Título: Forever
Autora: Kaline Bogard
Casal: MxK, AxUxA, talvez outros mencionados
Classificação: NC-17
Orientação: yaoi
Sinopse:Na tragédia encontramos os verdadeiros heróis e se confirmam os mais fortes sentimentos. Na tragédia é sempre difícil dizer adeus. A natureza acabara de provar sua força, e todos sentiram na própria pele. Viva cada dia com intensidade, pois nada, evidentemente, dura para sempre...
Gênero: angust, tragédia, romance, deathfic
Beta: Eri-Chan
Disclamer: the GazettE pertence à PSCompany. Eu escrevo sobre eles apenas para me divertir e distrair outras pessoas. Sem fins lucrativos.
Observação: Universo Alternativo, fic presente para Aria-chan porque os lemons dela sempre me animam nas tardes frias #rola#. Título da fic baseado em uma música do X-Japan (Forever Love).
Forever
Kaline Bogard
Prólogo
Colocou o copo sobre o balcão e suspirou. O líquido estava tão gelado que o vapor se condensara no vidro e escorria. O bar não estava tão lotado quanto nos fins de semana, mas havia bastante gente.
Estava tão distraído que levou um pequeno susto quando um rapaz alto, de cabelos tingidos de azul sentou-se ao seu lado e foi logo cumprimentando:
– Yo!
– Yo. – respondeu de volta educado, sem querer animar o recém chegado. Não fora ao bar em busca daquele tipo de diversão, queria apenas beber e relaxar.
Mas o espalhafatoso rapaz não parecia desistir fácil:
– Você tem sorte, acabei de chegar pra te distrair.
– Ora. E quem disse que eu quero? – perdeu um pouco da paciência.
– Ah, mas você é o mais bonito aqui hoje, merece minha atenção.
Corou de leve com a cantada direta. Pegou o copo e tomou um gole pra disfarçar, o que fez o rapaz de cabelos azuis sorrir convencido.
– Eu conheço muitas cantadas. Posso ficar te alugando a noite tooooda. Então por que não me deixa fisgá-lo logo? Assim a gente ganha tempo pros amassos.
Ao ouvir aquilo engasgou com a bebida, achando que o mais alto passara de todos os limites. Ofendido recusou:
– Ie. Está enganado comigo se pensa que...
– Gomen! – arregalou os olhos de forma incrivelmente inocente pra quem acabara de mandar uma cantada indecente – Me expressei mal! Você acredita em 'amor à primeira vista'.
– Definitivamente você está louco. Melhor ir embora...
Enfiou a mão no bolso para pegar a carteira quando sentiu que os dedos esguios do desconhecido tocavam seu braço gentilmente, impedindo-o de continuar suas intenções. Surpreso e desconfiado, olhou para ele que explicou:
– Espera. Me dê uma nova chance... – limpou a garganta.
– Nani...? – confuso, não compreendeu o pedido. Pra sua surpresa, o recém-chegado começou a cantar:
– "Itoshii hito...daijoubu, sabishika nai deshou datte anata ga sabishii toki, boku mo sabishii n da yo?" – tinha voz grave, quase rouca, surpreendentemente melodiosa que lhe agradou e encantou. Apesar disso não se deu por vencido:
– Esse foi o xaveco mais desafinado que eu recebi... – e riu, começando a sentir-se lisonjeado com a insistência do rapaz alto, cheio de tatuagens e cabelo tingido, desistindo de ir embora.
– Mas funcionou? – perguntou esperançoso, satisfeito ao ver o rosto delicado do moreninho se abrir em um sorriso. Adorou as covinhas.
– Não. – tentou ficar sério sem conseguir.
Empolgando-se com a reação favorável, o pseudocantor continuou:
– "Anata no tame nara shineru ja nakute. Anata no tame ni ikiru koto ni shita yo. Mochiron anata mo goisho ni. Koko no saki mo, sono saki mo." – prestando atenção percebia-se que não era tão ruim cantando, tinha ritmo e a composição era interessante. Apesar disso não pôde deixar de provocar, agora com bom humor:
– Continua desafinado...
– Funcionou dessa vez? – repetiu fazendo uma carinha dengosa que derreteu o outro.
– Talvez... – declarou misterioso, sabendo-se começar a se interessar pelo rapaz tão exótico e insistente.
– Yatta! Permita que pague a próxima rodada. Pode me chamar de Miyavi. Seu nome é...
– Yutaka. Uke yutaka. – sorriu fechando os olhos – Mas pode me chamar de Kai.
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Completamente desperto, Kai abriu os olhos. Tinha sonhado com a noite em que conhecera seu namorado, há três anos passados.
– Ah, como fui cair naquele papo...? – riu da própria pergunta. Estavam juntos desde então e a paixão parecia longe de acabar ou diminuir. Talvez fosse um autêntico caso de "almas-gêmeas" que se encontram. O fato é que se amavam cada vez mais.
Deixando a preguiça de lado olhou no despertador. Passava da uma da tarde. Ele não tinha costume de dormir até tão tarde, mas fora à festa de aniversário da mãe e chegara de madrugada, exausto pela viagem.
Era uma correria danada, porque queria passar a virada do ano com Miyavi, infelizmente longe da família, por isso não pudera faltar ao aniversário da mãe, nascida entre duas datas importantes.
Morria de saudades de Miyavi, pois o namorado estava em turnê e chegaria à noite do Reveillon, que seria comemorado no prédio da PSC, gravadora da qual o tatuado fazia parte, deslanchando na carreira solo.
Naquele momento o celular tocou. Esticou-se para pegá-lo na mesinha de cabeceira. Era Uruha.
– Moshi moshi. Ohayo, Uruha.
– Ohayo, Kai-chan!
– O que foi?
– Ah, tô ligando pra cancelar a carona. Aoi conseguiu mudar os planos e vai me pegar em casa.
– Ora, você nem gostou né? Fico feliz que ele tenha conseguido!
– Não quer vir com a gente? Miyavi ainda não chegou, não é?
– Hn. Mas eu me encontrarei com ele na PSC. Miyavi já me enviou um e-mail, estará chegando hoje. Pediu pra gente se encontrar lá.
– Claro. Se ele for pra sua casa vocês nem vão à festa. Vão comemorar aí mesmo. – e riu da insinuação.
Kai rolou os olhos: – Nem todos são tarados que nem você, Uru.
– Mas é o Mi-ya-vi. Ele não é tão tarado quanto eu. É mais. – riu outra vez – Então a gente se vê hoje à noite! E é melhor se prevenir, ouvi na TV que vem chuva forte.
– Hai, hai, okasan! – e Kai desligou o celular. Já tinha escolhido sua roupa: um terno branco, muito apropriado para a passagem do ano. Queria receber boas vibrações e, principalmente, agradar Miyavi a quem não via há mais de um mês.
Mal podia esperar para ir à festa!
oOo
O dia passou muito rápido. Depois de receber vários telefonemas combinando detalhes, e mais cinco e-mails de Miyavi numa espécie de contagem regressiva, Kai finalmente saiu de casa.
Gostava de ser pontual, apesar de saber que a comemoração se estenderia pela noite toda. Chegou ao prédio da PSC e permitiu que o manobrista levasse seu carro. Tomou o elevador e foi direto à cobertura, no vigésimo terceiro andar, onde seria realizada a confraternização.
Já tinha gente por lá, vários desconhecidos e alguns dos colegas de Miyavi. Cumprimentou Nao e Hiroto. Acenou para Saga conversando com um rapaz de cabelos cacheados que parecia uma mulher. Parou pra conversar com Reita, sabendo que o rapaz da faixa estaria sozinho aquela noite, pois terminara com o namorado há pouco tempo. Pelo que conhecia dos amigos, Kai deduziu que se Akira estava ali, Ruki não viria à festa.
Os dois ficaram conversando, esperando que os outros chegassem e a festa se animasse. Kai não podia se agüentar de ansiedade. Queria tanto ver Miyavi!
oOo
– Uruha, você demora mais que uma noiva pra se arrumar! – Aoi resmungou bem-humorado, provocando o amante.
O loiro não caiu na provocação, apenas a rebateu:
– Vai dizer que não gosta, Yuu-chan... De me ver ajeitadinho.
O moreno colocou a mão no queixo e fingiu refletir na insinuação:
– Ie. Prefiro você não muito ajeitadinho... De preferência peladinho...
– Yuuuuuuuuuu. – riu manhoso – Não me provoque ou não chegaremos à PSC...
Ambos estavam no estacionamento do prédio de Uruha. Era o bloco 02 abaixo do subsolo. Pegariam o carro do loiro e iriam pra festa. Depois, com certeza, fariam uma comemoração particular no apartamento de um deles...
O loiro desligou o alarme e entrou no automóvel. Olhou de lado para seu amante que acabava de se ajeitar e pegar o cinto e lançou-se sobre ele, começando a beijá-lo. Ora, que mal haveria em atrasar um pouco pra festa e chegar... Só um pouco... desarrumadinho...?
oOo
Miyavi saiu do aeroporto aborrecido. Estava cansado da turnê, o vôo atrasara quase duas horas e pelo que via da rodovia, ia pegar um trânsito desgraçado. Sentiu vontade de ligar para o namorado e cancelar a ida à festa, pedir pra que voltasse pra casa e que os dois ficassem sozinhos comemorando o Reveillon e matassem as saudades.
Matar as saudades antes que matassem Miyavi. Céus, como sentia falta daquele moreninho! Fazia mais de um mês que não o via, que não o tocava, apenas escutava sua voz pelo telefone...
Fazer sucesso era bom, mas tinha lá suas desvantagens.
Enfim...
Concentrou-se em guiar o carro alugado. Estava em Tokyo já, o que o colocava quase nos braços do moreninho. Iria ao próprio apartamento tomar um banho, trocar de roupa e depois correria para a gravadora onde estariam comemorando a passagem de ano. Faria uma média com os colegas, deixaria Kai se divertir um pouco, depois o raptaria e o levaria para casa, onde fariam amor e compensariam todo o tempo perdido.
Aproximava-se agora do centro da cidade. Observou os letreiros de néon, todos comemorativos, que iluminavam a noite da metrópole ululante, uma das mais avançadas do mundo, a mais avançada do Japão. Estava em casa.
O aborrecimento diminuiu. Em pouco tempo reencontraria o namorado. Observou o engarrafamento. Bem, talvez demorasse mais do que o planejado, mas reencontraria.
Parou em um sinal fechado. Apoiou os cotovelos no volante e ia ligar o rádio quando a rua sumiu de suas vistas e os sons foram suprimidos por um muito mais alto. Tudo ficou acinzentado.
– Mas que merda... – surpreso, Miyavi inclinou-se se aproximando do vidro do carro e observou melhor: era poeira! Um vento estrondoso estava jogando poeira, pó de asfalto e lixo misturado a gotas de chuva para todas as direções. Era tão forte e impetuoso que começou a balançar o automóvel de um lado para o outro.
Assustado, Miyavi não teve tempo de pensar em nada. Quando deu por si seu veículo capotava, arrastado pelo vento.
oOo
O beijo entre Aoi e Uruha começava a ganhar proporções maiores. Logo mãos se juntaram, e as carícias ficaram indiscretas. Felizmente estavam sozinhos ali, porque o loiro não continha mais os gemidos.
Yuu aproveitou que seu amante estava entregue, com os olhos fechados e levou as mãos à camisa branca, exposta pelo terno já desabotoado. Não ia tirá-la, apenas enfiar a mão por dentro e acariciar o corpo abaixo do seu.
A posição, nos bancos da frente não era das mais cômodas. O que não diminuía a impetuosidade dos amantes. No momento nenhum dos dois se lembrava da festa.
Foi então que as luzes do estacionamento piscaram duas vezes antes de apagar.
– Merda! – Aoi praguejou. Não conseguia enxergar nada.
– Droga. – Kou também se aborreceu. Ia reclamar com o sindico do condomínio!
Antes que algum dos dois dissesse mais alguma coisa um barulho assustador reverberou pelo local, segundos depois o carro balançou atingido por uma espécie de "onda" que invadiu o estacionamento e alcançou os carros. Foi tão rápido que não tiveram tempo de fechar os vidros e impedir a água gelada de colhê-los em cheio.
oOo
– Vai ficar tudo bem Rei-chan. – Kai afirmou convicto – Você tem que lutar pelo que é melhor pra você.
Reita desviou os olhos para a taça de champanhe que segurava. Rodou-a entre os dedos suavemente. Suspirou e desviou os olhos para as grandes janelas de vidro de onde podia ver toda Tokyo iluminada. O prédio de vinte e três andares proporcionava uma vista magnífica.
– Tenho dúvidas, Kai. Sinto falta dele.
O moreninho meneou a cabeça. O caso entre Reita e Ruki não podia terminar sem sofrimento pro rapaz da faixa. "Gomen, o amor acabou." Fora a justificativa de Takanori e deixara Reita confuso e perdido. Como um sentimento podia acabar daquele jeito?
– Ano novo, expectativas novas...
– Hn. – e olhou em volta como se procurasse algo.
– Masaka! – Kai arregalou os olhos – Você acha que Ruki vem pra cá hoje? Você veio pra encontrar com ele aqui?
Reita ficou sem graça e não respondeu. O moreninho acertara em cheio. Sentiu-se patético por desejar tanto alguém que não o queria mais... Prevendo a depressão do amigo, Kai o segurou pelo cotovelo e o afastou das janelas.
– Vamos trocar as bebidas. – mudou de assunto descaradamente – Essas estão quentes.
Reita concordou com a cabeça e deixou-se guiar. Seu coração doía tanto que ele precisava de um apoio naquele momento. A atenção de Kai era mais que bem vinda.
Mal haviam dado alguns passos quando ouviram um barulho muito alto, ensurdecedor. Não tiveram tempo de reagir: as janelas de vidros estouraram, arremessando cacos pra todos os lados. Vento forte e incontrolável invadiu, jogando os convidados ao chão.
E então o inferno começou.
Continua...
Fic presente para Aria channnnnn! #som de tambores ao fundo# Espero que goste, moça! Sei que você não desgosta de deathfics, porque já escreveu uma. Então já sabe, vai morrer j-rock nessa história...
Nota: o que trabalhei na fic, foi descrito pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) como uma micro-explosão que, felizmente, aconteceu antes que o vento tocasse o chão. Pois é. A velocidade do vento chegava à quase 100 km/h, tromba d'água, árvores derrubadas, casas desabando e/ou destelhadas, incêndios, inundação, desaparecidos, feridos, mortos, falta de água e luz por dois dias... Cidade em estado de calamidade. Me pergunto: imagina se não fosse essa "sorte" e o vento tocasse o chão antes de explodir. Não sobrava pedra sobre pedra...
Huahua.
Conhecimento de causa. Aconteceu na minha cidade, e se alguém quiser ver, pus as fotos no Orkut.
