UM


O capitão Jean-Luc Picard esperava pacientemente por seu segundo em comando na sala de reuniões.

Imaginava como daria a Riker a notícia que acabara de chegar, seria no mínimo embaraçoso para ele saber daquilo através de um superior, talvez fosse melhor pedir que a conselheira o fizesse.

Não! Ele o faria. Era seu dever como capitão da nave e como amigo.

A porta se abriu revelando o comandante Willian Riker. Ele deu um passo a frente para entrar na sala ao aceno do capitão, parou e debruçando levemente o corpo para frente perguntou:

-Queria falar comigo, capitão? – o outro fez um aceno com a cabeça.

-Sim, sente-se número um.

Riker virou a cadeira à frente de Picard e sentou-se de lado como sempre fazia.

-Como estamos indo? -perguntou o superior.

-Já entramos no sistema solar Rigel e devemos chegar a Rigel II em pouco tempo.

-Bom, muito bom.

-Já descobriu o por que de nossa vinda aqui, senhor? Ele apenas balançou a cabeça afirmativamente e Riker esperou até que seu capitão resolvesse falar.

Picard levantou e foi até o enorme vidro que revelava o exterior da nave.

-Devemos pegar um carregamento de grãos para levar até a base estelar 45, um novo membro para a equipe médica e, - ele procurou a melhor forma de dizer - ...há mais alguém que deve embarcar abordo da Entreprise em Rigel II.

-Alguém especial?

O outro fez que sim. Riker permaneceu calado.

-A... A federação abriu um novo programa de reajuste de infratores a sociedade, - continuou o capitão - está ciente disso, suponho.

-Alguma coisa a respeito deles cumprirem pena por pagamento de serviços a Federação em naves povoadas com civis, o que inclui a Enterprise.

-...o que inclui a Enterprise. - repetiu Picard -...Na verdade isso não é muito usado, além de ser algo novo e alguns planetas da Federação não permitirem, há também o fato de que poucos dos infratores gostam da idéia de ficar sobre a custódia da Frota Estelar.

-Mas, essa não é a idéia do nosso amigo de Rigel II, certo. Ele preferiu cumprir pena numa nave e, - ele fez um gesto abrindo as mãos - aqui estamos nós.

O capitão concordou com a cabeça.

-Também não gosto disso, imediato.

-E o que nosso "protegido" fez?

-Roubo de notações cientificas seguido de ataque a um policial.

-Morte?

-Não.

-Teve chance pra isso?

-Pelo que dizia na ficha sim, mas não o fez.

-Bom, pelo menos não vamos trazer nenhum assassino a bordo.

-Assim espero, número um.

-Providenciarei sua recepção capitão e...

-Número um - Picard disse o interrompendo - ...Gostaria que estivesse lá na hora do embarque.

Riker olhou surpreso, era realmente um pedido bem incomum já que certamente recepcionar infratores menores não seria uma obrigação de um segundo em comando, mas, apesar disso, apenas concordou com a cabeça.

-E qual é o nome dele?

Picard respirou fundo como se tomasse coragem para as próximas palavras.

-Não é "dele" comandante, é "dela". Seu nome é... - a voz lhe faltou por um momento -...Sheila Riker...

-Sheila...

A voz era quase um sussurro.

-Sim, comandante, sua irmã...Eu sinto muito.