Realmente a vida é uma caixinha de surpresas. E esse mundo dá muitas voltas. Naquele momento ninguém estaria mais apto a descobrir essa grande verdade do que o belo rapaz de cabelos esverdeados e dono de lindos e sedutores olhos azuis.
Freed estava sentada no fundo do salão da guilda da Fairy Tail. Ele girava inocentemente um tecido amarelo entre seus dedos longos e finos. Ah, aquela fita! O objeto que marcou a descoberta de um novo sentimento. Um sentimento ao qual Freed poderia jurar que não existia, que era apenas fruto de sua imaginação devido a sua grande adoração por Laxus.
Lentamente as lembranças de como tudo se iniciou invadiam a sua mente.
Flash Back…
Freed e Laxus voltavam da floresta onde o Rujinshu havia acabado de completar sua missão.
— Parece que saímos ilesos desta vez – Freed falava orgulhoso de si mesmo olhando em direção a Laxus, o rapaz adorava mostrar ao loiro como ele era competente.
Laxus olhou para o colega de equipe e riu. Freed fechou a cara e se encolheu um pouco irritado e um tanto humilhado pelo fato de Laxus parecer zombar dele.
— Desculpe Freed, mas você não saiu assim tão ileso quanto pensa – e dizendo isso o loiro segurou em seu braço levantando o até seu rosto para que o garoto visse um pequeno corte em seu dedo.
Até esse momento Freed apenas cerrou os dentes irritado pelas brincadeirinhas de mal gosto que o líder do Rujinshu gostava de fazer. Não havia, para Freed, nada demais naquele pequeno gesto de Laxus. O que realmente mexeria consigo seria a próxima atitude do loiro.
Laxus distraidamente lambeu o sangue do dedo de Freed. Ele deslizou sua língua até o corte e sugou levemente o local sem notar o quanto este pequeno gesto poderia parecer constrangedor no momento.
Quando ergueu os olhos, Laxus levou um susto. Encontrou os olhos azuis de Freed antes azuis cristalinos escuros de desejo. A boca to rapaz sempre tão rosada agora exibia um vermelho vivo devido à irrigação sanguínea no local. Seus lábios estavam entreabertos el parecia ofegar um pouco. O rosto de Freed estava num tom carmim.
Seus olhares se cruzaram e ambos acabaram se constrangendo com as expressões alheias; Laxus com um Freed excitado e Freed com um Laxus corado e constrangido.
O loiro se afastou um pouco soltando a mão de Freed lentamente.
— Nossa que situação mais estranha a gente criou aqui agora – Dizia Laxus tentando não olhar para Freed.
Freed não respondeu. Lutava em seu interior contra uma avalanche de emoções e sentimentos adormecidos que agora desmoronavam dentro de si. Laxus continuava a olhar Freed assustado. Talvez ele realmente tivesse ido longe demais, e agora Freed estava chateado e constrangido pelo que ele fez. Achando melhor ignorar a cara de pânico de Freed Laxus rasgou um pedaço da manga da sua camiseta amarela e a amarou no dedo ferido de Freed.
Freed acabou despertando para a realidade quando notou Laxus amarrando a fita em seu dedo. Sentiu-se ridículo. Laxus só estava tentando ser gentil com ele (coisa que normalmente ou nunca o loiro faria) cuidando de um ferimento seu e ele surtando assim sem motivos na frente do homem que mais admirava no mundo… isso era imperdoável. "O homem que mais admirava no mundo", essa frase reverberava estranhamente em sua mente. Ajoelhou-se e pediu desculpas sem pensar duas vezes.
— Perdoe-me Laxus – ainda não conseguia olhar nos olhos do outro – é que eu senti tanta a sua falta quando você foi embora da guilda que só a sua presença já é o suficiente para me emocionar. Perdoe-me a minha indiscrição, prometo ser menos exagerado, me desculpa.
O loiro o olhou um tanto irritado.
— Ora Freed pare de frescuras, nem sei do que você está falando. Eu disse que foi estranho, só isso. Não fique ai imaginando "coisas", idiota – Laxus soltou seu usual tom bruto e ameaçador de sempre.
Freed se levantou ainda de cabeça baixa e ficou ali parado no mesmo lugar. Laxus passou por ele violentamente quase o derrubando e seguiu floresta adentro.
Naquela noite antes de chegarem a Magnólia, Evergreen e Biswout se reuniram a Laxus e Freed para acamparem, pois a floresta era densa e perigosa demais para caminhar à noite.
Fizeram uma fogueira e se sentaram ao redor dela. A noite estava fria e o vento soprava forte. Evergreen e Biswout riam descontrolados enquanto falavam sobre sua parte na missão que nem notaram o clima pesado que havia ali entre Laxus e Freed; aliás, nem suas presenças eram notadas.
Laxus e Freed estavam sentados um de frente para o outro, e mesmo sem perceber acabavam sempre trocando alguns olhares a cada cinco segundos. Laxus começou ase sentir incomodado com os olhares de Freed e se levantou irritado.
— Vou buscar um pouco de água – Laxus pegou o cantil e eu a volta na fogueira.
— Eu vou terminar de arrumar as barracas – Freed resolveu fazer algo de útil também para não ficar tão evidente que ambos estavam tentando se ignorar.
Ao passarem entre a fogueira e uma árvore acabaram se esbarrando. Freed por ser menor bateu com o rosto no peito forte de Laxus. Como que por reflexo, Laxus o segurou pelos braços e automaticamente abaixou a cabeça encostando o nariz nos cabelos de Freed. O loiro respirou e sentiu o cheiro inebriante dos fios sedosos do cabelo de Freed. Ficaram ali num impasse, paralisados. Corações tamborilando sem entender o por quê de, de repente toda a convivência entre eles parecia ter se tornado tão sufocante mas necessária. Ambos ordenavam a seus cérebros, "mova-se, por favor", porém seus corpos pareciam não aceitar as ordens.
Laxus sentiu medo. Não sabia ao certo do que tinha medo, mas percebeu que realmente de alguma forma Freed estava mexendo com ele.
— Ei vão ficar ai empatando o caminho, pombinhos? – Evergreen soltou um pouquinho do seu veneno assustando os dois que agora obstruíam a sua passagem.
— Ei cuidado com o que fala. E a culpa é dele que não olha por onde anda – embora falasse com Evergreen seu olhar era direcionado a Freed como se o censurasse por algo além daquilo.
— Perdão Laxus, não sabia que você era tão sensível assim – Freed se dirigiu irritado ao seu líder. Ao sair do caminho dessa vez foi Freed que quase derrubou Laxus esbarrando nele irritado.
— Opa, a princesa tá nervosinha hoje – Biswout gritou enquanto Freed se afastava pisando firme. Então o mago e seus bonequinhos se dirigiram à Laxus – liga não, isso ai é falta de sexo.
Laxus corou e olhou horrorizado para Biswout ao ouvir aquelas palavras. Mil coisas passaram em sua mente nesse momento, inclusive a imagem de um Freed nu e arfante sendo prensado por ele em uma árvore. Laxus teve vontade de se jogar na fogueira por imaginar coisas tão absurdas e idiotas.
Pelo resto da noite durante o caminho de volta à Magnólia, os dois não trocaram nenhuma única palavra, apesar de que, muitos olhares cheios de dúvidas e desejos se fizeram presentes.
Fim do Flash Back.
