Chovia torrencialmente na pequena cidade e parecia que o mundo iria desabar de tanta água que caía na pacífica cidade. A chuva parecia definir como estava o clima naquela noite. Isso combinado com o fato das ruas estarem totalmente desertas transmitia um ar triste em Storybrooke. Os habitantes ainda estavam escandalizados com o bruto assassinato de Archie. Apenas um carro estava andando sem rumo pelas ruas da cidade. Regina não tinha nenhuma companhia com quem pudesse desabafar os últimos acontecimentos que estavam assolando seu coração.
Já havia parado de tentar lutar com suas lágrimas que escorriam livremente pelo seu rosto que estava aparentando um semblante muito cansado e triste. Seus olhos ardiam de tanto chorar, mas ela não estava mais ligando para isso. Ela simplesmente não sabia mais o que era ter uma noite tranquila de sono. Ela estava em uma encruzilhada em sua vida. Simplesmente não sabia aonde ir, sequer sabia onde estava. Não sabia se andava para frente ou se andava para trás. A dúvida estava morando em seu coração.
Aquele era o momento que mais estava precisando de ajuda em sua vida e não tinha nenhum amigo que pudesse lhe ajudar neste momento. Não podia sequer ir para sua casa, pois lá seria o primeiro lugar onde a procurariam. Por isso, decidiu sair com seu carro andando sem rumo pelas desertas ruas. Ela
Ela não havia matado Archie, mas parece que as evidências estavam demonstrando o contrário. Todos daquela pequena cidade a estavam acusando pelo assassinato do querido terapeuta de Storybrooke. Quem acreditaria que ela passou o resto de sua noite tomando um cálice de vinho enquanto relaxava na banheira de sua casa?
Regina tinha a plena consciência que se continuasse a fugir de todos estaria assinando a sua culpa na morte de Archie. Mas, ela estava sentindo medo, talvez como nunca houvesse sentido em sua vida. Ela resolveu que fugiria de todos porque ela estava precisando de um tempo sozinha e também porque não estaria preparada para a avalanche de acusações que iam cair em suas costas. Estava sendo vítima de seu passado e de suas escolhas erradas.
Resolveu fugir, pois não conseguiria encarar Emma Swan e Henry. Ela não queria que seu filho a visse como uma assassina. Ela estava realmente se esforçando para se tornar uma pessoa melhor por amor ao seu filho. Afinal, havia prometido para ele que não usaria magia. Ninguém tinha ideia da batalha interna que Regina travava diariamente com ela mesma para cumprir a promessa que fez ao filho. A prática da magia era como se fosse um vício e exigia muita força de vontade para deixar de usá-la.
De fato, Regina vinha cumprindo sua promessa, mas devido ao abalo emocional que estava vivendo acabou derrubando Emma no chão. Não era o que Regina queria fazer, mas ao vê-la falando que a impediria de ver Henry, Regina não conseguiu pensar em mais nada e não cumpriu a promessa que fez ao filho.
Doeu profundamente em Regina ver o ódio nas palavras de Emma Swan. Não saberia explicar porque, mas se sentiu profundamente deprimida ao ver o jeito que a xerife a estava tratando. Justo quando elas conseguiram uma aproximação maior para criarem melhor Henry acontece algo assim. Regina não suportaria mais ter que viver sem Henry e Emma, por mais que tentasse negar para si mesma que se sentia atraída pela mãe biológica de seu filho.
Parou o seu carro perto do lugar que ficava o castelo de Henry, que havia sido por muito tempo o refúgio de seu filho. Agora, porém, restavam apenas os escombros do lugar que seu filho ia para pensar. Havia destruído tudo por puro egocentrismo o porto seguro de Henry. Regina percebeu que havia errado em algumas coisas na criação de seu filho e estava disposta a mostrar para todos que ela havia mudado. Já, que o amor que sentia por ele, era o amor mais puro que ela havia sentido em sua vida. Seu maior medo era encontrar seu filho nas ruas da cidade e ser ignorada por ele.
- Por que tudo isto está acontecendo comigo? Por quê? Depois de tantos anos só tomando decisões erradas em minha vida, quando decido pela primeira vez de coração fazer o que é certo absolutamente ninguém acredita em minha mudança. Se nem Emma que diz saber quando alguém mente acredita em mim, quem irá acreditar? – diz Regina com lágrimas em seus olhos.
- Agora o que resta de mim! Estou totalmente sozinha e sem ninguém que acredite em mim. Provavelmente meu filho pensa que eu cometi um assassinato. Eu sei que fiz muitas coisas erradas. Eu sei que pelo nome do poder eu já matei muitas pessoas, mas desta vez eu não fiz nada.
Regina acaba adormecendo dentro de seu carro vencida pelo cansaço e tendo como companhia apenas de uma estação de rádio que tocava um blues provavelmente com uma letra bem deprimida que aumentaria a sensação de solidão de Regina. De longe, sem saber, estava sendo observada por Cora e Hook.
- Parece que sua filha está precisando bastante de você. –diz Hook com um tom bem irônico.
- Eu sei que ela está precisando de mim. Mas, eu irei esperar mais um pouco para fazer a minha aparição. Quero que minha filha sofra mais. Eu a quero sofrendo muito! Somente para quando eu fizer a minha entrada apoteótica ela esteja tão perturbada para eu podê-la manipulá-la com mais facilidade. Ela está sozinha e dessa vez ela contará com a ajuda daquele grilo metido a falante. – diz Cora rindo sarcasticamente.
- É tão lindo ver o amor de uma mãe por uma filha!
- Eu entendi muito bem o sarcasmo em sua voz. Mas tudo o que eu estou fazendo é por amor. Eu amo muito minha filha. Mas ela sempre cisma em acreditar nessas tolices de amor. É o que sempre a leva a ruína.
- É o que a leva a ruína? Pois, me parece que você sempre a leva a ruína.
- Mais uma palavra vinda de você e não estarei mais aqui para te ajudar em sua vingança. Se é que me entende. – diz Cora em um tom ameaçador.
Emma Swan virava de um lado para o outro em sua cama e não conseguia pegar no sono. Aquela insônia tinha nome e sobrenome: Regina Mills! Regina mexia com todas as estruturas de Emma. Sem conseguir dormir, Emma ficou velando o sono de Henry que aparentemente estava dormindo tranquilamente. Mas, só Emma sabia o sacrifício que fora aquela noite coloca-lo para dormir. Ele chorava dizendo não acreditar que sua mãe havia assassinado Archie. As palavras de Henry ecoavam na cabeça de Emma.
- Ela prometeu para mim que não usaria mais magia. Ela prometeu! – gritava Henry chorando.
- Mas ela não conseguiu cumprir a promessa. Eu vi tudo Henry! E como eu queria que fosse mentira. – desabafava Emma.
- Eu não quero que minha mãe sofra. Eu não conseguirei ser feliz a vendo deprimida.
Lágrimas escorriam no rosto de Emma. Pensava apenas em Regina. Por onde será que ela estava? Emma deveria odiá-la, mas simplesmente não era capaz de sentir ódio nenhum por ela. Sabia que ela havia destruído todo o reino de seus pais e que havia acabado de matar um homem inocente. Mas não era capaz de odiá-la. Só conseguia amá-la. E ainda tinha que conviver com toda aquela indecisão. Seu coração estava lhe dizendo para fazer uma coisa e as evidências estavam apontando outro caminho.
