Essa fic é toda do ponto de vista da Lilian. Ela vai mostrar momentos de sua vida, que influenciaram, de uma forma ou de outra, o relacionamento com Tiago. O espaçamento de tempo vai variar e será mais ou menos denso de acordo com a época. A fic é perfeitamente inteligível por si só. Entretanto, como eu estou tentando mostrar os dois lados da história, estou escrevendo "O Escudo de Apolo", uma fic "irma" dessa, que mostra a visão do Tiago da mesma história. Você pode decidir ler só uma, só outra, as duas, em que ordem desejar. Talvez algumas particularidades só sejam tratadas em uma delas, por razões que têm a ver com importância dos fatos para cada personagem, mas o contexto geral é o mesmo. Os nomes dos capítulos também serão os mesmos e eles retratarão mais ou menos os mesmos fatos. Vou cuidar também para que as atualizações sejam simultâneas. Só não posso garantir que sejam muito rápidas. Sorry...
"O Espelho de Afrodite" é mais longo, mais detalhista, mais voltado aos sentimentos das pessoas, e o humor é irônico. Enfim, mais tradicional, na minha opinião. Eu tentei refletir um pouco da maturidade da narradora em relação ao universo em que ela está inserida. Ela é mais contestadora ao que é apresentado e tem um toque de "a história certa", acertando em 90 na análise das personagens. Transferindo para o tempo de Harry, acho que seria uma versão da Hermione, embora não se guie fatos lógicos e sim por instintos e impressões emocionais. Essa é, simplesmente, a forma como eu imagino a Lilian.
Bom, essa foi, pelo menos, minha intenção. Se chegarem a ler as duas e não notarem as diferenças, por favor me avisem, pois terei errado feio...
1. Boas Notícias
Era uma manhã ensolarada de quinta-feira. Eu havia acordado, como sempre, antes de minha irmã e admirava o dia que nascera há pouco pela janela do meu quarto.
Foi quando aconteceu algo que mudaria minha vida para sempre. Uma bela coruja marrom voou na direção da janela e eu, assustada, me afastei. Mas a coruja foi rápida o bastante e jogou em minhas mãos uma carta.
Uma carta "entregue" por uma coruja? Eu a examinei atentamente. Ela tinha um grande selo vermelho, lacrando-a e era endereçada... a mim! "Lilian Evans", seguido pelo meu endereço, estava gravado em uma letra muito caprichosa.
- Cartinha do namorado, Lilian? - Petúnia já se levantara.
- Não, eu... - ia começar, mas vi meu pai à porta.
- Recebemos cartas? - ele perguntou casualmente, mas ao fixar seus olhos na carta, sua expressão mudou de repente.
De súbito, ele se aproximou de mim e se ajoelhou aos meus pés, tomando a carta em suas mãos. Depois, abriu um sorriso enorme, me pegou no colo e começou a me girar no ar.
- Eu sabia que aconteceria, Lily! Eu sabia! Viva! - meu pai gritava.
Minha mãe logo chegou para ver o que estava acontecendo e papai a abraçou também.
- Aconteceu, Jasmine! Assim como aquele senhor nos avisou quando ela nasceu! - meu pai estava realmente eufórico.
- Oh, Andrew, eu não acredito! - minha mãe, apesar de contente, tinha um ar de preocupação.
- Temos uma bruxa na família! - meu pai exclamou, finalmente.
Aquilo não foi um choque só para mim. Minha irmã Petúnia me encarou com horror, levou as mãos à boca e saiu correndo. Daquele instante em diante, ela passou a nutrir um sentimento de ódio e inveja intensos por mim. Acho que nunca reconquistarei o amor de minha irmã de volta, embora, às vezes, me questione se algum dia eu o tive.
Eu estava realmente confusa com toda aquela história. Apesar de a idéia de ser bruxa ser absurda, papai estava tão feliz que eu não tive como não me alegrar.
Na verdade, esse fato até explicava algumas coisas estranhas que aconteciam comigo. Quando minha mãe me deixava trancada no quarto de castigo, a fechadura simplesmente abria após eu encará-la por alguns segundos. Na escola, Petúnia tinha vergonha de andar comigo, pois duas vezes meus pais foram chamados na diretoria e advertidos para que não me levassem à escola com doenças contagiosas. Eu nunca havia tido qualquer moléstia, mas os meninos que me irritavam ficavam cheios de perebas de repente.
Então, era isso. Eu era apenas uma bruxa. Simples, não?
Naquele dia, mamãe levou Petúnia ao colégio, mas meu pai ficou comigo em casa. Disse que tinha algo a explicar e que receberíamos uma visita muito importante.
- Lily, sei que é difícil de entender, mas você é mesmo uma bruxa. Quando você nasceu, um ancião se aproximou de mim e disse: "Eu raramente me engano, meu amigo. Posso sentir a magia dessa criança. Ela receberá uma carta da minha escola quando tiver onze anos se eu estiver certo". Sua mãe riu de mim, mas eu acreditei naquele velho maluco. E, desde então, tenho pesquisado tudo sobre o assunto, e até consegui alguns contatos.
- Papai, mas como assim? Algumas pessoas têm magia e pronto?
- Não exatamente. Pelo que sei, nossa família pode ter alguma origem mágica, mas não se tinha um bruxo há muitas e muitas gerações.
Eu continuei fazendo diversas perguntas ao meu pai e ele as respondia, na medida do possível. Na verdade, ainda não fazia idéia do impacto que essa "novidade" teria em minha vida. Conversávamos animadamente quando a campainha tocou. Meu pai saiu correndo, desesperado para atendê-la.
- Sr. Dumbledore, que honra tê-lo aqui.
- Ora, Andrews, o que é isso? Eu pedi que me chamasse quando chegasse a hora. Onde está ela?
Não sei explicar por que, mas simpatizei imediatamente com aquele velhinho de barbas longas e brancas e um arrojado óculos em forma de meia lua.
- Ah, aí está você, pequena. Como vai? Assustada com a notícia?
- Err... um pouco... confusa. - sacudi a cabeça e ele sorriu bondosamente.
- Os bruxos sempre existiram, Lílian. Infelizmente, nossas relações com o pessoal não mágico, a quem chamamos de trouxas, não era das melhores e foi decidido de deveríamos nos ocultar completamente. Entretanto, algumas pessoas mais sensíveis, como seu pai, sempre acabam nos descobrindo.
Ele fez uma pausa. Meu pai corou.
- Lílian, conforme diz sua carta, você vai para uma Escola de Magia e Bruxaria, onde vamos te ensinar tudo que será necessário para sua vida mágica.
Com toda a euforia, papai e eu nem tínhamos aberto a carta. Apressei-me em fazê-lo. Era uma espécie de convocação para a tal escola com uma lista de materiais (muito estranhos!) anexa.
- Não se preocupe, Lílian, pois há muitas crianças como você lá, nascidas em lares não mágicos. Amanhã, vou pedir que alguém venha levar você às compras, certo, garotinha?
Apenas consenti com a cabeça. Gostaria de saber onde encontraríamos aquelas coisas esquisitas. Meu pai, que mantinha a mesma felicidade no rosto, acompanhou o velhinho até a porta. Ainda pude ouvir, ao longe, um comentário.
- Lílian será uma bruxa formidável, Andrews. O coração dela emana tantas coisas boas. Sei que o senhor, mesmo sem poderes mágicos, sabe do que estou falando.
