Hi minna! Essa é a minha primeira tentaiva de uma fic romântica e hentai. E pra me ajudar, com um par que eu sempre gostei, mas leio muito pouco: KuramaShizuru!
Espero que vocês gostem!
Ah, e é claro: YYH não pertence a mim, mas qualquer perversão ou viagens de qualquer tipo contidas nessa história sim! E ela se passa mais ou menos 2 anos depois da saga de Leizen.
Ja ne!
Ahala Tsuki
1. Domingo 4 da Tarde
Ele se recosta na cadeira, o teto parado sobre seus olhos como se não fosse seque visto. É, estava difícil estudar àquela tarde. Era calor demais, com certeza. Aquele abafado dentro do quarto iluminado pelos raios que vinham da janela aberta, aquele som do vento chegando tão cansado e morno, aquela tarde inútil na vida de qualquer pessoa.
Mesmo ele, um kitsune lendário.
Ou, melhor, mesmo ele, o aluno dedicado e filho prodígio.
Quem quer que esteja agora gritando mais alto dentro dele, só sabia expressar o total tédio que parecia arder entre aquelas quatro paredes.
'Preciso dar uma volta...'
O sol das quatro horas ainda ferve sobre as calçadas, forçando as pessoas vestirem suas roupas mais leves e soltas nessa época do ano. Suichii as observa, deixando sua mente voltar às lembranças de sua vida no Makai. Havia algo com parecido com que os ningens chamam de 'estações do ano', porém no Makai seu calor era quase tão mortal quanto seu próprio frio congelante.
Ele suspira, atravessando a segunda quadra depois de sua casa.
Andar à esmo era um pouco refrescante, sim, mas não o seria por muito tempo. Além de ser muito tedioso andar por aí sozinho.
Sozinho.
Era uma palavra que Suichii simplesmente estava tentando esconder de seu dicionário.
Não era apenas o simples tédio.
Havia mais. Havia um quê escondido ali, bem diante dele.
Ele pára em frente a uma loja de souvenirs, olhando para a vitrine sem muita atenção.
Sozinho.
Queria alguém que ouvisse essa palavra. Isso, alguém para ele gritar suas bobagens existenciais. Ou simplesmente gritar 'Estou sozinho, não me deixe em paz. Vamos jogar cartas e eu deixo você ganhar.' Ele balança a cabeça, forçando um sorriso. Isso seria mais difícil que imaginava de início.
Sua mente vasculha todos os cantos de suas memórias e marcas.
Quem poderia querer jogar cartas às quatro da tarde de um domingo tão enfadonho?
Ele ri.
Sabe, que no íntimo, não era do tipo que deixaria ninguém ganhar.
Yusuke? Hun. Má idéia. Desde que ele ficou noivo da Keiko - há quase 2 anos - ele tem tentado se manter bem firme naquele restaurante. E embora ele consiga se livrar dela a semana toda, domingo é sagrado, e o restaurante fica ainda mais cheio. Talvez seja um bom lugar para um jantar... mas não hoje. Não sozinho. De novo.
Talvez o Kuwabara?... Ah não mesmo! Cinco minutos a mais sobre a Yukina e eu mesmo me apaixono por ela!
Ele solta uma boa gargalhada, diante de sua idéia um pouco cruel.
Ele ouviu o clicar da porta da loja, de onde duas garotas saem animadas, com uma delas carregando uma sacola. Elas olham o rapaz ruivo entre cochichos, saindo logo em seguida entre seus risos e murmúrios.
Mal sabiam elas... Tudo que o jovem ruivo queria um instante fixo de olhos dentro dele.
Olhando. Conhecendo. Dizendo 'Olá. Eu posso saber quem você é. E isso não faz mal...'
Hiei? Claro, se eu quiser servir de saco de porrada entre ele e a Botan. O que acontece com esses dois? Até Emma Dayo já sabe o que um sente pelo outro... acho que no fundo eles gostam de brigar. Fingir que se odeiam. É seguro, não machuca. E quanto mais forte a briga, mais feia a discussão, mais cada um sabe que o outro se importa.
Na verdade, invejo eles.
Mesmo brigando e se defendendo, eles não estão sozinhos.
Não mais.
Kurama nota um novo chacoalhar, agora de dentro da loja. Um tilintar fino e rítmico, vindo de um prisma preso junto à porta.
Prismas... alguém gostava de ver prismas... enquanto fumava...
Shizuru? É, ela gostava mesmo de passar horas vendo primas, por toda cidade. Mas foi minha melhor idéia. Foi um sacrifício fazê-la parar de comprar todos os tipos de isqueiros que encontrava. Aquilo a estava matando! Ela sentiu muito a morte de Sakyo. Um estranho, como ela mesma admitia. Mas um espelho no meio daquele deserto estranho que era o torneio das Trevas. Não, mais que isso. Ela quis ter achado alguém como ela. Com os defeitos dela. Com a solidão dela.
Sakyo parecia perfeito, não foi?
Sabe? Vou comprar esse prisma pra ela.
Quanto tempo? Acho que já faz três meses desde do último encontro no templo. Nossa, a faculdade tem me absorvido muito mais que eu havia imaginado.
Lilás, eu acho.
Isso mesmo. Ela gosta de lilás.
Ela se recosta no sofá, soltando a fumaça lenta e escura da boca.
Que calor infernal.
Estica as pernas, tentando o menor contato possível de pele com pele, pele com couro, pele com ar ou o que fosse. Queria ter ido para o templo junto de Kazuma, Yukina e Keiko. Lá era sempre fresco. Mas ela tinha trabalho a fazer e não teria folga amanhã; o escritório tinha um caso que requisitava sua maior atenção.
Finalmente havia terminado a faculdade de direito, e com louvor. Não fora difícil pegar o estágio, mas era quase impossível mantê-lo. Eram pilhas e pilhas de arquivos a serem revisados, notas a serem reescritas, pesquisas, notícias, anulações, pedidos, requisitos... Seu mundo completo e feliz.
Era bom não pensar na vida.
Ou na morte.
Sopra a última fumaça do cigarro, esmagando a ponta contra o vidro fosco do cinzeiro. Televisão aos domingos não presta. Pensa em ligar o rádio, mas desiste. Está com muita preguiça para se levantar e ouvir aquelas músicas barulhentas. Gostava das antigas, dos velhos poetas, as melodias mais presas e mais sentidas em instrumentos poucos e simples. Mais humanos. Na rádio só havia o eterno pulsar de algum ritmo deslocado. E seus bons CDs estariam em algum lugar, dentro do armário... e algum lugar simplesmente não ajudava em nada a desencorajar sua preguiça.
Ela deita a cabeça numa almofada ao lado do corpo, sua coluna se torcendo num arco estranho. Seus olhos parados nas paredes em um ângulo tão diferente.
Quem mais olharia para o ângulo das paredes às quatro e quarenta da tarde?
Só uma grande, e sozinha, idiota.
'NYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA'
Ela fecha os lábios com força, satisfeita com o grito. Deixa saltar dele um leve riso de si mesma, mas é interrompida pela campainha.
Por alguma razão sua preguiça haveria de ser vencida.
E a razão, nesse caso, tinha grandes olhos verdes.
'Então você está vivo.'
'Espero poder dizer o mesmo de você, Shizuru.'
Ela sorri, a cabeça se inclinando quase sem perceber, por trás do olho-mágico.
'Estava tentando acordar o dia, mas acho que este domingo está morto.'
'É, eu sei. Tentei fazer isso o dia inteiro.'
Shizuru encontra as chaves, abrindo a porta ainda presa pela corrente de ferro.
'Mesmo?' - ela responde, irônica - 'Hun, então por que não entra, raposa? A gente dá uns gritos, bebe umas cervejas e espera ele acabar de morrer...'
Kurama sorri, ouvindo o som do abrir das fechaduras atrás da porta.
'Parece meio mórbido... mas acho que vou aceitar.'
