Disclaimer: Inuyasha e todos os seus personagens não me pertencem, só essa fanfic (que eu quase não termino de escrever).
Parte Um
E lá estava ela novamente naquela floresta, olhando atentamente a árvore sagrada. Chamavam aquele lugar de Floresta do Inuyasha por causa do poderoso meio-youkai que estivera preso ali por cinqüenta anos, naquela mesma árvore. Kaede-baa-chan havia explicado a ela que o tal Inuyasha era um hanyou que fez muitas coisas boas, como juntar os tais pedaços da Jóia de Quatro Almas e matar outro hanyou que tinha as piores intenções possíveis. Para isso, havia contado com a ajuda de uma garota, chamada Kagome - que era quase como uma miko e ajudara a curar o coração de Inuyasha.
Mesmo antes de aprender a andar, Sakura visitava aquele lugar. Kaede-baa-san lhe levava a passeios por ali desde que ela se lembrava. Sempre ensinara Sakura a respeitar as duas pessoas presas ao tronco da árvore por uma única flecha.
Podia ser muito bonito, mas ainda assim era triste. O que se via era um casal bem jovem, de no máximo dezoito, dezenove anos - uma moça, de belos cabelos negros que emolduravam seu rosto sereno e bonito, usando um kimono muito estranho, e um rapaz, cujos cabelos longos e prateados e as orelhinhas de cachorro no topo da cabeça eram sinais gritantes de que não era humano. Kagome e Inuyasha, assim eles se chamavam.
Sakura já havia decorado a imagem atemporal dos dois: Inuyasha abraçava fortemente a moça pela cintura, com o queixo encostado no ombro dela e a cabeça pendendo levemente para o lado. Ela, de costas para ele, o abraçava pelo pescoço, com a cabeça jogada para trás e encostada na dele. Ambos estavam com um meio sorriso no rosto, os olhos cerrados e expressão serena. Sakura sempre achou que eles pareciam um sonho bonito.
Sua tia Sango, a mulher que a criara desde pequena, às vezes visitava o casal em companhia de Sakura. Ela os observava com lágrimas nos olhos e apertava forte a mão da menina. Colocava flores no pé da arvore e ia embora, sem falar nada.
Seu tio Miroku demorava mais para visitá-los. Viajava muito pelo mundo, cuidando de espíritos maus ou coisas assim, mas em pouco tempo voltava para o vilarejo. Em parte porque sentia falta da Sango, que era sua mulher, e dos filhos deles (e em parte poruqe se não voltasse logo, apanharia dela). Quando ele ia para a floresta, falava um pouco coisas como "Seu grande idiota" ou "Sempre cabeça dura", ou então "Tem sorte de estar com ela". Depois sorria e ia embora. Talvez para não chorar, ela já havia sentido cheiro de lágrimas muitas vezes.
Um youkai-lobo vinha visitá-los, também, ocasionalmente. Ela lembrava que ele se chamava Kouga e que já tinha tentado arrancar a flecha algumas vezes. Todas as tentativas fracassavam e ele voava longe, às vezes muito ferido. Agora ele vinha com menos freqüência, em companhia de uma youkai como ele. Ele disse pra Sakura uma vez que a Kagome era mulher dele; mas depois falou que ela realmente amava o "cara de cachorro" que estava selado com ela.
De todas as visitas, a que mais intrigava a menina era, definitivamente, quando o tal Sesshomaru, Príncipe das Terras do Oeste (ou algo assim), aparecia por lá com uma moça de cabelos castanhos. Ela trazia flores e depositava no pé da árvore. Ele ficava parado olhando os dois - sem dizer nada, só olhando. Às vezes dava um sorrisinho de lado, não mais que isso. A maior demonstração de emoção que Sakura havia visto da parte do youkai imponente fora quando Seshouramru bagunçara os cabelos dela antes de ir embora numa nuvem.
Mas, visitas a parte, Sakura estava ali pela milionésima vez na vida, na frente da àrvore, olhando, com uma expressão que misturava desconfiança e irritação. De todo o mistério que rodeava aquele casal, havia um que a intrigava muito: o porquê do tal Inuyasha se parecer tanto com ela.
Sakura era um hanyou também. Tinha os mesmos cabelos prateados de Inuyasha. As mesmas garras afiadas, os mesmos caninos protuberantes e, se as histórias que ela ouvia estavam corretas, os mesmos olhos dourados. Embora suas feições fossem mais delicadas por ela ser uma menina, ainda assim, era muito parecida.
Ah, estava esquecendo-se do essencial: as orelhas. Não eram brancas, como as dele, mas eram definitivamente orelhas de cachorro, só que pretas. E foi pensando nessa incrível semelhança que ela viera até ali, naquele dia.
Ela nunca havia chegado muito perto, porque sabia o que acontecia com quem se aproximava demais: era lançado longe, e por alguns momentos se via uma barreira rosada. Chegar perto da flecha era ainda mais difícil. O passatempo preferido da menina era brincar de se aproximar deles e, pelo que já tinha visto, ela era quem chegava mais perto.
Naquele dia, estava disposta a se aproximar mais do que qualquer um já havia conseguido. Queria poder conferir essa semelhança de perto, ver se ela era assim tão parecida quanto achava.
Mas tinha medo.
Medo de se aproximar demais e ser repelida pela flecha. E medo de violar a paz dos heróis que a acompanhavam nas histórias de dormir.
Foi com cautela que se aproximou da àrvore. Pisou firmemente na raiz, e nada aconteceu. Geralmente, as pessoas eram rejeitadas dali. Depois, começou a subir, vagarosamente, pela madeira que contorcia até a altura onde eles estavam presos. Algumas trepadeiras os enroscavam na arvore, como se quisessem prendê-los ainda mais.
Subiu mais rápido e, num piscar de olhos, estava lá em cima. Não havia nenhuma barreira. Era como se os dois permitissem que ela subisse ali e, com essa justificativa, Sakura perdeu o medo de chegar mais perto.
Ambos estavam dormindo serenamente, e não emitiam nenhum som que demonstrasse que estavam vivos: nem sinal de respiração, nem palpitação do coração. Ela escutaria - afinal, tinha a audição de um Youkai. Mas ainda assim, sabia que eles estavam vivos. Que estavam apenas dormindo, como que esperando alguém para despertá-los. Tomando coragem, ela tocou na face de Kagome. Era macia e quente, muito bonita. Tocou nos cabelos dela, devagar. Nem embaraçados estavam, como se o tempo tivesse parado para ela. O rosto demonstrava uma enorme serenidade.
Pulou habilmente para a outra raiz, para olhar mais de perto o hanyou. Ele tinha o rosto de um rapaz jovem e belo, como a própria Kagome. Embora tivesse uma expressão calma e serena, a curvatura das sobrancelhas dava a impressão de que ele iria franzir o cenho a qualquer momento. Olhou para as orelhas brancas dele e segurou as próprias orelhinhas pretas, acariciando-as. Depois acariciou as orelhas dele, para saber como eram. Realmente pareciam as suas.
Repetiu o ritual de afagar as orelhas dele e depois as próprias por alguns minutos, até considerar que eram idênticas, tirando a cor. O que não resolveu o mistério, mas aumentou as dúvidas. Por que ele era tão parecido com ela? E por que ela tinha a impressão de já conhecer a moça com kimono esquisito?
Ela não percebeu mas, a sua frente, Inuyasha moveu as pálpebras.
Parte Um – Fim
N/A: EDIÇÃO! Yume criou vergonha na cara e resolveu terminar de publicar "A Outra Flecha no Peito". Como a história foi escrita anos atrás e o meu estilo era completamente diferente, fiquei um pouco escandalizada e resolvi revisar para retirar pelo menos metade das reticências compulsórias e erros grotescos.
Plot e os dois primeiros capítulos serão mantidos (quase) na íntegra, mas eu definitivamente estou retirando as "Notas da Autora" no MEIO do capítulo – que me fizeram dar um tapa na testa quando li agora – e coisas assim.
Espero que fique melhor do que estava! E muito obrigada a todos vocês que comentaram e esperaram tanto tempo pelo fechamento da história. Desculpe por fazê-los esperar.
