Em um tempo não muito distante, o mundo entrou entre guerras ferrenhas. Sejam elas por ideologias religiosas, ou seja, por causa do simples ato de conquistar terras mais férteis que a sua. Isso sempre foi uma característica da raça humana, mas o que veio depois dessas grandes guerras foram imposições assustadoras para que um mero telespectador pudesse acreditar. Elas, as potências, para evitar a extinção da raça humana por causa das diversas guerras, dividiram o mundo em regiões administrativas tendo um dos doze maiores países como patrono. Como se as doze potências fossem os doze olimpianos, como se fosse os doze deuses do panteão greco-romano... Como se fossem pessoas de outro mundo.
E então eles instauraram algumas regras da boa convivência. Que de boa convivência não tem absolutamente nada. Simplesmente impuseram três coisas básicas: Não deveria haver pensadores, afinal segundo a cabeça pequena dessas pessoas, os pensadores foram a principal causa das guerras. Eles instigavam, discutiam, e faziam a cabeça dos lideres a respeito de decisões que beiravam o ridículo. Mas o pior ainda estava por vir... Eles recriaram o Índex – a biblioteca proibida de livros da igreja católica. Só que em vez de livros que possam colocar em xeque a aceitação religiosa por parte dos fiéis, esse Índex, não teve restrições. Livros começaram a ser retirados de publicação e escritores presos e condenados. Tudo em questão de dias! Os únicos livros que puderam continuar em publicação eram os didáticos.
Quem tentava resistir, sumia. Quem tentasse argumentar, apanhava. Agora era a ditadura da espada, da arma e da ignorância. O termo é injusto e cruel. Enquanto pessoas eram massacradas nas ruas, o conselho de presidentes, reis e até imperadores (como os chineses) ficava a portas trancadas comentando sobre quantos eles mataram ou iam mandar para os campos de concentração localizados nos piores lugares da terra. E quem gosta de ler, os comuns leitores acabaram por pagar o preço por isso.
Mas não nos daremos por vencidos. Várias sociedades de leitura foram criadas. Vários clubes do livro com exemplares totalmente proibidos eram lidos pela população jovem. Queríamos mudar a mentalidade de nossos governantes, ou quiçá atingir o posto máximo de um presidente. Esse tipo de governo iria sumir, e a ditadura da mente viria a ressurgir. Era esse nosso único lema, o lema de uma sociedade que mudaria o mundo se fosse preciso para defender o direito de uma simples criança ler e ser um cidadão de bem melhor que os ignorantes e brutos que só pensavam no corpo e em violência. Palavras valem mais do que um tiro de canhão...
E assim nasceu a sociedade da qual hoje eu participo.
Meu nome é Mila Xavier
E faço parte da sociedade anônima dos livros.
