Nota: (1) Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling e a Warner Bros. Entertainment Inc. Essa fanfic não tem nenhum fim lucrativo, é pura diversão.
(2) Contém Slash (relação Homem x Homem), Lemon (sexo explícito entre os personagens) e Mpreg (gravidez masculina), portanto se você não gosta ou se sente incomodado com isso, é simples: Não Leia.
(3) Essa é uma história UA – Universo Alternativo – ou seja, ocorre numa realidade paralela e inexistente na qual TUDO pode acontecer.
(4) Itálico: Escritos em cartas; Entre – "..." – Pensamentos; Entre – ... – Diálogos e cenas.
IMPORTANTE: A palavra "doncel", na língua espanhola, significa: menino jovem. Nesta história, porém, estará intimamente relacionada com a palavra donzela, e caracterizará um homem como "homem-fértil". Ou seja, doncel será atribuído aos personagens do sexo masculino capazes engravidar. LEMBRANDO QUE É UMA HISTÓRIA "UA".
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Lágrimas de um Príncipe.
Era uma vez, há muitos e muitos anos, numa terra longínqua ao leste da Grã-Bretanha, um reino bonito e afortunado chamado Hogwarts. Este era dividido em quatro sub-reinos muito prósperos que viviam em plena harmonia: Gryffindor, Slytherin, Revenclaw e Hufflepuff. O sub-reino de Gryffindor era onde vivia a família real. Há anos os Potter governaram aquele reino, mas quando o rei Alan Potter e sua esposa, a rainha Helen Potter, morreram, não contavam com um herdeiro varão. Dessa forma, o trono passou para o único filho, o belíssimo doncel James Potter, que na época passara a se chamar: James Potter-Black, ao se casar com seu melhor amigo, Sirius Orion Black. Este então se tornou rei, com James ao seu lado como rei-cônjuge, e tiveram quatro filhos. O mais velho – de dezessete anos – era o príncipe mais belo de todos os reinos, Harry James Potter-Black, um doncel. No meio – com doze anos – estavam às gêmeas Alice e Isabelle Potter-Black. E por último – com oito anos – o filho varão e herdeiro legítimo do trono, Alexander Orion Potter-Black.
Com seus dezessete anos cumpridos há poucos meses, o jovem príncipe de Gryffindor agora alcançava a maior idade e para seu total desespero, chegava à hora de desposar um nobre de excelente família. A beleza do príncipe doncel de Gryffindor era lendária e percorria todos os reinos. Centenas de nobres iam ao palácio apenas para conhecê-lo e acabavam maravilhados diante de tamanho encanto. Harry era um jovem de porte altivo e ao mesmo tempo delicado. Suas feições eram finas, lábios carnosos e rosados, pele macia como pêssego, cabelo negro como a noite e revolvidos de maneira sensual, seu corpo era incrivelmente esbelto e modelado pela esgrima e equitação, possuía uma estatura naturalmente pequena, mas isso apenas evidenciava seu ar doce e angelical. Contudo, o que fazia mais de um conter a respiração em sua presença, era o par de reluzentes esmeraldas que possuía no lugar dos olhos. Sim, pois jamais um verde fora tão brilhante quanto os olhos do jovem príncipe. Algo que ele herdara da avó paterna, a grã-duquesa Lilian Black, mãe de Sirius.
No exato momento, a questão de "desposar um nobre de excelente família" era discutida no Salão de Banquetes onde Harry e James aproveitavam para tomar o café-da-manhã. Sirius encontrava-se em uma reunião diplomática com o conde de Revenclaw, as gêmeas estavam com seus tutores aprendendo, provavelmente, latim, francês ou alemão, e o pequeno Alex brincava no jardim sob o atento olhar de suas amas.
- Ele não! Qualquer um, pa', menos ele! – um aterrado Harry choramingava e James apenas balançava a cabeça negativamente. Entendia que seu filho não suportava o pretendente escolhido, mas também tinha consciência de que era a coisa certa a fazer, alianças políticas, infelizmente à nobreza era assim.
- Harry...
- Nós nos odiamos!
- Harry...
- Ele não passa de um mimado, pedante, egocêntrico, vaidoso, insuportável...
- Harry! – interrompe bruscamente, pois sabia que se deixasse, Harry continuaria a catalogar as inúmeras "qualidades" de seu pretendente até o sol se pôr – Eu sei que vocês não se dão muito bem, mas é uma oportunidade de se conhecer melhor. O pai dele já fez o pedido de sua mão e Sirius concedeu.
- O QUE?! Mas eu não quero me casar com Draco Malfoy! Primeiro me jogo de um penhasco!
James apenas suspirou. Seu filho era tão dramático, com certeza herdara isto da família de Sirius.
- Ouça bem, filho. Esse casamento será muito importante para fortalecer as alianças em nosso reino.
- Mas eu não o amo!
- Harry... – James entrecerrou os olhos e repetiu às palavras que certa vez ouvira de sua própria mãe – Amor é algo que você irá encontrar apenas nesses livros que você adora, a vida real é completamente diferente, jamais aparecerá um príncipe num cavalo branco para salvar a donzela ou o doncel indefeso.
- Você não ama o papai? – perguntou chocado. Seus belos olhos verdes brilhavam intensamente.
O mais velho sorriu.
- É claro que amo, mas esse amor surgiu da companhia e com o passar do tempo, já éramos amigos e isso também ajudou muito.
- E você nunca havia se apaixonado por alguém, antes de conhecê-lo?
- Er... – naquele instante, o pensamento de James o levou há vários anos atrás e a lembrança de um par de reluzentes olhos negros fez seu coração falhar uma batida – Eu era jovem de mais, Harry. Não tive tempo para isso.
O menino pareceu acreditar, pois assentiu e voltou a adotar uma expressão indignada:
- Isso não é justo, pa'!
- Dê uma oportunidade a ele, quem sabe as coisas entre vocês não começam a melhorar. Sabia que do ódio ao amor só existe um passo?
- Linda filosofia, mas quero ver colocá-la na prática.
O pesadelo de Harry era ninguém mais, ninguém menos, que seu primo Draco Lucius Malfoy. E apesar de ter completo terror à idéia, Harry sabia que o insuportável garoto era definitivamente a escolha mais indicada para pretender sua mão. Afinal, era o único filho dos nobres mais abastados e influentes da região: o Duque de Slytherin, Lucius Henrique Malfoy e sua esposa Narcisa Black-Malfoy, a única irmã de Sirius.
- Harry, eu sei que é difícil para você, mas prometa que fará o possível e orgulhará a mim e ao seu pai – pede seriamente, encarando o menino com carinho e compreensão.
O jovem príncipe sabia que jamais conseguiria negar nada ao seu adorado pa' – era o filho mais chegado a James – e apenas suspirou:
- Certo, mas se ele começar a me irritar eu juro que o atiro num poço!
- Hahahaha... Tudo bem, já é alguma coisa.
Compartilhando do sorriso de seu pa', Harry não pode deixar de lembrar-se de uma infância não muito distante, quando Draco o atormentou pela primeira vez com a absurda idéia de casamento.
(Flashback)
Um majestoso sol banhava as terras do reino de Hogwarts enquanto a família real divertia-se no jardim do palácio. O rei-cônjuge, no exato momento, estava confortavelmente sentado sob a sombra de uma espécie de tenda de seda para proteger o pequeno bebê em seu colo dos perigosos raios do astro-rei, e observava com um sorriso no rosto seu filho mais velho brincar com um coelhinho branco, correndo de um lado para o outro, sem se importar com sua imaculada túnica verde-água que acentuava o lindo brilho de seus olhos. O pequeno doncel de dez anos irradiava felicidade a cada sorriso, oferecendo uma imagem digna de ser retratada, pois nenhuma criatura poderia ser tão doce, bela e amada pelos seres da natureza como Harry era.
- Que Deus conserve essa inocência – James pensou em voz alta, ninando o levado Alex de dois anos que finalmente dormira em seu colo, sem despregar os olhos de seu primogênito.
A alguns metros dali, as travessas gêmeas de seis anos faziam apostas para ver quem subia mais alto com o balanço, levando suas pobres amas a loucura, pois não davam a mínima para o fato de seus belos vestidos rendados cor-de-rosa levantarem com a ação do vento. O rei Sirius, por sua vez, encontrava-se no salão do trono com seu cunhado, o Duque Lucius Malfoy, conversando – mais precisamente, negociando – o futuro de Harry. Lucius estava acompanhado de seu único filho, um varão de treze anos chamado Draco Malfoy, que escutava toda a negociação em silêncio e com uma expressão indiferente, mas sorrindo tontamente por dentro.
Draco era apaixonado pelo primo desde os dez anos de idade, quando em um dos bailes reais, o pequeno doncel de sete aninhos o ajudara a se levantar do chão, pois havia tropeçado na ponta levantada de um belo tapete, com um encantador sorriso em seus rosados lábios. Naquele instante, Draco pensou ter visto um anjo, um lindo anjo de olhos esmeraldas e cabelos bagunçados. E como bom filho único mimado, quis aquele anjo para si. Harry, contudo, afastou-se como se nada tivesse acontecido para brincar com as outras crianças que o chamavam, deixando o perplexo loiro indignado por ter sido deixado de lado. Naquela noite, Draco tentou se aproximar do moreninho da única forma que aprendera, gabando-se e diminuindo os outros, diminuindo os amigos de Harry. Obviamente, não deu certo. A única coisa que conseguiu foi que o belo anjo o repudiasse.
Desde então, sempre que podia Draco tentava chamar a atenção de Harry, fazia de tudo, mas como não conseguia nada com seu jeito arrogante e antipático acabava atormentando o menino só para ter aqueles belos olhos esmeraldas pousados em si. Nesses três anos o desejo de ter aquele pequeno anjo para ele só aumentou, assim como a aversão de Harry para com a sua irritante presença.
- Por que você não desce ao jardim para brincar com o seu primo, Draco? – Sirius convidou amavelmente.
O menino, por sua vez, lançou um rápido olhar ao pai e vendo que este assentia, fez uma sutil reverência em concordância com as palavras do rei.
- Se me permite, majestade.
- À vontade.
- Com licença – pediu educadamente, seguindo ao encontro de seu objeto de desejo, mas mantendo a característica máscara de frieza que aprendera com o pai, imperturbável.
Chegando ao jardim, cumprimentou respeitosamente o rei-cônjuge e caminhou até umas espaçadas árvores, onde o lindo moreno de olhos verdes parecia procurar por algo. O andar de Draco era naturalmente altivo, combinando com suas impecáveis vestes: camisa de seda azul-marinho levemente bordada e uma calça preta com as botas da mesma cor, em legítimo couro, por cima.
- Perdeu alguma coisa, principezinho?
Harry imediatamente deteve a busca pelo seu pequeno coelhinho que fugira e revirou os olhos ao ouvir a conhecida, e irritante, voz do primo.
- O que você quer, Draco? – pergunta com impaciência, voltando-se ao maior.
- Ui... Estamos suscetíveis hoje – sorri com burla, adorava ver aquelas brilhantes esmeraldas cintilando de fúria – Colocaram menos chocolate no seu leitinho de manhã, meu príncipe, para deixá-lo nesse mau humor?
- Não, mas um insuportável projeto de serpente albina sempre acaba com o meu dia.
- Oh, estamos inovando a lista de insultos, parabéns. Mas se eu fosse você, Harry querido, teria mais respeito com o seu futuro marido.
- O que? – a linda face do moreno mostrava confusão e asco.
- Isso mesmo que você ouviu – diz com auto-suficiência, aproximando-se sugestivamente do menor – Em alguns anos você pertencerá a mim e deverá me obedecer em tudo. Não aceitarei nenhum tipo de rebeldia ou insulto então vá se acostumando.
- Você ficou louco... Prefiro muito mais atirar-me aos leões do que me casar com um idiota feito você.
- É o que veremos, Harry – estreita seus belos olhos acinzentados, puxando-o repentinamente pela cintura – Só mais alguns anos e quando nos casarmos você aprenderá a fazer tudo o que eu mandar.
- Em seus sonhos, idiota! – diz por entre os dentes apertados de ódio.
- Oh, sim... Você não perde por esperar... – tomando-o de surpresa, Draco junta seus lábios num casto beijo, apenas um roce, que leva uma intensa cor rosada às bochechas de Harry.
Com um forte empurrão o moreno consegue se soltar, e imediatamente corre para junto de seu pa' dizendo a si mesmo que preferia enfiar a mão num cesto de najas a ser forçado a casar-se com aquele atrevido loiro. Este, no entanto, parecia nas nuvens após saborear os doces lábios do seu anjo, prometendo-se que não o deixaria escapar jamais, pois aqueles lábios com sabor de mel eram destinados a ser seus.
(Fim do Flashback)
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Dois dias haviam passado desde que James contara a Harry sobre a escolha de seu pretendente, agora, acomodado confortavelmente em uma das carruagens real, o jovem príncipe seguia até o castelo do Arquiduque Alvo Dumbledore que além de seu padrinho, também assumia o cargo de conselheiro real. Era pouco mais de uma hora de viajem, na qual Harry observava a paisagem enquanto sentia o atento olhar de sua ama pessoal sobre ele, pois mesmo bordando um belo caminho de mesa, ela não descuidava de seu príncipe. Minerva McGonagall estivera com o pequeno doncel desde que este nascera e a partir de então o cuidava como se fosse seu próprio filho, afinal, alguém tão doce quanto Harry era difícil de não se apegar e querer.
Logo eles pararam à frente do singelo, porém belíssimo castelo da família Dumbledore, onde Alvo vivia isolado do mundo, convivendo apenas com seus poucos criados e uma exótica ave chamada Fawkes. Sabia-se que o único descendente desta nobre família nunca havia se casado, mesmo sendo um varão, e não se importava com os olhares estranhados, oferecendo sempre sorrisos amigáveis e gestos gentis para com todo mundo.
Alvo desde sempre fora amigo dos Potter e conselheiro real, pois sua grande sabedoria ajudara a criar e prosperar com aquele belo reino, mas por trás de seus amáveis sorrisos, se olhasse profundamente para seus sábios olhos turquesa, podia-se ler claramente que vivera uma grande desilusão no passado. Contudo, o bondoso homem jamais comentara sobre isso com ninguém e quando o questionavam sobre o porquê de não ter se casado, ele apenas sorria e dizia não possuir muita sorte em assuntos do coração.
- O príncipe Harry está aqui para ver o Arquiduque Dumbledore – Minerva anunciou calmamente a um dos servos do castelo assim que desceram da carruagem.
- Imediatamente, senhora – pronunciou após uma profunda reverência ao príncipe – Por favor, venham comigo.
O criado então os levou ao salão principal para que aguardassem o Arquiduque e seguiu à cozinha para mandar preparar um chá. Logo o amável nobre apareceu com um radiante sorriso indicando sua satisfação por receber a visita do afilhado. Com um conjunto de calça de linho bege e uma bela túnica bordada, azul-marinho, por cima, Dumbledore marcava sua elegante e jovial presença.
- Meu jovem príncipe!
Harry logo sorriu e quebrando o protocolo correu para abraçá-lo.
- Padrinho!
- Imagino o motivo de sua visita – comentou, sem deixar de abraçar o menino – Semana passada estive com o seu pai e ele me contou sobre o pedido de sua mão.
O pequeno apenas suspirou, sentando-se novamente no confortável sofá de mogno, com o Arquiduque ao seu lado. Com uma respeitosa reverência, Minerva havia se afastado para dar-lhes mais privacidade.
- O senhor sabe que eu não o suporto.
- Eu sei.
- Por que, em toda a imensidão do reino de Hogwarts, meus pais haviam de escolhê-lo? Parece que fizeram isso só para me condenar.
- Não diga uma coisa dessas, Harry. Você sabe muito bem que a família Malfoy é a mais influente de todo o reino. Sem contar o fato de que ele compartilha o sangue real por ser seu primo.
- Mas Alex é quem herdará o trono.
- No entanto, a nobreza é assim. Pregam a "pureza do sangue", quanto mais nobre, melhor.
- Isso é injusto... – murmura com um gracioso biquinho.
- Sem dúvida, pequeno, mas nem sempre podemos viver o que sonhamos.
Harry notou que os olhos do nobre escureciam ligeiramente ao pronunciar aquilo, como se viajasse a um passado distante que comprovasse com exatidão suas palavras. Sempre quis saber os detalhes da juventude de seu padrinho, mas quando perguntava, este esquivava com uma impressionante destreza que logo o fazia desistir. Mas acreditava que um dia descobriria a verdade, quando o maior estivesse à vontade para contá-la.
- O pior é que eu não sinto nada por ele, sequer carinho fraterno, somente antipatia e repulsão.
- Quem sabe com o tempo... – suspira – Vocês terão oportunidade de se conhecer melhor, Harry, às vezes essa arrogância toda é apenas uma máscara.
- Uma máscara muito bem colocada, diga-se de passagem.
Alvo não pôde conter um pequeno sorriso.
- É muito difícil ver um casamento feito por amor hoje em dia, principalmente no meio em que vivemos. As alianças políticas, infelizmente, são essenciais para a boa administração de um reino
- Meu pa' me falou sobre isso, com menos delicadeza, mas falou.
Os dois observaram em silêncio o criado servi-lhes o delicioso chá de jasmim, então o príncipe continuou:
- Ele disse que amor é algo que irei achar apenas nos livros e que nunca aparecerá aquele herói idealizado para salvar o pobre personagem indefeso.
- E você sabe que é verdade – sorri, degustando o chá.
- Eu sei, mas... Não quero um herói. Fico feliz só em não ser entregue ao vilão.
O Arquiduque deixou escapar uma risada divertida, balançando a cabeça negativamente.
- Não embarque nesse compromisso já com um pensamento assim, Harry. Por enquanto o jovem Malfoy é o seu prometido, mas as coisas podem mudar. Nunca se sabe o dia de amanhã.
- É o que espero.
- Tenha paciência e fé que as coisas tomarão seu rumo da melhor maneira possível.
- Que os anjos lhe escutem, padrinho.
A conversa e os sábios conselhos de Dumbledore tomaram o resto da tarde, assim, quando o sol já se punha, Harry e Minerva seguiram de volta à corte. O jovem príncipe encontrava-se mais sereno, pois as palavras do Arquiduque haviam amenizado um pouco sua indignação, oferecendo-lhe esperança de que o casamento não ocorresse. Contudo, seu repentino bom humor esfumaçou quando, ao chegar ao palácio, seu pa' lhe avisara que em poucas horas os Malfoy chegariam para um jantar.
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Agora Harry encontrava-se em frente ao espelho contemplando o falso sorriso que precisaria levar por toda a noite. A bela camisa perolada que vestia por baixo da túnica de um ombro só verde-esmeralda, acentuava seu ar angelical, pois as mangas eram largas e compridas passando um palmo de suas suaves mãos. A calça branca de seda marcava com perfeição as torneadas pernas e um lindo conjunto de colar, anéis e braceletes em ouro enriqueciam ainda mais aquela terna imagem. A delicada coroa que se amoldava ao sensual cabelo negro do jovem príncipe, atestava sua condição real, e na opinião de Harry, representava as tristes algemas que o levariam àquele matrimonio.
- Harry! – duas vozes exatamente iguais tiraram o jovem príncipe de seu estupor.
Duas sorridentes gêmeas acabam de se jogar em sua cama, sem se preocupar em amarrotar os belíssimos vestidos azuis, cheios de pregas, laços e bordados. As gêmeas Potter-Black possuíam, sem duvida, a beleza de seus pais, com um par de olhos avelãs como os de James e cabelos negros até a cintura, maleáveis, como os de Sirius. E é claro, adoravam seu irmão mais velho, ainda que muitas vezes fizessem sua vida impossível. Como naquele momento...
- Seu querido prometido chegou! – Isabelle sorria.
Era simplesmente impossível diferenciar uma da outra, apenas James conseguia.
- Ele e nossos queridos tios... – Alice acrescentou com sarcasmo – Parecem loucos para vê-lo.
- Vocês estão adorando me ver a caminho do purgatório, não é mesmo?
- Sim.
- Como adivinhou?
- Mas a gente te ama...
-... Você é nosso irmãozão.
- E não se atrase, futuro senhor Malfoy!
Na mesma hora as duas saíram correndo, antes que tivessem seus pescocinhos reais torcidos por um irritadíssimo Harry.
E naquele exato momento, uma das famílias de maior prestígio do reino ingressava no castelo. Seus belos olhos, frios como verdadeiras pedras de gelo, percorriam toda aquela majestosa estrutura. Porque, sem dúvida alguma, o Castelo Potter-Black era um verdadeiro símbolo de magnificência.
À entrada, do lado do pátio, ficava o vestíbulo do Pavilhão do Relógio; Uma grande escadaria em mármore conduzia, no primeiro andar para norte, à Sala dos Vãos e às tribunas da capela, que se seguia à Sala de Espetáculos e, para sul do Pavilhão Central, à Sala dos Guardas e à Galeria da Paz. Esta última conduzia ao Salão dos Marechais, ocupando todo o andar do Pavilhão do Relógio: transversalmente, elevava-se a dois andares. Deste salão passava-se, do lado do pátio, ao Salão Branco, depois ao Salão de Louis Potter II, Sala do Trono, Salão Hermes Potter XIV e, por fim, à Galeria de Antonieta Potter, que por sua vez leva ao Pavilhão de Flora.
A ala sul estava ocupada, no primeiro andar ao lado do jardim, pelos apartamentos do Rei e seu cônjuge e pelos apartamentos dos príncipes e princesas. Uma pequena escada ligava estes apartamentos ao vestíbulo; o rés-do-chão, do lado do pátio, entre o Pavilhão do Relógio e o Pavilhão de Flora estava conectado ao serviço do Rei e do palácio.
A ala norte abrigava a capela no Pavilhão da Capela, onde se situava, no primeiro andar, a Galeria dos Vãos e as tribunas da capela. A ala compreendida entre este pavilhão e o Pavilhão de Marsan, no extremo norte do palácio, estava ocupada pela Sala de Espetáculos, limitada do lado do pátio por um estreito corredor que levava até ao Pavilhão de Marsan; este era ocupado pelos apartamentos destinados aos chefes de estado em visita oficial e aos nobres que desejavam se hospedar na corte. O palácio inteiro era decorado da forma mais bela, com pinturas, pratarias, ornamentos em prata, ouro e pedras preciosas, além de riquíssimos móveis em mogno escuro de carvalho real.
- O Duque Lucius Henrique Malfoy, sua esposa, a Duquesa Narcisa Black-Malfoy e o herdeiro Draco Lucius Malfoy – um servo anunciou solenemente a entrada da família no Salão dos Marechais, uma espécie de gigantesca e magnífica ante-sala, onde aguardariam o início do jantar.
- Majestades.
Os Malfoy fizeram uma respeitosa reverência.
A família Potter-Black já se encontrava no local, exceto por Harry, e assentiram educadamente ao cumprimento. As gêmeas brincavam com suas bonecas, sentadas no magnífico sofá aveludado, o pequeno Orion, por sua vez, recebia os mimos de sua ama enquanto divertia-se com alguns soldadinhos de brinquedo sentado no belo tapete persa, sem se importar com as lindas vestes que o caracterizavam como príncipe herdeiro. E James e Sirius solicitavam aos convidados que se acomodassem para saborear um aperitivo, licor de maçã verde, enquanto esperavam por Harry.
- Ele já deve estar chegando – James comentou, tentando conter o nervosismo na voz, pois sabia que seu adorado filho estava adiando ao máximo o encontro com seu prometido.
- Não é correto um doncel se atrasar.
- Nos sabemos, Lady Malfoy, mas Harry está se arrumando com esmero para ver seu prometido.
Narcisa era uma mulher belíssima, mas com um ar arrogante que chegava a enojar. Às vezes ela deixava a máscara Malfoy de lado e mostrava um ar cálido, principalmente com seu irmão, mas geralmente era uma dama impecável e orgulhosa que olhava a todos de cima.
- Harry está animadíssimo com o casamento – Sirius continuou.
- Nós também estamos – o patriarca dos Malfoy sorriu com sua arrogância natural, acariciando de forma ausente a cabeça de serpente, em ouro branco, que adornava o topo de sua bengala – A expectativa de ver uma criança correndo pelo Castelo Malfoy é enorme. Um varão, para continuar o legado da família.
- Com certeza Harry não irá decepcionar.
- Temos plena confiança nisso, meu querido irmão – Narcisa sorriu friamente.
Draco, enquanto isso, permanecia alheio a conversa ao seu redor. Seus pensamos estavam centrados em ver seu amado Harry novamente. Há meses ele e seu primo não se encontravam, e quando seu pai lhe comunicou que o Rei Sirius concedera a mão de seu filho a ele, Draco quase partiu imediatamente ao palácio para raptar seu prometido, pois não via à hora de estar com ele em seus braços. E não, não importava o fato de Harry o odiar, com o tempo aprenderia a amá-lo.
O herdeiro do nome e da fortuna Malfoy era um jovem de 20 anos, varão, e cobiçadíssimo por qualquer dama ou doncel do reino. Seus belos olhos acinzentados, com os cabelos louros emoldurando sua face aristocrática, acentuavam toda a soberba que naturalmente emanava. Seu corpo era musculoso e bem trabalhado, escondido pelas caras vestes, e arrebatava vários suspiros por qualquer lugar onde passasse. Era um homem lindo, mas que não conseguia a admiração e o anseio da única pessoa que desejava, da única pessoa que fizera seus olhos brilharem com sentimento aos dez anos de idade. Pois Harry não se deixava absorver por tamanho encanto, uma vez que a arrogância, a presunção e seu ar de menino-mimado-que-possuía-o-que-quisesse, aos olhos do moreno, aplacavam toda a beleza que Draco viesse a possuir.
- Harry... – Draco murmurou embelezado, observando o belo príncipe ingressar no salão.
Contando mentalmente até dez, Harry deixou o sorriso forçado que tanto treinara diante o espelho adornar seus lábios e se aproximou da família Malfoy e de seus pais.
- Boa noite, lamento o atraso – fez uma pequena reverência, recebendo outras três dos convidados – Lord Malfoy, Lady Malfoy.
Seus olhos não pousaram em Draco em nenhum momento.
O que exasperava seu prometido.
- Creio que podemos passar ao Salão de Banquetes.
Seguindo a sugestão de James, que fez um simples aceno ao servo que aguardava a ordem, todos se adiantaram ao belíssimo salão que possuía uma enorme mesa retangular, em carvalho real, ao centro, diversas tapeçarias decorando as paredes e um imenso lustre de cristal situado ao centro da mesa. Acomodados, com os Reis em cada ponta da mesa, seus filhos de um lado e os convidados de outro, eles observaram os servos ingressarem no local e pousar centenas de bandejas na mesa. O nome "Salão de Banquetes" definitivamente não era à toa, pois logo todos se viram apreciando uma magnífica refeição.
Obviamente, Harry encontrou problemas para apreciar os maravilhosos pratos, pois os insistentes olhos de seu primo não abandonavam nenhum de seus movimentos. E aquele exasperante sorrisinho auto-suficiente, no canto dos lábios, não deixava o belo rosto do herdeiro da fortuna Malfoy. Harry cogitava seriamente se seria falta de etiqueta, ou se quebraria o protocolo, enfiar sua faca na garganta de seu querido prometido para borrar o sorrisinho vitorioso de sua cara. Bom, provavelmente, seu pa' não ficaria muito feliz.
Assim, o jantar se seguiu com Sirius e Lucius discutindo assuntos oficiais, Narcisa comentando o quão graciosas as gêmeas ficavam com aquelas vestes, James pendente de Orion, que obviamente dava trabalho a sua ama para comer, e Harry e Draco trocando olhares assassinos por parte de um e vitoriosos por parte de outro.
- Por que vocês não vão até o jardim conversar um pouco? – Sirius sugeriu a Harry e Draco quando já terminavam a sobremesa, que consistia em uma deliciosa torta de chocolate com sorvete de caramelo regado na calda de framboesa.
Não notou o olhar mortal que seu filho lhe lançou.
- Excelente idéia – Narcisa aprovou.
- Er... Não creio que seja correto...
- Oh, bobagens, Harry. Sua ama acompanhará vocês de longe.
- Mas...
- Sim, Harry, mostre-me o jardim, faz algum tempo que eu não o visito.
Se olhares matassem, Harry não precisaria mais se preocupar com aquele casamento.
- Como desejar, Malfoy – respondeu por entre os dentes.
Os adultos sorriram ao ver os dois deixarem o salão, seguidos da ama pessoal de Harry, McGonagall. Mas James suspirava internamente, sabendo que seu querido filho não estava nem um pouco contente com isso. Infelizmente, era a coisa certeza a fazer. Não podia pensar com o coração... Sua mãe lhe dissera isso várias vezes.
O jardim do palácio era um verdadeiro sonho, e um dos lugares em que Harry mais gostava de ficar, seguido da imensa biblioteca. Milhares de flores rodeavam as gigantescas árvores, os bancos de mármore, os balanços das gêmeas e os belíssimos chafarizes que rememoravam a cultura grega com estátuas de cupidos e ninfas. Era um lugar de impensável beleza e cheio de paz, habitado por alguns pequenos coelhos, esquilos e pássaros que sempre rodeavam o jovem príncipe nas manhãs de sol. Um lugar magnífico, mas que naquele instante, para Harry, perdera toda a sua beleza.
- O que você pretende, Malfoy? – perguntou friamente, ao se verem acomodados em um dos bancos de mármore.
- Ora, apenas dar um passeio com meu prometido.
- Eu não quero ser o seu prometido, e você sabe muito bem disso.
O sorriso arrogante nos lábios do loiro apenas aumentou:
- É uma pena que você não tenha escolha, não é mesmo?
- Você não passa de um idiota – replicou com ódio.
- Cuidado com o que fala, meu querido Harry, não permitirei tais insultos quando nos casarmos.
- Nós NÃO vamos nos casar!
- É o que veremos, priminho.
Draco lançou um olhar de esgueira à ama de Harry e viu que esta se encontrava distraída com algumas rosas lilás que adornavam os acabamentos de um dos chafarizes, e sem pensar duas vezes, agarrou com firmeza a cintura do moreno, aproximando seus corpos perigosamente. Os olhos acinzentados, cintilando de malícia e altivez, encontraram os desconcertados olhos verdes do jovem príncipe, mas logo vagaram para os lábios rosados que se encontravam entreabertos devido à surpresa.
Se a tentação fosse personalizada, seu nome seria Harry Potter-Black.
E Draco Malfoy nunca fora um homem com grande autocontrole perante os deliciosos pecados da carne.
Para completo terror de Harry, seus lábios foram tomados bruscamente, e sua boca invadida pela ávida língua de Draco, que se ocupava em saborear cada pedacinho daquele delicioso manjar com sabor de chocolate e framboesas. Harry se debatia, tentando empurrá-lo, mas a força do maior era definitivamente incomparável a sua.
- Senhor Malfoy! – uma severa voz finalmente obrigou o loiro a romper o beijo.
- Pois não? – olhou com verdadeiro ódio para a criada. Mas esta não se intimidou.
- Não é correto que o senhor tome esse tipo de liberdade antes do casamento.
- É claro... Mas compreenda, para dois jovens é difícil resistir à paixão.
- Entendo. Mas peço que o senhor se contenha e, por favor, solte o jovem príncipe.
A contragosto Draco atendeu ao pedido da rigorosa ama e deixou um chocado Harry finalmente escapar de seus braços. Por enquanto se contentaria, mas em breve aquele lindo moreno estaria em seus braços e ninguém o impediria de fazer o que quisesse com ele. Esse simples pensamento fazia um excitante calor percorrer seu baixo ventre.
- É hora de se recolher, jovem príncipe.
Ao ouvir a cálida voz de sua ama, Harry finalmente saiu de seu estupor, sentindo suas bochechas corarem.
Como aquele animal se atrevia a tocá-lo?!
Quem ele pensava que era?!
- Durma bem, e sonhe comigo, meu querido Harry.
Aquela cínica voz fez Harry estreitar seus belos olhos verdes e agir por impulso, com o desejo de borrar aquele sorrisinho irritante dos lábios do outro. Sua mão direita impactou dolorosamente na pálida face do loiro, que arregalou os olhos, assim como McGonagall, completamente surpresos.
- Fique longe de mim, Malfoy.
Com um último olhar frio ao primo, Harry deu as coisas e seguiu de volta ao palácio, com sua ama logo atrás. Esta o olhava com reprovação, mas sorrindo satisfeita por dentro, pois sabia que o insuportável garoto Malfoy merecia aquele doloroso tapa e muitos outros. E enquanto o príncipe e sua ama se afastavam, olhos acinzentados brilhando de ódio os seguiam. Um único pensamento dominava a mente de Draco Malfoy:
Harry se arrependeria.
Oh sim, ninguém afrontava Draco Malfoy e saía impune.
Ele mesmo garantiria que o moreno se arrependesse amargamente e nunca mais voltasse a insultá-lo. Em breve, Harry não passaria de um dócil corcel, pois ele o domaria da forma mais prazerosa possível, não para Harry, é claro.
- Aguarde e verá, priminho.
Continua...
Próximo Capítulo: Uma festa no reino de Durmstrang era algo mágico, algo que Harry não queria vivenciar, mas que novamente não possuía escolha. O Rei das terras vizinhas, Grindelwald, esperava com ânsias a chegada da família real de Hogwarts.
(...)
Os olhos vermelhos percorriam o salão com desinteresse, não havia um doncel ou donzela que não suspirasse ao vê-lo. Mas ninguém o interessava. Ninguém era bom o suficiente para ele. Até que o viu... Até que seus olhos se perderam numa imensidão esmeralda.
Pela primeira vez Tom Riddle se sentiu interessado em alguém.
Pela primeira vez quis estar com alguém.
Pela primeira vez...
...Alguém era digno de estar com ele.
-x-
Esclarecimentos:
- Originalmente, Narcisa é prima de Sirius, mas nesta história eles são irmãos, para que o parentesco entre Draco e Harry seja de primos. Casamento entre primos era muito normal na era medieval.
- Casar-se com um doncel gera muito prestígio ao varão, pois os donceles são bem mais raros que as mulheres. Estes, quando engravidam, sempre têm mais de um filho e todos muito capacitados e em perfeito estado. Já as mulheres, geralmente, conseguem gerar apenas um filho saudável (exemplo de Narcisa Malfoy, pois Draco é filho único) e raramente engravidam de novo. "Possuir" um doncel, além de tudo, é um sinal de grandeza, poder e prestígio. (Mais uma vez, lembrando que é uma história UA).
- O Castelo Potter é basicamente a imagem do Palácio das Tulherias. Quem o desejar ver é só digitar no Google: Palácio das Tulherias.
-x-
N/A: Olá! Como eu disse, ano novo, história nova! Espero que vocês gostem e dêem uma chance a ela. É um UA (Universo Alternativo) como deu para perceber, e como diria meu professor de Biologia: tenham a mente aberta! xD
Minha intenção é deixar o mais próximo da realidade da Idade Média, próximo, é claro. Com significativas diferenças. Bom, no próximo capítulo nosso querido Tom Riddle irá finalmente aparecer... Como as coisas seguirão seu curso? Draco ficará feliz com a idéia de um rival? E Harry se deixará encantar?
Então é isso, se gostarem e quiserem o próximo capítulo, por favor, deixem suas Reviews! – olhinhos brilhando – Muitas coisas ainda vão acontecer, algumas boas, outras nem tanto, espero que vocês acompanhem e apreciem essa nova história.
Gostaria de agradecer à Lana pelo maravilhoso apoio e o incentivo para postar a história! Obrigada mesmo amiga!
Qualquer comentário, críticas, elogios ou sugestões...
São sempre bem vindos!
Um Grande Beijo!
Felizes Festas!
E em breve, o próximo capítulo de O Pequeno Lord estará on!
E não, eu não me esqueci de Prazer Sem Limites, logo ela estará on-line também!
