Why you left me here
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Dizem que a gente só reconhece o verdadeiro valor de algo quando o perdemos. Eu agora sempre associo Hogwarts ao dia em que entramos na nossa casa pela primeira vez. Pode parecer sem sentido, mas o que senti naquele momento, quando você tirou a venda dos meus olhos, foi o que senti quando entrei em Hogwarts: aquela sensação de estar no lugar certo, de estar fazendo parte de algo sincero e real. Aliás, eu nunca tinha achado nada de especial na sua voz – a não ser, talvez, o fato de ela ser sua – até aquele momento. Com os olhos fechados e a sua mão na minha, sua voz era o que me guiava, e eu pensava que poderia reconhecê-lo a quilômetros de distância se você apenas chamasse o meu nome. E em como sua voz era firme quando me defendeu daquele bruxo grosso no bar e, entretanto, tremia de leve quando me pediu em casamento.
Você dizia que não, era impossível ficar só com as boas lembranças, e que de Hogwarts você se lembrava da guerra e da grande batalha. Não tirei a sua razão, apesar de muitas vezes ter perguntado aonde foram parar os tantos momentos bons que também tivemos na escola. E você sorria e dizia que sim, ainda lembrava de tudo, mas que essas boas lembranças não eram apenas Hogwarts, mas sim eu, Harry, Fred, George, Ginny e tantos outros. Você dizia que as paredes do castelo estavam apenas guardando todos, mantendo tudo em um lugar só. Eu olhava para você e também sorria, pensando que havia sido um tanto boba por um dia ter dito que você tinha a profundidade emocional de uma colher de chá.
Agora, claro, já não temos mais essas conversas, porque você não está aqui comigo. Eu trouxe aquelas flores que você gosta, e as do Fred também. E, como eu ia dizendo, só vemos o valor das coisas e das pessoas quando as perdemos. Não que eu não tenha te dado valor, mas agora, mais do que nunca, eu sinto falta de ouvir a cadeira de sala ranger quando você sentava nela, e do toque-toque da bengala que você tanto reclamava. Então eu percebo que a casa está totalmente silenciosa e que eu, afinal, estou só. Fiz muitas coisas na vida, mas nunca fiquei só, Ron.
N.A.: Sophia que ajudou no título :*