Prefácio do autor:
(1) A inspiração para esta história veio após baixar um papel de parede que mostra as meninas com diversos uniformes, atuando como garçonetes e a inscrição "Your order?"; daí, uns lampejos de criatividade me atingiram e comecei a escrever este conto. É a minha primeira tentativa desde os meus contos de Cardcaptor Sakura, desde 2001 estou sem escrever fanfics. Por isso, já peço desculpas por erros gramaticais e/ou defeitos de coesão & coerência. Love Hina é propriedade de Ken Akamatsu, e faço uso não autorizado sem fins lucrativos. Também um aviso aos puristas: vou alterar bastante alguns aspectos da história, então já se considerem avisados! (he he he).
(2) Durante a história, sempre algum personagem será o narrador; para não confundir o leitor, sempre indicarei antes de o personagem começar a narrar com a expressão "PV: nome-do-personagem", onde PV significa "ponto de vista". Li este recurso em outro conto e achei muito interessante para fazer uma mudança no meu estilo, que sempre foi usar o estilo roteirizado. Boa leitura a todos; atualizações serão feitas na medida do possível.
ÀS
SUAS ORDENS
Capítulo
1: Uma Triste Retrospectiva...
PV: KEITARO
Sempre que quero ficar sozinho, subo ao telhado central do Hinata-sou e observo a paisagem. Quando estou ali, sinto-me seguro, pois ninguém vai até ali me incomodar. Parece que as meninas perceberam que, quando quero ficar sozinho, eu vou até o dito local e fico lá sentado, pensando na vida. Certas coisas não precisam ser ditas: simplesmente acontecem.
Muitos até sentem inveja de mim. Afinal, sou um cara sortudo que vive em uma pensão cheia de garotas lindas; isto é a sorte grande, não é? Ledo engano.
Não posso negar que já desfrutei momentos divertidos desde que cheguei aqui, mas a maior parte dos acontecimentos foi bem dolorida. Uma série de casualidades me retratou como um tarado fracassado, um ser abominável. E elas aproveitam muito bem isso, transformando-me em um escravo: ou fico na linha e faço tudo que elas querem, ou levo porrada - e quanta porrada nisso! Quando elas estão se divertindo na minha presença, não sei exatamente se elas estão rindo comigo ou estão rindo de mim. E tal diferença gramatical tem muito significado para mim.
A única que não me dá qualquer trabalho é a Shinobu. Pelo contrário, ela me ajuda tanto... Nem sei como agradecer. Aliás, nem sei mais como agradar a todas elas; pensei que entrar na Toudai faria com que eu tivesse o respeito de todas. Que erro! Shinobu foi a única que continuou me tratando decentemente. As outras dizem que fazem o que fazem como forma de manifestar carinho; se ter costelas quebradas e vários hematomas são demonstrações de afeto, prefiro passar despercebido na multidão... Até minha irmã é fonte de confusão, ela me mete em cada roubada...
Isso seria o suficiente, mas existem duas coisas que realmente estão me incomodando demais. Primeiramente, é a Naru. Desde o início da minha estada no Hinata-sou me apaixonei por ela. Sempre a considerei tão bela, tão inteligente. Esta paixão cresceu a ponto de realmente amá-la. Amo-a tanto que praticamente não ligo tanto assim ao fato de que ela me espanca demais. Sério, as agressões físicas que vêm dela não me perturbam; o que realmente me perturba é a distância que, nos últimos tempos, ela colocou entre nós. Isso machuca demais, pois eu sempre tento provar que mereço o amor dela, e parece que tudo o que faço não é suficiente. Mutsumi me consolou uma vez dizendo que "existe a promessa, que a mesma assegurará a realização do amor entre Naru-san e Kei-kun". Cada vez mais duvido de uma estúpida promessa de infância, e sinto que ela tem olhares para um outro homem. Ainda não tenho certeza disso, mas esta possibilidade me estraçalha por dentro.
A segunda coisa que me tira o sono é o gigantesco saldo negativo da pensão. Já tentei economizar de todas as maneiras, mas as meninas não colaboram. E eu, sendo o fraco que sou, não consigo me impor como gerente. A maioria me paga atrasado; a Kaolla sempre demora em fazer o câmbio da moeda de Moru Moru para ienes - isso quando faz, pois alguns meses eu é que tenho que cobrir as despesas dela; a Kitsune nunca me paga. O pior é que todas são muito, mas muito exigentes, ah se não tiver isso ou aquilo, elas acabam comigo! A vovó Hina ficará muito decepcionada comigo quando descobrir como conduzi o negócio de várias gerações da família Urashima.
O que devo fazer? O que devo fazer? A pensão em si tem poucos atrativos, principalmente porque fica na contramão para quem precisa se deslocar rapidamente para Tóquio. Hinata é um vilarejo pacato, não atrai muitos turistas, quanto mais pessoas que precisam de um local para morar... Quando o Hinata-sou era um hotel, ainda tinha muito movimento, mas a transformação em pensão dificultou o ingresso de novas pessoas por aqui.
Eu desisto. Sinceramente, eu desisto... Não sei mais como erguer esta pousada. Creio que devo fazer uma reunião de emergência e expor minha decisão. Não vou sacrificar a Toudai e a minha vida por um bando de garotas mimadas.
PV: HARUKA
Estou preocupada com o Keitaro. Ele está indo mais vezes ao telhado que o normal. Quando ele está lá, é um sinal de que não quer ser incomodado, é como se fosse um código não-verbal.
Não gosto de ficar demonstrando os meus sentimentos, mas sei que devo ajudá-lo. Afinal, ele é meu sobrinho, não é? Mesmo que eu não goste quando ele fica me chamando de "tia", ele é o filho do meu único irmão. Por parte de mãe, Keitaro tem diversas tias, e sempre foi paparicado por elas. Eu nunca demonstrei muito o quanto gosto dele, apenas de forma indireta, persuadindo as meninas a não expulsá-lo. Sempre fiz as coisas de forma que ele não percebesse, é claro...
Mas, agora, ele está muito quieto, e creio que devo ajudá-lo de uma forma mais agressiva. No final, somos muito parecidos: temos medo de não ter o sentimento correspondido pelas outras pessoas. E o pior é que ele sempre demonstrou gostar de mim, mas eu tentava me esquivar disso. Criei uma barreira que não sei se poderei transpassar tão facilmente. Desta vez, achei que seria o momento ideal.
Com certa timidez, aproximei-me dele. Preciso saber o que está acontecendo. Tentei chegar até onde ele estava sem fazer barulho, mas ele se levantou repentinamente e levei um baita susto. Obviamente, minha expressão facial pouco deve ter se alterado, já que tenho anos de prática em não demonstrar minhas percepções com mímicas faciais. Foi naquele momento que ele notou a minha presença; ele inicialmente fez um rosto indicando surpresa, mas que não demorou a ficar neutro. Tinha maus pressentimentos quanto a tal fato, Keitaro sempre foi autêntico quanto a demonstrar sentimento, nunca o tinha visto cínico.
"Keitaro, o que há de errado?", perguntei-lhe.
"Nada não...", respondeu-me, já se retirando.
Ao passar por mim, disse-lhe: "Tu não me enganas, Keitaro... Vamos, fale o que está acontecendo".
O garoto parou e, sem se virar, balbuciou algo que me marcou: "Ainda não é da tua conta, Haruka-san...". Ele prosseguiu a caminhada, deixando-me sozinha no telhado, como se fosse uma desconhecida. Confesso que fiquei um pouco perplexa, embora o meu semblante não traduzisse o que estava sentindo. O modo como ele pronunciou 'Haruka-san', estava cheio de veneno, e este ponto foi o mais bizarro. Ele NUNCA agiria daquele jeito, pois Keitaro não tinha vocação para ser grosseiro. Ele podia ser atrapalhado, mas jamais arrogante, ou era o que eu pensava... Meu doce Keitaro, o que houve contigo? Por que isto agora? Talvez a costumeira distância com que o trato esteja impedindo que ele se aproxime de mim, e isto me deixa muito triste.
Volto para os meus aposentos na Casa de Chá, com muitas coisas a pensar...
PV: KEITARO
Já estou arrumando minhas malas. Quero fazer tudo rápido, pois não quero me incomodar com as moradoras. Apenas vou dizer minha decisão e irei embora. Não queria machucar Shinobu, mas preciso partir se quero sobreviver a tudo isso - um fato que creio não incomodar em nada as outras. Vou dar minha decisão no café-da-manhã, pois é muito chato dar más notícias de barriga vazia; outro fator é que todas já estarão acordadas e é um horário fácil de encontrar todas reunidas. Então, farei o que devo fazer.
Capítulo escrito entre 11/10/2004 e 13/10/2004. Espero reviews de todos, pois estes são muito importantes para saber se a história está agradando.
