Nome da fic: Calor

Autor: Clau Snape

Beta reader: Fer Porcel
Pares: Severo Snape/ Hermione Granger.

Censura: quase NC.

Gênero: Tema Adulto, Romance? Não creio.

Spoilers: Nada que ninguém já não saiba.
Desafio: Essa fic foi uma resposta ao Prompt: Calor

Resumo: Hermione recebe um chamado, e acaba tendo um outro tipo de aula...

Agradecimentos: À Fer que betou a fic já na prorrogação, com o juiz segurando o apito. Obrigada novamente linda!

Disclaimer: Todos os personagens que você consegue reconhecer são de JKR, os outros são meus.
Esta fic faz parte do Snape Fest 2007, uma iniciativa do grupo Snape Fest.

O Cabeça de Javali nunca fora um local muito distinto. Bruxos estranhos entravam e saíam rapidamente do local, sempre em busca de um trago para finalizar a noite, ou de algumas situações ilícitas. Portanto, naquela noite, ninguém deu muita atenção quando uma jovem bruxa entrou envolta em sua capa cor de vinho. Ela fora chamada por Aberforth, o barman do local e também irmão do falecido Diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. No bilhete enviado por uma coruja das torres, ele não fora muito claro e só pedira a ela que mantivesse sigilo sobre seu recado. Na hora marcada, ela adentrou o recinto e se dirigiu ao balcão pedindo uma cerveja amanteigada. Ao vê-la, o bruxo bonachão fez um meneio com a cabeça em direção ao segundo andar e discretamente se dirigiu ao local, sendo seguido pela jovem.

Ao chegarem ao quarto no final do corredor, o barman lhe disse:

- Bem, Srta. Granger, quero que saiba que só estou cumprindo ordens expressas do meu falecido irmão. Ele me deixou uma carta antes de morrer dizendo que a senhorita deveria ser avisada quando "ele" me procurasse. Por isso a chamei aqui.

A bruxa esguia de cabelos embolados não pode deixar de estranhar a situação. Quem seria "ele", e por que Dumbledore a havia designado tal missão? Resolveu entrar nos aposentos indicados para tirar isso a limpo.

O quarto estava numa quase penumbra. As pesadas cortinas de veludo estavam cerradas impedindo que a luz da rua chegasse ao seu interior. O fogo na lareira crepitava tornando o ambiente quase sufocante. Era um cômodo amplo com uma ante-sala e um quarto de onde ela pôde ver a sombra de uma figura estranhamente conhecida. Já fazia cerca de seis meses da morte do Diretor, e como se fosse a coisa mais simples do mundo, Severo Snape, seu assassino perseguido em todo o mundo bruxo por um exército de aurores, estava naquele quarto a alguns metros dela.

Antes que ela tentasse qualquer coisa, ele a desarmou com um feitiço não verbal e atraiu sua varinha para si.

- Vejo que nada mudou, Srta. Granger - ele falou com sarcasmo na voz. - Um feitiço básico e a senhorita ainda não o domina. Não me admira que todos vocês continuem empacados feito mulas no mesmo lugar, enquanto Voldemort a cada dia se fortalece mais. Tanto sacrifício para nada. De que me adiantou acabar com a vida do único amigo que tive, se vocês não avançaram nada depois disso. Aposto que a celebridade Potter está se remoendo em busca do meu encalço, em vez de buscar incessantemente as Horcruxes – ele falou entre dentes, com um toque de desprezo.

Ela não pôde deixar de concordar. Já havia falado com Harry que os sentimentos de vingança que ele vinha alimentando só o afastavam de seu objetivo final, que era cumprir a profecia e eliminar Lorde Voldemort, mas o seu melhor amigo era de uma teimosia insana.

Sem autonomia de estar com sua varinha, a jovem bruxa se pôs a conjecturar o que fazia ali. Aberforth falara num bilhete do Diretor. Ousou se dirigir ao ex- professor pela primeira vez.

- Então, Prof. Snape, a que devo sua presença aqui e por que me chamou? - ela perguntou, num tom de voz desafiador, os olhos cintilando.

- Bem, por várias razões, algumas entediantes, outras... só depois poderemos dizer... Sabe como é, tantos meses exilado... – O tom de voz dele agora dava margem a pensamentos aos quais ela desejava não ter.

- Inicialmente, vamos aos negócios, para depois nos atermos aos prazeres – ele disse a última frase num tom rouco que incomodamente a deixou arrepiada.

- Bem, Srta. Granger, conforme Aberforth lhe disse, Dumbledore deixou algumas instruções para serem entregues aos seus cuidados e encaminhadas à Ordem para ver se conseguimos recuperar o tempo perdido. Essas orientações precisam passar por avaliações que eu necessito fazer. São poções elaboradas, cálculos e também contra-feitiços de Magia das Trevas que os membros da Ordem não dispõem do conhecimento necessário. Alvo sabia que, de todos os membros da Ordem, a senhorita, apesar da tenra idade, era a mais capacitada, desde que fosse bem orientada. É aí que eu entro. Irei lhe tutelar até que esteja apta, porém caso eu seja delatado e descoberto, lamento dizer que as probabilidades de vitória para nosso lado serão ínfimas.

- Nosso lado? A que lado você serve afinal? Pelo que sei, você se tornou um assassino frio e calculista, traiu a confiança do homem que sempre lhe apoiou e protegeu. – Apesar de desarmada, Hermione Granger não era bruxa de se calar, e ele iria ouvir, sim, seus desabafos.

- Hum... quer dizer que você resolveu mostrar as garras? – O sombrio bruxo virou-se em sua direção. - Vamos ver o quão brava essa leoa grifinória é. - E dizendo isso, a tomou em seus braços, prendendo-a pelas costas. Seu hálito morno roçou em seu pescoço e ela pode perceber sua barba levemente por fazer arranhar sua pele delicada. – Nem tente gritar, Srta. Granger, os aposentos estão protegidos, ninguém nos ouvirá. - Sendo muito mais forte do que ela, não lhe restou muita alternativa. Ela sabia que se tentasse reagir ele se imporia pela força. E isso nunca acabaria bem. Apesar de manter seu corpo retesado, ela tentaria fazer com que ele tivesse a oportunidade de se explicar.

- Professor - ela mediu bem suas palavras, tentando não mais despertar a sua ira –, o que houve de fato na Torre de Astronomia naquela fatídica noite? – Essa era a pergunta que não se calava, que ela mesma se fizera diversas vezes. O Diretor não poderia ter errado seu julgamento durante tantos anos. Algo a mais poderia explicar os atos de Severo Snape, mas somente ele teria as respostas.

Ele a puxou mais para perto, ela não pode deixar de perceber que sua respiração estava mais ofegante. Lentamente, sua boca se aproximou dizendo quase num sussurro:

- Srta. Granger, eu lhe explicarei uma única vez e espero que a resposta lhe convenha. Alvo Dumbledore já estava condenado a fenecer naquela noite devido à poção que tomara horas antes na companhia do seu amiguinho. Ele tinha consciência disso, e eu apenas cumpri a parte que me cabia no acordo feito com ele. Minimizei seu sofrimento ante a terrível poção. Era o mínimo que podia fazer por alguém que fora como um pai para mim. Não pense que foi fácil, pois não foi, mas sempre soube que teria que cumprir nessa guerra funções às quais não me orgulharia. Essa foi somente mais uma. – Sua voz denotava o peso do seu ato, e Hermione compreendeu que o homem às suas costas pagava um alto preço por suas escolhas. Seu corpo relaxou, tentando demonstrar que ela acreditara nele.

- Senhor, desculpe-me por tê-lo ofendido - ela gaguejou. - Eu sempre desconfiei que seu ato não tinha sido da forma como falaram, mas no afã da perda, se fala e faz muita bobagem. Eu acredito em sua lealdade à Ordem. – Ela não estava mentindo, realmente acreditava em seu antigo professor e tentaria ajudá-lo. Não pode deixar de notar também que estava diante de um homem e não dos garotos aos quais estava acostumada. A presença física dele era algo que a perturbava. Era impossível não perceber a aura de masculinidade que ele exalava.

Ele não a soltou. Ao invés disso, suas palavras pareceram despertar nele um instinto quase animal.

- Hum... Quer dizer que a sua coragem em me desafiar desapareceu? – ele soprou em seus ouvidos, a boca roçando os bordos da sua orelha, e ela pode sentir a língua morna dele tocando-a levemente. - Que pena. Pensei que você seria uma oponente à altura. Sabe, Srta. Granger, a raiva pode ser altamente estimulante, principalmente para um homem solitário como eu. Adoraria ver como você reagiria num duelo. - A voz dele a instigava cada vez mais, e ela sentiu suas pernas bambearem. O que estava acontecendo por ali? Isso não se tratava mais de lealdade, de ajudar à Ordem, ou nada parecido. Havia uma chama queimando por ali prestes a incendiar tudo. Aquele homem estava deixando-a num estado de excitação que ela nunca sentira. Sua boca estava seca, e ela instintivamente umedeceu seus lábios, o que não passou despercebido ao bruxo.

- Tensa, Srta. Granger? Ou será que enxergo algum desejo reprimido? O que houve? Seus amiguinhos nunca a deixaram assim? Será que vou ter que lhe ensinar isso também? – Ele a virou, e faíscas saíram de seus olhos num misto de luxuria e tensão.

- Merlim, isso não vai acabar bem... - E dizendo isso, virou-a procurando sua boca num beijo ansioso, voraz, como se ela fosse uma fonte e ele estivesse no deserto. Suas mãos percorreram os caminhos de suas costas, tentando se livrar da capa que ela vestia.

Ela arqueou seu corpo em direção ao dele, não querendo perdê-lo. Nunca fora beijada daquela forma. Perdera o chão enquanto ele lhe procurava; sua língua deslizando e forçando a entrada em sua boca, sugando-a avidamente.

Subitamente, viu-se enlaçada por ele, Severo Snape, e lançada contra o sofá. Tentou ordenar seus pensamentos, mas ao sentir o cheiro daquele homem e aquela boca em seu pescoço buscando sua pele de forma tão possessiva, deixou-se abandonar. Gemeu seu nome pela primeira das muitas vezes daquela noite.

FIM