Título: Meia Noite
Autor: Malu Chan
Sinopse: Minha vida se esvai, pouco a pouco e eu não sei mais o que fazer.
Ship: Draco/Harry
Gênero: Drama
Classificação: K+
Observações: Draco's POV
* Fanfic escrita para o II Challenge Draco Malfoy do fórum 6V.
Tema: Doença.
Ambiente: Biblioteca.
Itens: Som de passos e Desespero.
* Fanfic enviada para o Projeto Sectumsempra de amor não dói. Razão pinhônica escolhida: 60. Porque depois de tanto ódio e obsessão acumulada por seis anos, bastou ver o Draco baixar a guarda para o Harry perdoá-lo. E como todos sabem, o amor perdoa tudo.
Meia Noite
by Malu Chan
Eu sinto a dor.
Ela vem como inúmeras facadas pelo meu corpo, em ondas. Vai e volta. Vai e volta. Vai e volta. Eu preciso saber o que está acontecendo, mas não há alguém que saiba. Médicos, curandeiros, mestres de poções... ninguém consegue descobrir o que me acontece.
Minha vida se esvai, pouco a pouco e eu não sei mais o que fazer. Eu sinto aquilo me corroendo por dentro e não sei mais o que fazer.
Todos eles desistiram. "Aproveite o que lhe resta, garoto" eles me disseram. Corvos inúteis!, estão todos mais do que felizes por eu estar morrendo. "Um Comensal a menos no mundo" devem ser seus pensamentos.
Dói, dói, dói. Meu corpo dói, minha cabeça dói, meus olhos doem.
Dor.
Nesse momento, minha única esperança é poder encontrar algo. Um livro, um pergaminho, uma lenda... qualquer coisa que possa me ajudar a desvendar o que acontece comigo.
Num ato de desespero, eu me afundo na biblioteca. Eu preciso conseguir, preciso continuar procurando, preciso sobreviver a isso. Mesmo que doa.
Todos os dias é a mesma rotina. Comer pouco, falar menos ainda. Entre os livros eu procuro e procuro e procuro. Prateleiras empoeiradas atrás de prateleiras empoeiradas, nenhuma palavra que possa indicar a mais remota solução que eu preciso. Só tenho mais dor.
Eu preciso continuar procurando.
Terá sido uma poção? Algo que eu comi envenenado? Um feitiço? Teorias atrás de teorias. Algumas se entrecruzando, mas nada que explique como eu vim parar aqui.
Então eu posso ouvi-lo. – Que horas eram? Logo depois das seis? – Sussurrante, invisível. Apenas o som dos seus passos acompanha o meu tormento silencioso entre páginas escritas.
Por um instante de loucura, eu pensei que você poderia me oferecer ajuda – mas é claro que não o fez. Você nunca o fez e não iria começar naquele momento. Não quando eu já estava chegando no fim.
Você anda, anda e anda. Eu posso ouvi-lo andar. Apesar da dor, eu ainda posso ouvi-lo, sabia?
Passo, passos, passos... meus olhos não conseguem mais enxergar a página a minha frente. Já é noite e eu ainda estou aqui, preso entre os livros e entre seus passos.
Passos – um após o outro, após o outro, após... – Você anda e anda e anda... Está tentando abrir um buraco no chão?
Eu preciso ir embora. Preciso da minha cama, das minhas poções para dormir, de algo pra dor... porque ainda dói...
Mas eu não posso ir... eu preciso ler e ler... livros e mais livros, NÃO HÁ NADA AQUI? Minha vontade é de jogar tudo para o alto, mas eu não posso ir! Eu quero ir, quero desistir... quero abandonar tudo e morrer... MAS EU NÃO POSSO!
Será que a morte é menos dolorosa?
Num instante de irritação profunda, todos os livros são mandados ao chão. Vontade de gritar, enlouquecer e chorar.
Eu grito.
Eu choro.
Mas isso dói. Quanto maiores os soluços, maior a dor que eu sinto.
E quanto maior a dor, maior a vontade que eu tenho de chorar, porque eu já não consigo mais. Já não posso mais suportar tudo isso.
Você me abraça. Quando você finalmente decide fazer algo, você me abraça. Você me abraça e é quente e eu já não sei mais o que fazer. Porque eu quero desistir de tudo – mas você não quer desistir de mim.
O choro se acalma. Os soluços param. A dor permanece.
Num estalo, eu percebo: talvez seja simplesmente tarde demais para me desesperar.
