No World For Tomorrow - Prólogo.
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Bem... a ideia original dessa fic é da Blanxe, mas sabe, ela não quis escrever e como eu me amarrei no enredo, ela o cedeu pra mim :D boazinha ela ne? -abraça Blanxe- pois é... então, eu fiquei de fazer uma homenagem pra ela senão ela ameaçou que ia chamar a advogada pra dizer que eu roubeeei o enredo dela A-A... BLANXE, a fic é sua! Eu só peguei pra escrever! -rindo- Mas se vc quiser pegar de volta, eu sinto mt :D perdeeeeu!
Beta: Cristal Samejima
'There's no world for tomorrow if we wait for today.'
Sequer olhou para trás, engolindo todo o pesar que sentia enquanto se desviava habilmente dos tiros desferidos em sua direção. A amargura que lhe tomava o peito estava sendo sumamente ignorada, afinal não havia tempo para sentir absolutamente nada; ela estava em sua cola e o máximo que poderia fazer era lutar para que não ser atingido. Mas ela não estava sozinha, o que ele só percebeu concretamente após ser atingido na asa esquerda do caça, fazendo-o perder o controle momentaneamente. Lutou para se manter no ar, sem saber ao certo o que fazer; não tinha para onde ir ou o que fazer, afinal seu próprio povo o estava caçando.
Era como se fosse um pesadelo, algo que jamais imaginou que aconteceria consigo. As imagens ainda eram vívidas em sua mente, como se aquela cena insistisse em permanecer grudada em seus olhos, por mais que tentasse afastá-la. E aquilo fazia com que um ódio descomunal queimasse por seu corpo, enquanto sua respiração se tornava mais pesada e seus olhos se estreitavam. Aquele maldito não sairia impune! Mesmo que tivesse de passar a vida se escondendo para que um dia pudesse se vingar, não hesitaria em fazê-lo. E não o faria apenas por si, mas por seus pais e por todos que haviam acreditado naquele miserável. Devia-lhes tal vingança.
Ainda podia ouvir-lhe a voz ordenando a um soldado qualquer sua execução. Heero simplesmente não pôde suportar ver o homem que seus pais haviam confiado a vida toda ordenar, simplesmente, que ele fosse morto para que não houvesse empecilhos para que se tornasse imperador de fato. Era como se tudo o que havia vivido até aquele momento fosse uma farsa.
Mas afastou tais pensamentos enquanto ouvia o barulho dos controles do caça apitarem descoordenadamente, fazendo-o ter certeza de que não conseguiria mantê-lo no ar por muito tempo. Com um grande solavanco, tentou guiar-se para o pântano que estava abaixo de si, evitando colidir com algo que fizesse seu caça explodir. Bateu forte a cabeça de contra os controles quando o pouso forçado se fez, mas não deixou que a súbita tonteira o tomasse, tentando pelo menos abrir o cockpick, porém não tendo força o suficiente para afastar a vidro emperrado. Soube, então, que estava perdido quando a escuridão o tragou sem que tivesse mais como evitar.
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O alarme soou, fazendo com que toda a base ficasse instantaneamente em alerta. Podia-se ver, pelo radar, que um dos caças Ulronianos havia invadido o espaço aéreo da base e estava sendo perseguido por outros dois, além de ter um outro próximo demais. Os tiros desferidos pelo caça mais próximo eram desviados pelo perseguido com uma habilidade incomum, fazendo com que o líder da tropa humana franzisse o cenho em admiração.
- Esse piloto é bom. – Ele comentou, respeitosamente.
- Por que será? Talvez seja porque ele é alien, quem sabe? – Ironizou um dos membros da equipe, de nome Wufei Chang, com a expressão desdenhosa.
Mas foi solenemente ignorando quando, de súbito, o líder ficou de pé, olhando objetivamente para o radar e percebendo a vantagem que aquela situação poderia lhe trazer.
- Vamos interceptá-lo. – Disse, firmemente. – Quero todos da equipe no salão principal em três minutos. A situação é 'emergência'.
Não esperou para ouvir qualquer resposta, deixando a sala de controle em poucos segundos. Não perderia a oportunidade de capturar um Ulroniano e deixar os cientistas da base estudarem-no de perto. Eles poderiam verificar as suposições sobre aquele povo, permitindo que os pontos fracos e os fortes fossem mais bem conhecidos e desse modo terem mais sorte num futuro ataque.
- Ele ficou louco! Maxwell finalmente perdeu a cabeça! – Ouviu Wufei vociferar, irado, ainda na sala de controle.
Sorriu. Não se importava com os insultos de Wufei quanto a sua capacidade, afinal sabia-se bom o suficiente para liderar as tropas humanas. Havia estudado a vida inteira para isso e, mesmo com sua pouca idade, tinha consciência de que daria conta do que lhe fora designado.
Sabia que Lady Une repassaria suas ordens por toda a base; ela confiava em si o suficiente para não contestá-lo e entender suas decisões. Une, ou Lady como todos gostavam de se referir a ela, havia sido a cientista que planejara aquela imensa base subterrânea, onde a maioria dos humanos sobreviventes habitava, sendo considerada praticamente a Comandante do lugar além de ter vasta experiência no campo militar. Admirava-a consideravelmente e lhe seria eternamente grato por tê-lo designado para seu posto atual.
Dentro do prazo de três minutos, seus soldados estavam no salão como o esperado, aguardando por suas ordens.
- E então, Duo? O que está acontecendo? – Um de seus soldados, Quatre Winner, perguntou, visivelmente preocupado pelo soar do alarme e pela reunião emergencial no salão principal.
- Vamos interceptar um caça Ulroniano que invadiu nosso espaço aéreo e está sendo perseguido por mais três também Ulronianos. Quero você, Barton, Fillmore, Deburgh e Claston prontos para partir e o resto em posição de alerta para qualquer emergência. – Declarou, vendo os soldados assentirem e baterem continência.
- Eu vou ficar? – Wufei perguntou, indignado.
- Sim. – O líder respondeu, sem qualquer expressão em seu rosto.
- Maxwell, você não tem o direito! – O soldado voltou a se posicionar, aparentando estar ainda mais irritado.
- Oh, mas eu tenho. Você se esqueceu de quem dá as ordens por aqui sou eu? – Duo retrucou, sorrindo maliciosamente.
E aquilo pareceu atingir a ira de Wufei, fazendo o soldado aproximar-se de seu superior e o encarar duramente nos olhos.
- Você vive num mundo fantasioso, Maxwell. Vai arriscar nossas vidas por uma causa infundada! – O jovem discutiu, fazendo com que Duo estreitasse os olhos, começando realmente se irritar.
- É? Mas não está em sua posição questionar uma ordem minha. – O líder respondeu, ainda tentando manter a voz impassível.
- Como você pode saber o que é melhor para uma base inteira? Você é apenas um... – Wufei calou-se antes de concluir a frase, arrependendo-se imediatamente de tê-la começado ao ver a raiva faiscar nos olhos violetas de seu superior.
- Um ninguém? É, talvez você esteja certo. Mas com certeza, o ninguém aqui é muito melhor que você, afinal de contas foi o ninguém que conseguiu o posto de líder dessa tropa. – Duo constatou, sinalizando para que os soldados escolhidos o seguissem, mas estancou antes de prosseguir seu caminho. – E se você não gostou, o problema é seu.
Voltou a caminhar, seguindo para o hangar com os cinco soldados em seu encalço. Estava com raiva por ter sido praticamente humilhado por Wufei na frente de seus subordinados, mas não poderia demonstrar o quanto aquilo o atingira.
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Duo percebeu que os caças Ulronianos haviam parado de perseguir o fugitivo assim que sua tropa se fez presente, logo após terem atingido a asa deste. Ainda não conseguia entender como os Ulronianos eram capazes de tentar destruir um de seus próprios, mas julgou haver alguma boa razão. E só esperava que tal razão trouxesse vantagem para si.
- Trowa, lidere o combate. Eu vou atrás do caça atingido. – Ordenou pelo comunicador, vendo o belo homem de olhos verdes assentir, porém franzir o cenho.
- Cuidado, pode ser uma armadilha. – Trowa advertiu, vendo seu líder sorrir.
- Não se preocupe, eu tomarei. – Duo declarou, fechando a comunicação e seguindo atrás de seu objetivo.
Seguiu o caça danificado, vendo-o pousar forçadamente em uma região pantanosa, abrindo uma enorme clareira com o rastro do pouso. Não demorou a que pousasse em seu encalço, no início da clareira anteriormente aberta, e saísse do próprio caça. Empunhou sua arma, tentando engolir o temor que ameaçava tomá-lo, mas ao mesmo tempo curioso para ver aquele ser de perto. Nunca havia visto um Ulroniano além das fotos que havia na base e, na verdade, não os achara assim tão diferentes dos humanos. O pântano em si não ajudava muito para que afastasse aquele medo de si, dando um clima ainda mais sinistro para sua exploração com seu jogo de sombras e barulhos inconstantes.
Caminhou até o caça alienígena e olhou para seu interior pelo vidro, que aparentava estar emperrado. O Ulroniano parecia desmaiado ou até mesmo morto. Observou-o detalhadamente, percebendo a pele mais clara que a sua, mas estranhamente um pouco mais... brilhante. Os cabelos escuros caiam, numa franja, por sua testa e o Ulroniano parecia exageradamente pálido. Talvez estivesse realmente morto... Mas queria ter certeza, por isso empurrou o vidro do cockpit com força, vendo-o se abrir num estalo. Tocou-lhe o braço, notando-o bastante frio e teve praticamente certeza de que estava morto. Mas, quando sua mão deixou-lhe a pele, o Ulroniano gemeu baixo, abrindo os olhos vagarosamente, fazendo Duo se sobressaltar e apontar-lhe a arma.
- Me ajuda... – Foi o que Duo conseguiu captar do segundo gemido que o Ulroniano proferiu, franzindo o cenho e o observando minuciosamente.
O Ulroniano estava gravemente ferido e parecia ter perdido bastante sangue, além de aparentar confusão. Duo então suspirou, assentindo calmamente e o olhando nos olhos.
- Vou tentar. – Respondeu de forma firme. Mas o Ulroniano simplesmente encostou a cabeça novamente no banco e voltou a desmaiar, fazendo Duo rolar os olhos. – A gente dá a mão e eles querem o braço.
Pegou o comunicador no cinto e contactou Une, sabendo que a Comandante estava monitorando tudo pela base.
- Milady, temos um problema. – Disse, chamando-a pelo apelido que dera a ela, carinhosamente.
- E que problema é esse que te fez sair do seu caça, Duo? – A mulher respondeu e Duo poderia jurar que ela não estava feliz por suas atitudes.
- O caça Ulroniano foi abatido pelos outros três e o piloto não está nada bem. – Respondeu, suspirando novamente ao olhar para o ser desmaiado. – Preciso de ajuda para levá-lo para a base.
- Qual o status dele? – A Comandante perguntou, soando levemente preocupada. E Duo soube então que a mulher tivera a mesma idéia que ele, sobre o fato de querer pesquisar o Ulroniano.
- Eu diria 'bem ferrado', mas não dá pra saber ao certo... ele parece ter perdido bastante sangue, o cockpit pelo menos está ensopado. E ele está desmaiado e aparentemente atordoado. Deve ter batido a cabeça. – Duo declarou, observando o interior do caça analiticamente.
Houve uma pequena pausa, que o líder julgou ser para que a Comandante pensasse, até que veio sua resposta.
- Vou pedir para que Trowa o ajude. A batalha já esta sob controle. – Ela disse, por fim e Duo quase sorriu diante de sua resposta.
Mas sua suposta animação morreu assim que, ao desligar a conexão, percebeu que outro caça Ulroniano havia pousado na clareira e olhou a sua volta, escondendo-se em um pedaço da asa de modo a ficar praticamente invisível. Notou que uma Ulroniana havia descido do caça e caminhava vagarosamente até o que havia sido abatido. Notou as feições tristes, além da roupa estranha e dos longos cabelos presos num rabo de cavalo alto, além de um cinto que possuíam o que Duo julgou ser dois cristais de quartzo rosa. A Ulroniana estava agora a sua frente, mas não o havia notado, para sua sorte, olhando apenas para o ser inconsciente dentro do caça abatido.
- Desgraçado... – Ela murmurou, franzindo o cenho exageradamente como se para evitar as lágrimas. – Eu gostava de você.
Mas Duo perdeu o equilíbrio e caiu de joelhos, o barulho o denunciando. Recuperou-se rapidamente e empunhou sua arma, apontando-a em direção da Ulroniana, que parecia visivelmente surpresa.
- Você acha que pode me deter com isso? – Ela perguntou, olhando para a arma de Duo desdenhosamente. – Você só pode estar brincando!
Dito isso, a Ulroniana tirou um dos cristais de seu cinto, jogando-o em direção à Duo que desviou rapidamente, arrepiando-se ao sentir o deslocamento de ar próximo ao seu pescoço, onde supostamente o cristal o atingiria. Aproveitando-se de sua distração, a Ulroniana criou uma espada psíquica com o outro cristal atingindo, com essa, a mão de Duo e o fazendo largar a arma com um grito surpreso. O líder da tropa humana sentiu a mão estranhamente dormente e encostou-se ao caça, sem saber ao certo o que fazer. E, quando a Ulroniana parecia pronta para golpeá-lo, um tiro a atingiu no ombro, fazendo-a arfar e arregalar os olhos, virando-se na direção do disparo.
- Como ousa, humano inútil? – Ela questionou, olhando-o com visível nojo.
E Duo sorriu ao constatar que quem a impedira havia sido Trowa, vendo a Ulroniana se encaminhar depressa ao próprio caça e partir da clareira.
- Bem na hora. – Duo comentou, sentindo seu coração acelerar quando viu seu subordinado devolver-lhe o sorriso.
- Você está bem? – Trowa perguntou, precipitando-se até ele e o examinando com os olhos.
- É... só aquela coisa estranha da Ulroniana que deixou minha mão dormente, mas já ta tudo normal agora. Não sei o que era aquilo... – O líder respondeu, evitando olhar para Trowa nos olhos por estar constrangido. Não poderia deixar que ele notasse o quanto mexia consigo...
- Hn... e por que você está fora do seu caça? – O soldado voltou a questioná-lo em sua voz contida, erguendo uma sobrancelha em curiosidade.
- Vim verificar como estava o piloto do caça abatido. Temos que levá-lo para a base.
E Duo quase enrubesceu diante da expressão surpresa de Trowa, achando-o ainda mais atraente daquela forma.
- Quê? – Ele perguntou, confuso.
- Pesquisas. Ele pode útil... – Duo explicou, vendo a expressão do subordinado se tornar desconfiada.
- E pode ser perigoso também. Pode atrair os Ulronianos direto para nossa base num ataque para recuperá-lo. – Trowa contestou, sério.
- Eu duvido muito. Ele foi abatido por Ulronianos, lembra? E não podemos deixá-lo morrer aqui...
O líder o percebeu estancar, como se estivesse refletindo, aproveitando-se de sua distração para observá-lo melhor. Trowa era lindo... suas feições eram delicadas, mas ainda assim masculinas e a franja, que cobria um de seus olhos, fazia com que um ar ainda mais misterioso rondasse o calado jovem. Duo sabia que Trowa não era tímido, como alguns gostavam de acreditar, apenas silencioso, o que o deixava ainda mais curioso para desvendar aquela personalidade tão exótica.
- Não sei, Duo... ainda não acho seguro. – O soldado opinou, franzindo suavemente a sobrancelha. – Mas vamos levá-lo logo antes que algo mais aconteça.
Duo assentiu, inclinando-se até o cockpit do caça abatido e, com a ajuda de Trowa, tirou o Ulroniano do caça delicadamente. Percebeu que este estava recobrando os sentidos e o segurou com mais firmeza, notando que seu subordinado fizera o mesmo.
Heero, ao notar-se sendo amparado por dois humanos, se assustou e travou, tentando inutilmente se soltar, enquanto buscava com os olhos algo que pudesse servir-lhe de arma.
- Me soltem! – Bradou, percebendo que o humano com a franja estranha fizera exatamente isso, mas o de cabelos longos continuava segurando-o firmemente pelo braço.
- Você não consegue nem ficar em pé, Ulroniano. Aceite a ajuda que pediu. Além do mais, nesse estado, você não pode fazer nada. – O humano de cabelos longos disse, calmamente, fazendo-o suspirar resignado. Percebeu-o olhar para o outro humano numa ordem clara para que voltasse a ampará-lo e notou o respeito que aquele estranho ser emanava.
Deixou-se então ser levado para a base humana sem protestar, sabendo que não poderia fazê-lo nem se quisesse.
