NA: Sei que estou demorando para atualizar minhas histórias, mas estou totalmente sem tempo pra escrever, (estou trabalhando em projeto de pesquisa pra faculdad coisa mais complexa que eu já fiz na minha vida :P) então, só pra não desaparecer totalmente por tanto tempo, decidi postar essa história que já escrevi faz algum tempo em uma atividade de escrita criativa... (é um pouco diferente do meu estilo, uma tentativa em comédia e tem muito mais diálogos do que o normal...)

Enfim, são três partes, a primeira hj e a ultima domingo, se houverem comentários..

Enquanto isso vou trabalhar em Runaways para domingo tbm.. (:

Boa leitura e comentem!

Abraços, A.

==/==

"Eu não consigo fazer isso."

Tina esfregou os olhos e deixou-se cair novamente nos travesseiros. "São duas da manhã e eu não sei do que você está falando..."

"São 5:30 na realidade e você sabe sim. Foi você quem disse que eu tinha que fazer isso em primeiro lugar."

A morena bufou e acendeu o abajur, fazendo com que seu namorado escondesse a cabeça embaixo do travesseiro.

"Tudo o que eu fiz foi concordar quando você disse que já era hora, Quinn." Ela levantou, calçou chinelos de dedo e cambaleou até a cozinha, sabendo que não iria conseguir dormir novamente. Ela podia ouvir a respiração irregular e acelerada de sua amiga através do telefone. "Você está hiperventilando, respira. Vai dar tudo certo..."

Quinn riu pelo nariz. "Você não acredita nisso..."

"Claro que acredito..." Bocejou Tina. "Eu acredito em... Alguma coisa. Você?"

"Sabe, isso não faz muito sentido..."

"São cinco da manhã, Quinn. Você não pode esperar que eu faça sentido."

"Cinco e meia."

"Tanto faz."

Elas ficaram em silencio por um momento e Tina ouviu sua amiga respirar fundo.

"Quer saber? Eu vou ligar pra eles e desmarcar... Vou dizer que... Dizer que estou gripada, ou algo assim. Meu nariz está um pouco trancado... Eu pareço fanha pra você?"

"Oh, não. Não, não e não. Já faz um ano que você está protelando isso, Quinn." Tina sentou em uma cadeira, sentindo-se um pouco mais desperta.

"Uma semana a mais não vai fazer mal a ninguém, não é mesmo?"

"E você vai dizer exatamente isso semana que vem, e na próxima, e na próxima, e na outra, e na próxima, e..."

"Tá, tá! Eu entendi!" Exclamou Quinn e Tina quase pode ouvir sua amiga revirando os olhos.

"Você não pode mais fugir disso, Q. Eles vão ficar sabendo, eventualmente. E é melhor que seja por você do que por algum vizinho fofoqueiro." Ela mordeu a unha do mindinho. "A menos que você se mude para o Canada, ou algo assim."

"Algo me diz que eu vou ter que mudar de país de um jeito ou de outro..."

"Ugh! Eu nunca te vi fazer tanto drama na vida, isso é meio irritante, especialmente as 5 da manhã."

"5 e meia."

"5 e 45, na verdade."

"Hummm." Quinn ficou em silencio e Tina colocou o telefone no viva voz enquanto fazia o café. "Então, o que você acha que eu devo fazer?"

"Não é óbvio? Seguir com o plano, é claro." A morena passou uma mão pelos cabelos. "Você vai entrar naquele restaurante, vai sentar na frente dos seus pais, vai olhar nos olhos deles e dizer..."

...

"Pai, Mãe, eu sou gay." Quinn respirou fundo e enfiou e escova de dentes de volta na boca, balançando a cabeça suavemente antes de cuspir a espuma branca dentro da pia. Ela encarou os próprios olhos dourados através do espelho. "Mãe, você lembra quando eu era criança? Vocês sempre achavam graça quando eu colocava minhas Barbies na cama e trancava o Ken fora de casa..."

Ela fez uma careta e apertou a ponte do nariz.

"Isso é ridículo..." Ela murmurou, lançando um olhar para o telefone e cogitando a possibilidade de ligar novamente para Tina, ou talvez Santana. "Para com isso, Fabray!" Ela repreendeu a si mesma em voz alta e voltou a encarar o reflexo no espelho. "Você é uma mulher forte e independente, você tem 26 anos e... é gay." Ela sorriu desdenhosamente. "Ótimo, agora diga isso para os seus pais."

Ela mordeu o lábio e prendeu o cabelo enquanto voltava para o quarto para pegar sua caixa de maquiagem. Ela aplicou o delineador e o rímel cuidadosamente, do jeito que sabia que sua mãe iria aprovar. Também colocou os brincos que seu pai lhe dera no natal anterior e o vestido mais delicado que encontrou dentro do armário (creme com pequenos detalhes em rosa e com rendinhas no decote e na barra).

"Eu ainda sou eu mesma..." Ela falou suavemente, firmando o rabo de cavalo e removendo o excesso do batom. "Ainda sou eu mesma."

...

Judy consultou seu relógio dourado pela terceira vez e tamborilou os dedos na mesa antes de tomar um gole demorado de seu drink adocicado. "O que você acha que é a... 'coisa importante'?" Ela perguntou para seu marido, fazendo o sinal de aspas no ar com a mão livre. "Será que ela finalmente encontrou um namorado? Eu aposto que é aquele tal de Blaine do trabalho. Ela sempre fala sobre ele e ele é muito bonito, está sempre impecável..." Mais um gole. "Só espero que nossos netos não herdem aquela sobrancelha. Aquela quantidade de pelos não é nada atraente."

"Ele trabalha na TV, o mínimo que se espera dele é que esteja impecável, Judy. E até onde sabemos, ele pode ser uma pessoa totalmente diferente longe das câmeras." Ele olhou para o copo na mão de sua esposa e sua garganta secou ao mesmo tempo em que seus dedos se contorceram em um pequeno tique nervoso. Russel estava orgulhosamente sóbrio há 5 anos (fato que não o tornava imune a bebida). "E realmente, aquelas sobrancelhas..." Ele apertou os lábios em desaprovação. "Sinceramente, não acho que um estranho qualquer seja bom o suficiente para a nossa filha."

"Você é o pai dela, nenhum homem nunca vai ser bom o bastante aos seus olhos." Ela olhou para o relógio mais uma vez. "6 minutos de atraso. Será que aconteceu alguma coisa?"

"Você já viu o transito dessa cidade? Ela provavelmente está presa em um táxi no meio do caminho."

"Eu disse que devíamos ter ligado quando saímos para que ela também saísse... Se você tivesse me ouvido, ela já estaria aqui agora."

"Isso é bobagem, Judith. Você não pode querer controlar os horários das nossas filhas o tempo inteiro..."

Judy estava prestes a responder quando a porta do restaurante se abriu e Quinn entrou, com as bochechas coradas e um pouco descabelada pelo vento. Seus olhos escanearam o lugar e não demorou para que localizasse sua mãe, que acenava energicamente de uma mesa no canto.

A loira inspirou profundamente e se encaminhou até eles, sentando pesadamente em uma das duas cadeiras vagas.

"Você está atrasada, querida." Comentou Judy, cruzando as mãos por cima da mesa.

"Eu sei, desculpa, fiquei presa no transito..." Quinn respondeu, prendendo uma mecha dourada rebelde atrás da orelha.

"Eu disse..." Murmurou Russel.

"Devia ter saído de casa um pouco antes, mas..."

"Haa!" Exclamou Judy, sorrindo para o seu marido. "Viu? Devíamos ter ligado..."

Russel apertou os olhos e sua filha arqueou uma sobrancelha.

"Mas agora estamos todos aqui e você, querida, está simplesmente adorável!"

"E esses são os brincos que eu te dei de Natal, não é mesmo?" Perguntou o Sr. Fabray. "Você gosta deles?"

A loira levou uma mão às perolas que pendiam de sua orelha e sorriu fracamente.

"Então, meu bem? Qual é a sua noticia importante?" Perguntou a loira mais velha, apoiando o queixo nas costas das mãos.

Quinn umedeceu os lábios e desviou os olhos. O guardanapo em seu colo pareceu tão mais interessante de repente. "Isso, isso é cetim?" Ela perguntou, levantando o tecido branco e o apertando entre os dedos, como se estivesse realmente interessada.

"Não sei, querida." Judy respondeu rapidamente, consumida pela sua curiosidade. "Mas não viemos até aqui para falar sobre guardanapos, não é mesmo?"

"Eu acho que não..." Respondeu Quinn, ainda olhando para baixo e se sentindo como uma criança que tinha quebrado e escondido o vaso favorito de sua mãe, ou tirado uma nota ruim em matemática. Ela levantou os olhos ligeiramente e se deparou com o brilho azul dos de seu pai.

Ela odiava essa sensação, de não conseguir sustentar o olhar deles, como se eles pudessem saber toda a verdade se a encarassem atentamente e por tempo o suficiente. Ela odiava se sentir desconfortável em todas as reuniões de família, ela odiava que seu desinteresse por homens fosse confundido com exigência.

'Mulheres exigentes demais sempre acabam ficando sozinhas, Quinnie...' era o discurso de sua tia. Ela coçou a própria testa. Era tão desgastante fingir ser algo que não era, cuidar suas palavras e seus pronomes, mentir sobre as pessoas com quem se relacionava, encontrar um nome masculino alternativo para substituir os nomes das mulheres por quem estava interessada, só para deixar sua mãe feliz.

De que adiantava sua mãe estar feliz se o que a fazia feliz só servia para que Quinn se sentisse cada vez mais distante de sua família. Ela estava cansada de viver uma mentira. Por isso havia combinado de almoçar com seus pais naquele dia. Todo esse fingimento precisava acabar.

"Senhorita?"

"Hum?" Quinn olhou para cima e encontrou um garçom, que lhe oferecia um cardápio com um sorriso. "Oh, obrigada..."

"Quando estiverem prontos para pedir, é só chamar." Ele falou suavemente antes de se retirar.

"Oh, querida, viu o jeito como ele olhou para você?" Judy perguntou, seus olhos esverdeados brilharam para sua filha mais nova. "Não faça essa cara, filha, sei que ele é só um garçom, mas pode ser divertido se envolver com pessoas como ele..."

Quinn apertou os olhos, confusa por um momento e então seu rosto esquentou e ela balançou a cabeça violentamente. "Não! Não, não..." Ela riu baixinho. "Ah, mãe... Eu não... Na verdade, é sobre isso que eu queria falar vocês hoje..." Ela tomou coragem, pensando em como seria bom quando não precisasse mais lidar com situações como aquela. "Eu.. não tenho nada contra namorar com um garçom, mas não tenho nenhum interesse nisso e existe um por que... da minha falta de interesse, eu quero dizer..."

A loira olhou para seus pais, que pareciam um pouco confusos e franziu a testa.

"Vocês entendem?" Ela perguntou, um pouco hesitante.

"Claro que sim, querida. Você não está interessada no garçom." Sua mãe respondeu, fazendo um gesto aleatório com a mão antes de sorrir conspiratóriamente. "E eu aposto que sei o por que..."

"Sabe?" Russel e sua filha perguntaram em uníssono.

"Claro que sim, eu sou sua mãe e uma mãe sempre sabe..."

"É mesmo?" Quinn arqueou uma sobrancelha, um pouco insegura e consideravelmente chocada.

"Você está apaixonada!"

A loira abriu a boca. "Eu estou?" Judy fez que sim com a cabeça com um grande sorriso no rosto e Quinn cobriu os olhos com as mãos. "Eu acho que nós não estamos falando sobre a mesma coisa, mãe..."

"Oh, Quinn, você pode nos contar, é aquele Blaine, não é mesmo?"

"Blaine?" Ela arregalou os olhos. "Não!"

"Ele é tão bonito e vocês ficam tão bem juntos na TV..."

A loira encarava sua mãe e não sabia se ria ou gritava para ela parar.

"Vocês dois são inteligentes, são jornalistas, trabalham para a mesma emissora! Vocês dois são..."

"... gays." Completou Quinn em um suspiro.

"... perfeitos um para o... o que?" Judy parou de gesticular e olhou (realmente olhou) para a sua filha pela primeira vez naquele dia.

Quinn parecia tão pequena, encolhida em si mesma. Seu olhar estava fixo na mesa de vidro entre elas e seu rosto estava vermelho.

"O que você disse? Quinnie? Eu acho que entendi errado."

"Eu disse que Blaine é gay."

"Oh..." Ela se endireitou. "Bem, então quem é ele?"

"Ele quem, mãe?"

"O homem por quem você está apaixonada."

Quinn inspirou profundamente e se recostou na cadeira.

"Não tem ninguém. E nenhum homem.. E nem vai ter nenhum homem."

"Mas eu pensei..." Judy estava legitimamente confusa, a loira podia dizer. "Por que não?"

"Bem, por que eu também sou gay, mãe."

A senhora Fabray ficou em silêncio e Quinn não se atreveu a olhar para seu pai naquele momento.

"Por quê?" Judy finalmente gaguejou.

"Por que o quê?"

"Por que você acha que é gay?"

"Eu não acho, eu tenho certeza."

"Você não pode dizer uma coisa dessas... Como você pode ter certeza?" Judy balançou a cabeça, seus olhos verdes penetravam os dourados de sua filha de uma forma que literalmente doía em Quinn. "Você não era gay na semana passada..."

"Eu era sim... Eu sempre fui, mãe. Só demorei um pouquinho pra perceber..."

"E... como foi que você percebeu isso?" Ela teve um calafrio. "Você não... com outras mulheres, não é mesmo?"

Vermelho voltou a tingir o rosto de Quinn. "Bom, mãe, isso meio que faz parte do processo..."

"Oh, céus!" Ela pôs a mão no coração. "O que a gente precisa fazer pra que você volte ao normal? Tem algum médico? Ou... Ou você poderia falar com o padre Thomas... Ele sempre sabe o que dizer e..."

Quinn tampou os ouvidos e sentiu seus olhos arderem. "Eu sou normal!" Ela praticamente gritou, atraindo alguns olhares. "Eu sou normal. Eu não escolhi gostar de outras mulheres, mas não consigo evitar..."

"Como você pode saber, Quinn? Como? Isso é muito precipitado, nós deveríamos falar com..."

"Não! Mãe!" Ela exclamou, se inclinando sobre a mesa e sentindo um aperto terrível no peito. "Lembra quando eu era pequena e dizia que não gostava de cebolas?"

Judy respirou tremulamente e virou o resto de seu drink em um gole só antes de fazer que sim com a cabeça.

"Você disse que eu não poderia dizer que não gostava sem ter dado uma chance para ela. E eu comi a cebola e não gostei."

Os olhos de Judy estavam marejados e algumas lágrimas já escorriam pelas bochechas de sua filha.

"Então você disse: 'Tenta mais uma vez, talvez na segunda seja melhor.'" Quinn secou o rosto com as costas da mão. "E eu tentei e continuei detestando e até hoje, eu não consigo gostar de cebolas ou coisas que tenham cebolas."

"O-o que você está querendo dizer, Quinnie?"

"Pra mim, homens são como cebolas... Eu tentei gostar, eu experimentei, eu dei mais de uma chance, mas o gosto não parece certo pra mim."

Judy fungou. "Eu não entendo..."

"Eu não espero que você entenda, mãe... Eu só quero que você aceite..." Ela falou com uma voz quebrada.

"Oh, Quinn... Isso é mesmo sério?" Ela assoou o nariz discretamente no guardanapo de suposto cetim.

"Eu não brincaria sobre uma coisa dessas, mãe."

"Oh, Russel, você ouviu isso?"

Quinn finalmente se atreveu a lançar um olhar para seu pai. Ele estava sério e tinha as mãos cruzadas sobre a boca enquanto encarava um ponto do outro lado do restaurante.

De repente ele levantou o braço e as duas loiras se encolheram, mas ele apenas fez sinal para o garçom.

"Eu vou querer dois filés com bacon, um mal passado e mais um drink e uma salada grande para minha esposa, por favor." Pediu ele calmamente, devolvendo o cardápio ao rapaz sorridente antes de se voltar para sua filha, que o observava com perplexidade. "O que? Você não vai dizer que virou vegetariana também, não é mesmo?"

"Não, eu ainda.. Bacon."

"Fico feliz." Sorriu ele.

Quinn sorriu de volta timidamente, sem saber o que interpretar desse novo rumo inesperado. Nunca, em um milhão de anos, ela teria esperado essa reação de seu pai. Pelo menos não do Russel que a criara. Mas já fazia cinco anos que esse Russel não existia mais, graças ao Alcoólicos Anônimos...

Judy olhou para os dois e espalmou as mãos na mesa. "Russel! O que você está fazendo?!"

"Almoçando?" Perguntou ele, sem desviar os olhos dos de sua filha.

"Você não ouviu o que a nossa filha acabou de dizer? Como você pode ter apetite depois de ouvir uma coisa dessas?"

Ele se virou para ela lentamente. "Você quis sair cedo demais e eu não consegui tomar café."

"Sua filha acabou de dizer que já dormiu com outras mulheres e você simplesmente vai sentar e comer? Como se nada tivesse mudado?" Ela soou um pouco indignada e o seu tom de voz magoou Quinn profundamente.

"Eu não acho que nada tenha mudado. Não me sinto diferente. Você se sente diferente, Quinnie?"

A loira abriu a boca para responder, completamente em choque com a cena que se desenrolava a sua frente. "Não?"

"Viu? Nada mudou, Jud.."

"Russel!"

"O que você espera que eu diga, Judith?!" Ele finalmente elevou um pouco a voz, mas ela ainda soava perfeitamente contida. "Que eu vou deserdar minha filha mais nova só por que ela finalmente entendeu por que seus relacionamentos anteriores nunca deram certo?" Ele olhou para Quinn pelo canto do olho. "Sem ofenças."

Ela fez que não com a cabeça e apoiou o queixo no punho enquanto observava a estranha conversa.

"Bem, mais ou menos..." Respondeu a loira mais velha, um pouco sem jeito. "Você não está nem um pouco chocado com essa situação? Ofendido?"

"Chocado sim, mas não ofendido... A coisa que eu mais quero nesse mundo é ver as minhas duas meninas felizes e saudáveis e se Quinn acha que vai ser feliz com outra mulher, eu não vejo nada de errado nisso." Ele fez uma pausa. "Sem contar que a história das cebolas foi muito ilustrativa e convincente."

Quinn riu e seu pai a imitou.

"Eu acho que você não entendeu direito, querido, nossa filha é uma lésbica. Lésbica!"

Nesse momento o garçom retornou com o drink e Judy se encolheu em seu acento, cobrindo o rosto com as mãos.

"Como você pode aceitar isso, Russel?"

"Mãe..." Começou Quinn, estendendo uma mão para sua mãe, que se esquivou.

"Eu preciso de um tempo, Quinn. Desculpa." Ela se levantou. "Eu preciso de um tempo."

"Judy..." Russel também ficou em pé e tentou segurar o braço de sua esposa, mas ela foi mais rápida e contornou a mesa, saindo do restaurante em um piscar de olhos.

Quinn viu a porta bater e por um segundo esperou que seu pai a seguisse, mas mais uma vez se surpreendeu quando ele apenas voltou a sentar. "Minhas chaves estavam na bolsa dela... Vou precisar de uma carona para casa depois."

A loira fez que sim distraidamente, mas então percebeu o que ele havia acabado de dizer. "Espera, você ainda vai almoçar comigo?"

"Claro que sim, eu não atravessei a cidade para voltar de estomago vazio." Disse ele, procurando pelo garçom para cancelar a salada.

"Desculpa, pai..." Ela murmurou, sentindo sua garganta fechar em agonia.

"Não." Ele falou seriamente. "Eu peço desculpas pela sua mãe, Quinn. Ela anda tão preocupada com o divórcio da sua irmã, e... Bem, na verdade, quando Fran ligou dizendo que tinha noticias para contar, sua mãe achou que ela estivesse grávida."

"Oh..." Fez Quinn, arregalando os olhos. Sua irmã mais velha estava passando por um divorcio turbulento já fazia alguns meses, mas seus pais só ficaram sabendo sobre isso na semana anterior. Talvez ela realmente devesse ter adiado esse almoço no final das contas...

"E então hoje você.. Bem, muitas bombas e muito pouco tempo para se acostumar com elas." Ele falou, coçando a nuca em um gesto de desconforto. "Sua mãe estava esperando netos e recebeu um divorcio e uma filha..." Ele limpou a garganta.

"Gay."

"É..."

"Isso não significa que eu não possa ter filhos..."

"Eu sei disso, querida. E sua mãe também." Ele fez uma pausa e franziu a testa. "Na verdade, nossos novos vizinhos são..."

"Alguém finalmente se mudou para a casa dos Rutherford?" Ela perguntou, feliz em mudar o assunto da conversa.

"Sim, um casal de irmãos. Acho que eles devem ter a sua idade. Sua mãe sabe mais sobre eles, a menina, Rachel, ou algo assim, ela também trabalha no hospital."

"Humm..." Judy era uma enfermeira na ala infantil do Presbyterian Hospital em NY.

"E o irmão tem um negocio de limpeza de piscinas, não consigo lembrar o nome dele, mas é algo judeu." A comida chegou e eles foram interrompidos por alguns segundos. "Mas o que eu queria dizer com isso é que, aparentemente, eles foram criados por um casal de homens. E são pessoas perfeitamente normais!" Ele exclamou, como se aquilo fosse surpreendente.

Quinn arqueou uma sobrancelha, mas permaneceu em silencio, mastigando seu almoço sem muita vontade.

"E eu sei que você vai ser uma boa mãe algum dia, mesmo que seja junto com outra mulher." Ele enfiou um grande pedaço de carne dentro da boca.

A loira apertou os olhos. "Pai?"

"Humm?"

"Por que você está tão tranquilo com isso?" Ela encolheu os ombros. "Entre você e mamãe, eu sempre pensei que..."

Russel largou seus talheres e limpou a boca. "Você é uma mulher adulta, Quinn. Já faz anos que mora sozinha e eu não tenho mais o direito de interferir na sua vida." Ele tomou um gole de água. "Eu concordo com isso? Não. Também não entendo. Mas você é minha filha, e eu te amo. Isso nunca vai mudar, independente do que você escolher fazer com a sua vida..." Ele colocou uma mão sobre a dela por cima da mesa. "Eu só quero te ver feliz, minha querida."

Ela se viu sem palavras, sentindo-se afogar no olhar intenso de seu pai. "Obrigada..." Ela acabou murmurando.

"E sua mãe pensa da mesma maneira, ela só precisa se acostumar com a ideia... Eu vou falar com ela essa noite e tudo vai ficar bem."

"Tomara..."

"Oh, você conhece a pessoa, em menos de uma semana ela já vai estar tentando te arrumar um.. uma..." Ele umedeceu os lábios. "... namorada."

Quinn concordou com a cabeça sem realmente acreditar naquelas palavras, mas por outro lado, vindo de sua mãe, nada era realmente impossível.

...

NA: Então, o que acharam?

Comentários pelo próximo?

(A Rachel vai aparecer nele :D)

Abraços e boa noite! E comentem, é claro..