Nome: Olhos Iguais aos Seus

Aurora: Sheyla Snape

Beta: Fer Potter

Pares: Severo Snape / Lílian Evans

Classificação: 14anos

Gênero: Romance, Drama.

Resumo: Às vezes basta um olhar para mudar o rumo de uma vida. Fanfiction baseada na música de mesmo nome da banda Engenheiros do Havaii. Spoilers de DH

Spoilers: ATENÇÃO ESTA FIC CONTEM SPOILERS DO ÚLTIMO LIVRO.

N/A: Sim, eu amo songfics! Elas sempre me parecem uma boa escapatória quando não se tem um plot ideal, ou não se quer prolongar muito uma história. Espero que tenham gostado desta aqui. E claro... que deixem reviews. Beijos a todas! Shey.

Esta fic faz parte do SnapeFest 2007, uma iniciativa do grupo SnapeFest, e está arquivada no site http / oxetrem . com / fest e no meu site http / www . fanfiction . net / sheylasnape


Uma nuvem cobre o céu,

Uma sombra envolve o seu olhar...

Um dia glorioso para mim... Ao menos é assim que me sinto hoje.

É chegada a hora...

Finalmente estou onde sempre quis estar. Realizando o que muitos chamariam de sonho, mas que para mim sempre foi um objetivo, uma meta a ser comprida.

Poder: esse sempre foi meu objetivo... Poder para provar que aqueles que me julgavam fraco e incapaz estavam errados. Provar quem realmente sou, e finalmente, que deveriam me temer. Muito.

O céu, até a pouco limpo, começa a escurecer. Eu olho para cima, e a claridade me cega momentaneamente, mas posso ver uma nuvem se aproximar vagarosamente, escondendo o sol brilhante daquela tarde de inverno que tenta inutilmente aquecer tudo aqui. Mas eu não me importo; na minha vida sempre estive cercado pelas trevas. Nada mais apropriado que ela comece a tomar sentido diante delas.

Eu observo o homem semi-humano no centro do circulo de pessoas. Ele é poderoso, posso sentir, fala com maestria e eloqüência, é certamente um líder a ser seguido e principalmente... temido.

Ele fala sobre as razões para cada um estar ali, e, mesmo sem citar nomes ou apontar para alguém, o Lorde mostra nos conhecer profundamente, sabe dos anseios de cada jovem bruxo ali presente, e acima de tudo... promete nos dar o poder necessário para conquistá-los.

Excelente!

A nuvem no céu se move mais, e eu sinto o frio tomar conta dos meus ossos. Alguém mais supersticioso acharia aquilo um presságio de algo ruim, mas não me importo, afinal... nunca acreditei em tais besteiras.

O Lorde se aproxima de mim; finalmente terei o que vim buscar aqui. Ele ordena que eu estique meu braço esquerdo. A ponta da varinha dele toca minha pele, e um contido gemido de dor escapa de mim. Controlo-me para não gritar de dor. Este não é um lugar para fracos.

Em segundos que pareceram séculos, a dor passa...

Tudo que resta é uma estranha tatuagem, negra como a noite e sombria como minha própria alma.

Está feito!

OoooOoooO

Você olha ao seu redor,

e acha melhor parar de olhar...

Recebo um chamado e aparato imediatamente. Como sempre, não faço idéia de onde nem porque estou ali...

Observo o ambiente à minha volta; o lugar parece belo e acolhedor, mesmo que desperte uma estranha sensação de melancolia e tristeza. Pergunto-me como posso encontrar sentimentos tão contraditórios em uma mesma paisagem.

Eu tento não tomar consciência disso, afastando qualquer sentimento para o fundo da minha mente, mas ainda assim aos poucos me dou conta da familiaridade do local. Não é o mesmo, é claro, mas ainda assim é tão parecido...

As casas simples com suas paredes feitas de tijolos avermelhados, as janelas fechadas onde se vêem o brilho das lareiras por detrás das cortinas coloridas. Este é um bairro tipicamente trouxa; as mesmas árvores, os mesmos jardins pequenos em frente às casas tentando amenizar a rigidez das construções sem atrativos arquitetônicos, o mesmo parquinho, os mesmos balanços...

Tenho certeza que, se prestasse atenção, certamente sentiria o cheiro de pão assando nos fornos das casas.

Por que o Lorde me mandaria aparatar neste lugar tão familiar, tão parecido com o lugar no qual cresci, onde fui humilhado... onde conheci o amor?

Fecho meus olhos; não quero reativar as lembranças da minha infância. Meu instinto clama para sair daqui, mas sou obrigado a ficar.

Logo outros Comensais aparatam; a pequena praça está cheia de homens encapuzados com suas varinhas em punho... e a loucura começa.

Não quero ver mais nada, então discretamente eu desvio os olhos quando a primeira casa explode em chamas e o som dos gritos angustiados se misturam às gargalhadas dos homens vestidos de negro ao meu redor. Eles se sentem poderosos.

Não era esse tipo de poder que eu pretendia ter.

OoooOoooO

São olhos iguais aos seus,

iguais ao céu ao seu redor.

São olhos iguais aos seus...

Ataques iguais àquele se repetem quase diariamente. Formavam uma rotina dura e nauseante, mesmo para alguém como eu, alguém que gostava das Artes das Trevas, que se inebriava com a sensação de poder, mas que estranhamente não se divertia tanto em usá-las contra adversários indefesos.

Às vezes havia resistência, não por parte dos trouxas, claro, mas dos aurores do Ministério. E durante algum tempo, foi divertido vê-los perdidos e confusos com o nível de Magia Negra usado pelos Comensais da Morte. Feitiços que aprendi sozinho, lendo livros proibidos e testando secretamente cada nova descoberta, inventando novas formas de aperfeiçoá-los; ver o terror estampado nos olhos de alguém que sabe o que esta enfrentando é esplendido.

A cada ataque, a marca do Lorde das Trevas brilhava no céu, deixando todos desnorteados, mostrando sua força e seu poder.

Até que um dia me senti caindo do céu ao inferno em segundos.

Primeiro a visão de seu maior inimigo ali, bem à minha frente, no campo de batalha. Finalmente em condições iguais de combate. Minha vingança em fim se realizaria.

Bem... não tão iguais assim, afinal estamos em larga vantagem. Numérica e mágica.

Mas para levar-me ao inferno houve a visão dela... Ao lado dele, do meu inimigo, claramente juntos, as mãos dadas... separando-se ocasionalmente, mas sempre retornando uma ao encontro da outra.

O brilho esverdeado da marca negra no céu intensificava os olhos dela, contrastando com os cabelos ruivos, a pele clara... era um anjo em meio ao inferno.

De repente tudo o que consigo ver são cabelos vermelhos ondulando ao vento e a expressão de determinação e medo nos olhos dela. Sigo o olhar dela e percebo: seu amiguinho lupino está caído... Ela se separa de Potter para dar cobertura. Sempre a corajosa e altruísta. No entanto, vejo a oportunidade perfeita.

Um feitiço cortante voa por sobre a cabeça dele como aviso, apenas para saber que não está tão seguro quanto pensa. Potter se vira como um raio em minha direção.

Ah, o sabor da vingança!

Não preciso de mascaras, não para enfrentá-lo. Pelo contrário, quero que saiba quem o derrotou, quem irá humilhá-lo.

Delicio-me com a mistura de sentimentos que transpassa no rosto dele; surpresa e raiva brincam alternadamente no homem que sempre odiei. Imediatamente, começamos a duelar. Uma batalha à parte em toda a guerra que explode à nossa volta. Uma batalha que teve início muitos anos atrás, quanto um menino franzino e tímido entrou num vagão indo para a escola, e que finalmente terá fim agora.

Infinitamente mais ágil e preparado que ele, eu me movo graciosamente, desviando de suas torpes tentativas de me acertar, desvio de cada jato de luz por poucos centímetros, apenas para provocá-lo. Potter rosna furiosamente, grita cada maldição a plenos pulmões.

Idiota! Mal sabe que assim apenas facilita minha defesa. Tão tolo... Como você pode escolher alguém tão ignorante, Lílian, como?

OoooOoooO

O que faz as pessoas parecerem tão iguais?

O que fazem as pessoas para serem tão iguais?

Apesar da satisfação de vê-lo suar diante de mim, de provar a ele o quão medíocre e infantil é a sensação de superioridade que ele pensa ter, meu maior desejo é fazê-lo sentir na própria pele o quão inferior ele é. Claro, não me furtarei ao prazer de humilhar Tiago Potter diante dos seus amigos.

Facilmente me desvio de uma seqüência de azarações dele.

Patético! Qualquer aluno do quinto ano teria mais imaginação.

Ele sabe disso; eu sorrio desdenhoso deixando-o mais furioso. Homens enfurecidos não pensam racionalmente, ficam mais propensos a erros… a fracassos.

Excelente!

Desta vez eu o bloqueio, lanço um feitiço simples, apenas para colocá-lo onde quero. Um simples maneio de varinha, e meus ouvidos se enchem da mais sublime canção. O som que eles aguardavam ouvir há muito, muito tempo...

Os gritos de Tiago Potter se contorcendo diante da maldição Cruciatus.

Não há visão mais estonteante e sublimemente prazerosa do que ver seu maior inimigo prostrado diante de você.

Esperei anos por isso.

Interrompo a maldição, apenas para causar-lhe um outro tipo de dor... a psicológica.

– Espero que esteja gostando, Potter. – Eu mal consigo disfarçar o sorriso triunfante em meus lábios. – Onde estão seus guarda-costas agora? Creio que não é tão fácil ganhar de mim sem a habitual diferença de quatro contra um, não é mesmo?

Mais um aceno de varinha, e ele volta a gritar. Tenta se conter, mas é inútil. Coragem e força nada ajudam a lidar contra os efeitos de uma Cruciatus. Eu não sabia, mas nos anos que seguissem me tornaria um especialista nesta maldição. Não por usá-la, mas sim por ser vitima freqüente dela.

Um feixe de luz corta o ar na minha direção, o ferimento em meu braço é superficial, mas o suficiente para desviar minha atenção para registrar quem é meu novo oponente.

Creio que o choque que vejo nos olhos dela não passe de um reflexo do que existe nos meus, embora o tempo de tal demonstração nos meus seja muito menor...

Ainda assim, ela se recupera... exige que eu o solte, que me entregue e desista de continuar aquela loucura.

Loucura?

Não me contenho e repito a acusação dela:

– Loucura?... Loucura é ver você junto dele, Lílian. Isso sim é a verdadeira loucura.

– Não, Severo, loucura é ver você atacando gente inocente, usando Magia Negra em pessoas indefesos, e o que é pior... apenas por eles serem o que são!

– Não tem a ver com pureza do sangue, Lílian, não para mim, e você sabe disso...

– Mas para eles tem – ela apontou para o campo destruído –, e se você está lutando do lado deles, também tem importância para você. Eu... eu não consigo acreditar que você se tornou isso, Severo. Simplesmente não consigo!

– Assim como você, Lílian, custo a acreditar que você se uniu ao Potter. Nós éramos iguais, Lily... éramos amigos... e poderíamos ter sido muito mais do que isso.

OoooOoooO

Porquê razão, essa igualdade se desfaz?

Incrivelmente, faz-se silêncio. Não ouço mais gritos, de dor ou de feitiços sendo proferidos. O mundo parece estático à nossa volta, e tudo o que vejo são os olhos dela.

– Mas ao menos, nós éramos amigos, Lily... – eu murmuro alto o suficiente para ela ouvir; não consigo esconder a dor na minha voz. Não dela... nunca dela.

Por um breve segundo, o olhar dela muda, o brilho nos olhos verdes demonstra uma tristeza que eu sinceramente não esperava ver. Quase que... arrependida por algo.

– A escolha não foi minha, Sev... Você... você me magoou, muito!

– Amigos perdoam, Lily... mas você não quis me ouvir, preferiu me afastar, abandonar a única amizade sincera que tive, preferiu ignorar o quanto eu... – Não consigo terminar, algo se remexe dentro de mim e simplesmente baixo minha cabeça.

Devo estar louco… isso não é hora, muito menos local para isso. Por mais que uma parte minha queira terminar esse assunto, queira explicar a ela... convencê-la de que... Mas a voz dela chega macia aos meus ouvidos. Levanto o rosto e a vejo a poucos centímetros de mim...

– Eu sinto muito, Sev... realmente sinto muito...

A mão delicada dela desliza pelo meu rosto, forçando-me a encará-la de frente... sem a costumeira proteção dos meus cabelos. Não consigo resistir ao toque dela e... mais uma vez me perco naqueles olhos verdes, na imensidão de um mar calmo e sereno que sempre esteve lá para mim. E agora não estará mais.

– Sinto não ter apoiado você, ter deixado nossa amizade se abalar, mas... mas você tem que entender.

– Entender o que, Lílian? Que você preferiu me humilhar como todos os outros faziam, por que era mais fácil, não é? E então, preferiu ficar com ELE! Justo com ele!

– Não... entender que eu estava com medo. Que eu tenho medo.

– De mim?...

– Não, Sev... de mim!

Tudo parecia surreal demais. Na verdade, um sonho... um daqueles que você jamais gostaria de acordar.

De repente nada em volta existia. Apenas os braços dela, a respiração dela, o cheiro dela...

Por Merlin... os lábios dela!

Quentes, macios, doces... mais do que eu poderia sonhar. A língua suavemente procurando a minha, aprofundando um beijo que tinha de paixão e encontro tanto quanto tinha de amarga despedida... Eu procurava guardar cada nuance daquela boca, cada detalhe estonteante, deixando o beijo lento e sensual...

Ela poderia ficar com o Potter, mas lembraria desse beijo enquanto vivesse.

Eu a puxo mais firmemente, colando meu corpo no dela, tomando a iniciativa no beijo. Ela geme, e eu sorrio quando sinto as mãos dela me agarrando, respondendo à minha ânsia, tornando o beijo firme, arrebatador... inesquecível. Eu quero que ela não esqueça, mas sei que também jamais esquecerei o quão deliciosa foi cada sensação que vivi em nosso primeiro e único beijo.

Muito menos da forma como nos despedimos...

Uma explosão... e de repente o mundo a nossa volta parece surgir do nada, arrastando-nos diretamente à realidade crua. Ela é uma auror, e eu, um Comensal da Morte!

Minhas mãos deslizam sobre o rosto dela, eu deixo meu polegar traçar o lábio dela, admirando o quanto estavam docemente inchados, vermelhos pelo beijo que trocamos...

Infelizmente o sonho chegou ao fim... e tem inicio o pesadelo em que minha vida certamente se tornará.

Afasto-me dela... um, dois, três passos...De certa forma ela entende e também se afasta até o corpo desmaiado do Potter. Acompanho seus movimentos, e ela me encara uma última vez... Os olhos verdes, emoldurados pelo rosto mais belo e doce que tive o prazer de conhecer, agora estavam vermelhos, turvos pelas lágrimas que escorriam deles.

– Adeus, Sev... – São palavra que leio nos lábios dela.

Eu desaparato.

OoooOoooO

Qual é a razão, desse disfarce no olhar?

Só tornei a ver olhos tão verdes quase treze anos depois... Mas não estavam envoltos no mesmo rosto belo e doce, muito pelo contrário, eles vinham carregados pelo rosto que mais odiei em toda a minha vida...

E se antes eu não conseguia fugir, muito menos disfarçar meus sentimentos quando encontrava aqueles olhos... hoje sou obrigado a disfarçar, enganar, ludibriar e porquê não... fugir de qualquer contato com o mar verde que me perseguiu durante tantos sonhos e pesadelos.

Irritação, desprezo, asco... são esses os sentimentos que luto para transmitir cada vez que me deparo com o filho do meu inimigo.

Não... é o filho da mulher que sempre amei! – algo grita bem do fundo da minha mente. O menino que jurei proteger!...

Mas esses pensamentos não me impedem de disfarçar meu olhar a cada dia, a cada minuto, a cada segundo que sou obrigado a rever aqueles olhos.

OoooOoooO

No olhar, no olhar...

Minhas forças estão se esvaindo cada vez mais rápido... sinto sangue jorrar da minha garganta, escorrendo por entre meus dedos.

Eu falhei! Falhei em proteger o filho dela...

Para minha surpresa, ele está ali e eu encontro o mesmo mar verde e profundo...

Depois de cumprir minha missão, minha última promessa feita para garantir que Harry Potter cumprisse seu destino... finalmente posso mergulhar na imensidão de um mar verde e límpido...

– Olhe... para... mim...

É tudo o que consigo dizer antes de cair num sono profundo do qual não sei se acordarei.

Fim?

N/A: Meus agradecimentos à Fer Potter por betar essa fic em cima da hora e pela enorme paciência em me aturar! rsrs... Espero q todos apreciem, e claro, deixem uma reviews, afinal são elas que alimentam a alma de uma autora. Beijos Shey.