Hetalia não me pertence e todos sabem disso. Escrita em uma relação mutualistica (Q) com a Maiga. Baseada na lenda "Zumbis do Haiti". Acho que só /hm

E todos sabem que é Arthur x Kiku. Boa leitura!

Segunda Chance

~Um conto de Romeo, Julieta e Zumbis~

Arthur era um jovem que ganhava a vida traduzindo documentos. Levava uma vida modesta, sem dificuldades, mas também sem grandes luxos. Seu único problema era seu coração... Não, não tinha nenhuma doença, mas amava uma pessoa. E ultimamente estava ouvindo boatos de que a pessoa em questão iria se casar com seu irmão mais novo, com o qual quase não tinha contato por brigas do passado, por isso não saberia falar com precisão.

Alfred, seu irmão mais novo, se formou e ganhava a vida como juiz. Apesar de idiota, era muito inteligente e sua escolha permitia um maior destaque e sucesso financeiro, mesmo em uma cidade que não fosse grande. Provavelmente, era este o motivo pelo qual fora arranjado um casamento entre ele e Kiku – porque sabia que o moreno não amava Alfred. Eram amigos e só.

Kiku era de uma família rica na região e seu patriarca era o irmão mais velho Wang Yao, o qual tinha uma rixa com Arthur – outro motivo para não aprovar qualquer tipo de relacionamento entre os dois. Pensando nisso, resolveu falar com o oriental, no momento esperando que Wang aparecesse na sala... Não, não era com ele quem devia falar e sim com Kiku. Sorrateiramente, aproveitando que não vinha ninguém, saiu da sala e esquivou-se dos empregados até a área destinada aos aposentos pessoais da família, escondendo-se entre as plantas, sabendo que estava em frente ao quarto de quem queria.

O asiático sentia-se frustrado. Gostava de alguém, mas ficaria com outro por mera conveniência. Se Arthur demonstrasse, falasse algo, poderia ser diferente... Mas já era tarde. Talvez ele não lhe quisesse ou por ser parente de quem era ou pela diferença social que havia entre ambos. Suspirou, aproximando-se da janela e reencostando-se no batente da mesma. Gostava de observar o jardim naqueles momentos – era um local bem tranquilo, longe dos primos barulhentos.

Arthur – que estava devidamente escondido – esperava Kiku aparecer, só não esperava que fosse tão cedo. Sentiu o coração disparar e prendeu a respiração por um momento, olhando para os lados antes de chamar (baixo, para não chamar atenção de outras pessoas que eventualmente poderiam estar por ali):

- Kiku! Aqui!

Nesse momento foi a vez do asiático se assustar ao ouvir a voz conhecida. Achou que era coisa de sua cabeça, mas logo encontrou o loiro escondido, fazendo uma expressão confusa.

- Arthur? O que faz aqui?

Sorriu ao ter a atenção do outro, mas logo se preocupou em observar novamente os arredores para garantir que ninguém – além de Kiku – o via ali.

- Preciso falar com você... Pode vir aqui?

Indagou, fazendo um gesto para que ele se aproximasse. O moreno começou a imaginar que Arthur estava ali sem permissão, por isso se escondia. Caso saísse normalmente, poderia levantar suspeitas, por isso acabou imitando-o, só que olhando para dentro do próprio quarto antes de apoiar-se na janela e impulsionar o corpo para conseguir sair, tomando cuidado com as roupas tradicionais que usava.

Arthur esqueceu-se de sua situação ao ver a certa dificuldade que o menor enfrentava, apressando-se para ajudá-lo. Segurou-o pela cintura, descendo-o cuidadosamente até o chão, mesmo que a janela não fosse muito alta. Controlou os ímpetos de avançar e envolvê-lo com os braços, afastando-se e voltando lentamente para o local de antes, esperando ser seguido.

Kiku ainda demorou alguns instantes para se recuperar de um contato tão íntimo, colocando uma das mãos sobre o peito – como se assim fosse acalmar as batidas descompassadas do coração - e respirando fundo para fazer o rubor diminuir antes de seguir o loiro. Queria perguntar várias coisas, mas havia a principal – pergunta feita em tom sussurrado para que não fossem apanhados, quase como dois amantes em segredo.

- O que precisa falar?

Com a indagação, Arthur voltou-se para o outro. Precisava fitar diretamente os olhos castanhos quando tratasse daquele assunto. Mas parecia tudo tão normal que quase desistiu. Quase. Precisava acabar com toda e qualquer dúvida que existisse, era sua felicidade e a de Kiku que estavam em jogo.

- Eu ouvi algumas coisas... Devem ser apenas boatos, mas queria ouvir de você. Ouvi falar que está noivo do Alfred. É mentira... certo?

Arthur sentiu como se algo apertasse seu coração ao ver os olhos castanhos fugirem dos seus. O oriental pressionava o tecido da manga da vestimenta, querendo fugir, mas não tendo saída.

- Não é mentira... Ele já falou com Yao.

Não conseguiu esconder sua surpresa ao receber a resposta que tanto queria negar. Por que aquilo? Aproximou-se subitamente, segurando o menor pelos ombros, fitando-o fixamente e querendo que ele fizesse o mesmo. Kiku assustou-se com o gesto, colocando as mãos em frente ao corpo como reflexo, mas funcionou: levantou o olhar para fitar o outro dentro dos olhos.

- Não vou permitir! – disse determinado. – Estão te obrigando, não é? Podemos fugir, mas não deixarei que façam isso.

Como estava feliz em ouvir aquilo! E muito. Mas não tinha esse direito. Não mais. Suspirou, a voz saindo mais baixa e fraca do que o planejado.

- Eu... já concordei com isso...

E uma vez concordado, precisava honrar com o compromisso. Não poderia deixar todos na mão, visto que sua família poderia enfrentar problemas! Mas doía admitir aquilo ao ver a preocupação que Arthur demonstrava com aquele assunto. Talvez tivesse pensado errado... Com certeza pensou errado, tendo certeza de que o loiro também sofria ao fitar os olhos dele.

- Mas... por quê...?

Para Arthur, era como se tudo estivesse desabando. Temia aquilo e tornou-se real. Se Kiku aceitou era por amar Alfred... Devia ter imaginado aquele amor do oriental por si. A verdade é que nunca fora amado. Aos poucos o aperto nos ombros do menor foi cedendo e virou-se de costas para ele, passando as mãos pelos cabelos como se isso fosse clarear-lhe a mente e fazer com que parasse de doer. Riu nervosamente, de maneira forçada, voltando a fitar o outro.

- Sempre o amei em segredo... – sorriu tristemente.

Kiku observou bem as reações do amigo, ficando desolado. Não estava errado em pensar que Arthur o amara! Mas o tempo era cruel e não esperava ninguém. As mãos do oriental foram caindo até penderem completamente ao lado do corpo, como se ele perdesse uma parte de si naquele instante. Acabou por sorrir do mesmo modo de Arthur.

- Queria ter ouvido isso antes... Assim eu poderia responder "eu também sempre te amei" – fechou os olhos, suspirando, mas logo balançando a cabeça negativamente. – Não, isso ainda não mudou, mas...

As palavras morreram em sua garganta. Não queria se lembrar do seu possível noivado. Arthur ficou surpreso, desfazendo o sorriso. Então seus sentimentos eram retribuídos? Atreveu-se a se aproximar mais, tomando uma das mãos do menor, fitando-o com certa seriedade, embora os olhos tivessem um brilho de felicidade.

- Você me ama? Se me ama, diga... Sempre esperei uma confirmação dos seus sentimentos, mas a gentileza que era direcionada a mim outras pessoas também recebiam...

O moreno sentiu o típico nervosismo tomar conta de si com a proximidade, desviando o olhar enquanto o rubor tingia as bochechas de escarlate. Chegou a pressionar – de leve – os dedos contra a mão alheia, embora mantivesse o olhar desviado.

- Sim... Eu amo.

Levantou o olhar nas últimas palavras, fitando o outro nos olhos, mas logo os dedos foram escorregando como se fossem se soltar.

- Eu esperava um sinal... Um pedido, o que quer que fosse. Mas não veio. Pensei que houvesse algum problema e acabei aceitando o pedido que me foi proposto...

Arthur não conseguiu segurar o sorriso. Estava tão feliz! Todo seu medo era sem fundamento. Não deveria ter demorado tanto para falar com Kiku.

- Me sinto tão feliz... Vamos ficar juntos, Kiku! Mesmo que tenhamos de fugir. Não aceitarei perdê-lo. Amo-te mais do que posso amar a qualquer um.

Levou a mão livre até a face do asiático, acariciando-a. Kiku mantinha o olhar fixo no outro, um misto de sentimentos dentro de si: se por um lado queria jogar tudo para o alto e fugir com Arthur de modo inconsequente, por outro tinha sua família e a decepção (e problemas) que causaria por fugir de um compromisso. O oriental encolheu os ombros, constrangido com aquele toque tão íntimo.

- Eu queria que fosse fácil fazer isso... Mas eu não devo...

Fechou os olhos, ressentido, deixando que a mão se desvencilhasse da do outro para trazê-la próximo a si. Afastou-se um passo, relutante: queria manter aquele calor junto a si, mas se ficasse mais perto acabaria por não resistir.

- Me desculpe... Eu não vou, eu não quero me esquecer do que sinto por você. Mas não posso fazer isso com todos.

À medida que o menor falava, Arthur ficava confuso. Ele preferia um casamento infeliz a decepcionar a família?

- E eu, Kiku? Não suportaria ficar sem você...

Deu passos lentos em direção ao menor, querendo abraçá-lo. Em resposta, Kiku pousou ambas as mãos nos ombros do outro, querendo mantê-lo no mesmo lugar. Fechou os olhos e abaixou a cabeça, escondendo sua expressão com os fios negros. Doía enfrentar toda aquela situação. Mesmo levemente trêmulo, tentava se manter aparentemente firme.

- Eu não vou conseguir ser feliz sem você, mas não posso ser egoísta e arruinar minha família por satisfação pessoal, uma vez que já concordei com essa loucura... Desculpe-me, por favor. A essa altura, não acho que possa voltar atrás.

Arthur fez uma expressão séria, pousando as mãos sobre as dele.

- Não diga isso, Kiku. Posso achar uma solução... Falar com Alfred... Ou até forjarmos sua morte, como em Romeu e Julieta... Mas não diga isso – estava parecendo desesperado, mas não queria desistir.

- Você acha que... Existe uma solução? – levantou o olhar para fitá-lo, hesitante, sem desvencilhar as mãos.

- Claro! Por favor, espere. Vou encontrar uma e enviarei uma carta, eu juro.

A seriedade era presente na voz do loiro. E não se segurou mais, envolveu os pulsos do menor e trouxe-o para perto, envolvendo-o em um abraço. Faria de tudo para tê-lo consigo. Fechou os olhos, murmurando:

- Só peço que não se esqueça desse sentimento que tem por mim.

Pego de surpresa, não resistiu. E nem queria fazê-lo. Apesar de ser atrevimento demais, deixou-se ser abraçado e inclusive permitiu-se fechar os olhos e aconchegar-se contra o corpo do maior. Já não podia voltar atrás... Uma fagulha de esperança se acendera e agora não seria fácil apagá-la. Um singelo sorriso nasceu nos lábios do oriental, sentindo as bochechas quentes, mas pousando de leve as mãos nas costas do outro.

- Certo... Não me esquecerei, prometo. Só... – hesitou por um instante. – Não demore muito, por favor...

Não queria que acabasse se tornando tarde demais.

x

Há! E então? 8D