Capítulo 1

Férias, férias, férias... Merlin, ninguém nessa porcaria de mundo mágico consegue odiar as férias mais do que eu.

Sinceramente, eu posso até não comentar isso o tempo todo, mas aquela maldita escola de magia e bruxaria é o lugar onde as coisas acontecem. Literalmente falando!

Jogos de quadribol, mulheres, travessuras, mulheres e as melhores festas providenciadas, obviamente, pela Sonserina. Festas de verdade, com Fire Wiskey, garotas assanhadas se passando de bêbadas, música boa e, nos dias de muita sorte, algum primeiranista Lufo servindo de atração principal.

Aquilo sim são festas, não essas porcarias engomadas que minha mãe faz com que eu vá. Sem contar, que durante o recesso minha vida se resume a isso. Festas da Alta Sociedade em que as madames comentam com futilidade e falsete sobre a mais recente obra de caridade, e os maridos enchem a boca com charutos fedorentos e questionam o Ministério como se não fizessem parte dele.

Como me arrependo de não ter ido passar as férias com os Demarchelier's.

Maldito Pierre! Certeza de que arrumou uma grega para esquentar seu colchão no quarto de hotel de luxo.

Mas isso não vem ao caso. O que eu realmente preciso agora é descobrir uma maneira de distração nessas duas ultimas semanas de férias. Não deve ser tão ruim, afinal, mais longe eu já estive.

Odeio as férias.

- Draco, querido, venha aqui um instante _ e essa é minha mãe, voltando de mais uma tarde no Beco Diagonal em que ela comprou tudo que lhe parecia sofisticado.

Não entenda mal, ela tem o gosto extremamente fino, mas as coisas que ela compra... Veja bem, há coisas fúteis e, logo acima dessa categoria, há coisas que Narcisa compra.

Nos realmente não precisamos dos escudos mágicos dos cavalheiros da guerra de Lewis em 1758. Um ou dois até que seriam aceitáveis, mas comprar todos os 562 escudos do único pelotão sobrevivente é ridículo.

Suspirei pesadamente. A pior parte mesmo era quando ela tenta me empurrar alguma de suas novas posses.

Ergui-me da poltrona reclinável e apareci no portal do hall de entrada, a olhei com tédio.

- oi mãe _ cruzei os braços escorando na parede e não me surpreendi ao notar a quantidade de caixas e sacos ao redor dela.

- querido, você não vai acreditar _ ela veio ate mim, abraçou-me e começou a passar a mão nas minhas vestes amassadas, tentando alisá-las. Mães! – abriu essa nova loja no Beco Diagonal, completamente focada em artesanatos com metais nobres. Lhe comprei um antílope, coloque no seu quarto, você vai adorá-lo.

É impossível não rir quando se está perto de Narcisa.

- mãe, por que eu precisaria de um antílope de ferro no meu quarto? _ perguntei, mesmo sabendo que as compras compulsivas de Narcisa não possuíam lógica alguma. Ela me puxou insistentemente para o meio de suas caixas e sacolas e começou a desempacotar grande parte de sua nova decoração.

- bronze querido, não ferro _ ela sibilou como se falasse do tempo ou algo parecido, alguns elfos chegaram e a ajudaram a organizar a confusão. Meu principal pensamento naquela hora era que de jeito algum um antílope de bronze entraria no meu quarto – veja, gosta disso? _ ela ergueu uma peça que parecia ser um chapéu muito antigo. Fiquei na dúvida exatamente sobre o que era, mas ficou tudo confirmado quando ela o colocou na cabeça.

Era um chapéu.

- quanto você pagou por esse pedaço de lixo? _ questionei sorrindo abertamente e alargando o sorriso ao vê-la me olhar ofendida.

- pois fique sabendo que este é um legítimo chapéu de Catarina de Aragão _ seja lá quem for – e agora nos pertence _ e ela se sentia orgulhosa disso. Como eu disse daqui a um tempo meu pai vai precisar construir um armazém para todas as legitimidades que minha mãe encontra.

Então o clima de compras me fez lembrar que eu precisava fazer algumas também. Tudo bem que organizar a lista de materiais de Hogwarts duas semanas antes das aulas começarem era meio precoce, a maioria se preocupava com os últimos três dias, mas eu pensei naquilo como uma oportunidade de sair de casa.

E acredite, eu estava precisando.

Não que Narcisa fosse permitir minha saída. Ela obviamente iria tentar me acompanhar e usaria minha necessidade de sair como pretexto para mais uma de suas tardes de compras. O que eu acho ridículo, se você quer saber.

- mãe, vou ao Beco, preciso comprar meus materiais _ mesmo sabendo a resposta, tentei argumentar – não quero deixar os afazeres para ultima semana de férias. Estou certo de que a escória toda vai estar presente para barganhar os últimos itens _ desdenhei e recebi um cascudo como resposta.

Narcisa raramente encosta a mão em mim. Somente em casos como esse quando eu desdenho da superioridade natural que o nome Malfoy carrega consigo.

O que me faz pensar. Foi realmente um milagre eu não ter crescido com problemas de personalidade. De um lado estava Narcisa tentando me ensinar a igualdade entre os bruxos, até mesmo os de pequenas posses. De outro estava Lúcio me mostrando que há uma sociedade dominante no mundo mágico e que os Malfoy's estão acima deles, o que nos faz ter todo o direito de esmagá-los quando nos convém.

Eu deveria ter crescido com algum distúrbio só por dividir a mesa com esses dois, mas eu sou um Malfoy afinal.

- hoje não querido _ ela sorriu docemente como se há um segundo não tivesse tentando tocar meu crânio com os dedos – os Zabini's vêm nos visitar. Mabelle não vai acreditar na minha coleção de prata, faz parte da Renascença, você sabe, e Merlin, como ela adora se vangloriar daquele espólio na Mansão Zabini da França _ ela comentou batendo as mãos animadamente a princípio e mudando as expressões ao decorrer do comentário.

Nota-se à distância que Narcisa é extremamente... Exótica.

- Blaise vem para cá? Preciso fechar a adega _ brinquei cruzando os braços, mas acho que minha mãe realmente considerou a idéia. Deu de ombros e mandou que os elfos levassem todo sua tralha embora – certo, vou para o haras, me avise quando chegarem.

-o-o-o-

Malditos cavalos.

Não sei o que diabos estão fazendo com esses quadrúpedes estranhos, mas garanto, essa pessoa deve ser demitida.

Meu pai construiu um haras na Mansão quando eu tinha 8 anos, por puro deleite de Narcisa que foi criada montando cavalos. Não que eu ache errado meu pai arcar com os luxos de uma mulher como minha mãe, não é qualquer um que consegue. Mas desde então, Narcisa tornou aquele maldito lugar mal cheiroso como um antro quase religioso.

É tudo de melhor qualidade, desde o feno até os estábulos. O que é totalmente desnecessário... São só cavalos, pelo amor de Merlin.

Com o tempo, e insistência de Narcisa, eu também adquiri certo gosto por cavalgadas e possuía até meu próprio cavalo, só que ele quebrou a pata e teve que ser sacrificado.

Agora, se eu quisesse cavalgar teria que pegar um dos outros animais e tentar a sorte. Cavalos não são como hipogrifos em que se deve mostrar respeito e tudo beleza.

Eles são piores.

Ou confiam ou não. E levando em consideração meu estado naquele momento, o alazão branco que eu escolhi nunca confiaria em mim para uma cavalgada.

- Draco _ minha mãe se escandalizou enquanto eu entrada pelo portal que dava acesso aos fundos – de novo esse alazão Draco Malfoy, não cansa de levar coice? _ ela ralhou me lançando um olhar feio e preocupado ao mesmo tempo.

Dei de ombros sorrindo presunçosamente.

- eu vou domá-lo Senhora Malfoy _ andei até ela e fiz menção de abraçá-la. Minha mãe recuou um passo e me ergueu a varinha com a sobrancelha erguida. Mantive o sorriso.

- isso não é bonito para uma mãe se fazer _ brinquei tentando mover os braços o mínimo possível enquanto andava de volta para meu quarto – afinal, por que você não me limpa com um feitiço?

Ela hesitou por um minuto e confesso que realmente acreditei na chance de que Narcisa me deixaria assim.

Certo, tudo bem que eu faço exatamente isso todos os dias, mas ainda sim não é justificativa. Ela é minha mãe, oras.

- somente por que os Zabini's estão para chegar. Desista desse cavalo Draco _ fez um leve movimento com a varinha e a sujeira sumiu da minha roupa, mas o cheiro ainda me denunciava.

- de jeito algum _ beijei-lhe a bochecha e saí correndo em direção ao meu quarto rindo abertamente, ainda da escada pude ouvir um resmungo de nojo de Narcisa.

Entrei no quarto ainda com um sorriso no rosto, mas logo desapareceu. Pelo menos metade das caixas que estavam no hall foram parar no meu quarto e ocupavam bastante espaço.

E olha que meu quarto é grande.

É exatamente essa parte que eu mais odeio das compras de Narcisa. Admito que há coisas com que me identifico no meio do seu caos de compras, mas a maioria não é nem do meu gosto.

Revirei os olhos quando notei o bendito antílope de bronze perto da minha cama.

Narcisa 1 X Draco 0

Andei, chutando tudo que me aparecia pela frente, em direção ao meu closet, mas havia uma espécie de caixa-cofre, ou seja lá o que for, que conseguiu empacar bem em frente à maçaneta.

Ainda não posso fazer magia fora de Hogwarts e com certeza não estou a fim de bancar uma de Potter, por que duvido muito que Dumbledore vá interceder por mim, mas mesmo sem magia mover aquela caixa seria moleza.

Além do que, eu sou um Malfoy com o pacote completo: beleza, inteligência e força.

Mas isso não vem ao caso.

A questão é, eu tentei mover a caixa, mas meu quarto estava coberto com aquele plástico bolha... E eu escorreguei.

É, eu sei. Que tipo de animal consegue escorregar em plástico bolha?

Eu digo.

O mesmo animal que consegue levar um coice por dia do mesmo maldito cavalo durante duas semanas.

Hoje definitivamente não era meu dia. Não deveria ter sequer levantado da cama.

Mas então, enquanto estava caído no chão, pensando no que poderia ter evitado se não tivesse levantado, ergui o olhar e vi meu reflexo, meio opaco e borrado, mas ainda sim meu reflexo.

Merlin, eu sou um Malfoy.

Reclamar sobre esse tipo de problema era brincadeira de criança. Malfoy não reclama de problemas, eles os resolvem. Bastou que eu me olhasse para lembrar isso.

O cabelo extremamente claro e os olhos cinza eram como herança de família e me fizeram lembrar que meu nome carrega poder, alem de tudo.

As caixas era só pedir que algum elfo as tirasse do meu quarto. O cavalo era só matar.

Mas era óbvio que eu não faria isso, me refiro ao cavalo. Matá-lo seria muito simples, a sensação de vencer não seria válida e não haveria orgulho algum nisso.

Não que eu esteja com pena do alazão. De certo modo até acho que ele merece, levando em consideração todos os coices que venho colecionado.

Mas isso não vem ao caso.

Continuei me encarando pelo reflexo. E cara, eu sou gostoso.

Tudo bem que a maioria das garotas de Hogwarts corre atrás de mim, mas elas seriam loucas se não corressem.

Qual é minha beleza é exótica... Assim como Narcisa.

E eu até sei que muitos me acham um grande egocêntrico, mas eu tenho motivos de sobra para ser. Não é querendo bancar o narcisista pras pessoas, hmph danem-se, sou narcisista mesmo.

Confesso até que tenho certa obsessão por espelhos. Não que eu carregue um comigo ou algo do tipo, mas eu sempre me encaro quando passo em frente a um.

E foi assim que toda a confusão começou.

Eu juro que estava, inocentemente, esfregando aquele objeto de ouro só pra melhorar meu reflexo. Juro que não tinha intenção de invocar seja lá o que aquela fumaça fosse.

Mas então, lá estava eu, com um tipo de caneca/jarra/bule em mãos, esfregando a lateral na tentativa de me ver melhor no reflexo da prataria, quando começou a sair uma fumaça meio colorida do bico e eu automaticamente o larguei no chão, perdendo o objeto de vista.

E quando a poeira baixou, eu não pude segurar o sorriso em meu rosto. Simplesmente, não pude.

- perfeito _ a Weasley, com as roupas meio esvoaçantes e transparentes, disse e me lançou um olhar derrotado.

Merlin, como eu amo minha vida.

-o-o-o-

N/A: A idéia surgiu quando eu tava assistindo o clipe da Christina Aguillera, Genie in the Bottle, pela enésima vez. Não faz muito sentido ou segue a razão - assim como eu também não tenho uma desculpa do porque a Gina é um gênio – foi só uma história pra descontrair. Vai ser bem curta, uns seis ou sete capítulos. Já tenho o segundo pronto, assim que der to postando. Aproveitem *-* e comentes pra fazer uma autora feliz o/

HeyTerk ;*