A alvorada mal chegara e eu dormia tranquilamente em minha cabine quando ouvi pesadas batidas na porta, levantei-me rapidamente e fui até ela, ao abrir vi o Sr. Thomas, este, era um homem de estatura média com cabelos e barba grisalhos, trajava roupas surradas e tinha uma aparência rude, apesar disto era um marujo fiel de meu avô há vários anos, ele fitava-me com um olhar perturbado no rosto

-Senhorita Catherine, um navio se aproxima rapidamente á bombordo

-Cores ?

-Bandeira negra, caveira e espadas cruzadas no centro

Ao ouvir tal descrição saí apressada pela porta a fora, ao chegar ao convés, fui até a amurada, apoiei-me nesta e olhei para o horizonte onde os primeiros raios de sol começavam a aparecer, vi o navio vindo em direção a nós, tinha mastros altos e neles, velas negras o impulsionavam velozmente, cortando as águas como nenhum outro navio que vira antes .

-É o Pérola Negra - falei para Thomas que estava parado ao meu lado observando-o incrédulo

-Mas já faz muito tempo, porque Barbossa haveria de voltar ? -perguntou-me o velho marinheiro

-Eu não sei, mas acho que coisa boa não pode ser

-Quer que eu avise o capitão ?

-Não, quero poupar meu avô de mais aborrecimento, vou primeiro saber o que o capitão Barbossa quer, e só depois, se for de extrema importância, o avisarei

-Como quiser, senhorita.

-Preparar abordagem ! - Gritei as ordens para tripulação

Em poucos minutos ambos os navios estavam emparelhados, os dois com velas recolhidas e balançavam suavemente com as ondas, foi quando vi a figura dele. Estava mais velho agora, ainda usava o mesmo velho chapéu de antes e continuava tendo como mascote um pequeno macaco, mas ao pisar em meu convés notei algo de diferente em seu semblante, ele parecia cansado, seus olhos azuis haviam perdido o velho brilho de antes, percebi que os anos haviam sidos cruéis com Hector Barbossa. Ele sorriu ao me ver e se dirigiu a mim, atrás dele alguns membros de sua tripulação o acompanhavam, percebi que meus marujos não estavam confortáveis com aquela situação pois, apesar de Barbossa ser um velho amigo, entre piratas, as amizades tendem a ser facilmente extirpadas.

-Catherine ! Quanto tempo, esta crescida, agora vejo que não é mais a menina de antes - Exclamou ele

-Sim, já faz muito tempo que não nos vemos -respondi

-As últimas notícias que recebi de seu avô não eram muito boas, espero que agora ele já esteja se sentindo melhor

-De certo Barbossa, mas as melhoras são lentas, mas gradativamente ele está progredindo

-Fico feliz em saber .

- Sem querer ofender Capitão...mas...não é por isso que esta aqui, não é ?

-Não, não é por isso que vim

-Então, porque veio ?

-Preciso de sua ajuda

-Minha ajuda ?

-Sim, podemos conversar a sós ? -propôs ele sentindo os olhares atentos de ambas tripulações sobre nós

-Certamente, acompanhe-me - O guiei até minha cabine, ao entrarmos fiz sinal para que se ele sentasse a mesa que se encontrava no centro do aposento, ele entrou e sentou-se. Em seguida entrei, fechei a porta atrás de mim e sentei-me em uma cadeira a frente do capitão, ficamos alguns segundos em silêncio e logo depois tomei a palavra.

-Diga-me porquê precisa da minha ajuda ?

-Estou partindo em uma aventura, e não preciso nada além de informação

-E que informação seria ?

-O que a senhorita sabe sobre a fonte da juventude ?

-Não muito, ouvi apenas algumas lendas sobre...mas...não vai me dizer que...

-Sim, irei atrás dela.

-Então sinto muito te desapontar, mas não sei muitas coisas sobre a fonte, eu sugiro que procure outra pessoa para lhe ajudar nesta busca

-Catherine, peço que deixe-me falar com o Capitão Maurice.

-Não, nem pensar ! Não vou deixar você aborrecer meu avô com mais estórias e lendas de piratas...você sabe muito bem o que aconteceu na última vez que decidiu ir atrás de lendas, não vou deixar você cometer o mesmo erro duas vezes.

-Pense bem, a situação agora é diferente, a fonte da juventude pode salvar seu avô.

Fiquei em silêncio por um momento, os pensamentos vagavam em minha cabeça confusos. O capitão a minha frente olhava-me sério, foi quando respirei fundo e por fim disse

-Está bem - disse levantando-me da cadeira - Vou levá-lo até Maurice, venha comigo. - Ele levantou-se de onde estava e acompanhou-me enquanto saíamos da cabine e andávamos alguns metros mais a frente, paramos na frente de uma pesada porta de madeira, na qual estava entalhado "Capitão Maurice Walron", girei a maçaneta e abri a porta.

Ao entrar acompanhada por Barbossa olhei para meu avô deitado na cama, ele me parecia frágil e profundamente triste, tinha uma barba longa e cabelos grisalhos, seus olhos castanhos pareciam cansados, mas ao fitarem a figura do Capitão ao meu lado se iluminaram como uma chama.