Atrás de você

Coming out of my cage

(Saindo da minha jaula)
And I've been doing just fine

(E eu estou indo muito bem)
Gotta gotta be down

(Devo estar triste)
Because I want it all

(Porque eu quero tudo isso)


- Ah, Ronald, às vezes você simplesmente me irrita! – os olhos da morena faiscaram, e ela balançou a cabeça impacientemente, enquanto encarava o ruivo.

- Mas o que foi que eu fiz, Mione? Eu, honestamente, não sei. – o tom dele era perplexo.

- Nada, Ronald, nada. E esse é exatamente o seu problema – ela falou, em tom conclusivo. Ele a encarou, ainda sem entender.

- Ah, quer saber? Se dane você e a sua lerdeza, Weasley. – ela virou as costas e saiu pelo buraco do retrato, deixando para trás um ruivo, sorrindo, estranhamente satisfeito.

Estavam de volta a Hogwarts depois que a guerra havia acabado. Foi a maneira que encontraram para que a vida voltasse a normalidade. Harry e Ginny estavam namorando. Assim como Lavander e Neville. E Ana e Terence. E como metade daquela maldita escola. Mas ela estava namorando?? Não, ela não estava. E sabe por quê? Porque o idiota que gostava dela era um Weasley, um maldito Weasley ruivo e lento, que não percebia que ela queria, bom, namorar.

Foi direto para a biblioteca. Assim que entrou no local e começou a rondar as prateleiras, suspirou. Os velhos dias realmente estavam de volta, ela vagando pela biblioteca para ver se esquecia o quanto Ronald Weasley era imbecil. Achou, por fim, um livro que chamou a sua atenção, abriu-o e começou a caminhar distraída para uma mesa, quando acabou trombando em alguém, e teria ido para o chão se a pessoa não tivesse a segurado. Quando olhou para ver quem era, encontrou nada mais, nada menos, que o sorriso cínico de Draco Malfoy.

- Tentando dar um jeito de cair nos meus braços, Granger?

- Não seja idiota, Malfoy. – ela respondeu, desvencilhando-se dele, - Eu não cairia nos seus braços por nada no mundo. – o sorriso dele se ampliou.

- Mesmo, Granger? Alguém andou lhe lançando um Oblivious? Porque não é bem isso que eu lembro. – ele disse, calmamente, encarando-a e sorrindo, e a morena se viu corar muito.

Maldita noite e maldito Whisky de fogo.

It started out with a kiss

(Começou com um beijo)
How did it end up like this?

(Como foi terminar assim?)
It was only a kiss,

(Era só um beijo)
It was only a kiss

(Era só um beijo)
Now I'm falling asleep

(Agora eu estou adormecendo)
And she's calling a cab

(E ela está chamando um táxi)
While he's having a smoke

(Equanto ele está fumando)
And she's taking a drag

(E ela está descansando)

Estavam na sede da Ordem e nem Harry, nem Ron haviam chegado. Ela estava mais do que preocupada, e Malfoy apenas a analisava, enquanto ela andava de um lado para o outro na sala da tapeçaria. Ele estava escondido ali, ela era a sua guarda, por isso não estava com os garotos.

-Ah, Granger, pára de se preocupar. É o Santo Potter, certo? Daqui a pouco os dois voltam. Seu namorado vai voltar em um pedaço.

- Harry não é meu namorado, Malfoy. E cala a boca.

- Eu não estava falando do Cicatriz, Granger. E não me manda calar a boca.

- Ron não é meu namorado também. – infelizmente, ela acrescentou, em pensamentos, – E mando, sim. Cala a boca. – o loiro apenas sorriu.

- Sabe, você precisa relaxar, Granger. Nervosa assim, vai acabar arrancando os cabelos e, embora eles não sejam nenhum modelo de beleza, garanto que você ia ficar ainda pior sem eles. - a morena lhe fuzilou com o olhar.

- E como, exatamente, eu vou relaxar, Malfoy?

- Ah, isso é fácil. – o loiro falou. Levantou-se e saiu da sala, voltando alguns minutos depois com uma garrafa que continha um líquido âmbar e dois copos. A morena arregalou os olhos.

- Enlouqueceu, Malfoy? Nós não podemos...

- Por que não? – ele interrompeu, dando de ombros, - Nós não somos mais monitores, Granger, e somos maiores de idade. Não estou falando para você tomar um porre, apenas ter uma ajudinha para relaxar.

A morena pesou a situação. Sempre fora curiosa para provar aquela bebida, embora jamais tivesse admitido, que mal teria? Aceitou, meio relutante, o copo que o loiro lhe estendia e bebeu-o todo de um gole só.

E aquele havia sido seu fim.

Vários copos mais tarde, ela meio que se deu conta de que haviam bebido quase a garrafa toda sozinhos e, o que era pior, ela só conseguia rir daquilo. Não estava nem um pouquinho preocupada com nada e sorria de tudo que o loiro dizia. Na verdade, sorrir era eufemismo. Ela gargalhava. E ele não estava muito diferente.

- Sabe, Granger, você não é tão ruim assim. – ele disse, tentando fixar um olhar nela, mas não tendo muito sucesso.

- É, você também não, Malfoy. Na verdade, eu sempre tive uma queda por loiros. – ela disse, inclinando uma pouco a cabeça e falando num tom reflexivo, como se analisasse profundamente a situação. – E sabe que o mais engraçado é que nunca beijei um. – ela o encarou como se a conclusão fosse algo muito sério.

- É uma situação remediável, minha cara Granger. – ele disse, no mesmo tom sério, tentado segurar o riso. – Venha até aqui e me agarre. – ele abriu os braços e caiu na gargalhada e atirou-se contra as costas do sofá.

- Eu não, Malfoy. Você tem medo de mim. Se eu chegar perto, você vai fugir, com medo que eu te bata de novo, que nem eu fiz no terceiro ano. – ela replicou, também gargalhando.

- Calúnia! – pronunciou o loiro, fingindo-se de ofendido. – Eu jamais fugiria de uma mulher.

- Fugiria, sim. – ela disse, entre risadas.

- Não fugiria, não. Venha até aqui que eu provo. – ele disse. A morena se aproximou e sentou ao lado dele no sofá, encarando os olhos cinzas. Ele não desviou o olhar. Ela aproximava-se lentamente da boca dele, alternando o olhar entre os lábios finos e os olhos.

- Que droga, Granger, deixa de ser lerda. – ele resmungou, segurando os cabelos dela e a puxando para um beijo meio perdido entre risos a princípio, mas que começou a esquentar, enquanto a respiração dos dois acelerava.

Quase sem perceber, o loiro foi posicionando-se por cima da morena, fazendo com ela deitasse de costas no sofá. As mãos dele começaram a passear pela cintura dela, com medo de subirem, ou descerem, um pouco mais, e ele acabar, realmente, apanhando.

Minutos se passaram até que Hermione abriu os olhos e percebeu a situação. Suas mãos estavam dentro da camisa dele, as dele, procurando passagem pela barra da calça dela. As respirações suspensas e as bocas coladas. Ela acabou com o beijo e o encarou, séria.

- Eu não estou bem. – e correu para fora da sala. Malfoy suspirou e foi até a cozinha.

Eles precisavam de café.

Ele, na verdade, precisava de um banho frio, também. Mas, primeiramente, um café.

Não demorou para que a garota aparecesse, parecendo muito mal. Ele apenas a entregou uma xícara fumegante de café. Ela tomou um gole e fez uma careta.

- Você não sabe fazer café, Malfoy. – ela disse, criticamente.

- E você não sabe beber, Granger. – devolveu ele, no mesmo tom.

Foram dormir em seguida e nunca mais tocaram naquele assunto. Até aquele dia.

Now they're going to bed

(E agora eles estão indo para cama)
And my stomach is sick

(E eu estou enjoando)
And it's all in my head

(E está tudo em minha cabeça)
But she's touching his chest now

(mas ela esta tocando o peito dele agora)
He takes off her dress now

(Ele está tirado o vestido dela agora)
Leting me go

(me deixando ir)
I just can't look its killing me

(Eu não posso olhar, está me matando)
It's taking control

(Está tomando o controle)

Ela olhou nos olhos dele e percebeu que ele ria.

- Ah, Malfoy, deixa de ser ridículo. Eu estava fora de mim àquela noite.

Ele balançou a cabeça e continuou rindo.

- Não, Granger, você estava bêbada, é diferente. Você apenas libertou esse desejo incontrolável que você tem de me beijar. Simples assim. Confessa que, se pudesse, me beijava de novo. – os olhos dele brilhavam de malícia. Ela abriu a boca para responder, mas sua voz não saiu, de tanta raiva, e um pouco de vergonha. Sem pensar muito, pegou o livro de transfiguração que tinha nas mãos e atirou-o contra a cabeça dele, que se desviou.

- Uau, Granger. Estamos superando o estágio negação e passando para o da violência? Isso definitivamente é um progresso. – ele declarou, afastando-se, e deixado Hermione bufando de raiva, enquanto juntava o livro e saía da biblioteca. Ela precisava melhorar sua mira.

Voltou para a Sala Comunal e Ron ainda estava lá. Olhar para ele, depois de discutir com Malfoy, só fez com que sua raiva aumentasse.

- Mione! – ele chamou.

- O que, Ron?

- Hum... Você ainda está brava comigo? – ele parecia triste.

- Não, Ron, não estou brava, eu estou... – ela parou para pensar. O que ela estava, exatamente? Apaixonada? Não, ela sabia há algum tempo que não gostava de Ron daquele jeito, pelo menos desde o beijo com... Enfim, fazia algum tempo, já. Então por que ela queria que ele quisesse namorá-la? Porque, disse uma vozinha em sua cabeça, talvez com quem você quer namorar, você não tenha chance. E por que eu não teria chance? Ela se indagou. Na verdade, por que eu quereria ter uma chance? Ela estava ficando confusa.

- Ron, por que você não quer namorar comigo?

O ruivo engasgou com a pergunta, ficou muito vermelho e parecia querer sair correndo da sala naquele segundo.

- Anda, Ron, responde.

- Porque... porque... Quem disse que eu não quero, Mione? – ele disse, dando um pálido sorriso.

- Quem sabe foram os oito anos que nós temos convivido e que você nunca tomou nenhuma atitude a esse respeito? – ela perguntou, meio exasperada consigo mesma. Que tipo de pessoa faz aquele tipo de pergunta?

- É que... Mione, é como se você fosse, amiga, sabe? Como... como o Harry. Eu gosto mesmo de você, mas... Ah, fala sério, Mione. Você quer namorar comigo? Por que eu não acho que você queira.

A morena ficou sem fala. Com o que então, Ronald Weasley possuía perspicácia perdida entre as mechas ruivas. Ela apenas bufou em resposta, droga de garoto que resolvia ser esperto no momento menos oportuno.

- Que seja, Ron. – ela disse, e subiu as escadas, para seu dormitório. Havia sido um longo dia. Um longo, longo dia.

Jealousy turning saints into the sea

(Ciúme transformando santos em oceanos)
swimming through sick lullabies

(Nadando entre doentias canções de ninar)
Choking on your alibies

(Sufocando com seus álibis)
But it's just the price I pay

(Mas é só o preço que eu pago)
Destiny is calling me

(O destino está me chamando)
Open up my eager eyes

(Abrindo meus olhos ansiosos)
'Cos I'm Mr Brightside

(Porque eu sou o Sr. Otimista)

Passou a noite semi-acordada. Não conseguiu dormir direito, mas ao menos, havia aproveitado a insônia e chegado a algumas conclusões. O fato era que, pela primeira vez na vida, ela poderia se comportar como uma jovem de verdade. Nada além de notas escolares e confusões amorosas para se preocupar. E ela queria aproveitar isso. E, definitivamente, não era com Ron que ela queria aproveitar as maravilhas da juventude. Se ela conseguisse ser honesta consigo mesma, e naquele momento meio sonolento, ela estava conseguindo, ela sabia que queria aproveitar os bons momentos que a paz oferecia com uma certa pessoa loira e de olhos cinza. A grande questão era: como chegar nesta pessoa, sem que ele a ridicularizasse? Ela não fazia idéia. Talvez, simplesmente o agarrasse um dia e veria o que ia acontecer. Riu e levantou-se para enfrentar as aulas do dia. Pesando, por um momento, tudo que ela havia passado na guerra e a batalha que ela teria que enfrentar se quisesse mesmo conquistar aquele loiro, ela não estava muito certa sobre qual ela escolheria.

A primeira aula do dia era Transfiguração. Ótimo, coisas complicadas logo pela manhã, não era uma maneira adorável de começar o dia? Desceu antes do resto das meninas de seu dormitório e se dirigiu para a sala de aula. Assim que entrou, estacou na porta. Draco Malfoy já estava sentado, numa classe da fileira da frente, e lia distraidamente um livro. Tudo bem, ela queria ficar sozinha com ele e tudo mais, mas não esperava que a ocasião acontecesse tão cedo.

Respirou fundo e caminhou para a classe que sempre costumava sentar naquela aula, exatamente ao lado de onde o loiro estava.

- Bom dia, Granger. – ele falou, provocando.

- Bom dia, Malfoy. – o tom dela era seco.

- Dormiu bem? – a garota o encarou, ele sorria cínico, e levantou-se, escorando-se na beira da mesa dela.

- Muito, Malfoy. – a morena desviou o olhar e começou a tirar os livros da mochila.

- Não parece. – ele comentou, com descaso, - Na verdade, parece que passou a noite toda acordada. Deve ter ficado pensando em mim. – ela deixou cair o livro pesado no chão e levantou-se para juntá-lo, muito vermelha.

- Que idéia absurda, Malfoy. – Tá bom, ela pensou, até parece que eu vou mesmo convencer alguém.

- Então por que o nervosismo, Granger? Aposto que estava formulando maneiras de ficar atrás de mim o tempo todo. Confessa que está maluca pra me beijar de novo. – ela o encarou, de pé, contornando a mesa.

- Até onde eu lembro, foi você que me beijou aquele dia.

- Porque você estava sendo covarde e não estava agindo com a velocidade necessária.

- Até parece que eu ia ser covarde, Malfoy. E, do jeito que você está falando, parece que é você que ia querer que eu te beijasse de novo.

- Você nunca ia ter coragem, Granger.

- Cala a boca, Malfoy.

- Vem calar, Granger.

Eles se encararam por um momento e Hermione perdeu a cabeça. Num único passo, venceu as distâncias que os separavam e agarrou o loiro, empurrando-o contra a classe, fazendo com que ele ficasse sentado ali. Ele a puxou quase para o colo dele e prendeu a morena pela cintura e a nuca, enquanto se beijavam.

Ela refletiu que poderia ficar ali para sempre. Mas não dava. Porque foram interrompidos segundos depois pelo barulho da porta abrindo e um grito, semi-esganiçado, vindo da professora McGonagall.

Srta. Granger! – a senhora entrou na sala, seguida por metade da turma do sétimo ano. Todos olhavam a cena, boquiabertos e Hermione não sabia onde se enfiar. Nunca havia passado tanta vergonha na vida.

- Srta. Granger, isso é... é... é altamente... constrangedor! – a professora concluiu, avaliando os dois. Draco ainda não a havia soltado e, no momento em que ela se desvencilhou, desejou não ter feito isso. Metade da camisa do loiro estava aberta e estava mais do que claro, para quem quer que estivesse vendo, que não havia sido ele quem a abrira. A morena corou tanto, que podia sentir-se ficando vermelha, e olhou assustada para Draco, que sorriu um meio sorriso cínico e falou baixinho: "Diz agora que não estava atrás de mim, Granger."

Os olhos dela faiscaram e ela deu-lhe um tapa, que deixou marcas vermelhas de cinco dedos no rosto do loiro. Virou-se e saiu da sala. O que não esperava, era que Draco fosse segui-la, a despeito dos gritos da professora que eles estavam definitivamente em detenção até o fim do semestre.

- Granger, espera. – ele gritou.

- Sai, Malfoy, some daqui!- ela berrou de volta, sem nem saber para onde estava indo, metade dos alunos estavam se dirigindo para sa salas naquele momento, e paravam para admirar a cena de uma Granger soltando faíscas de tanta raiva, e um Malfoy, com a camisa parcialmente aberta, meio rindo e meio exasperado, seguindo a garota.

- Espera, garota! – ele gritou, enquanto a alcançou, bem em frente ao Salão Principal, e segurou-lhe pelo braço.

- Me solta, Malfoy. A.go.ra. – ela falou muito baixo.

- Não, enquanto eu não falar o que eu quero.

- E quem disse que eu quero ouvir?

- E quem disse que eu me importo se você quer ou não? O negócio é que eu vou falar. – ela fez uma cara ameaçadora, mas não protestou mais.

- Sabe por que foi tão fácil descobrir que você estava atrás de mim, Granger?

- Eu não estava... – ela começou a protestar, mas foi interrompida.

- Sabe por quê? – os olhos cinzas a encaravam, sem pestanejar e ela arqueou as sobrancelhas esperando pela resposta.

- Porque eu também estava atrás de você. – ele disse baixinho, enquanto ela arregalava os olhos de susto, e ele a puxou para mais um beijo. Separaram-se alguns minutos depois, sem fôlego, e ele sorriu cínico.

- Isso significa, Granger, que estamos juntos e eu não admito aquele Weasley em volta, entendeu? – ela riu – E também não admito que me bata, principalmente com livros de transfiguração.

- Contanto que você nunca mais faça café, por mim tudo bem, Draco.

- Contanto que você beba mais Whisky, está ótimo, Hermione.

N/a: Ok, ok, eu admito, este fim está, bom... sofrível, serve? É a primeira fic em que não mato ou torturo ninguém e até tem umas cenas engraçadinhas. - Enfim, espero que tenham gostado.

Bjs, meninas!