Capítulo 1
As coisas estavam calmas aquela noite no laboratório. Só Catherine e Greg estavam fora, os demais estavam espalhados no laboratório fazendo relatórios, na balística, vendo se as balas combinavam com u ma arma suspeita, verificando o que diziam umas evidências achadas numa cena de crime, coisas assim.
Sara resolveu que seria uma boa hora para conversar com Grissom. Ele deveria estar mais ou menos tranquilo em sua sala. Bom, acertou em parte; ele estava em sua sala, mas tranquilo, não. Estava preenchendo relatórios, coisa que ele detestava.
Não devia estar no seu melhor humor, mas Sara resolveu lhe falar assim mesmo, pois estava ficando sem tempo. Já estavam na quarta-feira, e Kevin Mitchel estaria chegando na sexta.
Deu umas batidinhas na porta aberta, para se fazer anunciar. O supervisor levantou um pouco a cabeça da papelada em que estava metido, e olhando-a sobre os óculos, fez um sinal para que ela se aproximasse.
Ao chegar perto da mesa, recebeu uma ordem para sentar. Obedeceu, acomodando-se em uma das duas cadeiras, em frente da mesa.
- Encerrou o caso Christensen?- perguntou a ela.
- Falta apenas um detalhe da balística, que Warrick, está providenciando. Como pensávamos, o assassino é o sobrinho,Ned.
- Deixe-me adivinhar, o motivo foi ganância.
- Sim. Como quase sempre nesses casos. - sorriu Sara.
Grissom suspirou, nem sempre gostava de estar certo.
- Como você sabe, minha folga é no domingo.
- Sim, e aí? - ele estava olhando fixo para ela.
- Bem, eu queria te pedir uma folga sexta e sábado, também.- respondeu sustentando seu olhar.
- Posso saber o motivo?
Ela se remexeu um pouco na cadeira e abaixou ligeiramente a voz, embora não soubesse bem porque fazia isso.
- Bem...receberei um antigo colega de faculdade, Kevin, ele ficará alguns dias e, como ele não conhece a cidade, gostaria de ficar esses primeiros dias com ele.
- Entendo... Esse...
-KEVIN!
- Sim, esse Kevin, tem a sua idade, não?
-Na verdade, é uns 4 anos mais velho...
- Deve ser casado, virá com a esposa, então. - Grissom parecia mais seguro agora.
- Na verdade, não. Ele acabou de se divorciar, por isto está vindo, para espairecer.
- Entendo... E ele ficará no seu apartamento. Não lhe parece um pouco inapropriado?
- Ora, nós dois somos pra lá de adultos Griss. Você não está falando com uma menininha! - Sara se impacientou e levantou-se impetuosamente.
- Está bem, eu te darei a folga, não fique brava!
- Não seja pretensioso, Griss! Eu faltaria de qualquer modo.
- Eu sei, por isso concordei!
Sara fez um movimento esquisito com a boca e saiu. Grissom ficou parado, imaginando Sara com aquele sujeito que ele nem conhecia e já não gostava.
Sara foi terminar o relatório Christensen, mas antes foi até a balística, falar com Warrick.
- Então, cara! Já acabou?
- Sim, as balas saíram dessa arma e ela pertence ao Ned. Meio burrinho ele...- disse ele sorridente.
- Ora, nem todos podem ser o "gênio do crime"!, e então, quem vai fazer o relatório?
-Tanto faz!
- Então faço eu, já comecei mesmo...
- Você é um amor, Sara! - deu um beijo em sua bochecha e lhe entregou uns papéis,com os dados da balística.
Ela resmungou alguma coisa e foi terminar seu relató uma bala de menta na boca, sintonizou o rádio num programa de rocks antigos e começou a escrever. Parou pouco depois, pensando em Kevin. Por que cargas d'água ele resolvera vir a Vegas, logo após seu divórcio?
Por que a procurara afinal? Nem eram muito amigos; que ela se lembrasse era amiga de Mildred, de quem Kevin se divorciara. Com ele, tivera um contato superficial. "Que coisa esquisita!", pensou e voltou a escrever.
Ela lembrava vagamente dele: alto moreno, atlético(fazia parte do time de beisebol), boa-pinta, mas das feições, ela não tinha lembranças muito claras; mesmo da amiga Mildred, as lembranças eram meio esmaecidas. Afinal, não eram tão amigas assim.
Sara era muito nova quando ganhou uma bolsa de estudos em Harvard. Sua pouca idade a diferenciava das outras e era mais um motivo , para ela não fazer muitas amizades. Isso e seu gênio soturno.
Mildred Evanshire parecia uma garota bafejada pela sorte, era loira, bonita, pouca coisa mais baixa que Sara e era herdeira única de muitos milhões de dólares, da indústria de pneumáticos. Como os jovens costumam ser um pouco maldosos, apelidaram-na de a "rainha dos pneus".
Mas Mildred tinha bom gênio e não se incomodava com isso. Porém, ela não ia bem em certas matérias e, foi assim que nasceu a amizade, entre as duas. Sara ensinava o que ela não sabia, ajudava-a a preparar-se para as provas e a fazer trabalho; enquanto Mildred, abria portas que Sara nem ousava imaginar, naquele tempo .
É como se costuma dizer: uma mão lava a outra.
