"Senhora Malfoy... eu sinto muito." O médico oncologista Dr. Yorek olhou com muita pena para aquela bela mulher diante dele. Narcisa tem um magnetismo todo particular, linda pele, olhos violetas e os cabelos louros, de uma sedosidade impar. Uma magnífica mulher, mesmo que houvesse um gelo glacial no olhar.

"Está tudo bem." Respondeu a loura brincando com o papel que tem nas mãos. A voz saiu em um sussurro misterioso, e apesar da mascara de indiferença, o médico podia perceber um tremor na pele, a única indicação que ela demonstrou de abalo com uma notícia tão terrível.

"A senhora sabe que hoje em dia há tratamentos eficazes... as cirurgias... a quimioterapia..." começou um tanto hesitante a dizer novamente todo o processo do tratamento que a esperaria, mas ela o calou com um simples olhar.

"Não haverá tratamento para mim. Eu me recuso. Se eu tenho de morrer, eu vou morrer." Se levantando. "Obrigada pelo seu tempo e preocupação doutor, não vou esquecer, o mencionarei no meu testamento." Dando passos decididos na direção da porta de saída do consultório.

O médico ficou apenas a vendo sair, quis trazê-la a realidade, explicar-lhe que as coisas não precisavam ser daquela forma. Mas ela é a paciente. E ele tem um dever moral com ela, ninguém saberia através dele o que ela tem.

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Narcisa entrou no carro, seu jaguar branco, jogou a bolsa e os exames no banco do passageiro, colocou o cinto e antes de conseguir dar a partida no carro, desandou a chorar. Chorar como ela nunca havia chorado antes. Nem quando descobriu sobre o caso de Lúcio, e para trás, nem sequer no dia do seu casamento ou teve seu único filho, ou mesmo quando passou por todas as agonias de uma mãe de primeira viagem.

Simplesmente se considera uma mulher forte. Que não desaba. Mas aquilo... Quando deu por si já estava em desespero. Soluçando e batendo com a testa na direção, em ponto de histeria. Câncer. Uma palavra tão feia, tão... definitiva. Ela tem um câncer em alto estágio de evolução, que já havia se espalhado para várias áreas do seu corpo. Ela precisava fazer várias cirurgias para retirar um fígado, o útero completo – alias, de onde começou toda essa agonia - bexiga, um pulmão. Iriam mutilá-la por inteiro e ainda sim... ela morreria.

Seu casamento já estava por um fio, ela já havia confrontado Lúcio sobre a amante, ele não disse quem é ela, mas deixou claro que se ela o pressionasse, iria pedir o divorcio e ficaria com a outra mulher. "Agora ele vai tê-la sem sequer ter que enfrentar o divórcio, vai ter a mulher que quer, e vai ficar com tudo..." falando consigo mesma, amarga. Maldito bastardo! Maldito bastardo! Chorou mais ainda. Sentindo uma pena incrível de si mesma. Pensando como iria contar para ele. Pior, muito pior, como iria contar para Draco? Como iria dizer ao filho de 16 anos que ela iria morrer, e o pai colocaria outra mulher no seu lugar? Em um divórcio, ela iria lutar com unhas e dentes pelo filho... mas morta... estaria sem o seu pequeno tesouro. Não iria ver Draco formar-se, casar-se, ter seus filhos... nunca iria segurar o netinho ou netinha nos braços. Nunca... E o desespero tomou de conta de Narcisa.

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Draco está roendo as unhas terrivelmente, e ele já havia superado a mania! Aquele jantar está mais estranho do que o habitual, o pai parecia nervoso como se quisesse dizer algo, mas está se segurando. A mãe pálida, com olheiras e olhos vermelhos. Ela esteve chorando? Draco nunca vira a mãe chorar, mas... Será que é a melhor hora? Tantas dúvidas.

Lúcio olhou para o filho. "Draco? Quer nos dizer alguma coisa, filho?" a voz tensa, como se o filho houvesse descoberto o seu segredinho sujo. Ele viu Narcisa voltar para casa arrasada. Será que ela descobriu quem é a sua amante? Deus! Por favor, não! Por favor! Aquele jantar está sendo uma tortura!

Draco olhou para o pai, e abriu a boca. Iria admitir toda a verdade, ele é corajoso! Ele é! "Estou namorando...", mas não completou, viu a mudança na mesa. Os olhos do pai se iluminaram e a mãe desandou a chorar, mas dessa vez, é de felicidade, dá pra dizer pelo sorriso molhado dela.

"Oh, meu deus! Draco! Que notícia maravilhosa! Oh, filho!" Narcisa levantou da mesa e correu para o filho quase levando tudo no percurso, mas quem se importa? Seu filho está namorando, talvez com a futura esposa dele!

Talvez para qualquer outra família isso fosse uma notícia trivial, mas não para aquela. Draco sempre fora muito reservado, quase nunca fazia grandes revelações da sua vida. E nunca, absolutamente nunca demonstrou nenhum interesse por garotas. Ele tem duas melhores amigas e um amigo, e o seu circulo de amizades termina por aí.

"Que é isso gente..." o loirinho deu um sorriso super sem-graça, mas abraçou a mãe, sentia que ela precisa mais do que tudo, de um bom abraço. Lúcio para a sua surpresa levantou também e beijou a testa de Draco.

"Estou tão feliz por você, Draco! Traga a moça aqui! Quero conhecer imediatamente a garota que roubou o coração do meu filhote!" E ele pareceu remoçar vinte anos, até porque Narcisa o abraçou também, como se Draco houvesse acabado de dizer que passou para medicina, como os pais viviam lhe pressionando.

O garoto não teve coragem de estragar aquela felicidade toda. Logo foi cercado pelos dois para que ele lhes contasse como é a moça, quantos anos ela tem, quem são os pais, onde ela estuda, como a conheceu... Ele ficou tonto com tantas perguntas.

"Calma gente... então, ela é uma moça ótima, eu a conheço há muito tempo. E vocês vão saber no momento certo!" Respondeu o melhor que podia, sabendo que está mentindo a cada sílaba que escorria da sua boca, mas sem conseguir parar a si mesmo.

"oh, não faça suspense, Draco!" Narcisa reclamando logo, ela quer muito conhecer a moça. "Vamos eu preciso de detalhes!" insistindo.

"Viu! É por isso que eu nunca conto nada para vocês! Já disse que vou apresentar no momento certo! Mas que coisa! Perdi até a fome!" Levantando intempestivamente da mesa, senti-se um crápula por falar daquele jeito com os pais, que o olharam assustados, mas foi necessário. Correu escadas acima e se trancou no quarto. "E agora? O que eu vou fazer?" gemendo enquanto se cobria com o edredom."Harry vai me matar! Pior! Vai terminar comigo!" e depois da noite que passaram juntos... ele não podia viver sem o namorado.

Continua...

Anh, talvez esteja meio confuso, está sem beta, então, se alguém quiser discutir a história e me ajudar, eu fico feliz.

E claro, comentários são bem-vindo ^^