir em paz em meio à tanta desordem.

Mas, oh céus, falando em arrependimentos.

A impiedosa Mercenária agora está fadada a aturar seu tatatatataravô pelo resto de sua próspera vida. Sivir terá que passar um bom tempo com seu velho, velho, velho... Velho. Além de ser obrigada a ouvir seus conselhos arcaicos, seus planos quase irreais de reconstruir o império há muito perdido e até mesmo -principalmente para pagar seu indesejado débito- ajudar Azir a se acomodar em seu novo... Ninho provisório.

Sivir não conseguia pensar em castigo maior que ter de ouvir os balbucios de Azir... Ah, sim. Me enganei.

Ainda há um vasto mar de arrependimentos em sua fausta alma. Dentre seus notáveis erros, Sivir aceitou a maior e uma das mais prestigiosas ofertas que poderia receber em toda sua vida: Se juntar à Liga das Lendas.

Pelo preço certo, claro.

Mas não há ouro suficiente no mundo que tire seu maior arrependimento, não depois de ter reencontrado Cassiopéia no mesmo lugar onde ela ingênuamente esperava encontrar glória e -pasmem- sossego. Sivir passou anos e anos travando conflitos internos e externos sobre perdoar as façanhas miseráveis da Cascavel na qual a Noxiana se tornou.

No fim das contas, Sivir desistiu de resistir às investidas e provocações e insultos e zombarias para se entregar ao sentimento sem nome próprio; para obedecer às vontades inquietantes e libidinosas de seu corpo... Sim, Sivir se arrepende por tomar Cassiopéia uma vez mais; se lamenta à todo momento do fato de gostar de ser caçada e abatida pelas garras e presas de Cassiopeia- -

Por se perder em seu veneno altamente nocivo e perigosamente viciante- -

Céus, quão rápido ela ficou dependente dessa droga tóxica... A tão temida Senhora das Batalhas sente remorso e se nega constantemente em admitir, mas nesse jogo de poderes entre ela e sua maior rival, ela foi a maior perdedora.

Ah, se arrependimento matasse...

Fin~


N/A:

Vamos fingir que Sivir Conhece Cassiopéia desde a época que serviu Noxus, ok? *piscadela*

25-08-17 edit:

Revisãozinha marota de 2017 maoêê!

Ah! Eu não preciso mencionar que Sivir x Cassiopéia é Unhealthy Relationship, certo? CERTO?

(Além disso, esta fic é baseada na lore de 2014 sobre Shurima / o extinto jornal da justiça / Julgamento da Liga e não tem relação nenhuma com a "Rito Gomes chinesa" e sua nova lore, blz?)

Enfim, podem ter certeza de que a Cassiopeia também vai ganhar um pouco da minha atenção~

Só não prometo quando vou postar XD

obs: Pra quem quer treinar o Inglês, a tradução tá lá na lista de fics com o título "Regretful"~

13-11-18 Edit:

Então, o complemento de "Arrependimento" se chama "incerteza", então confere lá se quiser!~ s2

(191014)