Prólogo

Artemis Fowl II não é uma pessoa comum. Muitos médicos e psiquiatras já tentaram analisar a sua mente vilanesca e perigosa, e todos falharam. Fracasso após fracasso, incumbiram-me de tentar. Faço esta avaliação depois dos acontecidos a partir do dia vinte de novembro deste mesmo ano.
Não faltava muito para o aniversário de dezesseis anos de Artemis e ele não parecia bem. Estava mais amargo que nunca, há tempos que ninguém o havia visto sorrir – seu aniversário o irritava. Havia sido expulso de St Bartleby's – sim, expulso. Mas não por explodir o laboratório de química, ou por quebrar as cadeiras da sala de aula ou por pichar uma caricatura do professor gorducho de história da arte na entrada do colégio, não – mas sim por acabar levando o Dr Po, o psicólogo, à loucura, e depois por xingar a mãe do diretor. Artemis havia perdido o controle. Sempre debochado, mas nunca agressivo.
Voltara para casa, à força, e estava consumindo pílulas e comprimidos como quem bebe água. Acabei por chegar à conclusão que o problema de Artemis era a solidão. Piorara quando seu pai retornara – agora ele tinha uma família... "Normal". Mesmo assim, ele passava a maior parte de seu tempo debruçado à frente de seus computadores ou no Parque de São Estevão, observando o comportamento das pessoas e intrigando-se com elas. Mesmo sabendo que ele era o ser mais intrigante por ali.
Ele precisava fazer algo novo, conhecer pessoas novas. Não necessariamente novas, mas ele precisava de uma companhia humana. E era o que ele não esperava que fosse acontecer...