Disclaimer: Saint Seiya não me pertence, yadda yadda yadda.

Avisos: Contém OC (sim, vocês leram direito - Eu estou escrevendo uma história com uma Personagem Original), hentai (leia-se: imagens gráficas de sexo homem/mulher), palavras chulas e crack à vontade!

Dedicatória: Fic escrita para o Desafio Perva do Grupo Saint Seiya Ficwriters, em homenagem ao Dia do Sexo!

Notas da Autora: Fic het, ambientada no universo de Sui Generis, e cronologicamente posterior ao término dela. Porém, quem ainda não leu ou não terminou Sui Generis pode ler tranquilamente - Há pouco ou nenhum spoiler.

O título da fic vem, na verdade, de uma piada interna: Eu nunca tinha escrito uma fic com personagem original que faz par romântico com cavaleiro antes. Pior ainda, colocando a dita-cuja para fazer um hentai com ele! E, para muitas pessoas, esse tipo de personagem tem nome: Mary Sue. Muito embora essa não seja a definição oficial de uma Mary Sue (pra quem tem dúvidas, o TV tropes tem uma ótima seção falando sobre isso em seu site), a pecha 'pegou' e basta que esse tipo de personagem apareça para que seja imediatamente rotulado como uma.

Pois bem, amigos, eu não sei se essa OC é uma Mary Sue ou não é (espero que não, mas hey, não é isso que toda autora diz de suas personagens originais?), mas não importa.

Hoje, no Dia do Sexo, também será Dia de Maria. Gianoukas. Espero que gostem!

On with the show!


Hoje é Dia de Maria


I


Saga POV

Eu nem abri os olhos ainda e eu sei que eu tô fodido.

Bom, não é a primeira vez que eu acordo num lugar que eu não sei onde é, ou que eu não tenha ideia de como eu tenha vindo parar aqui. Não é isso. Mas é que eu esperava realmente não passar mais por isso. Depois de eu ter sido... curado pelo escudo de Atena, eu não esperava mais que isso fosse acontecer comigo.

Mas o negócio é que dessa vez a culpa não foi minha, foi do álcool.

Eu sempre soube que escutar o Kanon era má ideia, mas eu nunca aprendo a lição de verdade. Eu não tinha nada que ter sentado naquela mesa pra beber com os caras. Nem muito menos ter ido dali pra boate com eles.

Eu só não chamo o Kanon de filho da puta como ele merece porque a gente tem a mesma mãe. Mas que ele é um puto, ele é.

E mais puto sou eu, que em vez de ficar no conforto da minha residência como todo cara comprometido fica quando a namorada tá viajando, está agora aqui, na cama de outra mulher, depois de ter tomado todas dentro de uma boate onde eu, em teoria, não poderia nem sequer estar; quanto mais ter saído de lá acompanhado de uma menina.

Agora, bem que o Kanon podia ter me impedido. Ele sabe que eu tenho motivos pra não beber desse jeito. Não, não é que 'Ares' possa voltar nem nada; mas é que, segundo consta, eu fico meio que otimista demais quando eu tô bêbado. Tipo, o Shura é pessimista até quando tá embriagado, mas eu não. Eu fico com essa crença de que 'tudo vai dar certo', inclusive começo a escutar as coisas que o degenerado do meu irmão me diz.

"Saga, cê já tá passando do limite, cara. Dá uma segurada aí no uísque, que eu não tô aqui pra ficar de babá sua, não."

Aí essa inútil dessa minha consciência resolve me atazanar justo agora pra me lembrar que não, não é toda hora que eu escuto o Kanon. Ontem mesmo, ao que parece, eu não escutei.

Bom, remoer erros não vai me adiantar muito. Melhor é lembrar como foi que eu cheguei aqui.

Eu lembro da Taverna e da maldita reunião dos cavaleiros. E eu, inexplicavelmente, decidi aparecer. Namorada tá viajando num congresso, eu não sei o que me deu que eu não queria ficar em casa sozinho. Aí eu sento pra beber, tomar um vinho, eu gosto de vinho. De cerveja também, mas eu prefiro vinho. Bem que lembrar de álcool agora só tá me dando dor de cabeça, mas fato é que eu sentei do lado do Kanon na mesa, e o Kanon bebe muito. Se brincar esse puto bebe mais que o antigo professor de lutas da ilha onde ele treinava; que Zeus o tenha. Morreu de cirrose, o infeliz. E eu sentei do lado do Kanon e resolvi tomar umas doses, coisinha pouca. Mas aí o Kanon foi bebendo, bebendo, e me incentivando a beber também.

"Saga, mas você já tá indo pra segunda garrafa de vinho... Cê tem certeza que cê quer mesmo fazer isso?"

Consciência do caralho, que só me avisa as coisas depois que a merda está feita.

Enfim, da Taverna os caras resolveram dar uma esticada na boate que tem no caminho de Atenas. Não, não é o Harém; claro que eu, comprometido, jamais poderia aparecer no Harém. É uma boate mesmo, até bem inocente, por isso eu não vi mal em ir junto com os caras. Aí a gente chegou lá, boate tava cheia, um monte de menina bacana, os caras pediram umas garrafas de uísque e continuaram bebendo.

E eu bebendo também, pelo visto.

Eu até lembro que eu fui conversar com umas meninas, tinha umas três lá que estavam interessadas em conversar comigo. Não que eu fosse dar corda pras moças nem nada, mas eu tava falando que eu era um ilusionista e... Droga, eu tava falando que eu era um ilusionista? Primeiro que eu não posso, é segredo de profissão; e segundo que... Eu não usei a cantada da cobra mágica, usei? É, aquela cantada que o ilusionista fala do truque que faz a cobra desaparecer e aparecer de novo, desaparecer e aparecer de novo... Eu jurei pra mim mesmo que eu nunca mais ia dizer uma desgraça dessas. Mas sabe como é otimismo na hora errada e no lugar errado? Então...

Mas aí eu lembro que o Kanon apareceu... Bem que aquele safado podia ter me impedido, cortado minha conversa, me livrado desse vexame...

"Meninas, meninas. Cês me emprestam o David Copperfield aqui só um minutinho? Eu e ele temos que ter uma conversinha... É que ele está com a gente, a gente está de saída... Fala tchau pras meninas direitinho e vamos embora, tá, Saga?"

E eu não quis. Muito pelo contrário, eu quis ficar. Maldito otimismo etílico do cacete que me tirou o melhor de mim, de novo. Agora, o filho da puta do Kanon podia ter me levado pra casa, nem que fosse à força.

"Puta que pariu, Saga, vamos embora! Cê tá com namorada, dizendo pra todo mundo que tá apaixonado, não tem nada pra você fazer aqui, porra! Como assim 'você não vai fazer nada demais'? Olha pra tua cara depois de falar pras meninas lá do 'truque da cobra mágica'! Como que 'e daí'? Cê tá achando que eu sou idiota? Cê tá bêbado, tá mal intencionado, vai fazer merda pra depois se arrepender! E não, eu não acredito que você vai ficar aqui, no meio dessa mulherada, só pra 'continuar se divertindo inocentemente'..."

Tá, porra, eu já entendi o recado: O Kanon tentou me fazer parar de beber, tentou me fazer parar de cantar as meninas, tentou me fazer sair da merda da boate; eu é que não quis. Eu me recusei terminantemente, já saquei. E eu sou um cara grande, eu sou um cara forte, cavaleiro de ouro e tudo o mais; eles não iam me arrastar pra fora, ia sair pior a emenda que o soneto. Aí que eu fiquei lá; tudo bem que as meninas dispersaram, mas eu fiquei lá.

Os caras se mandaram, eu lembro até de dizer que tinha grana pro táxi. Eu fiquei, fui pro bar... E daí... Putz, agora é que a memória começa a falhar. Eu fiquei, lembro de ter achado uma pessoa conhecida, não lembro quem.

Bom, passada a dor aguda da claridade na minha cabeça, eu constato o óbvio: Nunca estive aqui antes. Sinal que, talvez, a pessoa conhecida não era assim tão conhecida... Eu estou sozinho na cama, mas isso não é um quarto de motel. É um apartamento, e como não é a minha casa e nem é um hotel, só pode ser da moça com quem eu conversei. Do lado da cama tem um criado mudo com uns enfeites, um abajur de gosto meio duvidoso, e logo no chão estão minhas roupas, a carteira, umas camisinhas usadas...

E que bom que pelo menos eu lembrei de usar as ditas cujas. Sim, porque eu sou um cara precavido. Ou pelo menos eu tento ser.

E nem sinal da madame misteriosa.

Seria muita sorte ela ter saído pra trabalhar num sábado de manhã e me deixado aqui, não seria? Mas não. O barulho do chuveiro ligado confirma minha impressão de que a sorte, hoje, não está do meu lado. Porque se a moça não estivesse em casa, tudo seria mais fácil: Eu me mandava daqui, deixava um bilhetinho dizendo que a noite foi ótima, um convite pra gente se encontrar de novo, um telefone falso, e sumia. Não que eu me orgulhe disso, mas também não é como se eu nunca tivesse feito isso antes. Mas... Bom, também não é como se eu não pudesse fazer isso falando com a moça, ao vivo e a cores.

O barulho do chuveiro para, e eu me preparo. Vai ser mais chato, mais dolorido (não é como se eu gostasse de fazer isso com elas, também), mas é o jeito.

- Acordou, gato? - Ela nem abriu a porta do banheiro, mas a voz anasalada me congela imediatamente.

Fodeu.

Fo-deu.

Tipo, só uma coisa poderia ser pior do que eu ter que despistar uma moça que eu comi depois de acabar de conhecer; e olha que isso já é muito ruim: Me faz sentir um cafajeste que eu não sou...

Só que, nesse caso, eu não vou poder fazer isso nem que eu quisesse.

- Saga, Saga... - A porta finalmente se abre, e Maria Regina Gianoukas aparece diante de mim que nem um fantasma dos confins do meu passado; junto com uma pontada dolorida na minha cabeça que anuncia as memórias de como uma merda desse calibre pôde acontecer. - Se eu soubesse que você era tão bom assim, não tinha esperado tanto tempo...

Bem que o Kanon diz que poucas coisas na vida conseguem me deixar sem fala. Esta é uma delas.

As memórias, antes perdidas na pretensa amnésia alcoólica, agora estão claras como água. A maior parte delas, pelo menos.

Eu estava no bar, as meninas com quem eu conversava tinham sumido; e eis que me aparece do meu lado Maria Gianoukas, filha de Agamenon Gianoukas, dono da antiga quitanda que virou mercadinho nos meus tempos de aprendiz de cavaleiro; e naquela época eterno candidato à prefeitura de Rodório. Agora ex-prefeito, vencedor de dois ou três mandatos, e por isso mesmo agora dono de uma vida muito mais confortável do que nos idos tempos da quitanda.

E a Maria, agora só de toalha na minha frente, era pra mim o que se chama por aí de 'paixão de adolescência'.

Tá, admito, eu realmente gostava dela. Posso até dizer que é dela a culpa de eu não ter seguido o voto de castidade dos cavaleiros, já que era fato que ela não me saía da cabeça. Houve um tempo, inclusive, que eu teria largado tudo por conta dela, não vou mentir. O que me impediu foi que ela, naquela época, não queria nada comigo. Sabe como é, ela era filha do dono do mercado e candidato a prefeito, e eu era só um aprendiz de cavaleiro que não tinha onde cair morto. O tempo passou, eu ganhei a armadura, o pai dela ganhou a eleição... Ela começou a namorar um rapaz rico e se mandou pra Atenas, eu fiquei triste e esmorecido, o Kanon morria de rir da minha situação, e riu mais ainda quando eu perdi a sucessão do cargo de Grande mestre pro Aiolos. Aí a gente brigou, e deu no que deu.

E eis que, depois de bem uns catorze anos sem vê-la de novo, eu encontro ela na pior situação possível: Sozinho em uma boate e bêbado o suficiente pra cair nessa cilada. Ela puxou conversa comigo, tomamos mais algumas doses; ela falou que trabalha como gerente de recursos humanos no mesmo hospital que a minha namorada, eu confirmei pra ela que era o portador oficial da armadura de Gêmeos, e hoje trabalho a serviço do Santuário. Conversa vai, conversa vem...

Eu sei que eu mudei, e ela também: Ela já não é a moça engraçadinha filha do prefeito; nem eu o aprendiz bonitinho mas ordinário por não ter um pau pra jogar no lixo. Estamos os dois diferentes, mas meu estupor alcoólico simplesmente me fez pensar que essa só podia ser uma daquelas coincidências de comédia romântica de Hollywood: O cara pobre que venceu na vida finalmente encontra a moça rica por quem era apaixonado e que, por ele ser pobre, nunca lhe deu atenção.

Típica ideia idiota que eu só poderia ter se estivesse bêbado pra cacete, mas enfim...

Aí eu não resisti: Ela parecia interessada, eu passei uma cantada nela, ela caiu, a gente ficou, o clima esquentou... O resto ficou realmente confuso, mas aqui estamos...

**Flashback**

Maria Regina Gianoukas POV

E eis que estou em um mal frequentado club no caminho entre Rodório e Atenas, coisa que eu jurei que jamais faria antes do meu divórcio, e com algumas (muitas) doses de kir royal na cabeça. Isso sem falar da tequila.

Ora, pro diabo com isso. Agora que eu sou uma mulher solteira e com uma boa pensão pra gastar, eu tenho mais é que aproveitar. Porque pra pelo menos uma coisa o traste com quem eu fui casada por cinco anos serviu: pra me pagar o dinheiro dessa bendita pensão.

Afinal, se ele está pensando que recebeu Maria Regina Gianoukas no altar das mãos de Agamenon Gianoukas, para depois me trocar por uma piranha mal saída dos cueiros e achar que tudo isso sairia barato, ele está muitíssimo enganado. Que se dane se eu tenho emprego e se ele me paga bem - eu quero mais é que ele perca as calças me pagando o dinheiro que hoje eu torro na gandaia!

E que se dane se esse lugar não é frequentado por gente do meu nível - hoje eu saio daqui com o pior nível possível, desde que isso me renda uma boa noite de sexo. Até é engraçado pensar que o tal projeto de vadia com que meu marido está agora logo descobrirá que ele não é nada digno de nota na cama, e olha que eu estou sendo bondosa na descrição.

Mas, falando em boa noite de sexo, não parece ter nada aqui que ao menos prometa algo prazeroso. Muita mulher, uns caras desenxabidos e... Pera lá; tem um loiro de cabelo comprido, ali de costas no balcão do bar, que promete. Bundinha bonita, firme, redondinha...

Tá certo que eu não sou muito fã de homens de cabelos compridos; porque eles tendem a ser das duas, uma: Ou são metidos a roqueiros (e péssimos prospectos de maridos) ou então são cavaleiros do Santuário de Atena (e ainda piores prospectos de maridos). Mas hoje eu não tô procurando um prospecto de marido, e sim um cara bom de cama.

E, bem, metidos a roqueiros podem ser uma boa opção, nesse caso.

Vamos, então, ir lá tentar puxar um papo com o loiro de cabelo comprido no balcão do bar.

- Moço! - Cá estou eu tentando chamar a atenção do barman por mais uma dose de kir royal, e o loiro do cabelo grande acaba olhando pra mim e...

- Maria?

- Saga?

- É, sou eu, Saga! - Ele me abre um sorriso. - Nossa, há quanto tempo!

E bota "quanto tempo" nisso! Fazem o quê, catorze anos que eu não o vejo? Eu me lembro dele ainda aprendiz do Santuário em Rodório... Nós éramos... Amigos, apesar de eu ter ficado com ele uma vez ou outra. É que ele gostava de mim, mas era aprendiz de cavaleiro e... Bom, as coisas nunca dariam certo entre a gente.

Enfim, perdemos o contato depois que eu fui para Atenas.

Já naquela época Saga era um rapaz bem apessoado, mas eu tenho que admitir que o tempo foi extremamente bondoso com ele: Está mais alto, o rosto amadureceu e ficou mais bonito ainda, e com um corpo de modelo fotográfico. O que, aliás, ele bem que poderia ter sido, se ele não tivesse essa ideia fixa de gastar sua vida nessa história de ser cavaleiro. Garanto que ganharia um bom dinheiro como modelo, porque material pra isso ele tem.

Mas, enfim... Dinheiro nunca foi o forte do Saga, mesmo.

- Mas então, Maria, me fala... Como você está? - A voz dele está um tantinho arrastada, sinal de que ele andou bebendo. Aí está uma coisa que eu jamais imaginaria ver o Saga fazendo, mas como eu também não estaria aqui numa boate desse naipe em condições normais de temperatura e pressão, vá lá. - Eu nunca mais soube de notícias suas desde que você foi pra Atenas...

Eu fui pra lá por conta dos estudos, mas também porque estava com um pretendente. Ainda não era o meu marido, mas foi de lá que eu entrei na faculdade de administração e daí conheci meu agora ex-marido, na época um promissor herdeiro de um conglomerado empresarial de Atenas. Mas bem que eu me lembro foi por ocasião da minha ida para Atenas que o Saga me disse que gostava de mim. Não que eu não soubesse, mas ele nunca tinha dito com todas as letras antes. Obviamente, isso não influiu em nada na minha ida para Atenas.

- Pois é! Eu também perdi contato com um monte de gente daquela época... Mas sabe como é: Terminei escola, fui pra faculdade, arranjei um emprego, essas coisas.

- Sério? E, desculpe a curiosidade, mas tá trabalhando onde?

- Eu sou gerente de relacionamentos humanos do Hospital da Fundação Graad...

- Fundação Graad? - Saga dá um risinho.

- Você conhece a Fundação Graad?

- Conheço, sim. Estive internado nesse hospital por um tempo.

- Sério? Mas não foi coisa muito grave, né?

- Nada, eu quase morri. - Ele ri, falando isso como se quase morrer fosse a coisa mais normal do mundo. - Fui ferido em uma missão...

- Aliás, falando nisso, o que é que você acabou fazendo da vida? Eu também não ouvi nada a seu respeito no Santuário. Achei até que você tivesse desertado...

- Ah... - Ele fica meio reticente. - Bom, eu consegui virar Santo de Ouro de Gêmeos. Lembra? Eu treinava pra conseguir essa armadura...

- Oh, parabéns!

- Obrigado.

- Imagina, você sempre foi muito dedicado, Saga. Você mereceu.

- Obrigado, de novo. - Ele sorri sem jeito, e eu tenho que admitir que isso não mudou - ele continua tendo um sorriso muito bonito. - Ah... - Agora ele dá uma olhada na minha mão esquerda, talvez um sinal de que procure por uma aliança. - E de resto, como anda a vida?

Bela desconversada, Saga... Mas vejamos pelo lado bom: Será que ele ainda pode estar interessado em mim?

Não, porque agora, se ele ainda estiver interessado, as coisas mudam muito de figura. Tudo bem que ele ainda é um Cavaleiro, mas ele é um dos Cavaleiros de Ouro do Santuário! Uma posição de status! Fora que... Com essa presença e esse porte, vamos e venhamos... Ele pode ser o que ele quiser.

- Bem... Eu me casei com um colega de turma da faculdade...

- Ah.

- ...Não deu muito certo.

- Separou?

- Foi. - Eu termino de virar o restinho do kir royal. - Agora eu sou solteira de novo!

- Oh... - Ele vira o resto do uísque que está em seu copo. - Bom, não sei se te dou os parabéns ou os sentimentos...

- Me dê os parabéns! - Eu dou uma pegada no braço dele. Aliás, que braço! - Porque eu estou solteira e feliz!

- Olha... Então parabéns! - Ele devolve a pegada no meu braço, como fazíamos quando éramos adolescentes e amigos. - E veio comemorar?

- Entre outras coisas... - Eu deixo a mão no braço dele de novo, e agora fazendo questão de que o toque não se pareça com o toque amigável de antes.

Só o olhar dele já me transparece que ele, apesar do teor etílico elevado, entendeu a deixa.

- E... Que outras coisas você anda procurando fazer por hoje? - Agora o braço dele rodeia minha cintura.

- Você tem alguma sugestão? - Eu me deixo envolver pelo braço dele, num meio abraço que demonstra pra ele minhas claras intenções.

- Tenho... - E ele passa o nariz pela base da minha nuca, até chegar na minha orelha. - A gente sair daqui para um lugar mais reservado...

OOO

Pegamos um táxi até minha casa, não sem antes disfarçarmos umas mãos bobas no caminho - embora o taxista não estivesse nem ligando. No elevador o clima foi esquentando, e eu juro que não imaginaria o Saga assim tão fogoso com uma mulher. Mas, de novo, eu tenho que me lembrar que ele hoje já é um homem feito, não mais um adolescente aprendiz de cavaleiro que ficava repetindo aquela conversinha de "sou fiel a Deusa" e "vou defender a Terra dos perigos".

Não que eu não ache isso louvável e importante, mas é como eu sempre disse: Não é e nem nunca foi minha ideia de um cara interessante.

Dentro de casa, eu não contei muita conversa: Não tava no clima pra colocar musiquinha, pegar uma bebidinha ou fazer qualquer tipo de sala. Graças aos céus, nem ele, porque já foi logo perguntando onde fica o quarto.

Bem, se vestido o Saga já parecia ter um corpo de modelo, despido a coisa toma proporções olímpicas. Não no sentido desportivo da palavra: Meu Pai Eterno, esse homem tem um corpo de deus grego! O que é esse peitoral? Esses braços? Essa barriga? Aliás, perdoem-me a expressão errônea. Barriga tinha meu ex-marido, aquela coisa flácida e indefinida. Esse homem tem um abdômen. Tanquinho. Com todos os gominhos definidos, e sem aquele aspecto 'Arnold Schwarzenegger dos esteroides anabolizantes'!

Dizem em Rodório que é a tal da Cosmoenergia, mas não era como se eu, no auge da minha adolescência, ficasse vendo cavaleiros sem roupa por aí.

E, enquanto eu fico me perdendo em detalhes de como o corpo do Saga é uma coisa absurdamente perfeita, ele já se ocupou de tirar boa parte da minha roupa enquanto me prensa na parede.

- Aaai, Saga - Eu solto um gemido com um beijo um tanto mais forte no meu pescoço - Não é pra me deixar marca, ok? Eu não quero aparecer no trabalho com o pescoço todo roxo...

Ele ri, e começa a morder meu pescoço de leve.

- Então deita na cama - Ele sussurra enquanto brinca com a língua no meu ouvido - Que eu vou ocupar minha boca em outro canto...

E no que eu me deito na cama, ele começa a me beijar. Na cama, a diferença de altura entre a gente é menos perceptível, mas eu ainda me sinto pequena embaixo de um homem desse tamanho. Ele afasta as minhas pernas com as mãos grandes, e eu de novo falo rindo que eu não quero ficar marcada. Ele ri, de novo, e puxa de levinho o meu cabelo pra seguir mordendo meu pescoço.

Do pescoço, ele desce; beijando meu colo até chegar nos meus mamilos - e aí sim ele passa a ocupar a boca dele de verdade, sem economizar nas chupadas, lambidas e mordidinhas. Uma das mãos dele vai descendo até lá embaixo, e começa a me tocar de leve; e - Aleluia! - no ponto certo. Eu sinceramente não sei o que acontecia com o meu ex-marido que achava uma agulha no palheiro mas não achava o meu clitóris, mas o Saga achou, e de primeira. E a boca dele desce dos meus mamilos até a minha barriga, da minha barriga vai descendo cada vez mais - e que bom que minha depilação está em dia! - para ele então começar a fazer com a língua o que ele estava fazendo com os dedos.

- Aaaaai, Saga... - Minha voz sai rouca, e ele para.

- Tá com medo que eu deixe marca, é?

- Não, continua...

E ele continua, ainda mais intenso do que antes. Pode parecer brincadeira, mas nas outras vezes que eu tive homens fazendo isso comigo, parecia que eles estavam fazendo isso para "cumprir tabela". Aqui, não. Ele tem que segurar minhas coxas com firmeza porque eu não paro de me retorcer - e sinto que estou perto de perder o controle. Ele sente, usa a língua para me estimular junto com os dedos dentro de mim até um ponto onde eu só consigo gemer enquanto ele continua, sem parar de me olhar enquanto eu chego ao orgasmo.

Pela primeira vez na noite.

Quando o orgasmo passa, eu peço para ele parar; e ele sobe em cima de mim de novo, puxando o meu rosto para um beijo. Eu tento afastar a boca, sei lá se eu estou com nojinho, e ele ri enquanto segura meu queixo com delicadeza.

- Vem - Ele sussurra bem perto da minha boca - É o teu gosto.

Não que eu goste de sentir gosto de vagina na minha boca, mas eu não nego que a mistura desse sabor com o hálito alcoólico dele é excitante.

Aliás, tenho que dar a mão à palmatória sobre esse negócio de cavaleiros e mau prospecto de maridos: Se meu ex-marido tivesse um quinto do álcool no corpo que tem o Saga agora, não teria a menor possibilidade de termos uma noite de sexo - que dirá então uma boa noite de sexo. Isso já era raro de acontecer com ele sóbrio...

...E eu preciso parar de comparar o meu ex-marido com o Saga.

Ele para o beijo para voltar a beijar meu pescoço, e quando ele se encaixa entre as minhas pernas eu vejo o quanto ele está ereto.

E grande.

- Saga...

- Hmm? - Ele ronrona, ainda me beijando.

- Saga, espera...

- Hmmm...

- Saga, cê tem camisinha?

Aí ele pára, olha pra mim com os olhos meio perdidos - e nessa hora ele realmente lembra o Saga adolescente que eu conheci.

- Tenho...

- Então pega, vai.

- Mas cê não usa pílula?

- Não, Saga, eu tô separada, pra quê eu vou usar pílula? Além do mais, pílula me engorda...

Ele levanta, pega a carteira e tira uma camisinha de dentro.

- Pronto... - Ele volta a se deitar em cima de mim. Antes de entrar, ele primeiro se esfrega em mim, para depois então se posicionar e entrar devagar.

- Aaahhh... - Eu não sei o que ele faz, se é o ângulo em que ele se deita, mas o jeito como ele me penetra também me estimula no clitóris. E é muito, muito bom.

- Tá gostando?...

- Muito, Saga...

Ele ri baixinho, e continua. Primeiro devagar, até que eu mesma peço para que ele faça mais forte.

- Cuidado, Maria... Eu sou um Cavaleiro de Ouro... - Ele brinca, enquanto começa a ir bem mais forte. E fica insanamente bom.

Eu tento puxar o rosto dele para cima, pra que eu possa vê-lo, e ele resiste um pouco até que eu o puxe pelos cabelos. Aí ele deixa, e eu consigo olhar no rosto dele e ver, mesmo na penumbra, os olhos brilhantes e os lábios rosados, para então ele tentar morder de leve os meus lábios. Eu entro na brincadeira, que continua até que a força das estocadas comecem a me fazer gemer mais forte. Ele percebe e aumenta ainda mais a força, fazendo doer um pouco, mas eu estou tão perto que isso até me ajuda a sentir mais prazer. Ele se abandona num ritmo forte porém errático, a impressão que me dá é que ele quer gozar comigo.

- Me aperta...

- Hã? - Eu não entendo de primeira, mas as mãos dele apertam minhas coxas, e eu compreendo que ele quer eu que me contraia para estimulá-lo um pouco mais.

- Vai, Maria, vai...

No que eu faço isso, eu me mexo ainda mais embaixo dele, e meu prazer aumenta até o ponto onde tudo que eu consigo fazer é balbuciar o nome dele até chegar ao orgasmo. Ele chega lá também, gemendo baixinho no meu ouvido, um gemido rouco que deveria ser ilegal.

Nós acabamos; e eu juro que eu me daria por satisfeita, mas...

- Ainda não está bom, Saga? - Eu rio, enquanto a ereção dele continua colada na minha coxa. Ele ri de volta, um tantinho sem graça.

Meu garoto, não fique sem graça por isso, pelo amor de Deus. Quem tinha que ficar sem graça era meu ex-marido quando começava com aquela ladainha de "isso nunca aconteceu comigo antes"... Tá, parei, parei.

- Já deu pra você? Não, porque se você não quiser eu...

- Quem te disse que já deu pra mim? - Eu aperto a bunda dele com as duas mãos espalmadas, enquanto lhe roubo um beijo.

- Então você quer mais, quer? - Ele sussurra safadamente no meu ouvido.

- Quero, mas... Você tem outra camisinha?

- Ah... - De novo, ele me olha com um jeitinho confuso, mas adorável. - Eu não sei se... - Ele sai de cima de mim para olhar na carteira de novo. - Ih, eu...

- Espera - Eu me viro para abrir a gavetinha do criado-mudo. - Eu tenho.

- Ah, ufa... - Ele sorri, sem graça. - Que bom, me salvou...

- Salvei, é? - Eu me sento na cama para então me ajoelhar e puxá-lo para mim. - Então vem cá me retribuir, gato.

Eu começo a beijá-lo demoradamente, usando minha língua não só pra brincar com a dele (e olhe, ele é bom nisso) mas também pra continuar sentindo o leve gostinho de bebida que ele ainda tem na boca. Enquanto a gente se beija, eu dou a ele uma ajudinha com a minhas mãos e a ereção dele ganha força de novo; e ele coloca o preservativo outra vez. Ele parte o beijo para mordiscar o meu pescoço, e então sussurrar no meu ouvido.

- Fica de costas pra mim, e apoia as mãos na cabeceira da cama...

- Ei, ninguém falou nada sobre colocar atrás, ok?

Ele ri, para depois morder meu pescoço com mais força, como se estivesse me reprovando pelo comentário. Aí eu sinto a mão dele de novo no meu clitóris, me estimulando enquanto ele me penetra de novo. Eu uso uma das minhas mãos para explorar o corpo dele, mas depois de um tempo os espasmos vão começando e eu preciso usar as duas mãos para me segurar na cama. Ele arremete então com mais força, ainda coordenando os dedos enquanto me toca; e sua outra mão puxa de leve meu cabelo e levanta minha cabeça.

Eu tento me contrair de novo, embora eu saiba que isso possa me acelerar até o orgasmo e quebrar a sincronia; mas ele percebe, e puxa meu cabelo com um tiquinho mais de força. Não dói, até é bem gostoso, então eu continuo. Ele solta meu cabelo para beliscar um mamilo meu, enquanto sussurra no meu ouvido.

- Vai, menina... A hora que você quiser, eu vou...

Eu viro o rosto para beijá-lo, e penso sem querer que, entre ex-marido e ex-namorados, eu nunca fiz sexo com um cara tão bonito quanto o Saga.

Os espasmos começam a ficar incontroláveis, e eu preciso parar o beijo para respirar melhor. Ele entra e sai de mim com força, ainda me tocando e beliscando de leve lá embaixo.

- Vai, Saga... Vai agora... Eu...

Eu não preciso repetir. Ele agora dá tudo o que tem, e por uns segundos pára de me tocar lá embaixo para segurar meus quadris enquanto entra e sai rápido e forte. E eu quase grito enquanto sinto meu corpo inteiro tremer. E ele também goza, enquanto meu orgasmo se desvanece.

Quando tudo termina, meus joelhos tremem; e se ele ainda estiver duro eu vou ter que dar um tempo. Não, porque vamos combinar que eu não tenho todo esse preparo físico.

Mas, ao que parece, ele também fica cansado dessa vez; ou vai ver finalmente todo o álcool que ele bebeu começa a fazer efeito. Ele desaba na cama junto comigo, ofegante.

- Cansou? - Eu pergunto, ofegando ainda mais do que ele.

Ele dá um sorriso bobo, e suas pálpebras já estão ficando pesadas. Mas isso não o impede de me dar um selinho, pra então virar de lado e dormir.

E eu também, porque não foi só ele quem bebeu bastante e eu não tenho cosmoenergia que me ajude...

**Fim do Flashback**

- O gato comeu sua língua, lindão? - Ela solta a toalha no chão, e vem na minha direção com cara de quem quer mais. - Isso seria um pecado, sabia? Porque ela tem habilidades muito especiais, se eu soubesse antes...

Não, eu não estou extasiado por ter -finalmente- comido a moça que eu já chamei de 'meu primeiro amor', nem muito menos por ela estar inegavelmente satisfeita. Aliás, claro que ela estaria satisfeita, não tem uma que tenha passado pela minha mão que não tenha ficado.

Mas agora, tudo em que eu consigo pensar a respeito disso é 'ela trabalha no mesmo hospital que a minha namorada'.

Aliás, namoro esse que está acabado, morto e enterrado; porque não vai ter como ela me perdoar essa.

A não ser que...

- Ah... - Eu afasto ela depois que ela me beija, tentando ao máximo soar convincente. - Eu... Eu te disse que eu era o Saga?

Ela me olha, confusa.

- ...Foi mal, eu nem sei como te dizer isso, mas... Maria, eu sou o Kanon...

OOO