Disclaimer: Cavaleiros do Zodíaco e todos os personagens relacionados pertencem a Masami Kurumada. Não tenho nenhum lucro com as minhas fics.


ENQUANTO EU DORMI...

Nina Neviani

Beta-reader: Chiisana Hana

Capítulo I – Ano Novo, Vida Nova!

Ano Novo... Vida Nova!

No meu caso posso dizer também:

Cidade nova... (incomparavelmente maior do que a anterior, felizmente.)

Apartamento novo... (mínimo e alugado, mas decorado exatamente como eu queria.)

Emprego novo... (que me paga duas vezes mais que o anterior)

Sabe quando você tem aquela sensação de que esse novo ano vai ser esplêndido? Pois é como eu estou me sentindo! Sinto que o destino está finalmente sorrindo para mim. Claro que poderia ter um item a mais na minha lista... Um namorado novo. Não que eu tenha um velho para trocar por um novo. Mas não me importa! Tenho certeza de que do jeito que as coisas estão indo bem logo encontrarei um moreno lindo, de olhos escuros e cabelos encaracolados. Já que estamos sonhando, vamos caprichar... Uma ou duas tatuagens no corpo, um ar rebelde, se ele tiver uma moto, ótimo.

Continuei sonhando acordada até acabar de tomar o meu café da manhã. Olhei no relógio e vi que estou bem adiantada, já que dormi muito pouco na noite anterior devido à excitação de iniciar uma nova fase da minha vida. Tudo bem que ajudou o fato de eu ainda não estar completamente adaptada aos barulhos noturnos da cidade grande. Veja bem, não que eu esteja reclamando. Claro que não! É que leva um tempo para se adaptar, né? Estou nessa cidade há menos de uma semana.

Confesso que os primeiros dias foram complicados. Mesmo com toda a alegria de realizar um dos meus sonhos, senti muita falta da casa dos meus pais, da comida feita pela minha mãe... Mas agora já estou mais acostumada. E hoje sei que chegarei tão empolgada com o meu primeiro dia de trabalho que não sentirei tanta falta assim daquilo que, de certa forma, deixei para trás.

Depois de acabar o meu café da manhã, terminei de me arrumar e saí confiante para o meu primeiro dia trabalho. No corredor do prédio, cruzei com uma senhora que levava um gatinho nos braços. Essa era a minha primeira chance real de fazer amigos. E essa senhora parecia ser amável, afinal todas as velhinhas eram amáveis. Ansiosa por fazer amigos, presenteei-a com o meu mais doce sorriso. Para minha total surpresa, a velhinha virou o rosto para o outro lado como se, ao invés de ter sorrido para ela, eu tivesse mostrado-lhe a língua. Fiquei ali parada até que o forte barulho da porta se fechando me fez voltar à realidade. Claro que nem todas as pessoas da cidade grande eram assim. Provavelmente, aquela senhora devia ter tido um dia ruim, por isso agira daquela maneira. Algo de ruim devia ter acontecido para que ela agisse dessa forma. Tudo bem que eram apenas... Sete horas e quinze minutos de uma manhã de segunda-feira, mas nunca se sabe. Decidida que numa outra oportunidade conversaria cordialmente com a minha vizinha, fui até o elevador, novamente animada com o maravilhoso dia que eu teria.

O elevador não demorou muito para chegar e dentro dele estava apenas uma menina de uns doze anos trajando um uniforme escolar. Ela tinha sardas e usava aparelho ortodôntico. Obstinada a criar a minha primeira amizade com alguém do prédio naquele mesmo dia, cumprimentei-a.

– Bom dia.

– Dia. – A resposta dela não tinha sido das mais entusiasmadas e ela não tinha esboçado nem um início de sorriso. Mas ela poderia ser apenas tímida. Muitas pessoas tímidas são mal compreendidas pela sociedade.

– Eu me chamo Eire. Sou nova no prédio.

– Tá. – Ao que parecia a menina não estava falando comigo por ser tímida. Mas não desisti.

– Você mora aqui faz tempo?

– Minha mãe diz que eu não devo falar com estranhos.

Oh, era isso! Claro, agora estava morando numa cidade grande e ali existiam muitos perigos, a mãe da menina devia estar mais do que certa. Nesse momento, o elevador chegou ao térreo.

– Tchau, então! – Me despedi.

– Tchau, Eire.

Ah! Nem tudo estava perdido ela tinha gravado o meu nome!

Na rua, senti a brisa bater no meu rosto e... com ela trazer a fumaça proveniente do escapamento de um caminhão. Tá... talvez eu também sentisse falta do ar puro...

Comecei a andar em direção ao Jornal. Tinha escolhido um apartamento que ficava a poucas quadras do Jornal, justamente para poder ir a pé para o trabalho sempre que fosse possível. E hoje estava um belíssimo dia de sol.

Ainda não estava muito acostumada com os prédios tão grandes, com as ruas tão barulhentas às sete da manhã... mas eu estava feliz! Estava realizando um sonho, esse era o primeiro passo para ser uma jornalista famosa. E eu ainda seria!

Ao ver uma mulher andar de mãos dadas com um menininho com um uniforme escolar, admiti que tinha um outro sonho tão grande quanto o de ser uma jornalista famosa. E era ser mãe. Ter uma família amorosa quando chegar em casa, filhos para cuidar, um marido para eu amar...

Mas um passo de cada vez! Primeiro um emprego bom. Depois uma linda casa, um lindo e sexy marido e filhos.

Sim, tudo daria certo!

Então o vi. Ele era grande e bonito. Não! Ainda não era o homem dos meus sonhos. Era o prédio no qual funcionava o Jornal, dentro dele as pessoas andavam para lá e para cá como abelhas na sua colméia. Fiquei alguns segundos parada me acostumando. Eu já tinha estado ali duas vezes: quando fui fazer a entrevista e depois quando fui assinar o contrato. Mas somente nesse instante eu me dava conta de que ali seria o meu local de trabalho. O local no qual eu passaria horas por dia.

Vi um rapaz passar por mim correndo com vários papéis que eu rapidamente identifiquei como sendo esboços de matérias.

Bem, aí vou eu!

Dei mais alguns passos e logo escutei me chamarem. Virei para trás é vi que era Marin Priamos, a Editora-Chefe do Jornal. Marin era uma mulher muito bonita e bem sucedida na carreira. Um dia eu chegaria a ser uma mulher como ela.

– Vejo que chegou cedo, Eire. Ótimo. Vou mostrar pra você a sua sala e a sua mesa. Assim que a responsável do RH chegar, ela vai levar você de sala em sala para apresentá-la para todo o pessoal. Sei que não é a coisa mais agradável ser exposta a todos assim, repetidamente, mas... você supera. – Ela disse e riu. – Sobretudo porque as pessoas aqui são bem bacanas.

– Imagino que sim. – Já estávamos dentro do elevador. E Marin voltou a explicar:

– Eu sei que a sua especialidade é o meio ambiente, Eire. E não se preocupe que eu não vou esquecer isso. Mas enquanto você se familiariza com o jornal, você vai ficar na parte de Entretenimento.

– Entretenimento?

– É bem diferente, eu sei.

– Eu não estou reclamando. De verdade. No meu emprego anterior eu escrevia sobre quase tudo.

– Muito bom. O fato é que – Ela se interrompeu para cumprimentar um rapaz que entrava enquanto nós saíamos do elevador. – O nome dele é Jay e é o nosso "faz tudo". Na verdade, o nome dele não é Jay. Mas é assim que ele disse para o chamarmos e confesso que ele fazendo bem o trabalho dele o nome é o que menos importa. – Marin indicou o corredor que devíamos seguir – Como eu ia dizendo, nós temos uma seção de meio ambiente, que não é tão grande quanto eu gostaria. Assim, por um tempo indeterminado você vai ficar no Entretenimento, que tem as suas vantagens: ingressos pra shows, cinema, teatro, etc. Só que durante esse tempo nós proporcionaremos oportunidades para que você se especialize cada vez mais na área ambiental, enquanto isso vai se habituando com a nossa maneira de trabalhar. É aqui.

Marin indicou uma sala de tamanho médio com três mesas e em cada mesa havia um computador. Na parede esquerda, havia um imenso mural repleto de avisos, convites para espetáculos dos mais variados tipos. A mesa menor estava arrumada, ainda que não tivesse muitos objetos pessoais. As outras duas mesas tinham o mesmo tamanho. Uma estava um tanto bagunçada e cheia de porta retratos, cds, envelopes abertos e alguns ainda fechados. Em um dos cantos da sala tinha um pequeno aparelho de som e no outro uma mesinha com uma garrafa térmica com café e uma garrafa d'água.

– Essa daqui é a sua mesa. Fique à vontade para decorá-la como quiser. Não nos importamos com isso, pelo contrário, até incentivamos, caso isso deixe o jornalista mais confiante para realizar o seu trabalho. Aquela mesa menor é da estagiária, ela vem todo o dia no período da tarde. E ali é a mesa da Minu. Você vai gostar dela. Ela é uma muito simpática e competente.

Nesse momento uma mulher clara de cabelos pretos, lisos e curtos entrou na sala. E se aquela era a Minu, eu, por um breve instante, tive dúvidas se conseguiria me entrosar com a companheira. Ela parecia que tinha acabado de sair das páginas de uma revista de moda. Por um momento, me senti um pouco mal por estar tão comum.

– Ah, Minu! Esta é Eire Yazawa. Ela vai ser a sua companheira por algum tempo na seção de Entretenimento.

– Eire, esta é Minu Setsuna.

Eu esperava uma reação fria da mulher, mas a Minu, para minha surpresa, me puxou para um abraço.

– Tudo bom com você?

– Tudo sim. Apesar de que tudo ainda é novo para mim.

– Imagino. No primeiro dia essa redação assusta mesmo. Mas você vai ver como tudo se acerta.

– Vejo que vocês duas já estão se entendendo bem. – Marin disse. – De qualquer forma, se você tiver algum problema pode falar comigo, Eire.

– Obrigada.

Marin saiu e Minu começou a conversar enquanto sentava-se na sua mesa.

– Bom, eu trabalho aqui há quase um ano. No princípio, a minha intenção era ir para a seção de moda. Mas como sei que não me sentiria bem no meio daquelas modelos esqueléticas, subnutridas e irritantemente altas, escolhi o entretenimento. Não me arrependo! Nada de fotos de crimes bárbaros, nada da louca variação da economia ou dos escândalos políticos. E aqui se tem um bom número de regalias. Não tantas assim... Mas aqui é bom. – Minu dizia enquanto pegava um pouco de café. – Aonde você trabalhava a sua especialidade já era Entretenimento?

– Não. Lá o jornal era pequeno e a gente fazia de tudo um pouco. Mas o que eu mais gostava e ainda gosto é da parte ambiental. Sei que tem pouco espaço, mas... Eu escrevi uma matéria denunciando uma fábrica que tinha se instalado nos arredores da minha cidade, a matéria teve uma boa projeção. A Marin ficou sabendo, leu, gostou e me chamou para trabalhar aqui.

– Nossa, parabéns. O jornal tem uma seção ambiental, mas não tem muito destaque por enquanto. E só sai na edição de domingo. Provavelmente, a Marin trouxe você para melhorar essa área. É ótimo. Mas vai ser ótimo ter você aqui no Entretenimento. E eu acho que você vai gostar. – Ingeriu um gole da bebida. – Menos do café. É péssimo. Nós geralmente pedimos para o Jay trazer da cafeteria aqui da frente. Estou falando muito, não estou?

– Não! Na verdade está sendo bom ter com quem conversar. As pessoas dessa cidade são um pouco antipáticas, não?

– Algumas. As mulheres provavelmente vão ser com você. Você é linda e tem uma aparência bondosa. Mas aposto como os homens vão ser bem simpáticos com você.

– Ainda não sei. Cheguei há menos de uma semana.

– Ah, sim. Você já tem telefone em casa?

– Sim.

– Então anote o meu número e ligue sempre que precisar. Agora, vou te mostrar como as coisas funcionam por aqui.

O dia passou voando. Sobrevivi à tortura de ser apresentada a todos os demais funcionários do Jornal. No horário do almoço, eu e a Minu saímos para almoçar numa cantina ali perto. Percebi que a primeira impressão que eu tive dela tinha sido totalmente equivocada. Ela era muito divertida e simpática.

No final da tarde, eu já estava entendo como as coisas funcionavam na parte de Entretenimento e confesso que era mais interessante do que imaginava. Quando fechamos a seção do dia seguinte, por volta das sete da noite, fomos embora. A Minu me deu carona no carro dela. O carro dela era um pouquinho temperamental e demorou um pouquinho pra pegar. A viagem, no entanto, foi tranqüila e logo eu cheguei em casa.

Dentro do meu apartamento, me permiti jogar na minha cama e sorrir. Aquele dia tinha sido o primeiro da nova fase da minha vida! E eu mal podia esperar pelos próximos!

Continua...



Notinha 1: O sobrenome Yazawa é da Chiisana Hana, que bondosamente me emprestou. Os créditos, no entanto, continuam sendo dela. Obrigada, Bru!



Notinha 2: Eu também amooo o filme "Enquanto você dormia" com a Sandra Bullock (adoro ela também), mas tirando a semelhança de títulos essa fic não vai ter nada a ver com o filme. Mas vai a dica pra quem não viu. O filme é bem fofo.



Nota da autora: Então, meu primeiro Eire e Hyoga. Tudo bem que ainda não é um EirexHyoga, mas vai ser. Garanto. Eu acabei gostando tanto da Eire nas fics Apenas Amigos? e Bem mais que amigos! que achei que seria bacana contar a história dela naquele mesmo universo.

Sei que o começo está meio parado, mas logo as coisas começam a se agitar!

Beijos!

Nina Neviani