Hmm, oláa. Bom, eu disse que 'sweet love' seria a minha última fic, poréeeem, sei lá, acho que fiquei entediada e comecei uma outra. Awn, espero que todos leiam, por que eu estou realmente gostando de escrever, (:
Disclaimer: Bleach e os personagens não me pertencem, mas sim a Tite Kubo. Fic sem fins lucrativos.
Prólogo
Desde o momento em que eu nasci, pelo que me lembro, as pessoas sempre me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse. Sempre lhe dava a mesma resposta: "o que eu quero ser quando crescer é ser encontrada". Geralmente riam da minha cara e tentavam disfarçar afagando meus cabelos. Eles riam por que era impossível reencontrar os pais que te abandonaram quando criança, principalmente no Japão.
Às vezes me perguntava se tinham constituído uma outra família e se esquecido de que um dia eu existi. Não tenho raiva dos meus pais. Aliás, não tenho nenhum sentimento em relação a eles, a não ser que seja apenas curiosidade, se é que era um sentimento.
Não fiquei muito tempo no orfanato. Logo fui adotada por Kuchiki Byakuya. Até hoje, não sei o real motivo da minha adoção. Lembro-me apenas de que muitas famílias tentaram conquistar minha guarda, faziam de tudo, mas elas não sabiam quem era Kuchiki Byakuya e quão poderoso ele era. Nem eu sabia.
Demorou um tempo até eu me acostumar com todas aquelas 'frescuras' de famílias ricas. Durante dois anos sem sair de casa, aprendi todas as regras de etiqueta e todo o ensino que perdi no orfanato. Essa era uma das condições que o clã Kuchiki impôs para que eu pudesse ser adotada. A segunda era evitar qualquer tipo de contato com qualquer pessoa. Era realmente estranho. Por muito tempo eu insisti em saber o porquê disso, mas Nii-sama sempre desconversava e dizia que eu era nova demais para entender.
Quase há pouco, sem querer ouvi uma conversa de Nii-sama com alguma pessoa do clã Kuchiki. Eu ia para o meu quarto. Iria se não tivesse escutado meu nome. Parei de andar e encostei meu ouvido na porta de mármore.
Fiquei alguns bons segundos ali parada, tentando digerir o que eu tinha escutado. A verdade era que-
"Rukia" ouvi a voz de Nii-sama ecoar pelo corredor quando eu saí correndo. Não sabia para onde ia, com a visão embaçada. Eu escutava soluços, e eles iam ficando cada vez mais altos. Até dar-me conta de que quem estava soluçando era eu mesma. Não deixei de correr por um segundo, mesmo estando cansada e com as pernas doendo. Quando consegui enxugar as lágrimas, eu soube onde estava. No telhado de um prédio abandonado em Tókyo, onde costumava ir para ver o pôr-do-sol. Porém, eu não estava aqui para ver nada. A não ser minha própria morte.
Agora, nesse momento, se me perguntassem o que quero ser quando crescer, a resposta seria simples. Humana.
Kuchiki Rukia.
...
...
...
Capítulo 01 – Fate.
Fechou seus olhos por um instante, inalando aquele cheiro familiar. Mais tarde provavelmente iria chover, e muito. Rukia gostava dela. E da sensação que sempre levava embora junto com a garoa que ia para o bueiro.
Quando era menor, uns cinco anos mais ou menos, sempre se perguntava de onde as gotas surgiam. A resposta, em sua cabeça, era de que quando o céu estivesse escuro, era quando uma pessoa estivesse triste e as lágrimas seriam gostas de chuva que dissipavam aquela dor. Havia vezes que se questionava se a pessoa chorando era sua mãe ou seu pai por terem lhe abandonado quando ainda era um bebê indefeso.
Não se lembrava exatamente quando deixou de pensar dessa forma, tão inocente. Essa era a única memória que tinha da sua outra, digamos, vida. Talvez as lembranças tivessem evaporado junto com a esperança de que algum dia seus pais se arrependeriam do que fizeram, e viessem buscá-la. Mas eles nunca vieram. E ela deixou de esperá-los.
Abriu seus olhos e deu uma olhada rápida para baixo, e quando o fez, pôde sentir todos os pelos de seu corpo se ouriçarem. De onde estava era realmente, e sentia um frio na barriga só de se imaginar pulando de onde estava e caindo naqueles carros importados e caros. Se não morresse depois dessa queda, coisa que era muito duvidosa, tinha certeza de que o dono do carro a mataria pessoalmente. Como se a essa altura, o jeito que morresse importasse.
Os segundos passaram. E com eles todo seu descontrole momentâneo. Talvez, em algum lugar dentro dela, já suspeitasse de algo. Agora que a verdade passou bem em frente, estava tentando se esquivar de cada detalhe. Detalhes tão vazios quanto esse prédio abandonado. Enquanto ficassem ali despercebidos não fariam a mínima diferença.
Aliás, nunca imaginou que algum dia de sua vida entediada iria tentar cometer suicídio. Sempre achou que o tédio a mataria, mas uma outra a 'matou' primeiro. Estava tão desolada, tão decepcionada. Não com Nii-sama, mas sim consigo mesma. Tinha exatamente dezesseis anos, e ainda não tinha conseguido alcançar seus sonhos e objetivos. Ainda queria ser uma escritora de romances. A idéia surgiu quando estava entediada em dos quartos da mansão Kuchiki. Queria escrever tudo o que sentia vontade de fazer, tudo o que sempre quis para ela, mas que Rukia nunca conseguiu ou teve. Liberdade, por exemplo.
Mas agora, todas essas desilusões estavam indo para o inferno, junto com toda aquela mansão, e aquele clã cheio de hipócritas.
"Por que não pula logo daí?" Ruki soltou um grito quando escutou uma voz atrás de si, e acabou se desequilibrando na borda fina de concreto. Isso fez com que metade de seu corpo se inclinasse um pouco para frente, sendo que, se fizesse algum movimento iria cair sem dúvidas. E pelo o que podia ver, agora mais de perto, seria uma queda bem longa e dolorida.
Soltou a respiração que havia prendido faz tempo, e cuidadosamente, voltou a sua posição inicial. O que mais a surpreendeu naquele momento, foi que realmente sentiu que queria pular. Podia simplesmente ter deixado o susto levá-la, mas não queria que fosse daquele jeito. Não queria morrer por causa de um susto bobo.
"Há quanto tempo" perguntou ofegante, sem olhar para trás. "Está aí parado?"
"Tempo suficiente para ver que você está com medo de pular." Respondeu o que deduziu ser homem. Mas como...? Esse prédio está abandonado há tanto tempo, e todas às vezes que vinha aqui, não tinha ninguém.
"Não estou com medo." Replicou a pequena, um pouco irritada. Se ele realmente soubesse da verdade.
"Se você diz." Depois disso, nenhum dos dois falou mais nada. Ficou aquele silêncio incômodo. Parecia até que não tinha ninguém ali. Talvez não tivesse alguém ali e fosse só sua consciência tentando fazê-la desistir.
"Está com fome?" escutou aquela voz rouca novamente e suas suspeitas de que estava perdendo o juízo se foram. Mas não sabia se ficava aliviada ou incomodada com isso.
"Não, não estou com fome." Respondeu sem pensar direito. Rukia não tinha comido nada desde o almoço, e já estava totalmente escuro. Mas não é como se esse ronco que acabara de ouvir fosse de seu estômago. Pelo menos esperava que não.
"Seu estômago diz outra coisa." Sentiu suas bochechas arderem quando ele deu uma risadinha abafada. Maldito estômago. Pelo menos esperava que não.
"Seu estômago diz outra coisa." Sentiu suas bochechas arderem quando ele deu uma risadinha abafada. Maldito estômago. Podia ter roncado outra hora, e em outro momento.
"Eu tenho um sanduíche de presunto e queijo." Sussurrou o rapaz com o hálito morno, dando-lhe calafrios. Estava tão ocupada xingando seu estômago que nem ao menos percebeu ele se aproximar tão... Incrivelmente rápido e despercebido?
"Não é grande coisa, mas... Eu posso dá-lo a você se não pular" Ofereceu educado, ainda sussurrando e com suas mãos quentes segurando os ombros alvos dela.
Suas pernas pareciam bambas e Rukia não sabia exatamente o motivo. Era como se, de alguma forma, a voz do rapaz misterioso fosse hipnotizante. Serena, mas ainda sim hipnotizante.
"Então? O que me diz?" Deu-lhe uma pequena sacudida e voltou, pelo menos tentou, ao normal. Mesmo assim, ainda era incômodo. Ele estava perto. Perto demais para seu gosto. O perfume cítrico que usava inflava seus pulmões, deixando-a atordoada. "Eu sei que está com muita fome, posso sentir." Ela também podia sentir o estômago se contorcer de dor, e chegava até dar dor de cabeça. "Aceite."
"Não quero, obrigada." Respondeu com um pouco de dificuldade e envergonhada, cruzando os braços e recusando-se a ceder. No canto de seus grandes olhos azuis, conseguiu enxergar a cor de seus cabelos. Laranja. Um laranja tão chamativo quanto a cor do tênis que ela usava. Diferente. Porém não feio.
"Tudo bem." Deu-se por vencido e a soltou, para o alívio da mesma, que agora conseguia respirar. O jovem deu um passo para trás, e tirou um pequeno embrulho do bolso. Devia ser o tal sanduíche, deduziu ao sentir um cheiro bom de pão de forma. Argh, seu estômago parecia ter lido sua mente e agora não queria deixá-la em paz. Principalmente quando ouviu dá-lo uma mordida faminta.
"Hmm, isso aqui tá tão bom." Disse de boca cheia, atormentando a pequena um pouco mais. "Pena que você é teimosa demais-"
"Tudo bem!" Ichigo sorriu, ainda mastigando. "Eu aceito seu lanche, mas por favor, para com essa tortura." Pediu agonizada, virando o rosto para o lado, e pela primeira vez, fitá-lo. Quando o fez, sentiu a boca secar completamente. Seus olhos a encaravam de volta, de uma forma tão arrogante que lhe irritava e causava arrepios. Combinava com os lábios, que estavam curvados em um sorriso da mesma forma. Suas feições eram leves, perfeitamente proporcionais ao rosto jovem que tinha. Ele era horrivelmente e irritantemente lindo. Não quis admitir a primeiro momento, mas sim, era lindo. Com certeza nunca iria dizer isso em voz alta por que seu orgulho não permitiria.
Ichigo fez sinal para que estendesse a mão, e quando Rukia o fez, inclinou a cabeça para o lado, tentando dar algum sinal que ela, a primeiro momento, não tinha entendido.
"Primeiro, um passo para trás. Depois o sanduíche." Ordenou, agora com a expressão não tão divertida quanto antes. Esperou que a morena obedecesse, ainda que de má vontade, e lhe deu um outro embrulho.
Rukia estava com tanta fome, que nem ela soube como conseguiu tirar o plástico que envolvia o sanduíche, que a essa altura, já estava dentro de sua boca, mastigando compulsivamente. Quem não conhecesse Kuchiki Rukia diria que não comia há séculos. Isso por que vinha de uma das famílias mais ricas do Japão, se não fosse a mais.
"Eu nunca comi um lanche tão bom quanto esse." Comentou, ainda mastigando com tanta vontade que até mesmo Ichigo se divertia apenas a observando. Parecia sincero o que Rukia dizia. E realmente era. "Kuchiki Rukia." Disse um pouco depois de ingerir o que tinha na boca.
"E...?" Parecia pouco interessado no que ela dizia. O que lhe rendeu um bom e dolorido tapa na cabeça. Primeiro, nunca se mostre desinteressado na frente de uma pessoa. Segundo, principalmente se ela for Kuchiki Rukia. Isso era algo que Ichigo tinha que se lembrar da próxima vez.
"De onde eu vim, pessoas normais e educadas dizem seu nome quando a outra pessoa lhe diz o seu." Enfiou um último pedaço na boca e mastigou-o com força, mostrando sua raiva ao pobre Ichigo. Este apenas ignorou o último comentário, e tirou mais alguma coisa do bolso. Parecia um outro lanche.
"Kurosaki Ichigo." Jogou o outro sanduíche na direção de Rukia, ou melhor, na cabeça dela. "Pode pegar outro, sei que ainda está com fome." Ichigo abriu um sorriso malicioso, que a deixou desconcertada.
"Quantos sanduíches desse tem aí com você?" Tentou mudar de assunto, ainda envergonhada, mas mesmo assim, dando uma outra mordida no novo lanche. Ichigo apenas a observava de onde estava, com seus braços cruzados. Era um tanto desconfortável ficar comendo com ele ali, olhando-a daquele jeito tão intenso.
"Woah," parecia fingir-se surpreso, pelo tom da voz. "Está com tanta fome assim? Se soubesse, teria trazido mais comigo" brincou o jovem, se divertindo com a reação de Rukia.
"Claro que não, seu idiota." suas bochechas coraram de irritação e jogou uma bolinha de papel, que infelizmente, não chegou a encostar em Ichigo. Ele não disse mais nada depois disso, o que a deixou com cara de boba. Rukia também não disse mais nada, e continuou a comer seu sanduíche, que por sinal, estava ótimo.
Enquanto mastigava, se perguntava o por que dele lhe oferecer esses lanches. Era incomum pessoas entrarem em prédios abandonados como este aqui. Mais incomum ainda quando elas pareciam saber que você iria estar lá. De alguma forma, Rukia não sabia como, mas tinha certeza de que ele estava ali de propósito. O motivo, ela não sabia.
"Não vai me perguntar por que eu iria pular daqui?" indagou Rukia, olhando-o curiosa. Ichigo a encarou de volta, franzindo a testa, como se tivesse irritado com a pergunta que lhe fora dada.
"Os seus motivos não me interessam." respondeu rudemente, ainda a olhando com um pouco de... Desprezo. Sim, Ichigo parecia fuzilá-la com seus olhos castanhos, tão penetrantes.
"Oh." murmurou, desviando os olhos. Estava se sentindo mal sob aquele olhar irritado que lhe era lançado. Aquele tal de Ichigo era realmente um bipolar. Até um minuto atrás ele estava sorrindo, ainda que de um jeito sarcástico. Mas agora ele estava com a testa enrugada, incomodado com alguma coisa. Devia estar incomodado com a presença dela ali.
"Não 'oh' para mim, estúpida." resmungou. "Agora se levante, preciso que vá a um lugar comigo." ordenou, girando seus calcanhares para a porta do terraço.
Rukia não se moveu. Continuou ali parada, olhando raivosa para as costas de Ichigo. Aquele...! Kuchiki Rukia não recebia ordens de ninguém. Muito menos de um retardado como ele. Cruzou seus braços quando o tal retardado parou de andar para encará-la, sem paciência.
"Por um acaso não escutou o que eu disse?" disse, enrugando ainda mais a testa quando não houve uma resposta. Já podia sentir sua cabeça latejando, e estava se segurando para não perder o controle. Não estava a fim de discutir com ninguém hoje. Muito menos com aquela-
"Escuta aqui, seu idiota." levantou dois dedos. "Primeiro, eu não recebo ordens de ninguém. Principalmente de um arrogante como você. Segundo, não vou com você a lugar nenhum. Eu nem conheço você, então-"
"Tudo bem, eu estava tentando ser legal com você. Mas já que continua essa anã autoritária de sempre, eu não tenho escolha." suspirou, e começou a caminhar até onde ela estava. Pelo rosto dele, não parecia nada amigável. O que a assustava.
"Oe, o que-AHH! Coloque-me no chão agora, seu... Seu homem das cavernas!" Ichigo havia a pegado e jogado em seus ombros, como se ela fosse algum saco de batatas. Rukia dava pequenos socos nas costas dele, mas pelo visto não fazia nenhum efeito. "Eu não sou nenhum saco de batatas para me carregar assim! Eu quero que você me coloque no chão, agora." – ordenou corada.
"Será que dá para parar de gritar?" pediu um Ichigo já irritado com aquele alvoroço todo. "Se continuar balançando assim, nós dois vamos cair. E eu te garanto que, se isso acontecesse, não seria nada bom pra você que está de vestido." advertiu, divertindo-se com o silêncio que agora os envolvia. Era fácil manipula-lá.
"Grosso." murmurou para ele. "Aliás, para onde está me levando?" perguntou um pouco enjoada. Comer todos aqueles sanduíches e depois ser carregada daquele jeito não era uma boa idéia. Agora entendia o por que de o bebê vomitar quando o colocavam nessa posição depois de qualquer refeição.
"Só fique quieta que logo você vai saber." respondeu normal, nem parecia que estava carregando alguém, ou muito menos parecia cansado. Além do mais, Rukia era tão leve quanto uma pena.
"Kurosaki?" chamou-o, depois de um tempo.
"Sim?"
"Eu quero vomitar."
Com a testa enrugada, Kurosaki Ichigo carregava Rukia por cima de seus ombros. Estava irritado. Estava com cansado e com sono. Qualquer um que olhasse para ele saberia no primeiro instante. Há dias não conseguia dormir direito. Ficava até tarde da noite escrevendo relatórios compulsivamente em seu computador, que perdia noção da hora, do tempo e do espaço. Não era a toa que era um dos melhores de Seireitei, mas isso o desgastava completamente. Já não tinha mais vida social. Não via os amigos há semanas, não se divertia ou muito menos ficava com alguma menina.
E agora, ele estava aqui, dando uma de babá no meio da madrugada. No caminho, Ichigo parou duas vezes para que a pequena pudesse colocar tudo para fora. Mesmo assim, isso não o impediu de continuar carregá-la daquele jeito. Foram o trajeto inteiro sem falarem uma palavra ou mesmo se xingarem. Ichigo estava cansado demais para rebater e Rukia verde demais para argumentar algo. Estava passando tão mal que acabou dormindo no ombro do ruivo. Murmurou um 'estúpida' quando a sentiu adormecer, e relaxou a expressão.
Continuou a carregá-la pelas ruas de Tokyo, passando por vários jovens bêbados com algumas prostitutas. Ichigo se sentia aliviado por Rukia estar dormindo. Seria melhor se ela não visse uma coisa dessas, tão desagradável para uma menina da idade dela. Pelo que pôde observar no terraço do prédio, Rukia ainda era tão inocente como uma criancinha de cinco anos. Irritante, mas inocente. Isso que o deixava bravo. Aquela baka.
Atravessou a rua, e entrou numa porta despercebida, que logo desapareceu. Ichigo suspirou aliviado ao atravessarem um portal enorme, chegando finalmente a Seireitei. Surpreendeu-se ao dar de cara com Inoue Orihime acordada. Já estava tarde demais e provavelmente todos estavam dormindo.
"Ichigo!" ouviu uma voz surpreendentemente alegre e relaxou os ombros. "Achei que já não viria mais e-"
"Shh..." colocou o dedo indicados por cima de seus próprios lábios, como se fosse um sinal para que falasse mais baixo. "Rukia está dormindo."
"Oh! Desculpe-me." viu os olhos da ruiva brilharem ao se aproximar. "Kurosaki-kun... Ela está tão linda." Inoue tocou gentilmente a face da pequena, e sorriu. "Como sempre."
"Hm. E irritante também." adicionou. "Vou levá-la para minha casa. Byakuya já sabe." respondeu antes que Orihime tivesse a oportunidade de perguntar. Ela assentiu e voltou a falar:
"Precisa de alguma coisa?" questionou preocupada. "Comida, roupas, lençóis?"
"Não, obrigado. Mas preciso que Unohana-taichou mande alguém pra lá, amanhã de manhã, se for possível." agradeceu Inoue antes de dar meia volta, e começar a andar até sua casa, que eram apenas dois quarteirões do grande portal.
Ao avistarem Ichigo de longe, os empregados abriram os portões da casa para o ruivo passar, com a pequena em seus braços. Assentiu educadamente para cada um deles, e passou por um jardim enorme, onde Ichigo passava a maior parte do tempo. Provavelmente Rukia iria gostar dali também, pensou. Adoraria vê-la naquele jardim, se divertindo e sorrindo, como fazia antes.
Subiu uma escada, passou por um corredor e entrou na última porta, que era seu quarto. Colocou-a em sua cama de casal, ajeitando a cabeça dela no travesseiro. Ichigo foi até o armário, onde pegou um cobertor e pôs em cima de Rukia, que parecia confortável em seu sonho. Tsc, maldita. Como aquela irritante conseguia ficar com aquele sorriso nos lábios? Se soubesse de toda a verdade...
Tirou sua blusa de frio e jogou-a no chão, ficando apenas com uma camisa branca e deitou-se ao lado dela, apoiando a cabeça na mão esquerda. Ficou apenas observando-a dormir. Nem parecia aquela menina irritante de horas atrás. Tinha uma expressão tão serena, que Ichigo até se permitiu tocar sua face corada por causa do frio. A pele era tão macia, parecia marshmallow. Tinha vontade de abraçá-la naquele momento, mas contentou-se em apenas tocá-la. Por enquanto. Rukia ainda era um bebê comparada a ele.
Suspirou, fechando os olhos por alguns minutos. Estava tão cansado... Que nem percebeu quando acabou adormecendo ali.
Na manhã seguinte, Ichigo acordou da pior maneira possível. Com um grito histérico que lhe rendeu uma boa dor de cabeça dos infernos. Ah, aquela maldita iria pagar.
"Oe, por que está gritando?" tampou o ouvido, e tinha certeza de que ficaria surdo pelo resto da semana. Franziu o cenho, e lhe lançou um olhar irritado. Ser acordado daquele jeito, definitivamente, não era legal. Nem mesmo por Rukia.
"O... O que... Nós... Você, er..." gaguejava, com o cobertor até o pescoço, tentando esconder o corpo. "Por que nós estamos aqui...? Digo, nós não fizemos nada de errado, não é?" podia ver o medo naqueles olhos azuis, e sentiu vontade de lhe dar o troco.
"Não me diga que não se lembra da noite passada?" Ichigo fingiu-se indignado, e segurou-se para não rir quando viu o rosto dela desmanchar-se em uma expressão de horror. Ah, seria tão horrível assim se fosse verdade? "Você estava ótima ontem à noite." adicionou com um sorriso largo, para o desespero dela, que já estava trêmula com a idéia de ter passado uma noite com aquele... Ogro. "Vamos, por que toda essa timidez? Ontem você estava tão-"
"Não continue! Por favor, eu não quero ouvir!" tampou os ouvidos. "Esqueça, seja lá o que tenha acontecido, esqueça tudo! Isso nunca mais vai acontecer e-"
parou de falar quando escutou uma risada alta vindo de Ichigo. Ela tinha perdido alguma coisa? "O que foi, hein?"
"Desculpa, mas é que essa sua cara de desespero é hilária!" limpou o cantinho dos olhos, pousando a mão na cabeça de Rukia, e continuou. "Não precisa ficar desse jeito, sua anã. Não aconteceu nada, por que, primeiro, se você fosse esperta, iria perceber que nós estamos perfeitamente vestidos. Outra coisa, é que, você ainda é uma criança, e eu seria taxado de pedófilo se fizesse algo com você."
"Criança?" o rosto dela ardeu. Aquele retardado! "Escuta aqui-" houve uma batida na porta, o que impossibilitou Rukia de continuar falando.
"Pode entrar." a porta se abriu, e um garoto pequeno entrou no quarto. Tinha as costas inclinadas um pouco para frente, e umas manchas debaixo dos olhos, denunciando suas olheiras. Sorriu fracamente para Ichigo, com as bochechas coradas. "Preciso que a examine antes de ligar para Byakuya,por favor." virou-se para Rukia, que o encarava com os olhos abertos. "Depois nós conversamos. Vou deixá-los a sós." saiu do quarto rapidamente, deixando uma confusa Rukia para trás.
Nii-sama e aquele bastardo se conheciam? Oi, ela estava perdendo alguma parte? Aliás, ela nem sabia onde estava, e o que fazia ali. Olhou ao redor, e reparou que o quarto era bem grande, e a cama de casal. Ichigo era casado? Quem seria a coitada sem cérebro que cometera esse erro? Com certeza, tinha dó dela.
"B-bom dia Kuchiki-sama." lhe disse o jovem, ainda mais corado, tirando a pequena de sua transe, e colocou-se a sorrir, deixando-o corado. Era fofinho, pensou.
"Bom dia... Qual o seu nome?" perguntou curiosa.
"Hanatarou." respondeu tímido, sentando-se na cama. "Como está se sentindo, Kuchiki-sama?"
"Estou me sentindo bem, mas ficaria melhor se me chamasse apenas de Rukia." sugeriu.
"O-oh..." Rukia sorriu, com as reações que ele tinha. Qualquer coisa, ele já ficava vermelho. "Eu não posso-"
"Por favor, Hanatarou." tocou seu braço gentilmente. "Não gosto de ser chamada de '-sama'."
"Tudo bem, Kuchi-, digo, Rukia-chan." sorriu. "Agora me deixe examiná-la."
Hanatarou não levou muito tempo para examiná-la e logo foi embora, deixando-a sozinha naquele quarto enorme. Havia muito espaço, já não tinham muitos móveis. Só a cama com criado-mudo ao lado, um armário enorme e uma mesa com um computador. Curiosa, Rukia se levantou da cama e foi até uma porta que tinha ali, que revelou um lindo e adorável banheiro. Sorriu, sentindo aquele lugar um pouco familiar. Deu meia volta e foi até uma janela enorme que tinha no quanto. Era do tamanho dela, aliás, maior. E tinha uma visão tão encantadora. Se pudesse, Rukia ficaria ali para sempre.
Suspirou, e saiu do quarto, aventurando-se pela casa. Não fazia a mínima idéia de onde estava, mas de uma coisa ela sabia. Kurosaki Ichigo era podre de rico. Talvez tão rico quanto ela. Quer dizer, o clã Kuchiki.
Contorceu os lábios ao encontrá-lo deitado em seu jardim. Não perdeu tempo e foi até lá, surpreendendo-se depois. Aquilo não era um simples jardim. Era... Kuchiki Rukia não tinha palavras para explicar o quão lindo aquilo era. A coisa mais bonita que já viu em toda sua vida. Haviam flores de gelo por todos os lados, e as gramas tinham uma coloração diferente. Eram brancas. Um branco tão puro quanto a neve.
Fechou a boca, e chacoalhou a cabeça, tentando voltar ao seu objetivo. Olhou para o jovem, que tinha a cabeça apoiada nos braços, com os olhos fechados. Ele fica muito melhor sem a testa enrugada. E ficava realmente. Caminhou até ele em passos silenciosos, até agachar-se onde estava. Não se contentou em apenas admirar o rosto perfeito que tinha. Sentia que devia tocá-lo. Levou sua mãozinha até ele, mas antes que pudesse lhe tocar, para sua surpresa, a mão de Ichigo segurou a sua. Olhou-o assustada, apenas para vê-lo de olhos fechados. E com a testa enrugada.
"O que está fazendo, anão?" perguntou sonolento. "Por um acaso estava tentando me molestar enquanto eu estava dormindo?" abriu um olho e riu quando viu as bochechas coradas.
"Quem é que iria querer molestar você, huh?" puxou seu braço, cruzando com o outro. Pigarreou e novamente conseguiu a atenção dele. "Você tem que me dar umas explicações."
"O que quer saber?" virou-se para o lado, apoiando a cabeça na mão para poder olhá-la melhor. No fundo, Rukia desejava que não fizesse isso. Odiava quando aqueles castanhos a encaravam. Eram irritantemente penetrantes.
"Várias coisas. Por exemplo, como conhece meu Nii-sama? Segundo, onde diabos eu estou? Terceiro, o que eu estou fazendo aqui? E quarto, pode parar de me olhar desse jeito?" demandou irritada.
"Woah, quanta coisa. Infelizmente não vou poder responder todas essas suas perguntas. Bom, respondendo a pergunta de 'onde eu estou', a reposta é Seireitei."
"Eu nunca-"
"Shh, não interrompe quando eu estiver falando." pediu. "Continuando, Seireitei é uma cidade paralela, o que significa que-"
"Eu não estou no Japão?" Rukia arregalou os olhos, surpresa. "Isso não é possível, eu estava em Tokyo até-" parou de falar quando Ichigo limpou a garganta, chamando sua atenção.
"Obrigado. Continuando pela segunda vez, Seireitei é uma cidade paralela ao, digamos, mundo real. Estamos alguns anos adiantados dos humanos. Aqui vivem os shinigamis, acho que você sabe o que eles fazem." fez uma pausa para que ela pudesse digerir metade. "Nós sabemos o que vai acontecer, por isso existem os shinigamis. Eles matam aqueles que irão causar distúrbios futuros ao País." Rukia abriu a boca para falar, mas Ichigo a cortou. "Como os shinigamis sabem quando, quem, onde e o que vai acontecer?" ela assentiu. "Aqui, existe o Gotei 13. São treze esquadrões, com seus respectivos Taichous e Fukutaichous. Cada Taichou tem um móbile. Existe uma espécie de shinigami que denominamos Mobile. Móbiles são os shinigamis que podem prever o que vai acontecer, mas não somente isso, como também conseguem alterar o tempo e espaço. Basicamente falando, são feitos para matar."
"Móbile..." Rukia gaguejou atordoada e os lábios trêmulos. "E-eu sou um... Móbile." Repetiu, um pouco mais alto. Droga, a visão estava ficando embaçada novamente. Malditas lágrimas, sempre apareciam contra sua vontade.
"Rukia... Você é o meu móbile."
Continua...
N/A: Boom, mandem muuuitos reviews, por favor. Eu quero saber o que vocês estão achando e tudo mais. Se eu tiver até uns 7 reviews eu posto o próximo capítulo. Begos, Naomi.
