O dia amanheceu nublado, mas aquilo não era motivo para que Rachel se sentisse mal, era seu dia, faria 15 anos e aquela tarde seus pais haviam deixado fazer sua festa de aniversário no jardim de casa e mesmo que levasse dias preparando, ainda não estava segura de que tudo fosse sair bem.
No colégio não era muito popular digamos, de fato apenas contava com um par de amigas, o restante, praticamente, ignoravam a pequena. O fato de que seus pais fossem gays era motivo de zoação por parte de seus companheiros. Mas ela quis celebrar seu aniversário rodeada por todos eles, algo que os meninos haviam aceitado sem desculpas. Não apreciavam Rachel, mas uma festa é uma festa e dava igual quem fosse o anfitrião, eles teriam a oportunidade de passar uma tarde comendo, bebendo e dançando.
Tudo saiu segundo o previsto, bom nem tudo. Os pais de Rachel fizeram do jardim uma autentica salão de festa ao ar livre, inclusive um pequeno palco para a artista da família cantarolasse aquelas canções de seus musicais favoritos. Os meninos, estavam mais atentos a outro tipo de coisa, mas Rachel fazia o que gostava e se para ter um publico ao cantar tinha que esquecer todas as zoações que havia recebido ao longo de anos, pois as omitiam. Era uma artista e dava igual o que pensavam dela.
Tudo saiu bem, exceto por um pequeno porém importantíssimo detalhe. Na festa havia chegado sua amiga Spencer, havia conseguido arrastar com ela seus dois irmãos, Clay e Glen, somente Clay lhe caia bem, Glen era um mundo a parte, mas o que mais odiou naquela tarde foi a ausência de sua amiga Lucy.
Apenas Spencer e Lucy conheciam Rachel. Spencer era doce, pertencia ao grupo de animadoras do colégio, tinha tudo para estar entre as meninas mais populares e era, mas também era amiga de Rachel. Para Spencer, Rachel era única, tinha a ela um carinho incondicional a pesar de que todo mundo no colégio a tratasse mal. E Rachel sabia que em Spencer tinha uma amiga para sempre.
E por outro lado, estava Lucy, outra menina, a que ninguém no colégio se dignava sequer a olhar. Lucy era encantadora, a menina mais doce que havia naquele maldito colégio de hipócritas. Seu único problema, seu físico. Lucy não tinha a beleza física necessária para chamar a atenção de seus companheiros, a indiferença que eles faziam da menina era tal, que Lucy tinha grandes problemas para socializar. Não falava com ninguém, seus dias de escola poderiam se igualar aos dias que faltava as aulas, ao longo do ano.
Lucy apenas falava com Spencer e com ela mesma, não compartilhavam nada mais, exceto chamadas telefônicas. Lucy não saia de casa, não gostava ver como todos riam dela pelos simples fato de ser mais gordinha, de usar óculos. Apenas as chamadas para a casa de Rachel e as horas que passavam conversando sobre seus sonhos era o único que gostava.
Mas Lucy não foi na festa de aniversário de Rachel. A pequena artista levava vários dias sem ver ela, ligou várias vezes o que tão pouco era estranho pois Lucy faltava muito as aulas, mas quando quem sempre atendia as ligações eram seus pais e Lucy nunca estava a deixou preocupada.
Não davam explicações, ainda sim, Rachel lembrou aos pais de Lucy a hora da festa para que não se esquecesse.
Rachel havia enviado convites para todos os meninos, um cartão em forma de estrela dourada era a melhor maneira de representar o que lhes esperavam da festa seus companheiros. Todos receberam o seu e Lucy foi a primeira a ser convidada há várias semanas.
Aquele dia tudo saiu genial, exceto por aquela nota triste, a ausência de sua amiga.
Os dias passavam rápido, nos últimos dias de aulas sempre tem milhares de coisas para fazer e Rachel estava como louca preparando suas férias de verão. Por aqueles dias recebeu a notícia de que Spencer iria para Los Angeles começar o instituto ali. Haviam oferecido a sua mãe um trabalho e mudava toda a família.
Foi um duro golpe, Rachel contava com Spencer, era sua amiga e não tê-la a seu lado nesse primeiro ano de instituto que começaria foi muito triste para a doce Rachel. Ainda guardava a esperança de voltar a ver Lucy após as férias.
Rachel esteve visitando seus avós durante o verão e participando em todo o tipo de competição amadora de canto e dança. Isso era tudo o que Rachel queria na vida e seus pais faziam o possível para que se preparasse. Foi justamente em uma competição estadual onde Leroy, pai de Rachel lhe disse que o ano seguinte Rachel cursaria em outra escola de Lima. Tinham transferido Leroy para o oeste da cidade e o Instituto McKinley estava mais próximo de Fairbrooks.
Para Rachel não pareceu importar demasiado a mudança de colégio, ao menos ali não tinha amigos, apenas Spencer, que colocaria rumo para Los Angeles e Lucy, que há vários dias se interou por parte de seus pais que havia se mudado da cidade. E mais, aquela mudança poderia ser boa. Trataria de alcançar essa fama que seus atuais companheiros negavam.
Todas as coisas estavam embaladas, haviam montanhas de caixas por toda a casa. Leroy se encarregava de colocar várias coisas no jardim, Rachel passeava pela rua, se despedindo de todas suas vizinhas, uma por uma, porta por porta, em cada casa dizia o mesmo.
R: "Senhora Fairbanks, vim me despedir, nos mudamos essa mesma tarde e queria dizer que foi um prazer para mim compartilhar meus primeiros 15 anos de vida com você e sua família, guardarei uma grande recordação e prometo dedicar algum prêmio quando viver em Nova York."
Esse era o discurso de despedida e quando o fez em todas as casas da rua, Rachel voltou para o seu jardim e juntamente na entrada encontrou uma casinha de correio jogada no gramado.
R: "Papai?" – gritou. "O que aconteceu com a casinha de correio?"
L: "Está velha filha, não serve mais..." – Leroy levantou a voz atrás dos arbustos.
Rachel ficou olhando fixamente aquela velha casinha, com gravetos e sentiu pena...
R: "Posso levá-la?" – voltou a perguntar.
L: "Nem pensar, é lixo, não vou permitir que coloque isso na casa nova." – apenas aparecia para ver sua filha enquanto respondia.
Rachel não ficou satisfeita e lhe ocorreu algo, talvez não poderia levá-la inteira, mas poderia levar um pedaço e colocar em seu quarto. Tinha um grande apreço aquele pedaço de madeira.
E sem perguntar mais, pegou a pesada casinha e levou para a garagem, buscou entre as caixas alguma ferramenta que permitisse separar alguma das tábuas e assim conseguiu desprezá-la. Mas algo a surpreendeu, a base da casinha estava dividida por duas tábuas e havia algo ali que ninguém tinha visto. Pensou que talvez fosse algum tipo de panfleto publicitário, parecia um pequeno papel. Conseguiu tirá-lo sem rasgar e se surpreendeu ao comprovar que era um pequeno bilhete, o abriu sem pensar e sua surpresa foi ainda maior. Uma pequena estrela de ouro e uma nota que dizia o seguinte:
"Querida Rachel,
Estou mal, meus pais vão me levar para Columbia, querem me internar em um centro de não sei o que, mas antes gostaria que viesse me ver na casinha de arvore da Spencer, estarei te esperando essa tarde, quero que saiba que tem algo muito importante que tenho que te dizer e não sei como fazer, por favor, venha. Sinto sua falta.
Lucy."
Rachel ficou pálida.
R: Lucy? – balbuciou. "Desde quando esse bilhete está aqui?"
OBS. 1: História original escrita por CARMEN MARTIN na fanfic NUEVOS CAMINOS (.net/s/7042481/1/Nuevos_Caminos)
