Essa fic é toda do ponto de vista do Tiago. Ela vai mostrar momentos de sua vida, que influenciaram, de uma forma ou de outra, o relacionamento com a Lilian. O espaçamento de tempo vai variar e será mais ou menos denso de acordo com a época. A fic é perfeitamente inteligível por si só. Entretanto, como eu estou tentando mostrar os dois lados da história, estou escrevendo "O Espelho de Afrodite", uma fic "irma" dessa, que mostra a visão da Lilian da mesma história. Você pode decidir ler só uma, só outra, as duas, em que ordem desejar. Talvez algumas particularidades só sejam tratadas em uma delas, por razões que têm a ver com importância dos fatos para cada personagem, mas o contexto geral é o mesmo. Os nomes dos capítulos também serão os mesmos. Vou cuidar também para que as atualizações sejam simultâneas. Só não posso garantir que sejam muito rápidas. Sorry...

"O Escudo de Apolo" é mais curto, mais superficial, mais voltado às ações e aos movimentos, com mais doses de humor. É, portanto, mais leve e mais objetiva. Deliciosa de se escrever, aliás. Ela tenta refletir o caráter imaturo e, por vezes, inseguro, de Tiago, principalmente nos primeiros anos escolares. Ela é um pouco mais passiva em relação aos acontecimentos, mais crédula. E, ao longo dos capítulos, deve mostrar uma curva de evolução mais acentuada. Essa é simplesmente, a forma como eu imagino o Tiago.

Bom, essa foi, pelo menos, minha intenção. Se chegarem a ler as duas e não notarem as diferenças, por favor me avisem, pois terei errado feio...


1. Boas Notícias

Acordei com um barulho de corujas na janela. Aquele era o dia, tinha de ser. Ainda meio tonto, abri a janela e uma carta voou na minha cara. Era ela. Minha carta de Hogwarts.

- Mãe! Pai! Minha carta chegou! Vou para Hogwarts!

Comecei a pular na cama, jogar os travesseiros e todas as roupas que encontrei, gritando muito. Meus pais vieram logo. Foi uma das poucas vezes que não ralharam comigo por causa da minha bagunça. Apenas me abraçaram com carinho.

- Parabéns, filho! - disseram, juntos.

Papai e mamãe haviam estudado em Hogwarts também. Ambos eram da Grifinória e eu tinha esperança de ficar nessa Casa, embora soubesse que não era uma questão meramente hereditária.

Eu já estava pegando a pena para escrever contando ao meu melhor amigo quando ouço um barulho lá embaixo.

- Oi, tio! Oi, tia! Cadê o Tiago?

- Olá, Sirius, ele está...

Mas antes que minha mãe dissesse "no quarto", Sirius já subira correndo. Ele já era de casa.

Sirius Black era o meu melhor amigo. Nos conhecemos numa Copa Mundial de Quadribol, quando tínhamos oito anos. Ele vinha com freqüência aqui em casa, mas eu havia ido poucas vezes à casa dele. Sua família era meio estranha, principalmente sua mãe.

- E aí, cara, adivinha!

- O quê? Você recebeu sua carta também?

- Você também?

Então, recomeçamos toda a bagunça no meu quarto. Dessa vez, porém, mamãe não perdoou.

- T-I-A-G-O P-O-T-T-E-R!! Arrume já isso!!

- Claro, mãe! - gritei, e caímos os dois na risada.

Sirius, então, sentou-se na cama e suspirou.

- Tomara que fiquemos na mesma Casa.

- Claro! Seremos grifinórios, com certeza!

- Não sei, não, Tiago. Minha família quase toda foi para a Sonserina...

- Ah, deixa disso, Sirius. Não tem nada a ver...

- É... espero que não. Ei, falando na minha família, minhas primas também estão indo para Hogwarts?

- Aquelas que encontramos no começo do ano?

- Elas mesmo... o que você acha? Hein?

- O que eu acho? Como assim? Eu estou indo para Hogwarts estudar, Sirius!

Estávamos rolando de rir quando minha mãe apareceu na porta. Ela não parecia nem um pouco satisfeita de ver aquela bagunça do mesmo jeito e eu soube pelo olhar dele que a coisa ficaria feia para o meu lado quando o Sirius fosse embora. Ou antes.

Para minha surpresa, ela se dirigiu ao meu amigo primeiro.

- Sirius, amanhã vamos ao Beco Diagonal comprar o material do Tiago. Não quer vir conosco?

- Claro, tia! - ele disse, animado.

- "timo. Agora, Sr. Tiago Potter, venha aqui imediatamente! - ela gritou, mudando o tom com uma versatilidade incrível.

Eu até tentei resistir, mas ela usou a varinha e minha orelha foi puxada até o encontro dela, levando-me, conseqüentemente, junto.

- Aii, manhê!!

Ela me trancou em seu quarto e começou com o mesmo blá-blá-blá de sempre. Na certa, Sirius podia escutar tudo do meu quarto, pois eu ouvia os risos inconfundíveis dele cada vez que minha mãe me ameaçava de castigos e torturas intermináveis, como nunca mais assistir um jogo de Quadribol ou limpar a casa inteira e o quintal todos os dias sem magia.