N/A:Resultado de um desafio com Yeahrebecca. Homenagem a Jiraiya-sensei, saudades desse velho tarado. Betado.
Idiota
"Prazer em conhecê-la, eu sou Jiraya, não se preocupe você pode-me da uma carta de amor depois".
As mãos de unhas bem feitas e vermelhas deslizaram até o pequeno copinho de bebida enquanto abafava um suspiro devido ao cansaço.
Perdera uma fortuna em uma jogatina . Até ali nenhuma novidade. Olhou o bar quase deserto pensando onde estaria sua nova pupila, Shizune-san. A jovem era sempre atrapalhada e muito acanhada, no entanto possuía uma inteligência invejável.
Riu com a lembrança, porém, logo em seguida, ao tomar consciências de seu ato, seus olhos desabaram na tão comum melancolia. Há quanto tempo não ria assim? Com a mesma naturalidade e por um motivo tão banal?
Desde que Dan tinha falecido era um feito quase que incomum, era sempre irritadiça, era sempre Tsunade-Hime.
Escutou o sino soar e o velho senhor falar um "Irashai" ao recém cliente. Não precisou virar o rosto para saber quem era. Tinha sentido seu chakra há algumas horas e sabia que inevitavelmente ele estaria a sua procura.
-Tsunade. – a voz dele soou divertida e imponente exatamente igual como na última vez que se encontraram.
A mulher virou o rosto lentamente resvalando os lábios nos dedos compridos.
- Jiraiya. Não o vejo há muito tempo. – comentou displicente movendo-se novamente para frente e enchendo mais uma vez o copinho com saquê.
- Sentiu saudades provavelmente.
" O Sandaime sempre quis que você o sucedesse"
"Eu seria um péssimo Hokage! Eu me sinto vivo livre e..."
"Você não pôde deter Orochimaru. Então assumiu a responsabilidade de seguir seus rastro , certo ?
"..."
Jiraiya sentou-se no banco ao lado e erguendo o dedo pediu silencioso um pouco de saquê. Voltou-se novamente em sua direção, e sem poder conter, observou detalhadamente o corpo modelado da mulher ao seu lado; os seios fartos, os braços rígidos, os longos cabelos loiros.
Mas não era isso que de fato o fazia admirá-la, era quase impossível definir o que o encantava tanto em sua antiga colega de time. O que fazia amá-la tanto...
" - Tsunade. – a chamou sentindo os músculos doloridos ao se levantar da cama – O que está fazendo ai ...
- Não irá acontecer de novo , foi a única e ultima vez..."
- Na realidade não. – Tsunade respondeu impassível. – Quase não me lembro de você.
O comentário não o abalou, na realidade poucas coisas vindo de sua boca o surpreendia. Desde daquela manhã em que acordara com as pálpebras pesadas demais e a vira de pé, seminua, com uma típica melancolia, não esperava algo menos rude.
- Muito fria como sempre – comentou divertido e agradeceu ao velho homem que acabara de deixar a bebida a sua frente. – Não deveria ser assim com amigos que não vê há muito tempo.
"Levar um fora sempre torna um homem mais forte"
"Então a obrigação de um homem é "ser forte" hein?"
"Bom, sim... e a felicidade não é algo que eles têm de procurar."
"..."
(...)
"Sempre tentando banca o durão... Mas se você voltar... Você não precisará mais bancar o durão comigo..."
- Somente alguns anos que não o vejo.
Do que se lembrava não deveria ter sido há mais de 5 anos. Desde daquela noite em que uma incontrolável crise de solidão a fizera entregar-se a ele, provocando assim voluptuosos gemidos escaparem de sua garganta.
- Somos ninjas, vivemos pouco e já temos 40 anos... – o viu levar o saque aos lábios e a face levemente envelhecida receber uma tonalidade rubra. – Mas mudando de assunto, soube que está com uma nova pupila.
O comentário não a surpreendeu, poucas coisas ela conseguia ou fazia questão de manter em segredo, e sendo ela , sempre tão solitária, ter uma pupila era algo que inevitavelmente os sábios de Konoha tomariam conhecimento.
- As nóticias correm rápido... E como foi o lançamento do seu mais novo livro ecchi?
Um riso foi a resposta. E ela, sem saber por que, se sentiu levemente incomodada. Jiraiya era sempre assim, irresponsável, cínico e claro, pervertido.
- Idiota. – arqueou as sobrancelhas em uma expressão irritada e novamente tomou o saquê em um gole só.
- Não lembrava de você se incomodar tanto com isso.
O fato era que ela nos últimos anos se importava com poucas coisas.
- Talvez por que eu não me incomode.
Ele soltou um ruído semelhante a uma falhada risada e assim, ao morrer o assunto, permaneceram por um longo momento em silêncio. Era estranho tê-lo ao seu lado bebendo com sigo e jogando conversas aleatórias, mas era algo que ela preferia dessa maneira, mesmo por que, ela sabia que Jiraiya sabia exatamente como ela era.
- Somos considerados sannins agora – O silêncio foi quebrado e ela, antes concentrada no copinho em suas mãos, se viu obrigada a olhá-lo - Você não acha que deveria voltar para a vila com mais freqüência?
Sabia que ele tocaria uma hora ou outra neste assunto. Suas sobrancelhas relaxaram e os lábios crisparam indicando seu desagrado com a pergunta.
- Esse cargo não serve de nada para mim, apenas criei fama, nada mais.
- Você perdeu a ternura necessária em uma kunoichi. Você parece ter esquecido tudo que sensei nos ensinou.
O olhou pelo canto dos olhos e pode ver os olhos negros, calmos e cansados como se tais palavras estivessem sendo repetidas para uma menina teimosa. Teimosa. Tsunade era uma mulher teimosa.
- Isso não vem ao caso agora, sensei queria que um de nós fosse um dos Hokages, mas nenhum criou responsabilidade ou espírito suficiente para ser um... – o mesmo discurso, limpo claro e objetivo. A verdade nua e crua. - Isso me faz lembrar de Yondaime, como está o filho dele, o garoto das nove caldas?
"Sozinho ? É muito perigoso"
"Eu sou um dos sannins da folha , você sabe o que isso significa"
"..."
"Me entristece pensar em como seu amor por aqueles que a morte lhe tirou, fica guardado em você"
"..."
"Agora meu trabalho é dar a próxima geração um bom exemplo, por eles eu colocarei minha vida em risco , para que eles não parem de sorrir."
"Sim, o garoto cujo eu dei seu nome..." Jiraya não pode conter os pensamentos; em pensar que Naruto era apenas uma especiaria usada em ramem.
- Naruto está bem... Não é o nosso maior problema no momento.
- Você teve notícias dele... Orochimaru?
Os olhos se arregalaram e relaxaram em seguida como se ele, por um momento, se lembrasse repentinamente de algo muito ruim.
- Não... Nenhuma.
Acostumado em não ter nada em suas mãos. Acostumado em perdê-los em pleno contato com a pele e em olho a olho.
- Você deveria parar de se torturar por ele... Seguindo todos seus rastros.
O comentário de Tsunade o fez soltar um risada falhada, porem, logo sua expressão entregou-se a uma rara melancolia e seus olhos, antes calmos, deram espaço a tão comum determinação.
- Ele era meu amigo. Continuarei tentando.
- Não acha que deveria esquecê-lo?
Desta vez um riso levemente irônico soou e sem fazer a mínima questão de olhá-la para responder , mesmo por que todas suas conversas se resumiam apenas em palavras ditas e olhares cortados, ele continuou:
- Esquecer um amigo? Não me consideraria um ninja. Já sou um velho irresponsável.
Ele era homem determinado, porem, sua busca por diversão o negligenciava. E por saber exatamente disso que ele muitas vezes fazia questão de dizer para si mesmo que amar e acreditar, era sim , dever de um ninja.
- Esse sentimento... Eu não entendo como alguém poder amar tanto algo e simplesmente assim morrer por ela.
Apesar de não ter laços fortes o suficiente, ele sabia por que. Seus olhos deslizaram até ela vendo o semblante ainda jovem da mulher pelo qual tinha se apaixonado. A expressão rígida, os lábios avermelhado, os olhos mel em conjunto com as sobrancelhas arqueadas. Talvez ele tivesse.
"Você vai se encontrar de novo com Orochimaru? Dá para perceber pela expressão de Shizune."
"..."
"Não sei que tipo de negócio ele te ofereceu, mas não tenha pressa com sua resposta."
"..."
"E mais uma coisa... Vou falar só isso. Os grande objetivos dos Hokages sempre foram: proteger os habitantes da vila de Konoha, evitar a guerra e fazer que a vila prosperasse. Eles deram sua vidas nesse sonho.
"..."
"Se você se atrever a trair Konoha... Eu vou te matar."
"Eu não tenho mais nada a ver com Konoha."
- Você não deveria esquecê-los? Nawaki... Dan...
A citação dos nomes fez com seus olhos se arregalassem e suas pupilas dilatassem.
Nawaki. Dan. Há quanto tempo estava presa a eles? Talvez décadas. Sua arrogância, sua prepotência, sua indiferença. Tudo por causa deles. Mas ela não se importava, Tsunade daria a vida apenas a eles dois, nem por Jiraiya, nem por Konoha.
Por isso ela não era uma ninja? Talvez, mas quem disse que ela ligava de verdade para isso?
- Eu já aprendi que não devo amar nem acreditar em mais ninguém.
Olhá-lo naquele momento era inevitável, aquela face tipicamente animada de repente melancólica e pensativa. Ela sabia o que aquilo significava.
"Nem você Jiraya."
- Confesso que isso me entristece. – a voz masculina e naturalmente rouca soou mais baixa que o normal. Depois o viu se levantar e seguidamente abaixou a cabeça como estivesse constrangida demais para encará-lo. - Sei que não tenho chance alguma Tsunade-hime.
E logo após escutar seu "codinome" ser dito e a garrafinha de saquê ser derrubada, sentiu o leve roçar dos lábios, rápidos, tão rápidos que era quase incapaz de senti-lo. Seus olhos se arregalaram em seguida relaxaram e mais uma vez virou o rosto sentindo o tão incômodo silêncio reinar entre os dois.
- Eu já estou indo. – ele falou e ironicamente sua voz saiu animada e o típico sorriso de dentes brancos e olhos fechados surgiu em sua face.
As mãos de unhas bem feitas e vermelhas apertaram-se intensamente enquanto seus lábios rubros crisparam em sinal de sua irritação.
- Idiota!
Ela se lembrava. Vagamente. Nítida em sua cabeça.
O rosto velho e acabado.
Adulto, um homem... Completo nos atributos físicos e na virilidade quase vulgar e irritante.
E ainda, criança...
"Prazer em conhecê-la, eu sou Jiraya, não se preocupe você pode-me da uma carta de amor depois".
Com aquele sorriso tão típico nos homens pelo qual amara
"Seu idiota..."
Após sua morte , foi o único pensamento que ocorrera naquele ínfimo momento de luto.
"O que realmente importa em um shinobi não é como ele vive, mas como ele morre."
"O que importa não é o que ele faz enquanto vivo, mas o que ele fez antes de morrer, o que prova seu valor."
"Pensando assim, minhas historia está cheia de falhas."
"Tsunade me rejeitou todas as vezes."
"Eu não consegui salvar meu amigo."
"Eu falei eu proteger meu estudante... e meu professor."
"Comparado aos grandes Hokages que vieram antes de mim... meus feitos foram poucos e insignificantes..."
"Eu queria morrer como eles."
"O grande sábio disse que eu treinaria um revolucionário, alguém que traria paz ou destruição de maneira que isso dependeria de uma única decisão que eu teria que fazer."
"Nunca desistir, essa foi a decisão que eu tive que fazer..."
"O sapo no poço não conhece o oceano."
"O conto de Uzumaki Naruto... isso sim soa legal"
N/A: Bom , minna-san , os trechos acima e em negrito foram tirado do mangá . É uma pequena homenagem ao grande Ero-sennin que independente do que seja será sempre o nosso Ero-sennin, sempre pervertido, lindo e engraçado. Sim, sentirei falta daquele velho tarado convencido que coletava informações e que escrevia historias que provavelmente nunca saberemos como são exatamente
Espero que tenham gostado.
Oul-chan.
