- Único. #Danny's POV
Meu guitarrista. Meu. Ben sabia que se tornaria não só uma propriedade mas uma dependência minha desde que nós nos conhecemos. E olha que eu não sou muito de me viciar em pessoas. Pessoas são a droga mais dispensável que eu conheço. Foram elas que me jogaram nas outras drogas, no final das contas.
Eu sempre soube que esses meus vícios faziam mal ao Ben. Eu vi aquilo piorar. Eu coloquei as primeiras gotas de Jack na boca dele, mas é claro que ele não se tornou um viciado como eu. Ben é minha parte sóbria. Ele é a parte que incentiva minha sobriedade porquê... eu não tenho motivos para escapar da realidade enquanto ele faz parte dela.
Cada gota que eu tomo, cada droga que eu uso me deixa dividido. Porque eu sei que não é o que ele quer, sei que eu estou o colocando para baixo e sei que ele sente que eu estou arruinando a banda na qual ele trabalhou tanto e tão duro para dar certo. Mas tem essas namoradas... essas namoradas e esses namoros que ficam cada vez mais sérios. Ele é muito melhor que eu. Por quê alguém se afastaria dele? Como eu impediria alguma aproximação? Sendo só o bebado que mal consegue cantar mais. Sendo só a parte que mal influencia ele desse jeito.
Eu escrevo letras para mim e somente para mim, e é quase tão terapêutico quanto as drogas e as bebidas. Ben escreve letras para os outros, para as outras pessoas se sentirem melhor. Ben sabe lidar com os fãs, sabe falar com os fãs e certamente não é confundido com um douche. Até porquê, ele não é um douche. De jeito nenhum. Ele é genuíno quando sóbrio, quando envolvido em álcool. Ele é genuíno perto de qualquer pessoa, embora diga que isso só acontece realmente quando está perto de mim.
A verdade é que ele nunca percebeu o que realmente acontecia. É provável que nunca perceba, realmente. Porque sempre que algo me faz sentir que eu posso e que eu devo contar isso, eu empurro garganta abaixo mais um gole de qualquer bebida que me amargue o suficiente para essa vontade ir embora.
Algumas vezes a bebida até funciona como um incentivador. O vinho é um belo de um cupido, pra dizer a verdade. Como no show em que eu o usei como argumento para roubar um beijo. Dois. Só o álcool me faz surgir com idéias como essas. "I'll kiss you for some more wine...", mas a verdade era que eu ia beber mais vinho por mais um beijo. Dois. Qualquer coisa que me impedisse de explodir momentaneamente.
Porque se o Ben não fosse tão convicto de que nós éramos melhores amigos, fazendo coisas de melhores amigos, talvez ele percebesse que eu tentava mostrar aquilo tudo o tempo todo. A porra do tempo todo. Mas enquanto ele não percebe, parece que eu vou ter que me contentar com as minhas drogas alternativas. Jack's, drogas, fotografia... e parte da minha droga preferida. Que me faz mal, mas faz bem. Que eu chamo de melhor amigo, mas que só eu sei que significa muito mais do que isso. Porque eu sou viciado sim, em cada característica dele. A coisa de chamar de "sexy fucker" qualquer um que pareça relevante o suficiente para ele. O sotaque que, mesmo que eu também tenha, sempre vai soar muito mais charmoso do que o meu sequer tentou ser. Como ele sempre fala em ser pai. O quão compreensivo ele trata de ser, mesmo quando eu estrago tudo. Mesmo quando eu estraguei tudo em Seattle, e mesmo que eu continue prestes a fazer a mesma coisa toda vez. Ele ignora as decepções. Ele não se tornou tão quebrado e defeituoso quanto eu, mesmo depois de tudo. No final das contas, ele é tudo que eu procuro em alguém para ser. Ele é só um cara bonito, com o peso do mundo nos seus ombros.
