Rika desligou o telefone. Ficou olhando através da janela. A luz batia em seu muito branco rosto. Sentiu o impeto de cerrar os olhos. Os punhos se fecharam, segurando algo que queria escapar de dentro dela. Apertou as pálpebras, e pequenas e frágeis lágrimas escaparam por entre elas. Rapidamente, cedeu e levou as mãos ao rosto. Harada e Shuu chegaram, trazendo as compras. Ao vê-la chorando, o primeiro largou as compras e a abraçou. Hanamoto os ficou olhando, ainda incerto do que deveria fazer.

"Rika, o que houve? Conte-me.", suplicava Harada, tentando fazer com que ela tirasse as mãos do rosto.

"O meu pai... ele... ele...", ela soluçava bastante. Uma dor nunca sentida, até aquele momento, perfurava-a, desejava chorar como nunca, desejava continuar abraçada por Harada e nunca ter de se separar dele, esquecer toda aquela triste realidade, que tornava-se tão difícil para uma pessoa tão inexperiente, como ela.

"Tudo bem, tudo bem. Tudo vai ficar bem.", Harada cobria com seus braços o pequeno corpo de Rika.

Hanamoto continuava a olhar imobilizado para os dois. Mais uma vez, era ele só e os dois. De certa forma, é como se ele fosse um invasor. Em momento como esse, ele pensava na possibilidade de o seu lugar não ser ali. Ele aproximou-se vagarosamente dos dois. Harada olhou afetivamente para o amigo, estendeu um dos braços e o enlaçou também no seu abraço.

Rika e Hanamoto tinham algo em comum, os dois nutriam um forte afeto por Harada, mais parecido com o amor filial. Em verdade, Harada era o verdadeiro pai dos dois...