RECONQUISTA

SHIRYUMITSUKO

(Shiryu Forever 94 e Akane Mitsuko Adachi Sagahara Tange)

Categoria: Saint Seiya, Slash/Yaoi, Radamanthys e Valentine, Longfic, Angst, Lemon

Outros personagens: os participantes da Saga de Hades

Não indicada para menores de 18 anos.

SINOPSE: Conquistar um amor pode ser complicado. Manter o amor e a paixão pode ser ainda pior. O que fazer para que um sentimento profundo, verdadeiro, forte, não se perca em meio aos problemas do dia-a-dia? Crises no relacionamento podem até ser comuns, resolver exige tempo, dedicação, paciência. Será que Radamanthys e Valentine estão dispostos a isso?

DISCLAIMER: Saint Seiya não nos pertence. Todos os direitos são de Masami Kurumada. Trabalho sem fins lucrativos, apenas para diversão. Proibida a reprodução ou citação de trechos da fanfiction sem créditos ou sem prévia autorização. Se gostou de alguma de nossas idéias, ficaremos felizes em cedê-las para seu uso, apenas nos deixe saber e nos dê os créditos. Dá trabalho ser criativo. Respeite para ser respeitado. Além de boa educação, sinal de caráter e ética.

Aviso: Esta fanfic foi presente para Akane. Ela está terminada. Os capítulos serão postados uma vez por semana. Espero que apreciem, boa leitura.

Capítulo Primeiro

Um Dia Comum

Radamanthys chegou em casa, o belo castelo da Escócia que adotara como lar. Não tinha um trabalho muito comum. Afinal, caçar demônios perdidos não era exatamente um trabalho. Administrar almas que qualquer um preferiria nunca ter que ver também não. Vigiar infernos, então...

O inglês perguntou pelo marido e, para variar, ouviu que ele deveria estar lendo, ou vendo dvd, ou, talvez, cuidando de Angel. Suspirou. Não ganhava mais beijos quando chegava, nem abraços. Apenas um oi ou dois, se tivesse sorte. Sabia que demorara dessa vez. Ficara até bem tarde conversando com Ayacos e não lhe ocorrera avisar em casa. Ora, eram coisas de trabalho, Valentine entenderia. Além disso, por que Val não telefonara para saber?

Subiu para o quarto de casal. Vazio. Entrou no banho e ficou calado um tempo, embaixo do chuveiro. Sexo era algo que não estava muito presente em sua vida fazia... Por Hades, um mês? Assobiou baixinho. E eram sempre tão apaixonados antes.

Valentine sentira quando o Kyoto voltara, mas continuou onde estava, brincando um tanto com o filho, mas não muito feliz. Estava há algum tempo estranhando o jeito do marido. Apesar de saber que as missões dele estavam difíceis, mesmo em dias normais ele chegava muito depois do que deveria, e naquele dia fora pior... Era quase meia noite!

"Angel, parece que seu pai teve outro dia cheio." Pegou o pequenino no colo um pouco e fez-lhe carinhos. Os mesmos olhos dourados, o mesmo jeitinho de olhar. E o que realmente chamava a atenção eram aqueles olhos cor de âmbar. Parecia vidro dourado. Era bonito. Gostava disso em Angel e tinha se apaixonado pelo olhar de Radamanthys.

"Só não sei se essa paixão ainda aguenta mais alguma coisa." Suspirou. Apenas estava com o pequeno até agora porque ele não quisera dormir de jeito nenhum. Permaneceu observando o filho de ambos, não estava com vontade alguma de conversar com o inglês. Afinal, falar sobre o que? E antes se entendiam tão bem.

O loiro saiu do banho com os cabelos úmidos e o cheiro bom do seu perfume masculino se espalhou no quarto. Estava meio frio, escolhera um pijama de seda negro de calças compridas. Colocara seu par de chinelos e decidiu que precisava comer algo. Ia descer, mas ao passar pela porta do quarto de Angel, sentiu o cosmo de Valentine. Pousou a mão na maçaneta. Mordeu os lábios de leve. Ponderou que não queria atrapalhar Valentine, sabia que o filho estava acordado pelos sonzinhos. Mas era tarde. Muito tarde. Acabou entrando no quarto com ar sério.

"Valentine, por que o Angel ainda está acordado?" Nem boa noite, nem como foi seu dia, simplesmente uma cobrança. Seu olhar era distante, se Valentine olhasse para ele, o que duvidava, não saberia o que lhe ia na alma.

Harpia viu-se frustrado na sua esperança de que o outro não se dirigisse a ele. Estava sentado no chão, meio de costas para a porta quando ouviu a pergunta e escondeu um tanto de surpresa. Se fosse dizer realmente o que achara da pergunta dele, iriam brigar. E nem para isso andava com ânimo. Que milagre! Radamanthys falara com ele? Bem, falara não, dera uma bronca indireta. Odiava isso no marido. Usou seu melhor tom de indiferença, olhando apenas para o filho. "Porque ele dormiu quase o dia inteiro e não está cansado."

"Sei. E ele dormiu o dia inteiro por que..." Radamanthys andou lentamente e viu o sorrisinho do filho, pegou-o no colo sem nem se preocupar com Valentine, deixando-o de lado. "Eita rapazinho, o que faz acordado? É quase uma da manhã. Hum, papai chegou tarde não foi?" Pegou-o e embalou-o um pouco, pensando no que gostaria de fazer. "Valentine, se quiser, vá dormir, eu fico com ele." Afinal, tudo menos ter que ir para uma longa sessão de silêncios na cama do casal.

Se Valentine tinha ainda algum humor, perdera-o no momento em que o Kyoto simplesmente não lhe dera a mínima. Tinha, obviamente, suas próprias teorias, as quais já tinha quase como certezas, para a demora do Kyoto e a distância entre os dois sempre que ficavam sozinhos. Quando o marido pegou Angel nos braços, levantou-se suspirando. Estava um tanto cansado mesmo e, ora, a quem queria enganar? Achando o que achava não conseguia ficar muito tempo ao lado de Radamanthys. Murmurou uma leve concordância e saiu do quarto, indo direto para o que dividia com o Kyoto e se deixou deitar na cama, encolhido de um lado desta.

"Não me espere." Foi tudo que o inglês disse ao ver o marido, tão bonito, se afastar. Havia algo no cosmo dele, uma certa tristeza e não sabia o motivo. Quem deveria estar triste não era ele, Radamanthys? Suspirou e pôs-se a ver um filme infantil com o pequeno que queria tudo, menos dormir. Depois de mais de uma hora e meia, quase três da manhã, finalmente o pequenino resolveu adormecer e Radamanthys o colocou na caminha, cobrindo-o e verificando tudo, as fraldas, a manta, a temperatura do quarto. Amava o filho.

O Kyoto pegou-se observando quanto de Valentine havia na criança. Os mesmos lábios bonitos, o ruivinho dos cabelos macios. A pele alva. Suspirou profundamente. Era o filho que tinha com Valentine! Amava o espectro ruivo! E que diabos estava havendo com eles? Saiu do quarto e foi comer alguma coisa, não sabia o que fazer. Subiu bem tarde, cansado, teria trabalho de novo, o dia inteiro, e precisava dormir um pouco. Escovou os dentes e reparou que Valentine dormia encolhido de um lado da cama. Por que? Ajeitou-o meigamente e o cobriu com o cobertor macio, passando os dedos na face meio contrita dele. Nem dormindo ele parecia relaxado. Deitou meio distante do corpo menor e sentiu saudades de afagá-lo com carinho e de dormirem após fazerem amor apaixonadamente. Teriam que conversar.

Nem bem amanhecera e o espectro de Harpia acordou. Franziu o cenho ao ver o cobertor macio sobre seu corpo. Não se lembrava de tê-lo pego. Olhou para o lado. Seu marido ainda dormia. Tanto melhor. Mal se falavam mesmo. Levantou-se imediatamente, observando os traços masculinos, o jeito imponente que não diminuía nem quando o dono da masei da ferocidade dormia. Tinha consciência que Radamanthys de Wyvern não era qualquer um. O problema é que começava a ter certeza que não era o bastante o que ele, Valentine, sentia. E que o Kyoto era um grande partido e que do jeito como andava para cá e para lá, não apenas no meikai, mas na superfície, certamente outras pessoas haveriam de reparar no quanto ele era incrível.

Valentine irritou-se profundamente ao descobrir que nem com toda a desconfiança e um tanto de raiva que tinha pelo marido nos últimos tempos conseguia deixar de amá-lo. E de achá-lo bonito, agressivamente sedutor e lascivamente perigoso. Revirou os olhos. No mínimo o "amante", ou a "amante", do Kyoto, também achava. Sentiu-se enjoado ao pensar no seu marido na cama com outra pessoa e seu coração descompassou de frustração. Praticamente se escondeu na suíte do casal, abrindo o chuveiro para um banho rápido. Por que Radamanthys tinha que ser um pai tão dedicado? Se bem que nem tanto, ultimamente. Mas ele amava Angel, sabia que sim. Se não fosse pelo pequeno, que certamente ficaria inconsolável, Val poderia sumir com o filho e pronto.

"Ah, claro, e Rada certamente ficaria quieto esperando o tempo passar. Eu seria caçado até o final do mundo. E ele provavelmente iria me matar. Se bem que, sem ele, não sei bem se me sinto muito vivo." A voz baixa e tristinha de Valentine. Nem parecia o garboso, poderoso, distante espectro do Cocytes. O que o amor lhe fizera? O que lhe trouxera? A resposta veio rápida: Angel. Não, era mais do que isso. Não era só Angel. Ainda amava o desgraçado do Kyoto do Inferno!

"Radamanthys, por que se casou comigo..." Entrou no chuveiro um tanto deprimido.

Enquanto isso, no quarto, um loiro furibundo pulava da cama.

"Droga de despertador e de cansaço acumulado!" E por que Valentine não o chamara, seu marido sempre sabia seus horários. Ora, que diabos!

Wyvern estava ligeiramente atrasado, o que para ele, de hábitos ingleses e pontualidade impecável, era horrível. Viu a cama vazia e sequer parou para pensar. O banheiro do casal estava trancado. Pegou uma toalha e foi para outro quarto. Banho tomado, rápido e eficiente, sequer pensava em qualquer coisa que não fosse trabalho e horário. Entrou no quarto do casal apressado e determinado. A expressão fechada de quem não tem tempo algum a perder. Reunião para decidir detalhes da anexação de uma parte do inferno da Malásia. Que agradável! Outro glorioso dia com mil reuniões enfadonhas.

Valentine terminou seu banho e ao sentir a energia forte do Kyoto hesitou se sairia logo da suíte, não queria vê-lo. Não agora. Se bem que, quase não o via mesmo.

Radamanthys pegou um terno negro como seu cosmo poderoso e aprumou o porte incrivelmente perfeito. Estava pronto. Pegou uma maleta de trabalho e olhou o relógio. Algum tempo ainda tinha, ainda bem. Foi para o quarto do filho que ainda dormia e o beijou, demorando-se ao vê-lo ressonar tranquilamente.

Quando Radamanthys saiu do imenso quarto de casal, Harpia se dignou sair da suíte. Suspirou profundamente. Não estava feliz. Mordeu os lábios de leve e foi se vestir. Teria alguns trabalhos também. Nada de muito complexo, mas tinha que dar conta do Cocytes, afinal. Dar café da manhã ao filho, treinar um tanto, talvez esquecesse de remoer a solidão que sentia.

"Kyoto insuportável." Pensou alto e, no fundo, sabia que não era exatamente o que sentia.