Senti fracos feixes de luz penetrarem a cortina, iluminando amenamente o quarto. Bocejei e olhei para o lado preguiçosamente. Vejo curtos cabelos negros esparramados pelo travesseiro e um sorriso escapa pelos meus lábios. Não fora um sonho.
Virei-me e pus-me a observar suas costas. Os flashs da noite anterior vinham-me a mente como raios de uma tempestade. Agora presenciava o arco-íris. Com as pontas dos meus dedos, toquei ternamente suas sardas espalhas pelos seus ombros. Eram escuras, pequenas e infinitas, como folhas caídas no Outono. Era lindo.
Aspirei seu aroma e me recordei dos tempos felizes da infância, principalmente das macieiras que escalava. Percorri meus dedos pelas suas curvas morosamente, apreciando sua textura como se fosse a coisa mais natural a se fazer. Na verdade, estar na mesma cama que Marco era o certo para mim. Afinal, eu o amava.
Aproximei meu rosto de sua nuca e a osculei sutilmente. Não pude deixar de notar vestígios arroxeados em seu pescoço, ombros e peitoral. Sorri ao me lembrar de seus gemidos enquanto o marcava como meu. Pousei meus dedos em sua barriga e o abraçava por trás numa estranha inocência. Acomodei meu nariz em seus cabelos e seu perfume me intoxicava a cada inalada.
Uma quente mão entrelaçou-se a minha e eu o puxei ainda mais perto de mim, se possível. Não importa quanto contato nós tínhamos, nunca parece ser o suficiente para demonstrar o quanto eu precisava de cada célula sua. Mordisquei sua orelha e ele riu, com o vermelho paliando-se com as efélides de sua bochecha. Era tão adorável que eu poderia amá-lo mil e nunca me cansar.
Marco levou meus dedos até sua boca e a beijou com toda a doçura do mundo, e eu senti meu estômago se abrasar. Puxei seu corpo para que ficasse por cima do meu, e me perdi nas nuances de sua beleza. Ele revelava o sorriso mais belo enquanto acariciava meus cabelos da melhor forma existente. Minhas mãos subiram das suas costas até sua face, vagarosamente, e ele parecia um gato a ronronar contra meus lábios.
Enlacei meus dedos em seus fios negros e ele fechou os olhos. Meu deleite por aquela cena era inexplicável. Aconcheguei seu semblante ao meu e o beijei lentamente, afinal, nós tínhamos todo o tempo do mundo. Marco arqueou a coluna num gesto de luxúria e eu apenas admirei sua expressão, dizendo que queria contempla-lo um pouco mais.
Ele sorriu e eu lhe mordi as bochechas; ele riu antes de gemer. Arranhei seu dorso, estragando o belo desenho de sardas espalhadas nela. Mas eu não me importava, e tampouco ele. Marco abocanhou meu pescoço e se agarrava em meu rosto como se sua vida dependesse disso. E por um minuto eu acreditei nisso.
Lambi sua clavícula e seu doce sabor impregnou-se em minhas papilas gustativas. Eu era tão viciado nele que nem conseguia expressar todo esse sentimento que se aflora em mim.
Espalmo minha mão em sua nádega e faço uma nota mental de, mais uma vez, contar quantas pintinhas Marco possui em sua pele. Mas não nesse momento. Porque agora sorver sua essência é mais importante do que importuná-lo. Ele me beija novamente e eu sei que isso é um pedido para que eu o faça meu. Abraço-o fortemente e sussurro contra sua boca o quanto eu o quero e o quanto eu o amo!
Ele morde meus lábios e contempla-me a face. Com um mavioso sorriso, Marco diz que me ama. E eu não me interesso com mais nada no mundo, exceto ele.
