No meio da imensidão azul branca do quarto de hospital de Molly Weasley as coisas que mais se destacavam era as cabeleleiras ruivas, loiras e morenas de todos os presentes e um buquê de rosas vermelhas que seus netos compraram em um supermercado.
Soluços eram a única coisa que se podia ouvir, mas não era para menos ja que a matriarca Weasley não estava mais com eles. Os mais novos molhavam a roupa de seus pais, enquanto as esposas e marido tentavam acalmar os irmãos Weasley's e seus filhos. Até mesmo Teddy estava ali consolando a namorada e a mulher de seu padrinho. Molly sempre o considerou da família não era para menos que a considerava como uma avó.
Depois de algum tempo o quarto foi esvaziando com cada familiar dizendo "Adeus" para a figura ruiva ali deitada. No final apenas sobrou Gina, a mesma não aceitava o fato de que a mulher que a gerou e a amou se foi.
A ruiva se levantou de aonde estava e pegou as flores do supermercado, os cartões de melhoras e os bichinhos de pelúcia colocando-os dentro de sacolas, olhou pela ultima vez sua mãe e saiu do quarto e logo em seguida do hospital achando um local seguro para aparatar em frente de sua antiga casa.
A estrutura torta d'Toca estava sem vida, tanto por fora quanto por dentro. Aquele nem de longe era o lugar alegre e aconchegante que morou e passou suas tardes de domingo com sua família. Ele nunca seria o mesmo.
Gina observou o lugar e deixou as sacolas em cima do sofá empoeirado. A mulher riu fracamente ao imaginar o ataque que sua mãe iria ter quando visse a poeira pulando do sofá.
Na cozinha derramou ralo abaixo o chá velho e a velha Cerveja Amanteigada, voltando a sala encontrou em cima da mesinha, um livro velho que com as letras apagadas pelo tempo mostravam o álbum da Família Weasley que Carlinhos havia feito logo após a guerra terminar.
Gina passava as páginas gastas com lágrimas nos olhos, memórias de vidas que foram e são amadas até hoje. Seu pai sempre dizia: Não chore quando você estiver pra baixo. Mas havia uma lágrima toda vez que piscava e olhava para sua mãe sorrindo.
Ela se sentia em pedaços, rasgada, mas a caçula Weasley sabia que um coração que está quebrado é um coração que tem sido amado.
Molly era um Anjo em forma de mãe. Ela sempre estava segurando ela e os irmãos sempre que caíam e com um sorriso encorajador falava para seguirem em frente e aprender com seus erros.
Gina se pegou sorrindo vendo uma fotografia de Molly Weasley brava com um Ronald lambusado de doces que fora feito para seu casamento um dia antes. Era horrível saber que não iria ter mais aquilo em festas ou comemorações da familia, todas elas pareciam que pertenciam a um passado muito distante.
Ela sabia que desde o momento em que Gui lhe enxugou a lágrima em seu rosto momentos antes de sua mãe falecer, que a Matriarca não queria ver nenhum de seus filhos tristes.
Mesmo em uma guerra aonde poderia perder sua família, a mulher pensava em um futuro em que todos viveriam felizes e era isso o que esperava: mesmo em momentos difíceis ver o mundo como sua mãe, era a prioridade.
"Uma vida com amor é uma vida que foi vivida".
Molly sempre ensinou isso aos seus filhos, que o amor era a chave para a felicidade. Mas como ser feliz se a mesma havia partido e levado consigo quase todo seu amor?
Por outro lado, era melhor ver a mulher sem nenhum sofrimento que a velhice e a doença lhe causaram. Deixando as coisas arrumadas no seu antigo lar, Gina saiu e olhou pela última vez a propriedade torta com tristeza.
Tudo o que importava era que sua mãe viu a pessoa que ela se tornou,assim como viu os netos crescerem e se formarem.
"Aleluia" era oque pensava, Molly havia aberto suas asas para voar. Imaginava Arthur, Fred e todos seus amigos que perderam na guerra a recebendo de braços abertos e com sorrisos no rosto dizendo:
"Aleluia, você está em casa"
