Draco Malfoy estava com sérios problemas e não podia pedir ajuda a alguém; as pessoas ririam dele, de sua infantilidade, de sua falta de sanidade. Fariam daquilo um infortúnio maior do que já era e certamente Draco não estava preparado para ouvir os comentários maldosos e as risadinhas pelos corredores.

Seu problema era único: possuía nome, sobrenome, olhos castanhos, sardas, muita opinião própria e longos cabelos vermelhos que o faziam perder a cabeça.

Esse era o segredo de Malfoy: tinha impressão de ver o cabelo vermelho dela onde quer que fosse e isso estava deixando-o louco. Tentava não pensar naquela cor vibrante, mas o universo conspirava para que todo vermelho fosse o vermelho dela.

Até nas aulas ele pensava nos cabelos dela: em Transfiguração, McGonagall mandou cada aluno pegar um rato e trocar a cor de seus pelos. Draco segurou o cabo da varinha com força, limpou a garganta, apontou para o animal e disse o feitiço com a segurança que só um Malfoy poderia ter. A pelagem do roedor foi ficando vermelha... como os cabelos dela; em Poções, Slughorn coçou a cabeça e disse que poções do sono não costumam obter aquela coloração avermelhada, mas que nunca se sabe; na aula de Feitiços, Flitwick disse que as azarações costumam assumir a cor daquilo que se está sentindo e que a cor vermelha, brincou, era a cor do amor.

Depois do episódio, ele decidiu que era hora de acabar com aquilo. Iria até a Weasley, mandaria aquela pobretona calar a boca e diria, sem rodeios, que ela não saía de seus pensamentos. Simples assim.

Caminhou com passos rápidos até onde a garota estava e parou exatamente em sua frente. A Weasley ergueu uma sobrancelha e franziu o cenho ao mesmo tempo, Malfoy percebeu. Tentou dizer alguma coisa, mas no exato momento em que abriu a boca, a luz do sol iluminou os cabelos vermelhos dela.

As palavras de Flitwick bombardearam sua mente e ele soube, quase que imediatamente, que estava perdido: perdido nos cabelos vermelhos de uma Weasley, que mais cedo ou mais tarde, jurou a si mesmo, seria sua.