Obs.: Hei pô, essa história não tem nada haver com a história Saint Seiya(eu creio que vcs já perceberam xD), algumas coisas eu me baseei no anime, outra eu tive que sair pesquisando mesmo...
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Poisonous Love
Capítulo 1: Lamento no deserto
Há dias em que você deseja morrer, desaparecer para não sofrer mais...Como é difícil viver, mais ainda quando se tem uma grande responsabilidade nas mãos.
Os pensamentos rolavam em sua cabeça, seu coração apertava...tinha sofrido muito nesses últimos dias, não sabia onde ia parar se continuasse assim. Só existia uma coisa que pode acabar com tal sofrimento, mas era necessário que algo impossível acontecesse.
"Ah!Porque isso?que eu fiz para tal?Que desgraça!"
Levantou-se de onde estava, já era quase meio-dia e o calor era tão intenso que já produzia pequenas miragens. Ajeitou sua capa para se proteger melhor do sol impiedoso do deserto e escorou-se na velha árvore que lhe proporcionava sombra. Precisava continuar vivendo, era uma amazona, não podia deixar-se envolver com um problema dessa envergadura...
Voltou a si e aparelhou seu cavalo, tinha que ir a cidade de Tozeur(1) encontrar-se com outras amazonas para ter notícias do santuário. O caminho era longo e difícil pois Tozeur era muito longe...mas mais difícil era pôr a cabeça no lugar, não queria que as garotas pensassem que ela anda com o pensamento nas nuvens.
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-Pensei que não ia vir mais...
-Desculpe, mas você sabe que eu não sou muito disponível.
E caíram na gargalhada.
-É muito bom te ver Lane.
-Digo o mesmo Kelda, o que fazia tanto para estar tão sumida ultimamente?
-Alguns trabalhos...mas e você, como vai o treinamento com a Kore?
-Ah!vai bem, ele é uma menina de gênio muito forte mas ela vai me aceitar como mestra, é só uma questão de tempo.
A amazona se livrou do capuz de sua capa mostrando seus longos e repicados cabelos azuis, eram belos e estavam amarrados desajeitadamente por uma fita preta. Sua máscara trazia um pequeno desenho no lado esquerdo, o símbolo de Artemis, protetora das amazonas. Só as que faziam parte do corpo de elite das amazonas usavam esse tipo de máscara.
-Mas, mudando ligeiramente de assunto, tens alguma notícia do santuário?
-Hum, nada de mais, só suas amigas douradas que te mandam lembranças, estão morrendo de saudades.
Sorri, sabia que elas iam se lembrar dela. Sim, suas verdadeiras amigas, sentia muitas saudades delas...
-Só?não tem mais não?-retrucou Lane, voltando de seu pensamento.
Kelda pensou ligeiramente.
-Não minha cara, o resto não é de muita importância.
-Então mande meus abraços para minhas companheira.
-Darei.Mas vai ficar na cidade ou vai partir?Vai haver uma festa hoje à noite.
-Vou embora, obrigada.
Era sempre assim, Lane fugia de toda sorte de diversões, nem se o rapaz mais lindo da cidade fosse ela se animaria.
"Não sei como ela consegue viver nesse tipo de vida...Tudo bem que ela tem muitas responsabilidades mas todo mundo também tem e nem por isso vai deixar de se divertir, pelo menos pra aliviar o peso da mente!"-pensou Kelda.
-Tá bom, já que é assim tudo bem mas você é quem perde...se eu fosse você não seria tão reclusa!
Ao mesmo tempo em que a amazona falava Lane subia em seu cavalo. Sem dar muito crédito ela se despede.
-Até mais ver.
E desapareceu em direção ao pôr-do-sol.
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Já em em casa, Lane libertasse totalmente de sua capa e de suas roupas. Precisava tomar um banho para relaxar o corpo. Cavalgar é muito cansativo.
Entrou na banheira, a água estava quente mas era bom assim mesmo, afinal a temperatura no deserto tende a baixar a medida que anoitece. Olhou para água que exibia o reflexo de seu rosto,tão delicado...parece ter sido trabalhado por um excelente artesão. Seu nariz era afilado e levemente arrebitado. Sua boca, bem desenhada, era tão vermelha que se destacava no rosto, só perdia para os olhos. Esses sim merecem especial atenção!Felinos, dão ao seu rosto a sensualidade de uma female fatale ao mesmo tempo que produz um ar infantil e meigo.
Meneou a cabeça e suspirou. Levantou da banheira e se secou. Gostaria muito que aquela água lavasse sua alma como lavou seu corpo...Vestiu uma sua roupa de dormir e se enfiou por debaixo do cobertor. Fechou os olhos pensando no que a afligia nesses últimas semanas. Como ela se arrependeu de ter pisado pela primeira vez na ilha de Milos!
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Capítulo 2: Retorno ao passado
Santuário/Grécia
As manhãs de verão na Grécia são bem quentes e ensolaradas,isso todo mundo sabe, mas a de hoje estava demais. Parece que Apolo não estava muito bem hoje e resolveu descontar nos pobres mortais. "É segunda-Feira, não há ninguém na praia..."São pensamentos vindos de uma cabecinha cheia de travessuras.Gostava de fugir para locais desertos quando sente a necessidade de estar sozinha para pensar, não gostava de ser incomodada em seu mundo imaginário. Começou caminhar na beira da praia deixando as ondas do mar molhar seus pezinhos. Ah!como sentiria saudades daqui...Eram coisas preciosíssimas para ela. Chegando num ponto bem distante da praia sentou-se num pedaço de tronco que foi trazido pelo mar. Pensava em tantas coisas, nas amigas, nos vizinhos, na floresta,no mar...Se desfazer de tudo aquilo era muito difícil, principalmente para uma menina de 10 anos.
Nesse momento algo quebrou seus pensamentos.
-Hei!-grita a menina, furiosa.
-Me desculpe, foi sem querer.-disse o menino, apanhando sua bola e se afastando faceiramente.
Ele sai em disparada na direção de seus amigos que gritavam impacientemente seu nome. Milo. Nesse instante ela levanta do tronco, espera os meninos desaparecerem e volta para casa de sua mestra. Na porta a mulher avistou a menina de longe e foi de encontro a ela.
-Onde você estava garota?-Perguntou a mestra em tom de estresse.
-Estava vendo o mar, queria me despedir.-respondeu a infanta.
Compadecida, a mestra lançou um olhar de ternura na pequena. "Coitada, tão ingênua." Mal sabe sua pupila que a cada dia a surpreende com sua pureza e inocência. É tão difícil meninas de sua idade se comportarem assim, geralmente pensam em namorar e se meter em festas de adultos.
-Helene, você ainda vai ver o mar quando chegarmos na Tunísia, lá também tem praias sabia?
-Eu sei, mas é diferente. O mar daqui não é o mesmo de lá.-Lane respondeu, com ar de tristeza.
É verdade, apesar de ambos os lugares serem banhados pelo mar mediterrâneo para Lane sempre será dois mares distintos. Afinal a paisagem costeira Tunisiana é diferente da grega. Sem contar que toda a sua infância foi vivida aqui, ela queria se despedir de cada elemento antes de partir.
-Vamos embora amanhã minha linda, -disse a mestra, carinhosamente.-por isso não quero que você vá para longe, quero vê-la ao alcance de minha vista.
-Está certo, vou ficar brincando aqui fora, está certo?
A mestra balançou com a cabeça afirmando e entrou na casa para terminar de arrumar o que estava faltando para viagem.
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Lane brincava com suas amigas, eram meninas dos vilarejos vizinhos e aprendizes de outras amazonas.No santuário mulheres eram bem-vindas, amazonas ou não,mas pessoas do sexo masculino não podiam entrar.Enquanto brincavam uma delas soltou uma conversa.
-Os meninos do santuário dos cavaleiros são uns bagunceiros, vivem batendo uns nos outros e atrapalhando as brincadeiras das crianças do vilarejo onde eu moro!
-Eles são assim mesmo, uns mal-educados!-respondeu a outra, concordando.
Lane escutava atentamente, já ouvira falar da fama deles. Sempre que suas amigas chegavam era uma presepada diferente. Sua mestra sempre pedia para ela nunca sair dos arredores do santuário alertando-a que os homens não podem ver o rosto das amazonas, como Lane ainda não fora admitida no santuário por causa de sua idade ela não podia sair do convívio das mulheres mascaradas, ou seja, nenhum homem poderia ver o seu rosto. Por isso a menina, cautelosamente, só vai a lugares desertos ou a praia em dias que não vai ninguém. Porém nesse dia ela foi pega de surpresa por um menino de cabelos da mesma cor dos dela e com olhos azuis tão vivos e impetuosos como o mar que ela tanto amava. Não sabia o que fazer...Poderia socá-lo por ter dado uma bolada tão forte em suas costas, mas seria uma covardia bater em um criança menor do que ela e também seria exigir muito de seu emocional, estava fascinada pelo seu rostinho travesso. Milo...não podia ter um nome melhor para combinar com o suas feições.
-Lane?
-Hã?-volta pro mundo real.
-Você estava tão pensativa, no que estava pensando?-Pergunta a amiga, curiosa.
-Nada, eu...Estava pensando como será o lugar para onde eu vou.-Lane responde, disfarçando.
A amiga abraça Lane.
-Não pensa nisso agora não amiga!-responde, tentando anima-la-Vamos brincar que é melhor, é última vez que vamos ficar juntas.
-Desculpa, não queria deixar vocês tristes por minha causa...
Uma das meninas a puxou pelo braço.
-Então deixa de cara feia e vamos brincar!
Todas se alegram e entraram de mata adentro. Lane andava mais devagar, não tinha o mesmo entusiasmo que as outras garotas. No mesmo passo uma menina a acompanhava, também era aprendiz de amazona, seu nome era Selene e tinha a mesma idade da Lane. Era muito faceira e às vezes gostava de seguir as meninas quando as flagra saindo às escondidas. E nessas faceirices acabou de flagrar a Lane saindo para praia e a seguiu de longe, quando Lane chegou no final da praia e se sentou no tronco trazido pelo mar, Selene se escondeu dentro um coqueiral próximo.
Agachada, observou a Lane meditando e viu quando Milo se aproximou para pegar a bola e pedir desculpas.
-Lane, posso falar com você? -Selene se aproxima mais da garota.
-Claro que pode.-Lane responde com um sorriso.
-Posso te fazer uma pergunta?
-Sim, diga.
-Você conhece aquele menino que te deu uma bolada na praia?-Selene joga uma verde.
Lane se assusta, não sabia que estava sendo vigiada.
-Não, não faço idéia de quem seja...-responde Lane, já com frio na barriga.
-Eu também não sei quem ele é.-Selene se prepara para jogar seu veneno.-Mas eu perguntei a uma amiga minha do vilarejo e com a descrição ela disse que era um aprendiz de cavaleiro e se chamava Milo.
O coração de Lane quase que sai do peito, ela não imaginava aonde ia a ousadia de sua amiga. Assustada e um pouco vermelha ela pára de caminhar e, virnado-se para a amiga pergunta nervosamente:
-Selene, como é que você fez para arrancar essa informação da garota?Por acaso você falou que ele tinha me visto?
-Calma, nada disso, eu simplesmente inventei uma história para ela. Não se preocupe, eu não te envolvi na conversa, ela nem desconfiou de minha versão!-responde Selene tentando acalmar os ânimos da amiga.
Lane estava em polvorosa. "E agora?"
-Fique calma, eu não vou contar para ninguém, pode ficar tranqüila, é um segredo nosso.
Isso deixa Lane mais aliviada. "Até quanto será o preço desse segredo?'
-Eu quero que você guarde ouviu?Senão...
-Está certo, não se preocupa não!Mas, voltando ao assunto, o que você achou dele?-Outra verde.
-Que é isso Selene!-Lane cora. "Como Selene era indiscreta!"
-Bah!Não tem nada de mais na minha pergunta, já que o pior aconteceu...
Sim, ele tinha visto o seu rosto, era o pior de tudo que podia acontecer a ela.
-Eu achei ele muito bonitinho.-Selene sorriu maliciosamente.
Lane cora ficando mais vermelha do quê uma maçã madura. Tinha que concordar com a amiga, Milo era mesmo um doce!
-Sim, é lindo...
-Ha!Você ficou tão vermelha...Gosta dele?
Seu rosto queima, Selene estava indo longe demais.
-Selene!-Lane esconde o rosto com as mãos.
-Tá, tá, desculpa.
-Eu vou ter que ir senão minha mestra vai se zangar outra vez, adeus!-Lane falou correndo em direção a sua casa.
-Adeus amiga!-Selene acena.
"Ah!É tão difícil dizer adeus..."Lane sente um aperto no peito.
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Em casa a mestra põe na mesa o jantar de Lane e ao se recolher pede para a menina que, quando terminasse de comer, fosse direto para cama. Lane balançou a cabeça afirmando.Terminada sua refeição ela se retira para o seu quarto e cai na cama. Estava morta de cansada e com muito sono. E sem perceber adormeceu, em seu sono sonhava com a viagem do dia seguinte, com o mar e com o Milo...
Continua...
Nota:
(1)Tozeur é uma cidade que fica ao sul da Tunísia.
