"(...)Continue ensinando o caminho dos deuses. Traga a Casa da Vida de volta à sua antiga glória. Você, Carter e Amós vão fazer uma magia egípcia mais forte do que nunca. E isso é bom... porque os seus desafios não são pequenos.
— Setne? — adivinhei.
— Sim, ele! — mamãe concordou. — Mas também existem outros desafios. Eu não perdi completamente o dom de profecia, mesmo morrendo. Tive visões sombrias de outras magias e outros deuses.
Isso não soava nada bem.
— O que você quer dizer? — perguntei. — Que outros deuses?"
Sadie Kane - A Sombra da Serpente
Annabeth
– Ei! Annie, está me ouvindo? - Percy sacode a mão em frente a sua namorada.
Annabeth pisca e balança a cabeça despertando de seus pensamentos. - Desculpe, o que foi?
Percy dá uma risadinha. - Onde você está com a cabeça? Uma garota acabou de dar o número de telefone para o Léo! Acabamos de presenciar um milagre aqui e você nem percebeu.
– EI! - Léo resmunga. - Você pode não perceber, mas eu sou um cara muito gostoso. - Ele aponta para si mesmo. - Isso aqui não é para quem quer, e sim para quem pode.
Piper revira os olhos. - É por isso que você é o único de nós que ainda está solteiro.
Léo coloca a mão no peito como se sentisse dor. - Essa magoou.
Todos riem.
Annabeth olha a sua volta, o Central Park realmente está bastante movimentado naquela tarde, depois de uma semana com tempo fechado as pessoas aproveitam a tarde ensolarada de domingo.
– Você está mesmo bem? - Agora Percy falava baixo apenas para Annabeth ouvir, ele parecia preocupado. - Eu sei que é da natureza de um filho de Atena ser pensativo, mas você parece tão distraída desde de manhã.
– Está tudo bem. - Ela mente. - Eu apenas dormi tarde ontem fazendo aquele projeto para a aula de Paisagismo.
– Quer voltar para casa?
– Não, vamos ficar, faz tanto tempo que não vemos o pessoal e eu preciso esfriar a cabeça.
A verdade é que Annabeth acordou durante a madrugada após ter um sonho... intrigante e não conseguiu mais dormir.
Ela estava em um enorme salão repleto de colunas de fogo, braseiros incandescentes, piso de mármore lustroso e, no centro, um trono vermelho e dourado.
Haviam quatro figuras ali em pé, uma mulher com trajes egípcios e jóias de ouro, esta possuía uma postura elegante e majestosa. Outra mulher vestia um macação colado ao corpo com estampa de leopardo, tinha traços felinos e brincava com um novelo de lã cor de rosa. Um homem de meia idade com jaleco branco cheio de desenhos negros e com um ar de cientista louco, este, annabeth reparou, era dotado de uma mente brilhante e geniosa. E por último havia um garoto que devia ter a idade de Annabeth, vinte e um, vestia calça jeans, jaqueta de couro com camisa branca e all stars pretos, Annabeth podia jurar que era seu amigo Nico Di Ângelo, filho de Hades, mas este apesar de ter os mesmos cabelos negros levemente compridos era mais velho e seus olhos eram cor de chocolate e não negros, ele estava escorado em uma das colunas e carregava um olhar triste, diferente dos colegas que pareciam em expectativa.
Demorou um tempo para Annabeth perceber, ela sentiu algo forte na presença destes quatro seres, uma aura poderosa, divina.
Deuses.
Annabeth ouve um suspiro e se vira para o som. Havia uma quinta figura na sala, mas diferente destes quatro ela era uma pessoa comum, uma garota comum com cerca de dezoito anos, cabelos loiros bagunçados e pintado de preto por baixo, vestindo um pijama de flanela preto e branco com coturnos (o que parecia uma combinação estranha aos olhos da filha de Atena), ela estava com um olhar sonolento, mas também em alerta e pensativa.
– Deixe-me ver se eu entendi. - Diz a garota sentada ao chão do salão coçando a testa. - Vocês querem que eu e Carter salvemos o mundo OUTRA VEZ, de algo que vocês não podem me dizer, é isso?
O homem de Jaleco suspira. - Na verdade Sadie, está prestes a ocorrer uma guerra e vocês são a chave para impedirmos isso.
– Uma guerra que se nós não impedirmos irá destruir o mundo. - Sadie diz para se provar certa.
– A questão Sadie - Diz a mulher de trajes egípcios. - É que alguém já fez o primeiro movimento, só não sei se a intenção é para ajudar.
– Como assim alguém já fez o primeiro movimento? - Pergunta a garota.
– Isso você terá que perguntar ao seu irmão. - Diz o Deus dos cientistas loucos.
Sadie balança a cabeça. - Vocês terão que fazer melhor do que isso, quer dizer, vocês somem por quatro anos e agora surgem falando coisas aleatórias, dando informações incompletas e esperam que eu faça alguma coisa?! - Ela parecia exaltada. - E desde quando vocês viraram o Quarteto Fantástico?!
A mulher felina a olha e para de brincar. - Para você ver como a situação é séria filhote.
– Então é nisso que se baseia as coisas? Vocês só aparecem quando precisam de nossa ajuda?!
– Sadie... - O Deus que parece Nico fala pela primeira vez, mas este é cortado por um olhar de fúria da garota.
– Eu não estou falando com você.- Ela diz com mágoa transbordando de sua voz e para a surpresa de Annabeth o Deus se encolhe e nada mais fala. - Verei o que posso fazer, me procurem se vocês quiserem mais alguma coisa. - Ela acrescenta sarcástica e se vira de costas para os Deuses saindo do salão.
– Sadie! - A mulher (que devia ser alguma espécie de líder ali) a chama quando esta estava na porta da saída.
Sadie nada fala, apenas se vira para a Deusa.
– Quando seu irmão lhe chamar, não questione, confie nele e o ajude no que precisar.
Um som alto traz Annabeth de volta dos suas lembranças e quando ela percebe Jason, Piper, Léo e Percy estão prontos para lutar. Ela segue seus olhares e vê duas Campe, mulheres na parte de cima e, embaixo, tem o corpo preto e escamoso de um dragão comprido. Logo atrás vinha três Lestrigões de quase três metros de altura, usavam clavas pesadas e cobertas de espinhos.
Porém atrás deles vinha quatro figuras estranhas, Annabeth nunca as havia visto apesar de lhe parecerem familiar, tinham o corpo de um leopardo e seu pescoço era longo, quase do tamanho do corpo, verde e escamoso, suas cabeças eram de gato, mas seus olhos eram vermelhos, sua língua era bifurcada e de suas presas escorria um líquido verde.
Quando Annabeth percebeu as criaturas já haviam partido para o ataque.
