Rainbow.Severo
Snape despertou preguiçosamente, sentindo os primeiros raios de sol
da manhã de sábado. Tateou cegamente até encontrar o outro lado da
cama vazio. Atípico, pensou. Ela costumava dormir até tarde
nos finais de semana. Finalmente abriu totalmente os olhos e
sentou-se na cama, arrepiando os cabelos negros. Inspirou
profundamente, levantou-se e foi até a janela verde-musgo. A vista
que tinham sempre o deixava sem fôlego. Duas enormes montanhas
verdes, e sua maravilhosa casa entre elas. Isso o fez lembrar de
quando a descobriram. Encantaram-se pela casa assim que a viram. Era
branca e simples, janelas grandes com caixilhos, uma enorme varanda e
uma biblioteca com observatório; situada estrategicamente no vale
entre os montes. Perfeita.
Novamente, a conhecida sensação de
conforto e liberdade emanou dele quando visualizou o gramado da casa.
Estava molhado e com um cheiro conhecido. Havia chovido, e Hermione
certamente tinha saído para fotografar. Era uma de suas diversões
favoritas. Vestiu - ainda sonolento - suas vestes comuns e desceu,
inebriando-se com o aroma do chá de ervas que sentiu assim que
adentrou a cozinha. Estava lendo o jornal quando Hermione chegou,
ofegante e molhada. Mesmo assim, aos olhos de Severo ela estava
adorável. Trazia um conhecido meio-sorriso na face jovem e o vestido
branco estava colado no corpo, mas ainda assim combinando
perfeitamente com sua usuária.
- Bom-dia, Hermione – ele
saudou, levantando-se e mergulhando para beijar-lhe os lábios.
-
Bom-dia – ela respondeu, desviando-se do beijo.
Procurou a mão
dele e o arrastou para fora da casa.
- Venha, Severo, quero lhe
mostrar uma coisa.
- Estou descalço! – protestou ele, com um
traço de divertimento por cima da irritação da voz. Ela correu
para trás da casa, às vezes de costas, rindo-se dele, que detestava
andar de pés descalços na grama. Parou, contemplando algo ao longe,
e falou para o ar:
- Eu sei – foi o que disse - eu também
estou. Não é magnífico?
O que é tão magnífico?, Ele
quase perguntou. Mas então olhou na mesma direção que ela, e
manteve a boca aberta de admiração. Sentiu os pés molhados e sujos
sobre a grama, sentiu a camisa balançar contra seu corpo com o
vento, que também chicoteou seus cabelos. Era um arco-íris. Mas não
somente um arco-íris. Era o mais bonito que já tinha visto, e o
maior também. As cores estavam meio borradas, como numa pintura com
aquarela. Mas ainda assim, adorável. Como a mulher que olhou para
ele, sorrindo como se tivesse cinco anos. Ele a abraçou e sentiu a
pele molhada dela queimar na pele quente dele. Olhou mais uma vez
dentro daqueles olhos e disse-lhe:
- As cores do arco-íris são
formidáveis, Hermione. Mas nenhuma cor jamais poderá ser tão linda
quanto a cor dos seus olhos. Jamais.
Ela corou. Ficava linda
quando corava, pois não havia meio-termo: ela era branca ou tinha as
faces totalmente tingidas de púrpura. Então ela mirou os olhos
castanhos nos negros dele e disse, com a mesma simplicidade que
emanava da natureza ali presente:
- Amo você.
As margaridas
latentes que cresciam por ali pareceram esticar os caules já
crescidos, espiando assim o beijo que se seguiu, para sempre guardado
na lembrança daquela manhã, manhã de arco-íris.
Nota
da autora: bem, eu sei que está muito curta (é uma short,
afinal) e sei que eu poderia tê-la melhorado, mas eu gostei do
resultado. Ficou bonitinho, apesar dos, ãhn, elementos pessoais da
autora na narração. :) Eu queria agradecer ao incentivo da Mary
Lupin, da Sophie Granger e da Thayz Phoenix. Obrigada! Ah, aliás, o
nome da fic está em inglês e significa arco-íris. Eu recomendo que
escutem Let It Be, dos Beatles, enquanto a lerem (já leram, o/) foi
ouvindo esta música que escrevi a maior parte da fic. :*
Lety
Snape.
