Peter Pan © James Barrie, eu só quero o Miguel
A janela continuava aberta. Esteve sempre aberta, como Wendy prometera. Mas Peter não tinha coragem de sequer colocar o pé no parapeito. Parecia-lhe que uma vez dentro do quarto, não sairia mais. Ela ainda o fascinava, mas não o suficiente para arriscar tudo. Ele só queria que ela voltasse para Neverland. Wendy sabia o endereço (dobrando a primeira rua à direita, siga em frente até nascer o dia. Não era difícil, era?), porque ela não voltava? Uma vozinha soava na cabeça de Peter dizendo que Wendy crescera, mas era difícil acreditar.
Era errado o que estava sentindo, pensou, enquanto observava a garota ressonar levemente durante o sono. Onça Rosa, entre uma careta e um risinho lhe dissera que isso era saudade. E saudade, ele sabia bem, porque ouvira as babás falando nos parques, era um sentimento de quem ama. E Peter Pan não ama. Para amar é preciso crescer e ele não quer crescer nunca. Não quer amar. Só quer esquecê-la.
E, depois de um tempo, ele realmente esqueceu. Todas aquelas antigas aventuras eram só lembranças difusas que o menino que não quer crescer nem tinha certeza se realmente aconteceram. Wendy cresceu e Peter só ia raramente lá. Não a amava mais. Ele percebeu que nunca amara Wendy realmente (será?), só amara a alma infantil dela. E isso já estava perdido há muito tempo.
Então, a janela fechou e ele não precisava mais voltar. Wendy tinha crescido. E quem, afinal, era essa tal de Wendy?
N/A: Eu escrevi uma fic de Peter Pan, mesmo sendo uma drabble. Realizei meu sonho 8D
