Disclainer: Saint Seiya não me pertence, e eu não estou ganhando nada escrevendo esta estória.

Sonhos

(Aki no Okonomiyaki)

Há quem diga que todas as noites são de sonhos.

Mas há também quem garanta que nem todas,

mas somente as de verão.

Mas no fundo isso não tem importância.

O que interessa mesmo

não são as noites em si,

são os sonhos.

Sonhos que o homem sonha sempre.

Em todos os lugares,

em todas as épocas do ano,

dormindo ou acordado.

("Sonhos", Shakespeare)

Sentado naquele lugar irreconhecível, Ikki foi tomado por uma estranha letargia. Pessoas e mais pessoas passavam a velocidades impossíveis, quase como se ele estivesse parado no tempo.

"Ikki, o que está fazendo parado aí?"

A voz familiar tirou-o do torpor. Olhou para cima, para verificar quem era, afinal.

Espanto.

Esmeralda riu levemente ao ver a surpresa do cavaleiro de Fênix.

Ikki olhou ao redor, finalmente identificando o lugar onde estava. Parecia estar sentado numa calçada, nos degraus de uma sorveteria, em frente à uma avenida movimentada. Era visível uma praia, atrás da sorveteria. Uma cidade litorânea.

"Vamos! Não temos tempo a perder!" exclamou Esmeralda, puxando-o gentilmente.

A jovem usava roupas modernas, calça jeans e uma blusa florida, azul e simples. Já recomposto, Ikki a acompanhou.

Subiram os degraus da sorveteria. O rapaz havia notado que não haviam nenhum outro cliente, nem atendentes. Haviam sorvetes no balcão, e Esmeralda prontamente os pegou, oferecendo um à Ikki.

Não havia nem se sentado, e ela já o estava guiando para uma saída oposta por onde haviam vindo.

"Espere, Esmeralda. Não viemos comer o sorvete?"

"Não temos tempo. Podemos comer no caminho." disse ela, uma garota gentil, mas apressada.

Ele não discutiu, começando a comer a guloseima.

Fez uma carranca. Não que o sorvete fosse ruim, longe disso. Era apenas... Estranhamente sem gosto.

Mais um fato estranho a se acrescentar.

Agora, caminhavam pela praia.

De súbito, ela parou.

"Espere, Esmeralda." começou Ikki "Você não havia morr...?"

"Isso não é importante, Ikki."

Ela sorria.

"Olhe para o lado!!!"

Ele olhou.

Era o pôr-do-sol, que raiava o horizonte de cores vibrantes, ao mesmo tempo que, ao longe, trazia a noite. Ali, ele parecia excepcionalmente belo, contrastando com o mar azul e esverdeado, que brilhava.

Ficou ali, hipnotizado, até que a voz baixa e emocionada de Esmeralda se fez ouvir.

"É bonito, não é..." disse ela, sem esperar resposta. "Ele me traz boas lembranças."

A mirou. Os olhos cintilavam úmidos.

"A minha vida lembra um pôr-do-sol, Ikki..."

Nos olhos dela, ele procurou uma explicação, embora já imaginasse qual seria ela.

"Ela foi tão curta... Mas foi bela. Você a fez assim. Eu não pareço, eu sou um pôr-do-sol."

"Não é verdade." disse ele, com a voz firme.

"Mas eu acho que está na hora do meu pôr-do-sol acabar, afinal. Vai vir um período escuro, para nós dois. Mas logo haverá, pelo menos para você, um novo alvorecer."

Ela virou-se para ele, num sorriso genuíno.

"Você entende, não é, Ikki? Ninguém pode viver sonhando... E se esquecer de viver."

E então, ela começou a se desfazer no ar, ao mesmo tempo em que a atmosfera se tornava fria e enevoada.

"Esmeralda! Não vá!" gritou ele, erguendo as mãos, tentando, em vão, alcança-la.

O ar ia se tornando cada vez mais gélido... Quase úmido...

Molhado...

Molhado?

Foi então que Ikki acordou, com os pingos d´agua banhando o rosto.

Adormecera próximo a janela da mansão.

Sacudiu os cabelos úmidos, observando o dia cinzento e chuvoso, que pareceu ganhar grande vivacidade com o sonho maravilhoso.

E então, ele compreendeu o que Esmeralda havia querido dizer.

Mirou com novos olhos o céu cinzento.

Agora, estava quase completamente sozinho, embora o pior já houvesse passado.

Estava no fim da noite.

E ele mal podia esperar que acontecesse um novo alvorecer.

N/A: Olá, leitores! Como puderam perceber, essa é minha primeira experiência em termos de fics, sou uma iniciante. Então, não estranhem se não tiver ficado muito bom. Espero não ter descaracterizado o Ikki, pois ele é um dos personagens mais difíceis de se escrever. Mas, se quiserem, deixem um comentário, e não se incomodem em apontar falhas, pois é consertando os erros que se aprende e escreve melhor. Fiquem a vontade!