Disclaimer: Naruto pertence ao tio Kishimoto. Se fosse meu o Gaara apareceria mais e o yaoi correria solto e não camuflado... Well, só estou brincando com os personagens... Sem fins lucrativos...

N/A: Essa fic tem... Dark, AU, Yaoi, Angst, Lemon, Supernatural... (talvez até tenha... Death, Hentai, Yuri, Dark Lemon...) e também, é claro, romance, incesto, violência e umas coisinhas… n.n Então, se for pesado pra você, não leia... '-'

N/A2: Não vou especificar casais, já que haverão várias mudanças. Desde clássicos como SasuNaru até incomuns como... hm... surprise. 8D

N/A3: Muita gente deve saber, mas em todo caso: Ante meridiem (A.M. ou am) é uma expressão latina para "antes do meio-dia" (das 0h às 12h). Sim, eu costumo dar nomes bizarros para fics. xD


"Às três horas da madrugada o sangue corre lentamente e espesso e o sono é pesado. Ou a alma dorme na santa ignorância dessa hora, ou olha em volta de si, num total desespero. Não há meio termo. A alegria torna-se vazia e frágil, como no castelo de Poe, cercado pela Morte Rubra. O terror é destruído pelo tédio. O amor é um sonho."
Stephen King – Salem's Lot

Ante Meridiem

Prelúdio

Era madrugada e os ventos agitavam as árvores melancolicamente, fazendo as folhas alaranjadas de outono desprenderem e espalharem-se pelos campos, ruas e qualquer lugar que pudessem alcançar em Konoha, uma pequena cidade sem atrativos para turistas, porém aprazível para seus habitantes.

Anos se passaram desde algum acontecimento realmente alarmante. Os jovens não haviam experimentado qualquer situação desse nível, portanto seguiam suas vidas despreocupadamente. As pessoas mais velhas já estavam esquecidas. Mas a cidade não esquecia. Os muros, as construções, as vegetações, guardariam sempre o que silenciosamente presenciaram, assim como o que ocorria com as pessoas. Embora muito observasse a cidade permanecia indiferente, esperando o que mais poderia acontecer.

- Tão monótona...

- Então, por que viemos aqui? – indagou um rapaz de cabelos dourados, observando a cidade em pé sobre um muro muito alto.

- Mas você é um fedelho estúpido mesmo. – constatou, sarcasmo deslizando por suas palavras.

- E você é uma raposa maldita! – retrucou aborrecido. – O que você quer aqui?

Não obteve resposta. Ia perguntar de novo, mas quando viu já estava saltando do muro para dentro da cidade. Silencioso como uma sombra, ele correu pelas ruas escuras e frias, sem saber conscientemente aonde ir.

- Você está me guiando, não é? – sussurrou.

- Sempre. Você não faz nada sem mim, Naruto-kun...

Ele franziu as sobrancelhas, sentindo a zombaria, e já ia retrucar algo hostil quando parou abruptamente em frente a uma igreja. Era uma construção antiga, caindo aos pedaços, abandonada em um ponto distante da cidade.

- Ficando religiosa, cara Kyuubi? – inquiriu Naruto com ironia.

Ela o ignorou e começou a falar quase que para si mesma:

- ...Aqui. Sim... Bem aqui aconteceu a última coisa realmente interessante dessa cidadezinha insossa.

Naruto aproximou-se mais da construção. Deu a volta até os fundos e descobriu que não havia fundos. Só um monte de escombros.

- O que está querendo dizer com... – ele começou a perguntar, mas já era tarde. Tinha tocado um pedaço de madeira enegrecida.

E então tudo mudou.

Era final de tarde e os raios dilaceravam os céus nebulosos. O vento soprava fortemente, gelado e enfurecido, seria uma tempestade terrível.

Naruto piscou. A igreja estava inteira de novo. Ainda parecia antiga, mas nem de longe destruída como observara antes. Ele retornou para frente dela, ignorando as portas agora abertas, e ficou olhando ao redor.

Nas ruas, poucas pessoas, andando apressadas. Ninguém queria se molhar, se resfriar, assim se empenhavam em suas buscas por abrigo, com tanta atenção que não reparavam umas nas outras, e não haveria quem pudesse dizer que viu uma criança correndo entre eles.

- Observe-a.

E Naruto observou. Ocorreu-lhe que se fosse um dia de céu limpo e tranqüilo, ninguém teria reparado na criança também, afinal crianças iam e vinham por aquelas ruas. Não obstante, para aquela criança, muitos olhariam intrigados, se a mirassem, mesmo que distraidamente, por um instante.

Aqueles cabelos dourados chamariam atenção. Aliás, mais do que pela tonalidade, o corte ou falta dele, chamaria muita atenção. Estavam, definitivamente, picados. Os cabelos lisos e brilhantes possuíam longas mechas que alcançavam a cintura e outras que mal tocavam os ombros da criança, mechas de vários comprimentos e nenhuma simetria, soltas àquele vendaval.

A criança se aproximava e Naruto notou que algumas gotinhas de sangue ficaram pelo chão conforme ela corria. Ninguém as viu também, e logo a chuva as lavaria. Ela foi então diminuindo os passos, parando completamente em frente à igreja.

Era uma criança pequena, com seis ou talvez sete anos. Olhos muito azuis. Naruto não conseguia diferenciar se era menino ou menina, algumas mechas dos cabelos indiscretos cobriam-lhe o rostinho inclinado para baixo. Vestia roupas escuras, básicas e unissex, que não ajudavam a descobrir seu gênero.

Naruto focou o olhar diretamente na face infantil, mas essa levantara o olhar para além dele, nas portas da igreja.

- Ninguém pode te ver agora, você sabe...

Naruto grunhiu para a Kyuubi, enquanto a criança passava bem ao seu lado, indiferente, e entrava na igreja.

O rapaz foi atrás, reparando que seus passos, diferentemente dos da criança, não ecoavam no recinto vazio. Assistiu como o infante observava os vitrais coloridos formando imagens sobre as paredes descascadas. A seguir os bancos de madeira, estreitos e compridos, divididos em duas filas, foram observados. Ao fundo erguia-se o altar, mas a criança não lhe deu maior atenção e esgueirou-se por entre os bancos do meio, sentando-se na ponta próxima à parede de um deles.

Naruto sentou-se no banco que estava na frente dela e virou o corpo para trás, observando. Ele estava começando a ficar entediado. Por que aquela raposa maldita queria que ele visse aquilo? Tamborilou os dedos na madeira escura, estalando a língua em desgosto quando nenhum som foi produzido.

Encarou novamente a figura pequena e silenciosa parada na casa de Deus. Estava quase se convencendo de que se tratava de uma menina, por ser incomum meninos, pequenos assim, deixarem os cabelos longos - embora fosse incomum que uma menina andasse por aí com os cabelos picados daquele jeito. Notou que ela, ou ele, segurava o pulso esquerdo com a mão direita, agitando-o meio devagar. A palma esquerda sangrava.

- É um menino. – resmungou Kyuubi.

- Eu sei! – retrucou, aparentemente ofendido.

- Quieto.

- Boa tarde... – cumprimentou uma voz em tom baixo.

Naruto virou a cabeça bruscamente para o lado. Não tinha visto que alguém se aproximara. Pelas vestes era um padre. Ele quase respondeu a saudação, mas então se lembrou que não podia ser visto. As palavras haviam sido dirigidas à criança.

O tal padre não obteve réplica ou qualquer sinal de que houvesse sido escutado. Pela sua expressão Naruto podia dizer que ele estranhava aquela criança sozinha na igreja, enquanto a cidade lá fora se preocupava em fugir da chuva iminente.

Pareceu que o padre ia falar de novo, mas em vez disso ele tocou o braço da criança, gentilmente pegando a mão pequena e pálida para verificar o ferimento. O movimento fez com que o menino percebesse, enfim, que havia alguém ao seu lado e, surpreso, puxou o braço rispidamente, arrastando-se para o meio do banco. Encarou o estranho de cabelos claríssimos, que parecia surpreso também.

Sobre a construção religiosa e a cidade inteira, frias gotas começaram cair rapidamente das nuvens lamuriosas, os trovões urravam impacientes, a chuva se intensificava barulhenta.

Rapidamente o padre piscou e sorriu, sentou-se no banco também.

- Você está bem? - indagou, plácido.

- Quem é você? - a voz infantil perguntou, ignorando a pergunta.

O jovem arqueou as sobrancelhas. Naruto achou que ele parecia irritado com a insolência do infante, e que isso não combinava com um padre. Não obstante, ele balançou a cabeça e respondeu:

- Hidan.

O menino olhou o mais velho de cima a baixo.

- Hn. Você é padre?

- Sim, sou. E qual seu nome?

Hidan tinha um sorriso despreocupado e aguardava uma resposta enquanto alternava o olhar do rosto para a mão ferida do menino. Naruto decidiu que não ia com a cara dele.

- ...Deidara.

- Bem, Deidara, esse machucado pode infeccionar e ficar feio... Vamos fazer um curativo?

O garoto fitou a mão, um corte estendendo-se pela palma, não era profundo e já parara de sangrar.

"Provavelmente arde bastante". Naruto pensou. "Não parece motivo para choro, mas talvez ele tenha chorado, não tenho como saber".

- E que diferença isso faz, estúpido?

- Hey! Fique fora dos meus pensamentos, maldita!

Deidara balançou negativamente a cabeça.

Hidan insistiu, em vão. Conseguiu apenas que o menino se afastasse mais rumo ao meio do banco. Naruto supôs que ele ia mudar de pergunta, porém não se decidia por qual pergunta fazer. Afinal, era tudo estranho mesmo, um garoto sozinho, ferido e com cabelos despontados.

- Hn. Tesoura... - sussurrou Deidara, como se adivinhando uma das dúvidas do outro.

- Tesoura? Não devia brincar com isso... – repreendeu. – Se queria cortar o cabelo...

Naruto imaginou, assim como pelo jeito Hidan fazia, que o garoto tentara cortar os próprios cabelos, sem sucesso, e ainda conseguira inevitavelmente se ferir.

- Não queria! - exclamou Deidara, de súbito. Deslizou os dedos pelas mechas douradas, sentindo-as desiguais. Murmurou sem emoção: - Ela tava brava... Ela fica assim às vezes...

- Quem é 'ela'?

Deidara não respondeu. Levantou e caminhou entre as duas filas de bancos escuros. Ele aproximou-se do altar e ficou nas pontas dos pés para tocar a cruz de madeira que jazia ali.

Naruto ameaçou levantar e ir atrás do menino, mas não foi necessário. Ele estava voltando, olhando distraidamente para o padre.

- Quem é ela? - Hidan inquiriu, de novo, talvez um tanto aborrecido, quando o menino parou bem na frente dele.

Deidara pareceu suspirar.

- Hn... Mamãe...

"Uma mãe que, irritada, simplesmente se volta contra os cabelos do filho?" Pensou Naruto, inconformado.

Hidan abriu a boca para dizer algo, mas Deidara o interrompeu:

- Minha arte a perturba, padre. – disse, com um meio sorriso, os olhos azuis brilhando.

- Arte...?

- Arte? – Naruto ecoou.

A Kyuubi sorriu malévola.

- Sim... – Deidara retrucou, a voz soando baixinha naquela igreja. Ele lançou um olhar inteligente, e talvez um tanto malicioso, ao padre: - Porque arte é um estouro!

E então o altar explodiu.

Continua...


N/A: Essa fic nasceu do cruzamento de várias fics que eu já tinha começado (no pc e só na mente). E não, os personagens não vão ser exatamente normais...

A Kyuubi está presente, é claro, porque eu gosto dela. ;D

Aliás, será que a Kyuubi é macho ou fêmea? Oo' Um amigo tava discutindo isso uma vez, já que se referem como 'ela' mas ela tem voz de macho... xD

Esse prólogo deve estar sem graça e nhenhenhen... Mesmo assim, reviews? '-'