Ela andava pelas vielas escuras e frias de Los Angeles. Trajava um sobretudo vermelho sangue e botas pretas de couro, trazia à boca um cigarro recém aceso e sujo do batom vermelho escuro já desgastado que havia em sua boca. Andava sem rumo, apenas para esfriar a cabeça. O vento gelado batia em seu rosto e fazia seus cabelos pretos balançarem consequentemente também, fazer latejar os cortes ainda não cicatrizados do alto da cabeça e da nuca, lhe provocando uma dor não só exterior como interior também. Saiu da escuridão ao ver a loja de conveniência 24 horas em que na placa bastante iluminada e comprida trazia os dizeres "hall 24 hours" acima de vidraças bem limpas e sem nenhum trinco, um pouco surpresa ela ficou por ver que se tratando de um bairro como aquele essa loja pudesse estar tão limpa, arrumada e sem nenhuma pichação ou devastação feita por meninos do bairro. Dentro havia um homem que não se era possível identificar se o cabelo era vermelho ou castanho. Ao se aproximar detectou que não só o cabelo era incomum como também a cor da pele branca feito giz e neve, e o rosto tão divinamente perfeito que sabia que esse homem desconhecido poderia ser um modelo ou mesmo um ator de alguma franquia muito conhecida dos Estados Unidos. Ao passar pela porta do estabelecimento notou que lá se tratava de uma loja só pra burguesia, não para uma menina que havia nascido em um dos bairros mais pobres de Los Angeles , Compton e por acaso havia ido parar em East L.A., que também era de baixa renda. Entrou pelas portas com o cigarro, sem se importar com o caixa que a chamava de moça.

—Hey moça, não pode fumar dentro deste estabelecimento, é contra a lei e ... – ele parou na hora em que ela se virou pra ele e ele agora, pode ver com plenitude as manchas arroxeadas nas bochechas e corte fundo com sangue seco na testa, e automaticamente se calou. Ela então seguiu por uma das várias prateleiras do local, sem nem ao menos dirigir alguma saudação ou resposta ao caixa que parecia mais um Deus Grego, mesmo que um pouco esguio ainda possuía músculos, o que o deixava perfeito no quesito corpo. Foi até o fim do corredor abarrotado de doces e salgadinhos de várias marcas. Chegou ao seu destino, depois de várias vielas procurando um local que vendesse o que ela desejava, abriu a porta que dava acesso ao freezer vertical onde continha bebidas alcóolicas desde cervejas até as vodcas mais fortes do país. Pegou o que mais lhe servia no momento, um Uísque caro que continha um nome provavelmente russo, e se dirigiu ao caixa, o solado do chão em contato com o salto fino que a Jovem calçava fazia um som alto que logo fez ela se sentir constrangida por fazer tanto barulho num ambiente tão silencioso, provocando a atenção do homem atrás do balcão que ainda olhava com curiosidade e horror os machucados – Se ele visse por dentro dessas roupas então... – pensou ela ao encara-lo igualmente o que o fez pigarrear e começar seu trabalho, ela então lhe entregou a garrafa a qual ele passou pelo leitor de código de barras e abrir o caixa automaticamente.

—Dá 52,98 dólares – então ela sacou um pacote pardo do enorme bolso do sobretudo e retirou de lá 100 dólares e entregou, sem querer as mãos acabaram se esbarrando e um arrepio tomou conta dos corpos, fazendo-os se prenderem ao olhar um do outro.

O caixa se fechou em um átimo, o que fez os dois desviarem o rosto e prestarem atenção em corrigir o troco. Ele estendeu- lhe as notas e ela sentiu algo lhe golpear as costas e bacia, uma dor constante atravessar-lhe a cabeça e leva-la á escuridão.