O James da Lily

É estranho como o grande James Potter, Potter, Prongs, James, Capitão (do time da Grifinória) se tornou apenas da Lily.

Não é uma reclamação, é uma constatação. Afinal, quem são reclamaria, anos depois (e eu acrescentaria longos, difíceis, árduos anos depois) de ter o que na verdade quis a vida toda?

Mas não me passa despercebido que se antes as pessoas me conheciam pelos meus (heróicos) feitos do passado, agora eu sou apenas o James da Lily.

- Olha se não é o James da Lily.

- Bom dia, Larkin.

- Como vai a patroa?

Entendem o que eu quero dizer? Patroa. Era como se eu fosse um elfo-doméstico, um empregado que tivesse alguém que mandasse em mim. Um alguém superior.

A velha conversa de sempre.

- Vai bem, obrigado.

A porta do elevador se abre novamente. Dessa vez Larkin sai e entra Artur Weasley.

- James! Como vai nossa Lily?

Nossa Lily, aparentemente ela é um monumento público e se ela é pública e eu sou seu privado, então, obrigatoriamente eu também sou público.

- Bem, Artur. Harry tem chutado mais vezes que eu lembro te chutado Seboso. Eu quero dizer, Snape.

É claro que toda essa história de ser da Lily não me abala realmente, é apenas curioso que as pessoas enxerguem apenas ela. Lil é brilhante, daquele jeito meio compulsivo dela e não há nada que eu goste mais do que chegar em casa e vê-la com aquele barrigão, dormindo um sono solto no sofá da sala. Ultimamente ela tem dormindo em todo lugar, inclusiva na escada de incêndio.

- Lily?

Os olhos dela se abrem de vagar, aquele verde vivo faz meu dia valer mais a pena.

- Hum..?

- Você está dormindo na escada.

- Oh... – ela fala distraída, os olhos sonolentos. – eu devo ter caído no sono...

A ajudei a se erguer. Está pesada, mas de um jeito legal. Ela me dá um sorrisinho amplo e eu meio que digo:

- Quer alguma coisa, amor?

O sono parece se esvair.

- Ah, já que tocou no assunto... Sabe aquele dia em que fomos no Três Vassouras? – faço uma busca mental pelo acontecimento nas memórias mais remotas.

- Pode ser mais específica?

- Aquele em que Sirius dançou bêbado no balcão.

Agora sim eu me lembro. Ou quase.

- Você quer...? – pergunto com um certo temor e incerteza.

- Exatamente.

Eu concordo e vou, não antes de me certificar que dessa vez ela estará no sofá que ela tanto gosta, ao invés das escadas. Dentro de um segundo estou aparatando em Hogsmead, frente ao Três Vassouras.

Madame Rosmerta sorri.

- A última pessoa que eu esperava encontra no meu bar era você, James da Lily.

Claro, claro.

- Desejo de grávida.

- O que é dessa vez?

- Vou precisar da sua ajuda. Você por acaso se lembraria do que eu e Lil estávamos consumindo no dia em que Sirius dançou bêbado no seu balcão?

Vi os olhos de Rosmerta se revirarem.

- Eu me lembro de tudo daquele dia, inclusive da grande quantidade de vômito do Black.

A olhei meio ansioso e impaciente.

- Bem, se não me engano... – uma pequena pausa – torta de rins e cerveja amanteigada.

Quando voltei para casa com a torta, Lily franziu o nariz.

- Não era isso!

Voltei ao Três Vassouras.

- Oh, me desculpe, James! Jurava que vocês estavam comendo torta de rins. Mas sorte sua que temos empadão de rins...

Torta de rins e empadão de rins. Francamente? Eu não vejo diferença em ambos. Obviamente Lily não pensava o mesmo já que, quando cheguei com o empadão ela o devorou em minutos e, não satisfeita, comeu a torta também.

Para depois, de um jeito atrapalhado e sonolento, me beijar rápido e me abraçar.

Definitivamente: ser o James da Lily é melhor que ser qualquer outra coisa.

FIM.

Nota: Obcecada demais para poder parar com a joça.