O Caderno –
Songfic
Música: O Caderno - Toquinho
"Sou eu que vou seguir você do primeiro rabisco até o be-a-bá. Em todos os desenhos coloridos vou estar."
A morte sempre andou lado a lado daquele caderno. Ou, pelo menos, o que significa a morte para nós, humanos. Desde cedo, o pequeno caderno fora rabiscado, quando seu Shinigami começara a aprender os primeiros idiomas humanos, pois os Shinigamis nascem sabendo tudo o que acontece no mundo dos Shinigami, mas aquele tinha um interesse potencial nos humanos.
"A casa, a montanha, duas nuvens no céu e um sol a sorrir no papel."
O Shinigami começou então a desenhar no seu caderno as maravilhas e curiosidades do mundo humano, se divertindo com suas artes. Nunca se importara sobre o que aquele caderno realmente representava. Tratava como um simples portador de papéis que serviam para escrever.
"Sou eu que vou ser seu colega, seus problemas ajudar a resolver."
Até que, em certo momento, fora estimulado a usar o caderno para sua função. Matar humanos. E matava, trabalhava no caderno, matava, matava, matava... Quando percebeu que os outros Shinigamis já não faziam o mesmo, percebeu que não tinha mais jeito. Aquele mundo estava PODRE.
"Serei de você confidente fiel, se seu pranto molhar meu papel."
Percebeu que, além de não fazerem absolutamente nada a não ser dormir e jogarem jogos enjoativos, ainda, para completar, destruíam a moral dele, dizendo que estava trabalhando demais. Ele se sentia irritado com isso e, desmoralizado, arquitetava planos para tornar sua vida mais interessante.
"A vida se abrirá num feroz carrossel, E você vai rasgar meu papel."
Começava então a arrancar todas as páginas escritas e desenhadas do seu caderno. E a cada página, ia tendo mais idéias para a sua diversão. Via os desenhos, estudos e constatações sobre os humanos e cada vez mais tinha idéias para seus planos.
"O que está escrito em mim comigo ficará guardado, se lhe dá prazer. A vida segue sempre em frente, o que se há de se fazer."
Para seu plano funcionar perfeitamente, começava a escrever algumas regras na língua mais falada pelos humanos, o inglês, e dava algumas instruções básicas, mas não todas, sobre o caderno. E assim passava o tempo, tendo uma idéia ou outra sobre como podia aumentar seu divertimento. Roubou o caderno do Rei dos Shinigamis, enganando e trapaceando ele em uma pequena audiência, para ter outro caderno enquanto se divertia no mundo humano.
"Só peço a você um favor, se puder: não me esqueça num canto qualquer."
O caderno tinha aparecido como mágica para aquele garoto. Um reles mortal. Se existia alguma coisa mais idiota que ser usado por um shinigami, era ser usado por um simples humano. Ah, tinha certeza de que aquele maldito humano iria pagar pelo que faria com ele... Mais cedo ou mais tarde, descobriria com toda a certeza, que não era o caderno o objeto mortal. Eram aqueles que o usavam, e aqueles que o esqueciam, em um canto qualquer.
