Capítulo 1 – Na estrada

Era uma noite chuvosa de fevereiro de 2011 quando o negro Chevy Impala 1967 de Dean Winchester cruzava a estrada. Inquieto, colocou uma fita de AC/DC para tocar, mas logo a desligou. E não era porque Sam dormia no banco de traz, mas sim porque não entendia nada do que se passou.

Nunca, em toda a sua vida, sentira algo assim. O sonho foi vívido, real, intenso. Ele jamais tivera pesadelos do tipo, aquilo era costumeiro no mais novo. Ele, porém, se lembrava do maldito sonho a cada quilômetro percorrido.

Tentou de tudo para desvendar tal mistério sozinho; passou o dia a chamar por Castiel, mas não obteve resposta alguma. Sabia que o anjo tinha regressado ao Céu, mas não imaginava que ouviria o silêncio quando solicitasse a presença dele.

Como alívio, resolveu andar. Pediu ao irmão que fizesse as malas, pois iriam para qualquer lugar. Aquela cidade pequena já o deixava irritado. E ficava ainda mais contrariado, quando Sam falava na promessa de Dean.

– Você disse que teria uma vida normal – murmurou, um dia após voltar do Inferno.

– Preciso descobrir como você fugiu, Sammy.

Mas, de lá para cá – duas semanas – o loiro não fizera a mínima questão de sair da localidade. Tinha pensado em procurar um emprego, em viver normalmente, estabilizar-se e ganhar uma boa grana para, depois, procurar Lisa e Bem. Entretanto, os planos falharam. O sonho os interrompeu.

Ainda guiava seu amado Impala. Mas os pensamentos se concentravam no pesadelo. Tentava se lembrar do anjo que torturava Castiel; nada, porém, lhe vinha à mente. Ele tinha certeza de que jamais viu aquele ser antes.

– Onde estamos? – perguntou Sam, ao acordar.

– Perto de Laurence – respondeu, sem ouvi-lo com nitidez.

– Não pensa em parar aqui, não é?

– Sim. Bobby nos encontrará no Kansas.

– Mas por que você quer falar com ele? Como acha que...

– Olha, irmão – iniciou, irritado. – Não acho nada. Só preciso de ajuda. E como sei que você não sabe o que fazer, resolvi procurar alguém. Bobby está em uma caçada aqui. Quando lhe telefonei, disse que viríamos para cá e ele concordou. Mais alguma questão?

– Não, tudo bem – Sam sabia parar de argumentar quando o mais velho ficava nervoso assim.

Dean continuava a dirigir. Algo, entretanto, o fez parar: uma visão. O Winchester freou o carro e parou no acostamento.

Com as mãos na frente dos olhos, tentava ocultar o que via: Castiel ser torturado. A visão não durou muito. Logo ela foi embora e só o que restou foi a voz de Sam, chamando o irmão.

– Vamos – disse, apenas. – Precisamos chegar onde Bobby está.

– Mas você...

– Estou legal! – exclamou, impaciente, o loiro. E seguiram a estrada.