N/A: Bom, só para esclarecer, essa história é um pouco velha e eu postava ela em uma comunidade no orkut há algum tempo atrás. Resolvi repostá-la, porque eu acho bonitinha e divertida, mas acabei alterando muitas coisas ao longo do caminho.
Espero que gostem e deixem reviews. ;)
A noite estava insanamente quente, o calor parecia pesado e qualquer quantidade de água gelada não era o bastante. Senti os dedos frios correrem pela minha cintura, fazendo um arrepio correr pela minha pele ainda úmida pelo banho recém tomado. O choque térmico era bom, e eu sorri instintivamente. Rolei sobre meu corpo, os lençóis colando na minha pele molhada enquanto o ar da janela entrava quente no quarto. Um sorriso vergonhosamente apaixonado estava esticado nos meus lábios e eu encontrei seus olhos apertados por um sorriso igual ao meu.
- Oi – sussurrei, ainda com o riso na minha voz.
- Oi – ele respondeu.
Eu e Edward não costumávamos ser tão quietos assim. Basicamente, nossa relação era cheia de ruídos e risadas. Mas Edward estava cada vez mais calado e fechado conforme o tempo avançava. Ele ainda continuava perfeito para mim, ainda dizia que me amava todo dia antes de irmos dormir e ainda massageava minhas costas quando eu desabava no sofá depois de um dia de trabalho. Mas, de qualquer jeito, eu percebia a diferença dele, muito sutil. Ele já não ria como antes, nem mesmo das minhas besteiras cotidianas, e havia horas que ele praticamente se desligava do mundo real.
- Edward… - comecei, puxando meu corpo para cima. Ele mudara o seu foco para o teto, os olhos vidrados, fora do ar. – Edward – repeti – o que está acontecendo?
Ele me olhou confuso, mas eu sabia que era uma pequena fachada para eu não o perturbar. Eu sabia também que seu cérebro estava maquinando alguma mentira para cabular a verdade, assim eu ficaria satisfeita em não perguntar mais. Mas, droga, eu queria saber mesmo.
- Não é nada – ele suspirou finalmente, retirando o braço dos olhos ao franzir o cenho. – Só estou… cansado… essa coisa de estagiar, estudar e fazer tudo ao mesmo tempo e…
- Amor, não – eu o interrompi bruscamente, engatinhando meu corpo até estar sentada sobre sua cintura, espalmando minhas mãos em seu peito para exigir sua atenção. Ele deu um sorriso preguiçoso para mim, que eu respondi. – Você não quer me contar ou isso é só birra?
- Como assim?
- Edward – me debrucei sobre seu corpo, regulando meus olhos a altura dos seus. Eu estava me sentindo um pouco psicóloga querendo descobrir seus segredos profundos, principalmente devido ao meu tom de voz calmo. – Você tem passado os últimos dias no mundo da Lua, sempre distante e… não sei – suspirei, brincando com meus dedos no seu peitoral. – Tem alguma coisa errada?
Ele suspirou, finalmente relaxando sob mim, numa expressão rendida. Edward parecia… quase torturado, e foi a minha vez de franzir meu cenho, tentando entender a razão por traz da sua máscara de sofrimento.
- Bella… - Ele suspirou, arrastando seus dedos gelados pela minha pele arrepiada, subindo pela minha cintura em um carinho que parecia tão simples, mas só ele conseguia fazer de um jeito bom. – Eu não quero falar disso de novo…
- O que é? – Mastiguei meu lábio em curiosidade, assistindo sua expressão mudar de torturada para irritada logo em seguida.
- Não vamos falar disso, por favor…
- Ok. – Sentenciei, realmente irritada com sua atitude evasiva. – Se você quer continuar nesse seu mundinho particular, me excluindo dessas coisas, ok. Eu não me importo.
Levantei da cama sob seu olhar assustado. Eu sabia que tinha magoado ele com a minha saída brusca, mas já estava em tempo de Edward se acostumar com aquela minha atitude. Eu conhecia ele há tanto tempo, que eu sabia exatamente o que estava legal ou não com ele. Se ele achava que iria esconder coisas de mim sem que eu percebesse, havia errado o tiro.
Andei rapidamente pelo quarto, indo até o closet e escolhendo uma roupa qualquer.
- O que você está fazendo? – Ele perguntou, sentando na cama.
- Se você for ficar de segredinhos comigo, eu não vou ficar aqui. Vou passar na Alice – respondi rapidamente, colocando a primeira calcinha que eu vi pela frente.
- Bella, você está sendo tão ridícula – ele murmurou. Olhei para ele com raiva transbordando nas minhas expressões.
- Não, você está sendo ridículo! Eu me preocupo, eu sei que tem algo errado com você, e você não pode simplesmente me falar o que está acontecendo. Viu? Isso é ridículo. – Estava quase gritando quando acabei de falar apenas para ver um Edward enfurecido vindo em minha direção.
- Você está tão por fora disso, Bells – ele cuspiu as palavras na minha cara enquanto saia do quarto.
Olhei ofendida para a porta aberta que levava para o corredor. Coloquei um sutiã, apenas para não sair perambulando nua pela casa, e o segui.
Encontrei Edward bebericando água na cozinha, com aquele olhar preocupado e distante ao mesmo tempo.
- Você sabe que é você mesmo que está me mantendo por fora disso, né?
- Por que você é tão insistente?
- Porque você não está contribuindo! – Bufei. – Há meses não vejo seu estado normal. Sempre quieto e furtivo, não sei mais o que fazer pra você me contar o que está acontecendo. – Ele olhou rapidamente para mim e depois desviou o olhar. Uma pequena chama de advertência brilhou no meu cérebro e eu contive um grito histérico ao levar minhas mãos até a boca. – EDWARD! Você está me traindo?
Ele retesou o corpo por um minuto e eu assisti sua raiva crescer enquanto virava-se de frente para mim. Seus olhos eram como fendas verdes me fuzilando.
- É isso? Você… anda me traindo?
- Não. Seja. Tão. Estúpida. – Ele sussurrou de olhos fechados, suspirando fundo. – Não é nada disso. Não posso te trair, é… contra as leis da minha natureza.
- Rá! – Ri com escárnio, dobrando meus braços em frente ao meu peito.
- Qual o seu problema essa noite? – Ele avançou até mim com o semblante fechado depois de colocar o copo sobre a pia. – De repente se viu muito interessada pelos meus assuntos pessoais?
- Isso não é pessoal, é sobre nós dois, porra – sussurrei baixo, o olhando sob meus cílios. – E, para sua informação, eu cuida mais da sua vida do que da minha.
- Ow! Agora você me comoveu – ele estreitou novamente seus olhos para mim. – Você está pouco se fodendo pra mim, Bells. Você só quer saber o que eu estou pensando quando estamos sem assunto e você fica entediada demais para apenas ficar comigo.
- Do que você está falando? – Senti meus olhos arderem com as lágrimas iminentes ao ouvir Edward falando naquele tom frio e duro comigo.
Era uma… besteira. Ele devia saber que o acabara de sair da sua boca era mentira. Eu me importava demais com ele para aceitar suas palavras ditas naquele tom indiferente, como quem tivesse constatado aquele fato há muito tempo e não podia fazer mais nada a respeito.
- Eu estou… porra, cansado! Estamos parados nesse estágio de namoradinhos da faculdade há muito tempo, Bella, três anos é demais para mim. Você não quer assumir nada por quê? Tem medo de mim, ou do nosso futuro?
- Edward, você sabe que não é isso… Meus pais…
- Bella, nós não somos seus pais! Deus, você não entende que somos pessoas totalmente diferentes deles? Que você não é irresponsável e insana como Renée e eu não sou antiquado como Charlie?
- Mas casar…
- Bella, eu não estou te pedindo em casamento, porra. Mas você se recusa a qualquer menção da palavra "casamento" entre nós dois… Parece que você se recusa a pensar num futuro para nós dois…
- Edward, me escuta – eu implorei, completando a distância entre nós com passos nervosos Segurei suas mãos grandes contra o meu peito, o olhando com lágrimas nos olhos. – Eu te amo, eu te amo mais que tudo, ok? Mas casar… me casar… eu nunca vou fazer isso… comigo mesma, com a gente…
Ele tirou abruptamente as mãos das minhas, que caíram abandonadas ao lado do meu corpo quase nu, no meio da cozinha.
- Olhe o que você está dizendo! – Ele enfiou os dedos no cabelo, me olhando com os olhos abertos feito pratos. – O que você pensa? Que casar é o mesmo que ficar presa em uma masmorra sendo chicoteada só porque não fez o jantar? – Eu teria rido em outra ocasião, quando Edward não parecesse tão raivoso como agora.
Aquilo não estava entrando na minha cabeça. Todo aquele silêncio, o distanciamento… era por causa disso? Era tão ridículo. Nós namorávamos desde o início da faculdade, mas eu conhecia Edward desde… sempre. Ele sempre soube dos problemas que meus pais tiveram no casamento, o que resultou em incontáveis mágoas tanto em mim, quanto neles. Casamento era um assunto proibido para Renée, e eu assumi uma postura tão negativa sobre tudo isso, que casar estava totalmente fora de cogitação. Mas Edward era tão tradicional, tão cumpridor dos seus deveres. Só esperava, mantinha uma esperança tola, de que ele abrisse mão daquilo por mim.
- Por que você se importa tanto com isso? – Suspirei. – Você sabe… É só um pedaço de papel idiota, o que importa não é o que está escrito lá, Edward. O que importa somos nós… não é?
Ele suspirou derrotado, virando as costas para mim e apoiando as mãos no balcão da pia, negando com a cabeça.
- Eu não consigo parar de pensar nisso – murmurou. – Não consigo estar com você, pensando que nós não vamos ser nada além de namorados. Que eu nunca vou ter uma esposa de verdade. Eu fui criado assim, eu sou assim, não posso fazer nada…
- Mas… - eu me aproximei do seu corpo com a mão estendida em minha frente, tocando seu ombro tenso com a ponta dos meus dedos trêmulos. – Eu vou estar com você…
- Não – ele falou, virando-se para olhar diretamente dentro dos meus olhos. – Isso aqui – ele apontou para a pequena distância entre nós – nós dois, nunca vai ter futuro, entende? Nunca vamos sair desse estágio… Nunca vamos planejar coisas como os casais fazer… porque você tem medo. Desculpe, só… não consigo mais pensar em nós dois assim.
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